segunda-feira, 27 de julho de 2009

Love is in the air?

Quem me conhece da blogosfera, ou até dos poucos posts publicados aqui sabe que sou daqueles benfiquistas fanáticos, mas ao mesmo tempo extremamente críticos, algo que já me valeu insultos de muitos artistas por aí. E apesar de continuar a achar que LFV já devia ter ido à vida dele, de ter sérias dúvidas sobre a capacidade de Rui Costa como Director Desportivo, de achar que Jesus poderá vacilar perante a exigência do cargo, e de muitas outras dúvidas que tantos anos de desgraça me fazem ter todos os anos, há algo de diferente no ar nesta pré-época, tenho visto neste Benfica uma atitude que não via anteriormente. Não sei se é o voltar da mística, se é estofo de campeão, ou se é apenas resultado das tremendas pissadas que Jesus lhes deve andar a dar, mas parece-me que podemos ter uma época de 2009-2010 cheia de alegrias. Espero sinceramente que o mês de mercado que falta não vá levar nenhum destes jogadores, porque a equipa parece-me ter tudo o que é necessário para vencer. E eu apesar de ter chegado mais uma vez ao fim da época completamente desapontado, não resisti a renovar os meus 2 cativos, razão pela qual lá estarei a levar os meninos ao colo até ao título.

FORÇA RAPAZES, DEVOLVAM A GLÓRIA AO MAIOR CLUBE DO MUNDO!!!

domingo, 19 de julho de 2009

Previsões (venham de lá esses euros, se os tiverem no sítio)

Vivemos tempos estranhos. Parece que agora um jogador de 27 anos é um velho em final de carreira, acabado para o futebol. Mesmo quando passou 7 ou 8 dos 9 anos da sua (longa?) carreira a marcar golos de todas as maneiras e a dar outros de maneiras várias. Mesmo quando esse jogador, o tal velho perigosamente a caminho dos 28, se mostrou ser um privilegiado para a arte de afagar a redondinha. Mesmo quando, de velho, só tem em si a cultura ancestral dos que nascem com jeito para o futebol. Porque é disso, ou desse, que se trata: capacidade intrínseca - muito além do treino e da procura por rotinar movimentos ao longo da sua carreira - para pensar o jogo e executar mais rápido que os outros, os normais ou medíocres.
Este ano poderemos ver pelos campos portugueses um jogador que, há um ano atrás, seria uma miragem para qualquer um dos clubes que disputam o principal campeonato do nosso país. Um ano depois, é, para alguns mentecaptos, um velho em final de carreira. Este ano poderemos ver, isso sim, um jogador experiente, a meio da sua viagem pelos campos de futebol, mostrar aos que nunca o entenderam (a ele e ao próprio desporto) que velhos são os que procuram, a cada momento e conforme as situações e desesperos, a crítica acéfala e pouco fundamentada.
Previsão para a época de Javier Saviola em 2009/2010: no mínimo, fará 10 golos e 10 assistências. No mínimo.
Aos que vêem nesta previsão uma demência própria de benfiquista boçal estupidamente esperançado com mais uma promessa de pré-época, proponho que se cheguem à frente. E com dinheiro envolvido. Que é para que a opinião, à míngua de fundamento, tenha, pelo menos, a possibilidade de ser totalmente desfeita. E com um preço.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pandemia

Existe uma pandemia sazonal, para além da gripe A, que anda a contagiar o pessoal. Não há razões para alarme. Acontece todos os anos e não causa vítimas mortais. É a gripe Benfica H09N10, numa nova estirpe que surge neste defeso e que está associada a falta de memória desportiva e tem a sua origem, essencialmente, em tridentes atacantes fantasistas oriundos da América Latina. É uma doença divertida; deixe-se contagiar – se quiser eu espirro-lhe para cima – eu já apanhei o bichito!

O principal veículo de contágio são os jornais e as suas capas infecciosas. Lançam frases acutilantes como quem cospe perdigotos, com consequências letais. Dou exemplos:

Capa da bola de ontem:

“JESUS NÃO LHES DÁ DESCANSO”

“Treinador vive e pensa o futebol 24 horas por dia”

“Palestras convocadas à última hora e em momentos inesperados”

“Exercícios repetidos até à exaustão”

Estas frases são um atentado sanitário, e têm uma consequência devastadora no adepto Benfiquista. Em linguagem benfiquista, esta é praticamente a descrição de uma orgia. Aliás, a conotação sexual é evidente: “não lhes dá descanso”, “24 horas por dia”, “à última hora e em momentos inesperados”, “repetidos até à exaustão”!

E pronto, lá fica o Benfiquista todo excitado, com uma grande fezada em gloriosas e fartas pinadelas (leia-se vitórias) com muitos golos.

Vamos embora! Viva o Benfica!! Aaattchimmm....

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Não, não somos uma família...

Este texto começou por ser um comentário ao pertinentíssimo texto do Ricardo, com o qual concordo plenamente, mas achei que a coisa ganhava mais amplitude se saltasse para fora da caixa de comentários. Foi interessante a intensa troca de ideias que o Sr. Joseph Lemos desencadeou na dita caixa.

De facto, penso que todos os que aqui escrevem, bem como os que vociferam apaixonadamente por cafés e tascos deste país, gostariam de pertencer a esta maravilhosa irmandade: “Uma verdadeira família é una e indivisível e a manutenção desta harmonia só se consegue com a discussão e resolução dos seus problemas no interior do seu próprio seio”. Seria um privilégio. Eu próprio gostaria de ter participado naquele jantar onde LFV convenceu os órgão sociais a demitirem-se em bloco, provocando eleições antecipadas. Gostaria de ter debatido com ele a minha concepção de comportamento e ética a que o presidente do Benfica está vinculado. Talvez um de nós tivesse mudado de ideias!

