quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A LUZ E O PIPI DE MARAFONA, estória curta para uma tarde de outono

Estávamos no ano de 2016. Os adversários do Glorioso deslocavam-se à Luz sempre com promessas de mala cheia, que seria aviada numa eventual perda de pontos do então tricampeão nacional, o clube dos clubes, o Sport Lisboa e Benfica. E pluribus unum, nunca um lema fora tão bem escolhido. Apenas um se erguia, de entre muitos, majestoso e preocupado com a sua própria majestade.

Os clubes tradicionalmente não candidatos ao título iam à Luz jogar para o empate, no mais pobre dos jogos. Tipicamente jogando em contra ataque, tentavam explorar algum erro defensivo que permitisse o golo.  Até aqui, como estratégia, embora fraquinha do ponto de vista do valor das ideias dos treinadores adversários, não tinha nada de mal. Era assim grande parte do futebol praticado na época! O mal começava nas práticas de anti jogo.

Apoiados na permissividade de alguns árbitros esverdeados, as faltas não assinaladas e os cartões que ficavam por mostrar davam-lhes a sensação de poderem triunfar no palco do centro dos mundos. Mais uma vez, até aqui, pouco ou nada de novo. A seleção natural tinha apurado o antibenfiquismo a níveis altíssimos. A compulsão dos viscondes por se casarem apenas com outros viscondes teve como consequência lógica uma forte consanguinidade, traduzida por estados de constante confusão, inveja e mal estar, que se estendiam profundamente à arbitragem. 

Assim, todas estas situações eram descritas como "normais". Mas nessa época de 16/17 a Biologia Evolutiva teve a oportunidade única de assistir a uma das mutações mais interessantes, uma Mutação por Osmose Medíocre (Mediocre Osmose Mutation, ou MOM no original). No entanto, a atenção da comunidade de Biologia não foi atraída apenas por esta incidência de intensivas atitudes de merda (ainda não arranjámos melhor expressão!).

Nessa época, alguns jogadores das equipas visitantes simulavam lesões de uma forma absolutamente exagerada, para atrasar o jogo e fazer entrar a equipa médica. Sempre com a cumplicidade da estirpe de árbitros BdC, que, por vezes, nem obrigavam a que o jogador fosse assistido fora de campo, julgava-se que esta era apenas uma prática consciente, com adeptos ferrenhos. Eles sucediam-se uns aos outros, jogo após jogo, caindo exclusivamente no glorioso relvado com seus uivos e atos de contorcionismo. E a incidência era muito maior numa posição chave. Os guarda redes, únicos jogadores em campo que não podiam ser assistidos fora do relvado, eram os mais afetados por esta aparente estupidez. As simulações de lesão iam ao ponto da encenação mais cuidada. Um deles teve mesmo a infeliz ideia de atirar a bola para canto enquanto fazia o infame teatro, de forma a reclamar alguma verosimilhança às suas atitudes anti desportivas, e antevendo com mestria que o SLB jogaria de forma honrada e lhe daria a bola de volta. Até chegou a fotografar posteriormente o próprio pé para exibir uma aparente mazela, o pobre. A fotografia ilustra vários artigos científicos da época, como exemplo de um dos sintomas iniciais da doença, a total falta de vergonha.

Ao fim de algumas jornadas, um guarda redes de uma equipa adversária simulou uma lesão e a equipa médica entrou em campo. E demorou muito mais tempo do que o costume, cerca de quinze minutos, até que este fosse substituído! Debaixo de monumentais assobiadelas, o redes João da Luva Rota deixou-se cair no chão, chorando compulsivamente. Pedia lenços aos colegas, que o olhavam estupefactos. Com a voz alterada, muito aguda, falava da vergonha que sentia por estar sentado na relva, de calções sujos, e por não ter feito a depilação. Pedia desculpa e tornava a chorar. “Vocês são tão bons para mim. Eu só quero ir para casa.” Estava tão visivelmente transtornado, o pobre,  que foi rapidamente encaminhado para o departamento de psiquiatria do Hospital da Luz.

