quinta-feira, 10 de março de 2011

Roberto e nós, um conto surrealista

Há no benfiquismo, talvez por razões relacionadas com a cultura historicamente democrática da génese e vida do clube, por vezes um alheamento da realidade em função de um bem supostamente maior: a justiça. Não é incomum ao benfiquista, nesta busca incessante pelo que é justo, perder o critério de avaliação a um jogador apenas e só pelo facto de ser este um alvo a abater pelo exterior. Os exemplos da defesa intransigente por parte dos adeptos em relação a um jogador do Benfica criticado pelos adversários ao longo de 107 anos de História serão muitos, uns mais polémicos que outros, uns mais mediáticos que outros, mas todos eles poluídos por um elemento comum: a irrealidade, porque enviesada, com que se procura defender o indefensável.
Falo, claro, como já se dignaram os ilustres leitores a entender, do geral para o específico: de um século de idiossincrasia que desagua no último dos mártires, Roberto Jimenez, guardião castelhano das redes benfiquistas. Personagem de uma trama digna do melhor Cervantes, Roberto surgiu aos olhos dos adeptos com inicial desconfiança, depois medo, quase pavor até iluminar os corações de todos assim que, do lado de fora do castelo, começaram a cair, como granadas, insinuações, críticas, ferozes ataques à valia do espanhol.
Na exacta medida de Portugal ser Benfica e Benfica ser Portugal, o benfiquista, como o português (porque são a mesma coisa, confundem-se, fundem-se, metamorfoseiam-se), gosta muito de achincalhar o que é seu, sempre que prevê a hecatombe. Mais: orgulha-se disso, defende à exaustão a auto-crítica e sustenta-a na cultura de liberdade que lhe dá mote, permitindo-se assim legitimar o auto-achincalhamento com a democracia e seus benefícios óbvios e justiceiros. É assim o benfiquista e é assim o português.
E se não houvessem os outros, esses malfeitores dos estrangeiros e dos não-benfiquistas, esta autofagia atingiria proporções tais que, tal como o conceito anuncia, o país e o clube tenderiam para um fim em si mesmos. Felizmente que os outros existem para nos trazerem o amor próprio, o orgulho, a defesa dos nossos e, no limite (que é onde iremos chegar, eventualmente), o bacoco patriotismo que nos faz defender até o indefensável, julgando estarmos nós na plena consciência e virtude das nossas faculdades mentais.
Que humilhemos os nossos? Pois, claro que sim!, se somos justos e democráticos, se temos cérebro, se nascemos com ele e com ele morreremos, não nos peçam que não tenhamos opinião (a opinião é um bem sagrado para o português e para o benfiquista, mesmo que, não raras vezes, desprovida de qualquer conteúdo ou argumentação lógicos); Que os outros humilhem os nossos, mesmo que sigam as mesmas coordenadas com que nós nos humilhamos? Indignamo-nos! Vociferamos! Abdicamos no instante da auto-crítica para passarmos a defender precisamente o contrário do que anteviámos e defendíamos, já todos corações moles e festinhas no peito, choros, saudades, beijos para com os nossos tão injustamente criticados.
Sejamos claros: Roberto Jimenez é um guarda-redes banal, inapto a defender a baliza de um clube como o Benfica. É-o, antes de analisarmos o absurdo valor que por ele demos, pelo simples facto de que não é um guarda-redes seguro, não era antes, não o é hoje e não o será no futuro. Não interessa se ele é excelente (mas mesmo excelente, quase único no mundo) de frente para a bola. Isso só interessaria se no resto fosse, à falta de melhor, razoável ou bonzinho. Nesse caso, sim, interessaria que fosse excelente a defender bolas de frente. Mas Roberto não é bonzinho nem razoável em bolas divididas na área ou no posicionamento: é fraco a posicionar-se e a responder rapidamente a uma situação diferente de jogo e péssimo (péssimo) em bolas altas cruzadas para a área, especificamente para a zona da linha da pequena área. E isto, desde os primeiros 3 jogos (não digo do primeiro, porque há que dar um bocadinho de flexibilidade às nossas convicções, só um bocadinho), é uma evidência tão óbvia que só um povo demasiadamente "democrático" faz tudo por esquecer.
E - milagre dos milagres! - esquecemos todos (ou, vá, quase todos). Porquê? Porque os malfeitores dos não-benfiquistas disseram mal dele, do nosso guardião, do nosso menino, do nosso senhor 8,5 milhões de euros. Cometeram esse ultrajante feito de porem em causa a valia que nós sabíamos que ele não tinha mas que só nós podemos pôr em causa.
Ah puseram em causa, foi? Então agora vamos defender o Roberto em todos os jogos, vamos falar nele como o melhor do Mundo sempre que o Benfica jogar, não interessa se ele cometer falhas (a gente diz que todos cometem), não interessa se sabemos que ele não vale nem um milhão (temos de defender o nosso Presidente contra essa corja que quer tomar o poder), não interessa se todos vemos no Júlio César um guarda-redes com melhores qualidades (temos de defender o Jesus, que ele deu-nos um título de campeão e por isso, por ser coisa rara, temos de rezar, penitenciar e não questionar).
Querem-nos acéfalos? Sê-lo-emos com orgulho porque não aceitamos críticas do exterior. Vamos repetir todos os dias - os anónimos ao espelho, os amigos no café, os outros na televisão: o Roberto é um guarda-redes que dá pontos! Gritem todos comigo: o Roberto é um guarda-redes que dá pontos! E riam, mostrem-se confiantes, orgulhosos, felizes de poderem contar por tuta e meia com um guardião de alto quilate, não sejam anti-benfiquistas, como os outros, não prejudiquem o Benfica com essas manias de dizerem a verdade, mintam!, finjam que não sabem, virem a espinha do avesso e façam com ela um narguilé por onde fumam a verdade e inspiram benfiquismo.
E ai daquele que vier dizer que um guarda-redes do Benfica supostamente está lá para defender as bolas e não para cometer erros básicos de infantil, que a gente tem metida uma droga por entre as mangueiras do narguilé que rapidamente expele argumentos surreais e patéticos, do estilo: "pois foi, ele falhou naquele golo mas defendeu outras duas (porque ele defender é uma coisa para a qual ele não estaria, em princípio, vocacionado)!" ou o já mítico "o Roberto é muito forte psicologicamente!" ou ainda o alucinante e alucinogénico conceito de que o dinheiro não interessa para nada (é por isso que o Villa custa o mesmo que o Mantorras) que se consubstancia na frase exemplar que interroga, perscruta, do alto das mais notáveis inteligências: "mas afinal o que é que os 8,5 milhões têm a ver com isto?".

