quarta-feira, 28 de abril de 2010

Barça, Mourinho e Inter

  1. O Barça é a melhor equipa do mundo, e como me dizia um amigo adepto do Real, (irritantemente) perfeita. É a mais simpática, mais espectacular, com a Unicef ao peito, treinador elegante e bem-falante. O Barça é um bastião de arte, de artistas, franzinos e elegantes. O Barça é superlativo, é inatacável, mais, deve ser defendido!
  2. O Inter é feio. Cinge-se ao útil. É como os carros orientais. É cínico. No Inter tudo é necessidade - eu desconfio que o Mourinho só deixa os jogadores peidarem-se quando em tarefas defensivas, para perturbar o adversário; ou na eventualidade dum sprint.
  3. Torço pelo Inter. Deu-me tanto prazer assistir à arte de neutralizar os melhores, a baldadas de suor e rigor, daquele bem humilde, de quem sabe ser pior.
  4. O Barça já venceu tudo o que podia, este ano não precisa do meu apoio. Para o ano voltarei a estar do lado do belo e da arte, isto é, de Guardiola e dos seus artesãos.


P.S.: Um dia destes ouvia Cruyff comentar o Mourinho, atacando o óbvio, dizendo que o futebol não é só ganhar. Mais do que opiniões, dei comigo a pensar que o Barcelona tem uma vantagem enorme sobre, julgo eu, a maioria dos clubes. Tem um decano, quase que um treinador sénior, que paira sobre todo o seu futebol. Por isso me parece óbvio que nunca num futuro próximo o Mourinho será treinador do Barça; isto porque tem uma concepção do futebol contrária à do mentor ideológico dos Culé. No entanto, a verdade que isto é uma vantagem do caraças. Havendo uma ideologia, um conceito de futebol independente do treinador, nunca se começa do zero. Bingo! Ou acham que o Guardiola teria tido o sucesso que teve logo na primeira época se o treinador anterior tivesse sido – for argument’s sake – o Trapattoni? Pois (e isto não tem nada a ver com o mérito do Guardiola, que considero enorme, bárbaro!).
Assim se consegue repetir ciclos com a rapidez com que o Barça o fez, mudando de treinador e de bússola do seu futebol (Rijkaard/Guardiola – Ronaldinho/Messi)!!

13 comentários:

JNF disse...

Trapattoni, pobrezinho, deu tão pouco ao futebol.

Ricardo disse...

Foda-se, há um benfiquismozinho tão estúpido, valha-nos Jesus...

Grande texto, Sérgio. No fundo, é a vitória daquilo que não é inato sobre o talento "natural". E, porra!, eu estava pelo Barça mas no fim fiquei contente pelo Mourinho. O homem percebe mais disto do que um gajo consegue sequer pensar e saber que ele sabe e percebe!

Sérgio disse...

Obrigado Ricardo, já estava a hesitar se sabia escrever português ou não!

JNF: Que acidez ressabiada. Tem mesmo a certeza que é isso que está escrito? Tem a certeza que existe um grama sequer de comparação de valor com o Trapattoni? Mesmo?
Leia lá outra vez, se fizer favor...
Irra, gente torta!!!

Ricardo disse...

Outra coisa: não serve de desculpa - porque o Barça é uma equipa que tem uma abordagem ao jogo e um plantel que permitem várias mudanças de onze - mas a ausência do Iniesta na eliminatória fez-se sentir. Quanto a mim, de uma maneira decisiva. Ontem então foi evidente. Quando a equipa procurava explorar ao máximo o seu melhor jogo paciente de trocas de bola até encontrar espaços (principalmente nos últimos 20/30 minutos), notou-se a ausência do mestre Andrés como nunca.

É o tal trabalho invisível que se nota mais ainda quando não está do que quando está.

JNF disse...

Não é uma questão de "benfiquismozinho", então se calhar eu é que percebi mal! Mas já agora, digo-vos o que interpretei disto tudo: "Havendo uma ideologia, um conceito de futebol independente do treinador, nunca se começa do zero. Bingo! Ou acham que o Guardiola teria tido o sucesso que teve logo na primeira época se o treinador anterior tivesse sido – for argument’s sake – o Trapattoni?". Quando li isto pensei que por onde passa, mesmo que deixe resultados, Trap não deixa trabalho feito para o seguinte. Se Trap por lá passasse, teria alterado por completo a filosofia do Barça.

Era isto que o texto queria passar ou a minha interpretação está totalmente errada? Não é "benfiquismozinho" nem "acidez ressabiada", nem percebi porquê. Posso ter sido eu a interpretar mal, mas não façam uma tempestade num copo de água.

Cumprimentos.

Sérgio disse...

JNF:
Não é uma questão de tempestades em copos de água. A verdade é que é o segundo comentário que fazes, consecutivo, em que te limitas a um sarcasmo insinuante. Preferia qualquer coisa mais produtiva.
Quanto ao Trap, eu não quis dizer que ele não deixa trabalho feito; deixa, mas é bem diferente do que o Barcelona procura. Não tenho nada contra Trap, nada mesmo. Apenas quis dar um exemplo, mas dou outro, para não ferir a tua susceptibilidade:

Se o treinador anterior tivesse sido o Mourinho, se calhar o Guardiola também não tinha tido o sucesso que teve. Porque os jogadores contratados por Mourinho seguiriam outro perfil, porque as rotinas e dinâmicas seriam diferentes.
O meu exemplo pretendia sublinhar a vantagem de manter uma coerência na construção e manutenção da equipa, quer táctica, quer de plantel. O que já se tenta fazer das camadas jovens para os séniores (manter o modelo de jogo), o Barça faz de treinador para treinador, pela mão de Cruyff.

JNF disse...