Já rodeado por uma junta médica, falava dos filhos com carinho e queixava-se muito da sogra. Referiu vezes sem conta o ponto de cocção de um certo assado no natal de 2014, queimado por culpa da mãe da mulher. Oscilava entre o choro e o riso enquanto falava. E fazia olhinhos aos médicos. O dr. Homem Macho Pereira, chefe da ginecologia, achou estranha tamanha sensibilidade, e pediu para examinar o paciente. Atrás da marquesa, não podia acreditar naquilo que os seus olhos lhe diziam. João da Luva Rota tinha… uma vagina!!! Uma vagina real, de mulher. Com direito a tudo, orgãos internos incluídos, pois João da Luva Rota estava… menstruado!  Era o jackpot das descobertas.

Mas antes mesmo de poderem reclamar o facto como único, começaram a surgir novos casos. Sempre na Luz, sempre na equipa visitante, a cada duas semanas surgiam vaginas amiúde nos jogadores das equipas adversárias. O facto abalou a comunidade científica, desorientada com tão bizarra mutação. Mas Macho Pereira avançou com uma forma eficaz de reverter o processo. Quando um jogador se encontrava num dos estágios mais atrasados da doença, na fase Varela, ou até mesmo na fase Marafona, administravam-lhe doses cavalares de hormonas masculinas enquanto o obrigavam a ver filmes de super heróis, sempre de cerveja na mão. A prática do vernáculo, acompanhada de arrotos e de outras ventosidades, era também fortemente incentivada. E eram obrigados a assistir a jogos de futebol masculino entre equipas sul americanas. Tudo num ambiente seguro, sem a presença de um único sportinguista num raio de 10 km (fora de Lisboa, portanto). Os casos reduziram, mas só desapareceram completamente quando chegou a terceira revolução genética e a inteligência superior passou a ser característica fundamental de todos os seres humanos. Até então, alguns desgraçados preferiam arriscar-se a tão dramática mutação só para poderem usufruir de um dos sintomas iniciais desta doença genética. Qualquer guarda-redes que sofresse a mutação, por mais medíocre que fosse, tinha direito a uma exibição de luxo, pouco tempo antes do surgimento da vagina. Chamavam-lhe o “Efeito Neuer”. Mesmo sabendo que o coche podia passar subitamente a abóbora, queriam experimentar uma vez na vida a sensação da “defesa impossível”. 

Esta condição genética ficou conhecida como "Marafona´s Syndrome". Baptizada por uma equipe de Princeton, a equipe brasileira reclamou desde sempre para si a descoberta. E com ela, o batismo da mesma. Embora se tenha estabelecido mais tarde que a alteração genital nunca ocorreu em Marafona (consta que viu os X-Men na noite do jogo, e seguidamente terá assistido ao Puñeteros de Lima Vs Los Cojones de Buenos Aires, enquanto bebia uma cerveja e cogitava sobre a fotogenia do próprio pé), só no dia da sua morte se teve a certeza. Até lá, muitos anos se tinham passado, e assim a condição ficou conhecida até hoje, nas comunidades de expressão portuguesa, como SCM, ou (para ler com sotaque brasileiro) “Ô Sindrôma da Côna dji Marafôna".


(ressalva: este texto, que vos parece pleno de lugares comuns e até algo sexista, chegou às mãos do Ontem diretamente a partir de um portal do futuro. Não somos responsáveis pelo uso de quaisquer estereótipos. Conhecemos muitas mulheres com “mais colhões” do que a maioria dos guarda redes da primeira liga, e até alguns homens que não se peidam ou arrotam de forma ostensiva)

3 comentários:

Águia Preocupada disse...

Muito bom!
E são tantos os Marafonas vaginais que qualquer dia na Luz é necessária uma secção de distribuição de pensos higiénicos para "acudir" a surpresas de antecipação desses dias "difíceis"!

Diz o povo que: "Quem não tem cão caça com gato", mas há muito menininho que prefere caçar "bancando" o mariquinhas!

Anónimo disse...

Ainda sou do tempo de ver o treinador a correr junto à linha lateral e com histerismo a mandar o guarda redes deixar-se cair para ganhar mais uns preciosos minutos.

E também sou tempo de ver o banco a mandar segundas bolas para o campo de forma a atrasar mais uns segundos o jogo e depois ouvir o treinador a dizer que o adversário jogou como equipa pequenina.

Mas isto sou eu, que já ando por aqui à muito tempo.

blimunda era linda disse...

Ainda ontem tive de ir comprar grades de cerveja e a senhora da caixa registadora tinha mais pêlos nos braços do que a população inteira de Francelos!

(mas não se chamava Blimunda)