7 de Dezembro de 1997. O Benfica recebia o saudoso Salgueiros em jogo a contar para a 12ª jornada do campeonato nacional. Um jogo como tantos outros. O meu primeiro jogo. Pela mão do meu pai, adepto moderadamente fervoroso, encorajado pelo meu tio João, residente na freguesia salgueirista de Paranhos, cidade do Porto, mas benfiquista desde sempre e sócio com quotas em dia mesmo vivendo na Invicta e com a companhia da minha prima Ana Rita, assim foi, naquela noite fria de 1997, que me estreei presencialmente no velhinho gigante de betão.
O jogo foi como tantos outros da década de 90. Partindo em 4º lugar, atrás de Rio Ave e Vitória de Guimarães e já a 8 pontos do líder FC Porto, aquele Benfica onde coabitavam génios como João Vieira Pinto e Michael Preud'homme com jogadores de qualidade sofrível (chamemo-los assim, para sermos simpáticos) como Tahar, El-Hadrioui, Panduru ou Taument, empatou a duas bolas com Salgueiros.
As memórias sobre esse dia e desse jogo, pese embora os 20 anos que me separam da data e o facto de ter apenas 7 anos de idade à altura, são mais que muitas. Desde a meia volta que tive de dar ao recinto para conseguir entrar na porta certa, para me sentar no topo norte (cadeira ou cimento?) até ao assoberbamento pela dimensão do Estádio e pelo ambiente. Sentia-me em casa. Tantas vezes tinha pedido para ir ao Estádio da Luz e finalmente, com sete anos e meio, o sonho tornava-se realidade. Havia uma felicidade em estar ali que ainda hoje sinto.
Dali para a frente, mais duas idas à Luz nessa temporada. Para assistir a um empate com o Estrela da Amadora numa tarde chuvosa (bis de... Martin Pringle!) e a primeira vitória, numa tarde solarenga de primavera, por 3-1 contra o Desportivo de Chaves. Historias de jogos a que fui e de jogos aos quais não marquei presença. Uma noite de chuva torrencial na qual, semi-abrigado no túnel de acesso à bancada, vi o Benfica, após estar a perder 0-2 ao intervalo com o Varzim, virar para 3-2. Aquela tarde em que recebemos a Fiorentina de Nuno Gomes para jogo de apresentação com o Estádio à pinha. E o que chorei por não ter ido ao derradeiro jogo da Catedral contra o Santa Clara.
Não são muitas as recordações da antiga Luz. Nem o tempo em que as vivi corresponde a um período perto de ser positivo na História do Benfica. Ainda assim, é com muita saudade que recordo o tempo em que a inocência de uma criança permitia acreditar que uma equipa composta maioritariamente por marretas seria capaz de ganhar jogo após jogo até à conquista de um campeonato que escapava há demasiado tempo.
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