segunda-feira, 19 de junho de 2017

Em@il

Cerca de duas semanas depois de o caso dos emails ter vindo a público pela mão do director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, após a pálida reacção do Benfica e depois de lidas e discutidas diversas opiniões, a minha própria ideia encontra-se formada e até ver é tão desinteressante e sensaborona como este caso dos emails.

Em toda a história, parece-me da mais elementar importância saber se aquilo com que somos confrontados é, em primeiro lugar, real e não uma "inventona". Dada a ausência categórica de resposta em contrário por parte do Benfica, nomeadamente sob a forma de comunicado ou pela voz do seu incompetentíssimo e inábil director de comunicação, Luís Bernardo, parece-me seguro afirmar que a troca de correspondência electrónica efectivamente existiu. Se foi adulterada ou não, parcial ou totalmente, parece-me mais questionável. E vindo de quem vem, é uma suspeita a ter sempre em conta. Não acreditem em tudo o que vêem na televisão ou lêem na internet.

Igualmente interessante parece-me ser o conteúdo dos emails. Especialmente porque aquilo que nos tem sido vendido por parte da comunicação do FC Porto como uma grande teia de corrupção desportiva (olhem quem) não parece ser, nem de perto nem de longe, aquilo que os azuis-e-brancos queriam e gostavam que fosse. A linguagem utilizada e as frases tornadas públicas parecem apenas demonstrar que o esquema que dominou o futebol luso durante as últimas três décadas terminou em definitivo graças à acção de Luís Filipe Vieira (o "primeiro-ministro"). Não há evidência segura de corrupção activa, de ofertas de prostitutas a árbitros, de depósitos em contas de fiscais de linha (ou mesmo o afastamento de Vítor Pereira da UEFA). Há isso sim, uma queixa de uma nota atribuída a um árbitro cujo processo pelo qual foi conduzida a queixa deixa antever que as coisas podem efectivamente não ter sido efectuadas pelas vias legais ou, mesmo sendo, de forma pouco ética. Coacção? Sim, talvez. Da mesma forma que a coacção continua a ser exercida pelos outros grandes do futebol português, bastando ver as ameaças dirigidas pelo director desportivo do FC Porto, Luís Gonçalves, ao árbitro do último SC Braga x FC Porto ("a tua carreira vai ser curta") e que por acaso culminou com a descida do dito juiz à segunda categoria, ou as ameaças diárias oriundas do reino da oligofrenia verde-e-branca, onde presidente, director para o futebol, treinador, director de comunicação e comentadores do canal de televisão do clube perseguem e incitam persistente e diariamente ao ódio contra árbitros, rivais e dirigentes do futebol português.

Será, necessariamente, do interesse público e igualmente dos benfiquistas com escrúpulos que este caso seja investigado. Com celeridade e honestidade. Para já, as "provas" apresentadas parecem ser pólvora seca disparada no contexto do desespero pelos resultados desportivos e financeiros apresentados bem como uma tentativa de condicionar decisões futuras dos árbitros nos jogos do Benfica. E precisamente numa altura de enorme ruído e de estratégia de intoxicação da opinião pública, apareceu o Sporting com aquele que, em tempo de suspeita, pode ser um aliado do Benfica no caso de ser prejudicado em face deste clima: o vídeo-árbitro. Seria de uma sublime ironia.