O país e o Mundo. O país e o Benfica. Para o bem e para o mal. E a eterna confusa interpretação dos benfiquistas entre o apoio aos nossos e a acefalia crónica.

17 comentários:

Berrante De Encarnado disse...

Porque ter opinião diferente não é crime, nem nunca fez mal a ninguém:

Discordo em absoluto deste post, apesar de ter gostado imenso de o ler.

Destaco dele isto:

"Não interessa se ele é excelente (mas mesmo excelente, quase único no mundo) de frente para a bola. Isso só interessaria se no resto fosse, à falta de melhor, razoável ou bonzinho."

Um rapaz de 23 ou 24 anos (muito novo para guarda-redes) que já é dos melhores do mundo em certas fases do seu jogo, tem que ser morto e crucificado logo na primeira época, mesmo que este rapaz tenha muito ainda para evoluir e poder vir a ser dos melhores do mundo em mais vertentes? Não consigo perceber.

Vamos lá ver: Eu não tenho palas nos olhos, alias nem estou a ver quem as tenha (?) Todos sabemos e admitimos que perdemos alguns pontos por erros seus, apesar de, para se admitir tal coisa, já tenhamos que excluir os outros 10 jogadores em campo desses jogos, o que na minha modesta opinião não é lá muito justo, mas vá, mesmo assim admitamos, até porque foi óbvio. Percebo.

O que não percebo, é alguém (sendo benfiquista então, faz-me muita confusão), tenha subitamente perdido a memória do que foram jogos atrás de jogos, em que a nossa brilhante sequência de vitorias foi suportada em grande parte por culpa esse rapaz, em conjunto com os colegas obviamente. Percebo e admito que ajudou a tirar pontos, só não percebo é como alguém da minha cor se pode esquecer dos muitos que nos deu, bem mais do que os que tirou.

Deixou de ser mau quando andou a fazer brilhantes exibições? Voltou a ser agora de novo? Foi esquecimento? Um até já? Estava marcado.

BENFICA SEMPRE!!

Bom post e Cumprimentos

Ricardo disse...

