domingo, 16 de agosto de 2015

Choque Entre a Fantasia e a Realidade no Lançamento da Nova Época.



Chegado a 15 dias do fecho do mercado, ao dia do inicio do nosso inicio no campeonato e já no rescaldo do primeiro jogo da época, dou por mim a comparar aquilo que idealizei em Junho para esta época e aquilo que está a ser feito.
Bem ou mal, reparo que o planeamento do plantel 2015-16 está a ser, em alguns sectores, muito diferente daquele que organizei nas minhas fantasias de adepto. 

Jorge Jesus não renovou naquele que era o primeiro momento em que eu compreendia e aceitava a sua continuidade na Luz. O Bicampeonato não mudou o meu olhar sobre este treinador mas o trabalho desenvolvido ao longo de 6 anos pela sua equipa técnica, e não pela super estrutura, parecia-me crucial para o ataque à nova época.
Com Jorge Jesus não tenho dúvidas que partíamos como favoritos para a conquista do Tri. Teríamos também reunidas as condições para desenvolver a nova hegemonia no Futebol português.
A sua continuidade não seria só por uma aposta segura mas também como reconhecimento do mérito que teve em conseguir um Bicampeonato apesar da sangria que o plantel sofreu.

Ficando teria de ser melhor, teria de evoluir. O rendimento mínimo já não seria aceitável, o comprar por comprar já não seria aceitável, o ignorar a Formação já não seria aceitável e nem os constantes falhanços na Champions o seriam. A Europa e a Formação seriam os seus principais desafios. 

Contudo não posso dizer que foi com tristeza que o vi sair. O modo como tudo se desenvolveu é que me pareceu um drama desnecessário.

A vinda do Rui Vitória não surpreendeu e agradou-me. Sempre gostei do treinador, da sua postura, da sua capacidade de trabalhar bem com pouco e da sua coragem de apostar no potencial dos jogadores.

Com Marco Silva estaríamos perante um projecto de longo prazo. Rui Vitória parece-me uma aposta segura para um processo de transição entre um Benfica no limiar do risco financeiro e um Benfica com salários mais controlados e uma formação mais integrada. Aliás, Rui Vitória estaria na cabeça de Luís Filipe Vieira como o treinador ideal para fazer a transição entre o Jorge Jesus e o próprio Jorge Jesus.

Imaginar a construção de um plantel com Jorge Jesus é muito diferente de o fazer com o Rui.
O lançamento que faria, no contexto da troca de treinadores, do plantel para 2015-16 seria algo assim:


Manter o Júlio César e o Paulo Lopes. O Artur, outro veterano, já não fazia sentido ter na equipa. Faltaria adquirir um jovem guardião para ser o nº2 da baliza.
Neste sector a realidade coincidiu com a minha fantasia. Saiu o Artur e chegou o Ederson.


Nas laterais surge a primeira grande complicação.
O Maxi, pela sua qualidade como pela sua identificação com o clube e balneário, seria crucial manter. O Eliseu e o Benito apresentavam-se como um excelente corte de custos. Com o Almeida e o Sílvio, este dependendo de um parecer muito positivo do departamento médico, para ambas as laterais e com o Nélson Semedo à espreita, ficaria, sem urgência, a faltar um grande defesa esquerdo.
A realidade está bem diferente. O Benito saiu mas o Eliseu ficou. O Maxi saiu e o lateral esquerdo que chegou foi o Marçal. A excelente noticia é a real aposta no N.Semedo.
Falta o tal lateral esquerdo.


O eixo defensivo seria um dos sectores a ter especial atenção.
O Luisão é indiscutível como líder do sector defensivo. Definir o seu parceiro seria o trabalho a fazer. O Jardel traz as rotinas mas é curto para os jogos europeus. O César seria para sair e o Lindelof para ser promovido à sua posição, disputando o terceiro posto com o Jardel. O parceiro do Luisão ou seria o Lisandro ou uma nova aquisição. Nesta pré-época o argentino teria de provar a sua qualidade, sem espaço para ser suplente ou emprestado. Ou mostrava qualidade para ser titular ou seria vendido.
A realidade mostra-nos que não haverá ida ao mercado e que provavelmente o Lisandro ficará como terceiro central.


O sector do meio-campo era aquele que mais me deliciava.
Fejsa, Samaris, Amorim, Cristante, Pizzi e Djuricic. Força e criatividade, experiência e juventude, táctico e explosivo. Sem necessidades de qualquer reforço.
Aqui deixaria em aberto a questão das lesões do Amorim e de um possível empréstimo do Cristante. O João Teixeira seria o jogador a integrar em algum destes casos.
Mukhtar e Guzzo não teriam espaço. Talisca e Farina não teriam qualidade.
A realidade apresenta-se algo diferente. O Amorim saiu e tanto o Cristante como o Djuricic parece estarem encostados. Não vejo espaço para o Teixeira, o Talisca está de pedra e cal (!!!) e o Benfica está no mercado.
Chegaram também o Diego Lopes e o Pele. Contratações que pelos vistos nem eu nem o Vitória e nem a estrutura percebemos.


