Muitos sabemos, todos devíamos saber, que ontem se realizou
mais uma Assembleia Geral do nosso clube.
Aconteceu num contexto agridoce:
Por um lado o Benfica é Tetracampeão, teve um lucro histórico no exercício em
análise e reduziu o seu passivo.
Por outro lado, o Benfica está em 3º a cinco pontos da
liderança, perdeu os dois jogos da Champions (tendo o último sido naquela fatídica
noite de Basileia), não investiu no plantel e, apesar das vendas milionárias, o
passivo reduziu pouco mais do que os 10% prometidos.
A AG só podia ter sido bem quente e é no calor do Benfica
que estas têm sempre de ocorrer.
Irei dividir a minha intervenção em 3 pontos.
Benfiquismo na plateia:
Já tinha ouvido falar mas nunca tinha vivido nada como
ontem.
Gostava que estivesse dado o mote para que todas tivessem a afluência de
Benfica como esta teve.
Fila tremenda, pavilhão a abarrotar e finalmente uma participação dos sócios
digna do nosso clube.
Não sou ingénuo. Sei que a grande maioria apareceu movida
pela revolta da derrota em Basileia. Tivesse o jogo sido na próxima semana e provavelmente
nem metade lá estaríamos.
Só posso esperar que quem regressou, quem se estreou e quem ouviu falar, tenha ganho
o gosto e marque presença no pós-pentacampeonato.
A participação dos sócios foi maravilhosa. O Benfiquismo mostrou-se
vivo, bem vivo. A chama continua a arder. E quem nos lidera percebeu que este
sentimento não é abafado com o Tetra.
Vitórias alimentam a necessidade de mais vitórias. Não a
saciam. Viciam.
Num momento de maior tensão houve uma dezena de adeptos que
passaram o limite que nunca pode ser ultrapassado. Outros houve que apesar da
revolta souberam acalmar os ânimos. Está tudo na comunicação social e prefiro
não me alongar aqui sobre o assunto.
A usual soberba do não-Benfiquismo:
Como já é marca característica nas AGs do clube, como já é
uma tradição imutável, de frente para os sócios estavam aqueles que não
conseguem controlar a sonolência.
Nem a força do Benfiquismo os fez despertar. O Benfica Clube
dá-lhes sono. Ponto.
O presidente do Sport Lisboa e Benfica gosta sempre de
utilizar o vernáculo nas suas intervenções. É uma maneira inteligente de se fazer
ouvir. Pode parecer contraditório mas os palavrões têm a magia de tornar cada
mensagem mais verdadeira.
Pois bem, seguindo o exemplo do presidente cá vai:
Aqueles dirigentes estão-se a foder para os sócios. Não mandam
a AG para o caralho porque os estatutos os obrigam a realizá-la. Para eles foi
só mais uma merda de uma Sexta-Feira.
É vergonhosa a forma como a mesa do Conselho Fiscal vai
dormitando enquanto os sócios intervêm.
É vergonhoso como o presidente da Direcção passa toda a
Assembleia a menosprezar as preocupações e paixões dos sócios. Fá-lo deitado na
cadeira como se estivesse a ver um episódio de Malucos do Riso – refestelado a
rir de algo que não tem piada nenhuma.
Por fim, a postura no vice-presidente da Mesa da AG que ontem
dirigiu a mesma.
Este senhor já nos habitou a maus momentos mas ontem bateu no fundo. É o
principal responsável pelo momento mais triste da noite.
Com gente séria ali sentada daquele lado, este senhor ou já se teria demitido
ou já tinha sido mandado embora.
A intervenção do presidente:
Vieira falou. Esta foi uma daquelas em que ele falou. Há
quem diga que com a casa cheia era obrigado, até por uma questão de segurança,
a o fazer. Há quem o diga. E provavelmente é verdade.
Esteve bem. O homem é inteligente. Falou de quase tudo e evitou aquilo para o
qual não tinha resposta. Interveio não como politico mas sim como um homem do
povo (o que também é politica). Fez-se ouvir. Fez-se ver.
No meio de mentiras, demagogias e meias verdades, também
soube dizer algumas verdades. Ali ganhou votos. Ali reconquistou alguns apoios.
Não vale a pena estar aqui a indicar contradições, falácias ou exigir mais
respostas.
Sobre o que disse destaco a forma veemente como negou, finalmente, qualquer
ilegalidade no conteúdo dos famosos mails. Destaco a promessa que fez sobre uma
redução drástica do passivo nos próximos 3 meses. Destaco o anúncio que fez
sobre a continuidade do Nuno Gomes no Benfica. Destaco a reafirmação que o
Jorge Mendes tem 10% de todos os negócios com jogadores. Destaco a critica que
deixou ao Luisão e restantes jogadores pela sua atitude no final do jogo no
Bessa. Destaco o anúncio de reforços para Janeiro caso não comecemos a jogar
mais. Destaco o betão. E destaco o conforto com que ele se sente e senta na
cadeira presidencial.
Uma última nota sobre os resultados da votação para aprovação
do Relatório e Contas. Imediatamente foi noticiado no site do clube que este
foi aprovado por larga maioria.
61% é uma estreita maioria, principalmente no contexto dos resultados
financeiros e desportivos da época passada.
Seria interessante terem anunciado não só a percentagem de votos como também a
percentagem de sócios. No número de sócios, talvez a larga maioria fosse no
sentido oposto.
Concluindo,
Trago desta AG um sentimento de orgulho no Benfiquismo e vergonha no dirigismo.
Orgulho dos que são do Benfica e vergonha dos que estão no Benfica.
O apelo que tanto é feito à união é falacioso. União não é
todos dizermos que sim, não é todos termos a mesma opinião, todos dizermos o
mesmo e todos estarmos de acordo. União é estarmos todos lá, mesmo em
discordância.
Por isso farei eu também um apelo à união. Não me atrevo, como os nosso dirigentes e os seus empregados fazem, a pedir união no
apoio à equipa. Essa está lá sempre. Esse existe independente de apelos e
independe de quem nos dirige.
O meu apelo vai para a união contínua nas AGs do clube. Continuemos a rebentar
de Benfiquismo aquele pavilhão.
Temos de fazer destas AGs momentos históricos do clube.
Temos de as manter vivas. Temos de tirar consequências da sua realização.
Apareçam, intervenham, exijam respostas, critiquem, elogiem,
discutam, gritem, cantem, felicitem. Pensem e discutam o clube. Votem para o relatório
e contas mas tragam também novos pontos de discussão e votação.
Olhem os estatutos e façamos Benfica.
2 comentários:
Comungo o sentimento!
Viva o Benfica!
Grande posta. 5 estrelas !!!
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