Nem mais, Berrante. Não só não é crime como proporciona o debate. Se for nos modos correctos, como o fez, mais interessante se torna.

"Um rapaz de 23 ou 24 anos (muito novo para guarda-redes) que já é dos melhores do mundo em certas fases do seu jogo, tem que ser morto e crucificado logo na primeira época, mesmo que este rapaz tenha muito ainda para evoluir e poder vir a ser dos melhores do mundo em mais vertentes? Não consigo perceber."

25, mas isso é um pormenor. Para mim, não há guarda-redes melhores ou piores do mundo em "fases do jogo" - a referência que faço ao facto de o Roberto ser, de facto, excelente de frente para a bola serve apenas o intuito de justificar a defesa que faço de que, apesar de ser excelente numa característica, não chega isso para ser bom sequer no cômputo geral; há maus, medíocres, bonzinhos, bons, óptimos na generalidade e é isso que conta (para mim, claro; o meu caro poderá ter outra interpretação). Um guarda-redes, como um jogador de campo, não deve ser analisado por partes específicas da sua função como modo de justificar as boas em detrimento das más. É um todo e, no todo, Roberto é banal.

Depois, não acredito que o Roberto venha a ser o melhor do mundo. Nem daqui a 1 nem daqui a 10 anos. Pela simples razão de que, com 25 anos, o guarda-redes está substancialmente formado. Se isto para as qualidades serve, serve ainda mais para os defeitos. E os defeitos do Roberto não são sequer de júnior, há defeitos infantis que não são excepção, são frequentes.

Por outro lado, estamos a discutir o Benfica, não uma equipa B onde os jogadores podem rodar sem pressão e em que a exigência é baixa. Quando o meu caro me diz que ele não tem de ser "morto e crucificado" (coisa que não fiz, detesto sangue) logo na "primeira época", está a querer dizer o quê? Que o Roberto pode prejudicar o Benfica numa época que se na segunda aparecer com grande rendimento já está tudo bem? Não sou dessa opinião. Muito menos quando o jogador em causa foi contratado para ser titular indiscutível e pelo preço absurdo de... 8,5 milhões de euros. Sim, apesar de terem passado 8 meses ainda hoje não acredito como é possível termos dado este dinheiro todo pelo espanhol. E não percebo como alguém pode achar isto normal. É que, repare, Berrante: mesmo um guarda-redes de top mundial (portanto, a anos-luz do Roberto) não custa 8,5 milhões de euros. Razões para esta compra? Terá de perguntar aos responsáveis do Benfica. Se mais ninguém acha estranho, eu acho. Mas é só uma visão. Haverá outras, como a sua.

Ricardo disse...

"Estava marcado."

A estar marcado, estaria apenas pelas minhas convicções e memória, nada além disso. Aliás, que outra razão poderia haver? Acha que me dá alguma espécie de gozo dizer que o nosso guarda-redes (que custou 8,5 milhões de euros, é sempre preciso não esquecer) é banal? Nenhum, como é óbvio. Mas é a realidade. A minha, pelo menos. Prefiro que dispense as insinuações porque, como certamente entenderá, nenhum benfiquista fica feliz por perceber que a Direcção do seu próprio clube faz negócios pavorosos. O que não posso deixar de fazer é mostrar a minha indignação pelo facto.


"O que não percebo, é alguém (sendo benfiquista então, faz-me muita confusão), tenha subitamente perdido a memória do que foram jogos atrás de jogos, em que a nossa brilhante sequência de vitorias foi suportada em grande parte por culpa esse rapaz, em conjunto com os colegas obviamente. Percebo e admito que ajudou a tirar pontos, só não percebo é como alguém da minha cor se pode esquecer dos muitos que nos deu, bem mais do que os que tirou.

Deixou de ser mau quando andou a fazer brilhantes exibições? Voltou a ser agora de novo? Foi esquecimento? Um até já?"

Nem deixou de ser mau quando ganhámos, porque o Roberto nunca foi "mau", nem começou a ser bom quando ganhámos, porque o Roberto nunca foi "bom". Foi banal, como sempre. Para quem analisa as coisas apenas e só do ponto de vista do resultado (leia-se: erros que dão golos sofridos) é possível que agora haja mais críticas e que há um mês atrás só houvesse elogios. O que se passa é que o Roberto foi sempre o mesmo: cometeu erros prejudiciais à equipa durante toda a época - que eles não tenham dado golo é apenas e só um pormenor que não o iliba dos defeitos que teve e tem.

