sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Franco Cervi

Chegou ao Benfica no Verão de 2016 para substituir Nico Gaitán e trazia no seu pé esquerdo esperanças benfiquistas de muita fantasia.


Com a alcunha de Chucky e com a facilidade com que enfrentava os adversários Cervi apresentava-se como um extremo repentista capaz de barafustar a ala direita de qualquer defesa.

Este puro extremo infelizmente rapidamente perdeu a sua magia. Jogo após jogo, época após época, Cervi foi-se tornando cada vez menos fantasista. Por quebra de confiança, por perda de habilidade ou até por culpa dos seus treinadores, a verdade é que num instante se percebeu não ser o extremo que o Benfica precisava.

Mas houve algo que Franco nunca perdeu – a garra, a vontade, a determinação e a capacidade de trabalho. São aquelas características que conquistam os adeptos e que lhe abrem espaço no plantel.

Cervi não pode ser o extremo do Benfica porque simplesmente perdeu o seu ímpeto ofensivo. Incapaz de ir no um para um, Cervi banalizou o seu jogo.

Isto juntamente com a sua postura aguerrida fizeram dele uma opção mais defensiva para os treinadores – até como extremo é utilizado numa visão mais de retranca, de cobertura ao lateral.

Assim começamos a descobrir o Cervi lateral. Mas sejamos honestos, o argentino não é forte defensivamente. Ter garra, correr muito e lutar intensivamente, não é saber defender. Tem maus posicionamentos, más abordagens e a maioria das vezes simplesmente corre atrás dos atacantes.

Cervi não só não é o extremo que o Benfica precisa como também não é o lateral que o clube necessita.

E por isto sempre tenho defendido que não tem lugar no 11 do Benfica.
E por isto tanto tenho defendido a sua venda.

Mas há contextos e contextos. E hoje o Benfica precisa de Cervi.

No início da época deveria ter saído pois não contava – Havia Nuno Tavares para cobrir Grimaldo e principalmente a possibilidade do clube se reforçar. Mas agora, a fechar Janeiro, não faz qualquer sentido a saída do argentino.

- Grimaldo vive a inconstância das lesões.

- Nuno Tavares já demonstrou não ter qualidade para jogar no Benfica.

- Jorge Jesus parece começar a apostar na possibilidade de uma táctica com 3 centrais, criando-se assim a posição de Ala esquerdo no 11 titular.

Sem que o clube tenha recorrido ao Mercado de Inverno para reforçar a lateral esquerda, com as actuais necessidades do plantel, a possível alteração táctica e a entrega do jogador apesar de mal ser opção, deixar sair Cervi é só mais uma falha estratégica desta direcção.

Só um desespero financeiro é que o pode explicar. Isto e uma contínua cegueira de quem nos dirige.

Cervi que saia mas só no final da época.



quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Oposição Credível Tem de Ser para o Presente e o Futuro

O ano de 2020 trouxe-nos eleições no Sport Lisboa e Benfica. Umas eleições especiais visto que foram de longe as mais participadas na história do clube e também aquelas onde Luís Filipe Vieira conseguir menor percentagem de aprovação.

Estas eleições trouxeram-nos também João Noronha Lopes.

Durante anos e anos ouvimos os benfiquistas queixarem-se dos atropelos de Vieira enquanto acrescentavam sempre um “mas”  - mas não existe oposição credível.

Pois bem, Noronha Lopes trouxe ao universo benfiquista a dita oposição credível. E esta é uma oposição que não poderá desvanecer-se. O Benfica precisa dela presente, atenta e exigente.

A oposição liderada por João Noronha Lopes conseguiu na sua primeira aparição, em um par de meses, chamar a si quase 38% dos votantes. Esta oposição fez Vieira ter menos de 60% de votantes. Esta oposição aniquilou por completo a figura que é Rui Gomes da Silva. Esta oposição motivou os sócios a movimentarem-se para tornarem estas eleições as mais participadas de sempre.

Noronha Lopes conseguiu reunir à sua volta excelentes benfiquistas e excelentes profissionais. Soube dar voz ao benfiquismo de Paneira. Soube recusar os aliciamentos que a direçcão de Vieira lhe acenava. Soube distanciar-se de Rui Gomes da Silva e soube reconhecer o valor do Movimento Servir o Benfica e chamar para junto de si o Francisco Benitez. Soube chegar aos benfiquistas e até soube perder.

Esta oposição credível conseguiu tudo isto mesmo sem debates, mesmo sem a cobertura da BTV, mesmo sem os votos das casas e afiliações e mesmo sem os votos dos vários colaboradores e funcionários do Sport Lisboa e Benfica.

E portanto com ou sem Noronha Lopes, com ou sem a liderança de Noronha Lopes, esta oposição não se pode retirar do dia a dia do clube. Nós sócios temos de a manter viva e activa.

O futebol cria uma sombra enorme e essa sombra é amplificada quando figuras mediáticas são as caras do que se passa neste desporto.
Para o arranque deste novo mandato Vieira contratou Jorge Jesus, deu maior palco a Rui Costa e até colocou Luisão mais próximo da equipa. São três figuras fortes e mediáticas e a centrarem as atenções de todos – benfiquistas e não só. Além disso, Rui Costa tornou-se pela primeira vez vice-presidente e assim sucessor natural do actual presidente. Se juntarmos a tudo isto os vários problemas que Vieira tem tido com a justiça e também as várias saídas do clube de figuras do seu círculo próximo, não me admiraria nada que de repente, pela sombra, Vieira se retirasse por “motivos de doença”.
E é a tudo isto que se tem passado nos bastidores, a tudo isto que está a acontecer na enorme sombra do mediatismo de Jorge Jesus, Luisão e do novo Rui Costa, que a oposição – aquela oposição credível – deve também estar atenta. Esta sombra deve ser iluminada pela Luz do benfiquismo.

Liderada ou não por Noronha Lopes, com ou sem Noronha Lopes, este novo movimento que se criou no Benfica na época eleitoral não se pode perder, não pode ser desperdiçado.

Passaram mais de 2 meses desde as eleições. Já deu para lamber as feridas. Agora é para construir sobre tudo o que foi conquistado.