Mas tal não é possível. E, por favor, deixem-se de sentimentalismos hiperbólicos quando as coisas são sérias. É óbvio que o Benfica não é uma família. Quando o Sr. Joseph Lemos o diz está, ingénua ou maliciosamente, a corroborar um disparate. Mesmo eu já devo ter proferido esse sentimentalismo, mas nunca quando o assunto é sério e racional. Repito, é óbvio que não somos uma família. Por mais que nos una um amor comum, família poderíamos ser se fossemos uns 20 ou 30 sócios e adeptos, se fôssemos um clube da terra. Como qualquer um entenderá, é impossível almejar um comportamento familiar quando nos aproximamos de duas centenas de milhar de sócios, milhões em simpatizantes. Nesta realidade não há debate em família, nem em privado. Tudo será, forçosamente, público. Por ser inconcebível LFV explicar-se em privado a cada um de nós, deve ter um comportamento irrepreensível, que não suscite as dúvidas que não poderá esclarecer. É como a mulher de César: não lhe basta ser séria, tem que parecer.

E isto é que deveria ser A QUESTÃO. Eu já nem quero saber se LFV é sério ou não. Já tenho como garantido que não o parece! Enveredar, junto com os órgãos sociais, por um caminho judicialmente dúbio ao mesmo tempo que opta por privar os sócios de outros candidatos à presidência é demasiado para a minha boa vontade, é mau demais!

Como o Ricardo, não compreendo este ataque endémico de miopia, que beneficiando, ou não, da falta de opositores credíveis ou da aversão dos sócios pelo voto em branco, permitiu resultados que sugerem uma acefalia generalizada. Mas sei que o discurso truculento e pouco escrupuloso de um presidente particularmente indecoroso neste capítulo, permitiu que a multidão perdesse noção do que se discutia verdadeiramente. Afinal, expressões que invocam o ataque à família, a tentativa de roubo do Benfica aos sócios e outras demonizações infantis da oposição servem apenas como cortina de fumo e vil engodo na tentativa de camuflar um último mandato muitíssimo aquém do prometido e exigível, bem como uma série de tomadas de posição e atitudes pouco dignificantes do nosso clube e sua história.

sábado, 4 de julho de 2009

O Templo do Povo

Um dos grandes mistérios da humanidade reside no entendimento da noção de idolatria por parte das massas em redor de um indivíduo. São vários os exemplos do passado a iluminar esta realidade e, embora os mais atentos estejam cientes dos constantes sinais de despotismo que os tiranos, desde muito cedo, alimentam, nem por isso a história se reescreve com novos capítulos nem com diferentes percepções dos indícios que perigosamente adivinham o futuro. É-me difícil assistir à cegueira generalizada das massas em função do seu líder tirano sem que, de dentro de mim, avancem aos tropeções cães raivosos em busca de um motivo, um só motivo que me faça explicar e entender a razão pela qual as pessoas, com ou sem olhos, sofrem de miopia no cérebro.
Assistindo ao discurso formatado de Vieira, na tomada de posse de mais um mandato no trono benfiquista, lembrei-me de um tal de Jim Jones, o homem que levou ao suicídio colectivo, em delírio e de livre vontade, um milhar de pessoas. Pessoas como nós, crentes e descrentes no mundo, pais, filhos, primos como nós, uns aos outros atirados, gente. O cerebelo engaiolado de milhares de pessoas na ideia de um homem e das suas loucuras.
Jim Jones convenceu o povo de que o caminho era ele que o conhecia e, com isso, permitiu-se todos os delírios que o mundo ainda estava para adivinhar: violência mental, violação física, humilhação, aniquilamento, desprezo e homicídio - tudo de forma perfeitamente natural e quase sem contestação (alguns, no fim da crença, desconfiaram do homem mas já seria demasiado tarde). Gente como nós. Pessoas como nós, que religiosamente seguiram aquele homem até à própria morte, desterrados na Guiana, entregues ao cultivo dos alimentos e ao desaparecimento da consciência e do pensamento próprio. No fim, devotados à causa, devotaram-se à morte e entregaram-se-lhe livres, inteiros e preenchidos por, com aquele gesto, seguirem viagem para o lado de lá com o seu líder. Entender isto? Não sei. Explicá-lo? Menos ainda. Só a certeza da incompreensão por tamanho delírio colectivo.
Ao ver o pavilhão da Luz repleto de benfiquistas em louca e desenfreada euforia, gritando "O Benfica é nosso até morrer", idolatrando em êxtase o tirano, não pude, não consegui, deixar de ver naqueles que gritavam a mesma alma de pedra daqueles que um dia foram ao encontro da sua própria demência, cruzando o canal do Panamá.
Ontem, 91,7 por cento dos benfiquistas votantes entregaram o Benfica a quem o desprezou, o humilhou e o desrespeitou. Ofereceram ao líder, de livre e espontânea vontade, a crença na obra feita - a obra dos terceiros e quartos lugares no campeonato (haverá tetra para a medalha de bronze?), a obra da mentira, do enxovalho, da contradição, da falsidade, da injustiça, da desvalorização do que é, ou do que foi?, este clube.
E o líder subiu ao palanque. Não riu porque os líderes não riem, não precisam. Leu o texto que o súbdito lhe escreveu e, ditas as banalidades que o povo queria ouvir, abandonou o local em ombros (mas cuidado com as intimidades), seguro de si e do seu próprio ego. Estava concluída a sessão.