A maior crise surge nas alas ofensivas.
A lesão do Salvio altera tanto a minha fantasia como o planeamento da direcção.
Sempre assumi que o Nico seria o jogador a vender.
Assim seria essencial contratar no mínimo um grande extremo, o substituto do Nico. O Guedes e o Sulejmani seriam as restantes opções e o Nuno Santos ficaria à espreita.
O Ola John teria as portas da saída escancaradas e jogadores como o Djalo, Bebe e Candeias não passam de uma brincadeira de mau gosto.
É neste sector que a realidade me assusta. O Sulejmani saiu e o Ola John e Talisca aparecem como possibilidades sérias para a titularidade.
O Nico por enquanto ainda cá está e o seu substituto anda longe destas paragens.
Chegaram vários jogadores – Carcela, Taarabt, Murillo e Bilal – mas nenhum vem com selo de qualidade. Um já foi emprestado, outro irá para a B, outro está com peso a mais e outro mostra qualidade mas ainda não a necessária.
O Nuno Santos parece cada vez mais afastado.


O ataque para mim era simples.
Manter a excelente e oleada dupla Jonas – Lima e colocar na sua sombra o regressado Nélson Oliveira e também o Jonathan Rodriguez.
O Rui Fonte seria uma possibilidade muito remota e tanto o Derley como o Funes Mori teriam guia de marcha.
A realidade trouxe-nos a saída do Lima e a destruição de uma dupla de ouro.
Assim tornou-se imprescindível olhar ao mercado e entretanto já chegaram o Mitroglou e o Jiménez. Temo que estes dois reforços possam significar a saída do nosso Jonas.


Nestas contas não ponderei, por motivos óbvios, os regressos do Ivan, Hélder Costa e Cancelo.

Resumindo, 

Não contava com a saída do Lima nem do Maxi e nesta altura esperava já não ter o Nico no plantel. A lesão do Salvio veio atrapalhar a planificação.
A promoção e aposta no Nélson Semedo é de louvar, a insistência no Eliseu, Talisca e Ola John é incompreensível e este é o ano do tudo ou nada para o Lisandro.
 

As contratações do Jiménez e do Mitroglou fecham as nossas carências ofensivas. 

O plantel fica a precisar com urgência de um lateral esquerdo e, dependendo do Nico, de um extremo esquerdo. O Lisandro ou se afirma definitivamente ou será necessário contratar um grande central.




PS: Esperava mais de uma super estrutura. Infelizmente voltámos a ver um incompreensível camião de jogadores de qualidade muito dúbia chegar e toda a pré-temporada – desde a digressão ao timing das contratações, desde a Eusébio Cup à inversão da abordagem à época a 20 dias do fecho do mercado e desde o jogo de apresentação às condições de treino – foi de um amadorismo deprimente.


2 comentários:

Anónimo disse...

Respeito a tua opinião relativamente à continuidade do Jesus , mas estou a milhas de partilhá-la. Se defendes a sua continuidade só porque estava há 6 anos no clube, por essa ordem, nunca sairia, na medida em que todos os anos acumularia mais tempo de casa. Essa é uma condição importante, mas longo de ser a única (ou a mais relevante).

O que é isso de partir favorito para o tri? Que vale isso? Tanto quanto percebia ainda há uns dias, já estávamos fora da corrida. Onde andam esses agora? Queres verdadeiramente ser favorito? Mantém o Gaitan (impossível) e és campeão. A hegemonia do futebol português já está balanceada para o lado do Benfica. Dúvidas houvesse, é reparar nas acções tresloucadas dos adversários no mercado e bastidores para perceber que podemos estar perante o canto do cisne.

Ele nunca teria (como demosntrou) a estaleca para ir fazendo a transição da miudagem para a equipa principal. Coentrão era suplente do Peixoto e só avançou quando aquele se lesionou. A história do Oblak… O Nelson Semedo só surpreende quem não vem acompanhando a equipa B, já no ano passado reunia condições para, pelo menos, ir bebendo dos ensinamentos do Maxi. Rui Vitória é o homem certo, no lugar certo, no momento certo.

Mais em: http://quemdizequeme.blogs.sapo.pt/

ultraslb disse...

A meu ver para além de um Defesa esquerdo, falta sem duvida um extremo direito de qualidade, o que temos é pouco e não chega para jogos de maior competitividade e principalmente para a Champions.
Se não fosse os prolemas relativos a salários era o Coentrão e o Markovic e não se falava mais nisso..
Relativamente à digressão aos estados unidos e contando neste momento com o patrocino da fly emirates era impossível dizer que não!
Relativamente ao Rui, como foi dito no comentário anterior, é o Homem certo no lugar certo e no tempo certo!
Carrega Benfica!!!