sábado, 15 de novembro de 2008

Da Amadora, com fome.

Amanhã, no Estádio da Luz, iremos assistir ao embate entre dois grupos distintos de jogadores: de um lado, os da casa, com dinheiro suficiente no banco para contratarem todas as mulheres que forem ver o jogo e lhes lamberem os cheques sem cobertura (os delas); do outro, gajos que não vêem um euro na continha suburbana há mais de três meses. Fico a ruminar sobre o que pensará um jogador do Estrela quando entra naquele Estádio, ao lado dos ricos, com a mulher e o filho em casa a comerem comida do gato e a tentarem forjar um rádio a pilhas para ouvirem o marido e pai a jogar. É possível que apeteça ganhar. Só pelo gozo. Só porque sim. Só para, no fim do jogo, pedirem orgulhosamente as camisolas do Reyes, do Suazo, do Aimar e do Cardozo e as venderem na feira da ladra da semana seguinte. Há qualquer coisa de obsceno nisto e eu não sei bem o que é nem me apetece pensar muito no caso, porque amanhã, quando estiver sentado na cadeirinha vermelha, não me vai apetecer ter a consciência de que aqueles gajos de encarnado, com contas milionárias no banco, mal entrem no relvado já têm uma vantagem pornográfica sobre os outros, os pobrezinhos da Reboleira. Portanto, se empatarem ou perderem, ao menos façam o favor de ir ao Lidl comprar 300 latas de comidinha de gato para oferecer aos heróis. É o mínimo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom!!!!

Pá, ainda não tinha comentado mas quero dizer que gosto deste blogue. Escrevem bem e normalmente com muito humor e originalidade! Parabéns!

Hoje é para ganhar!!

Lúcio

Ricardo disse...

Obrigado, Lúcio. Enches-nos de mimos!

Hoje e sempre. Para ganhar! :)

Anónimo disse...

Cenas destas é o que mais há por aí. Incomoda-me que isto aconteça ao pessoal do Estrela mas pior é a situação dos mineiros de Aljustrel, por exemplo. Esses nem gatos têm.

Ricardo disse...

É verdade, Algarviu, mas não deixa de ser uma situação incómoda e absurda.