Mas qual sarcasmo no segundo comentário? Eh pá, a sério...

mesmo assim continuas sem explicar o exemplo do Trap, que era o que queria mesmo saber.

Sérgio disse...

Ricardo, concordo contigo! Embora, curiosamente, me tenha lembrado mais vezes de Iniesta na primeira mão. Mas acho que sim - fez muita, muita falta...

Mas também acho que quem falhou mais foi o Guardiola. Ele tem sido excelente, uma dádiva para o jogo - afinal, eu gosto é de ver jogar o Barcelona e não o Inter, aliás, não sei se conheci melhor equipa que este Barça, e muito graças a Pep.

Mas há duas coisas que me fazem comichão:

1. Não sei se o Eto'o não servia melhor o Barça que o Imbrahimovic. Tanta cegueira para o comprar e agora parece meio corpo estranho naquela orquestra, até para Guardiola, que o tira sempre que as coisas começam a ficar sérias; acabando os jogos com Piqué a avançado (se é que isso é mau :).

2. Acho que se notou alguma falta de experiência (ratice) neste embate com o Inter. Se o Mourinho se esforçou em conceber uma táctica à la carte para o Barça, o contrário não se passou. Acho que o Guardiola podia ter antecipado algumas das soluções de Mourinho e jogar com isso, surpreender! Também admito que falar agora é fácil. Se calhar, quando se tem o melhor futebol do Mundo, o ímpeto de dizer "vão lá para dentro e façam o que vocês fazem" deve ser difícil de resistir. Ou de outra forma, será que teria sentido pensar numa variante para o melhor futebol do Mundo?

...Se calhar, frente ao pior do Mundo, SIM!

Sérgio disse...

(eu não me referia a este segundo comentário...referia-me ao primeiro comentário referente a este post e a outro primeiro comentário feito uns dois ou três posts atrás) - Mas vamos esquecer isso que o que interessa é falar de futebol...

Epá, o exemplo do Trap surge porque ele incute um futebol muito diferente do que tem sido adoptado pelo barça. O Trap teria sido uma descontinuidade no futebol deles. Aquele conceito de jogadores menos possantes e mais móveis, com todos com uma função construtiva, etc...tudo isso salta um pouco fora do que o Trap procura numa equipa. Tal como aposto que teria feito outro tipo de aquisições, ou escolhido outros jogadores vindos das camadas jovens. E isto que digo serve também para o Mourinho. Nem um nem outro têm o mesmo tipo de afeição por este futebol total, de escola holandesa, em que, só para dar um exemplo - todos os médios sabem mesmo bem jogar à bola e nenhum é feio, porco e mau (leia-se tem apenas funções defensivas).

JNF disse...

1º Já percebi quando te referes aos dois comentários. Esse que deixei na caixa de comentários atrás era apenas e só de boa disposição, por quando disseste "encontrei-o" parecia que estavas a dizer que tinhas sido tu mesmo a "encontrar" a solução para o Benfica, daí a pergunta "és tu, mister?". Sou há já muito tempo seguidor deste blog, não tenho absolutamente nada contra vocês, bem pelo contrário, adoro os posts, concordo na grande maioria das vezes daí não ter percebido essa vossa reacção.

Mas adiante, isso não será retirar mérito ao trabalho de Guardiola? Certo, o Barça tem uma matriz de jogo há vários anos, mas quando Guardiola chegou o clube não estava assim tão bem e, mesmo tendo aquele estilo de jogo, este é o melhor Barça dos últimos anos, melhor que o de Rijkaard e que o de Robson. Portanto, repito a pergunta: não será retirar um pouco de mérito a Guardiola?

Sérgio disse...

Bom, já vi que isto deve ter sido um mal entendido, e sendo assim, peço já desculpa porque nós aqui queremos é receber bem quem vem a bem.

Acho que esse aspecto que referes é importante; não se pode retirar mérito ao Guardiola, e eu tentei não tirar.
Não reli o texto mas penso que mencionei mais do que uma vez que o trabalho dele tinha sido fenomenal, cheguei a usar a palavra "bárbaro". Mais, fiz por ressalvar sempre (acho eu!) que me referia a ter tanto sucesso logo no PRIMEIRO ANO!
Aliás, é mesmo por aqui que eu acho que passa a vantagem do barça, nos tais ciclos rápidos. Eu até vou tão longe quanto dizer que o futebol que a equipa pratica é todo da responsabilidade de Pep. Mas acho que não o implementaria tão rapidamente noutro sítio; por exemplo no Real. Eu pretendia dizer era que ele já tinha uma equipa (quase) à medida. Aquele tipo de jogadores, até o seu físico, a sua cultura de posse, sei lá, um sem número de coisas que, acho, ajudaram a catalisar o seu sucesso. Se Guardiola fosse amanhã para o Inter, até chegar ao mesmo tipo de futebol teria, necessariamente, de se movimentar muito no mercado, comprando e vendendo, e depois trabalhar uma cultura em quase tudo nova...e bom...por aí fora. E isto tudo acho que não o faria num só ano, como fez no Barça.
Falo mais do caminho até ao destino, não propriamente do destino, já que este futebol que o Barça nos "serve" é do Guardiola e dos seus jogadores, sem pais bastardos como Cruyff ou Rijkaard...

JNF disse...

Ok, compreendo a opinião e já agora também queria aqui pedir desculpa aos que se sentiram melindrados com os meus comentários.

Cumprimentos a todos.

Ricardo disse...

Bem, seguindo a onda dos pedidos de desculpa, pelo teu comentário posterior, JNF, já vi que foi um mal-entendido e, portanto, peço desculpa também pela linguagem excessiva que usei no comentário ao teu comentário.

Chiça, isto deve ser ansiedade pelo jogo de Domingo!!!