A memória está presente. Como o benfiquismo. O que não está é a falta de exigência. Que há, a meu ver, em muitos benfiquistas. Se não fosse por outra coisa (e há muitas por onde constatar esse facto) esta contratação chega e sobra. Repare o Berrante que quase ninguém põe em causa uma contratação completamente absurda que nos prejudicou de forma clara a época e que nos custou um balúrdio por um guarda-redes banal. Isto é que é estranho e preocupa. É de uma falta de exigência de todo o tamanho. Alicerçada em quê? É aqui que vem a idiossincrasia: alicerçada numa atitude de resignação e aceitação de todas as opções directivas por termos ganho um campeonato. Começou aqui, nesta falta de critério, a perda do bicampeonato. Ao Benfica não deve, NÃO PODE, chegar vencer o título um ano para que as pessoas passem cheques em branco à Direcção para que esta faça a merda que lhe apetecer (e, neste caso, mais do que merda, chamar-lhe-ia negócio muito, mas mesmo muito, duvidoso). Não pode, meu caro. Este Clube foi fundado e alimentado pelo sucesso. Não por vitórias pontuais e falta de exigência. Mas se calhar há, de facto, falta de memória. É que muita gente já se esqueceu que na 3ª jornada o rapaz que veio para ser titular e custou os tais 8,5 milhões de euros começou o jogo sentado no banco de suplentes. Um acaso tirou-o do banco e um episódio (feliz para nós, claro) manteve-o lá, mas é bom não esquecer que Jesus optou por Júlio César à terceira jornada do campeonato - ora, isto para quem um mês antes tinha apostado todo este dinheiro no espanhol dará que pensar. A quem quiser fazê-lo.

Dito isto, uma ressalva nem que seja para os mentecaptos que poderão aparecer: eu apoio, enquanto adepto de Estádio, todo e qualquer jogador que entre em campo. Se é Roberto, terá as minhas palmas, como qualquer outro. Num blogue de amigos, como este é, em que escrevemos opiniões e bitaitamos as nossas convicções, parece-me que posso achar esta compra uma das mais absurdas da História do Clube sem que tenha de levar com o rótulo fatal de "mau benfiquista" ou apontado como estando a "desestabilizar" o coitadinho do espanhol. É que às vezes não parece mas este é, de facto, um Clube que deu lições de democracia ao próprio país. É sempre bom não esquecer esse facto.

Abraço

Berrante De Encarnado disse...

Tudo bem, é a sua opinião e não sou eu que a vou querer mudar, apenas a quis perceber um pouco melhor.

Para o meu caro o Roberto nunca vai passar de "um guarda-redes banal". Tudo bem. Fica a duvida de como tanta banalidade consegue fazer a quantidade de jogos impressionantes que fez. Presumo que se ele fosse um pouco mais do que banal, o Benfica não teria sofrido quase golo nenhum e certamente seria campeão sem derrotas, não obstante os assaltos de que fomos vitimas.

Sim, há de facto jogadores que, independentemente de terem sido caros ou baratos, melhoram substancialmente as suas prestações de uma época para a outra. Inúmeros casos como exemplo não faltam, não me vou atrever a inúmera-los. Ao fazer essa referência no primeiro comentário, não quis com isso dizer que sou a favor de expediências no Benfica, foi apenas uma constatação de um fenómeno bem real.

BENFICA SEMPRE!!

Cumprimentos

Berrante De Encarnado disse...

O Roberto para mim não é o "coitadinho", mas também não é o patinho feio. É alguém a quem reconheço valor, apesar de admitir (nem poderia ser de outra forma) que tem muito a melhorar.

Não escamoteio as suas falhas, nunca o fiz e nunca farei, mas também não vou fazer dele pior do que na realidade é, muito menos passar-lhe atestados aos 25 anos de idade. Da minha parte, Roberto, merece mais uma oportunidade.

Todos temos a nossa opinião e, para mim, Roberto está tão longe de ser perfeito, como está de ser banal.

BENFICA SEMPRE!!

Cumprimentos

Berrante De Encarnado disse...

Acima errei quando queria escrever "experiências".

Um bom dia para si caro Ricardo

BENFICA SEMPRE!!

Cumprimentos

Carlos Alberto disse...

Roberto custou 8,5 milhões e estava um metro adiantado no livre do Hugo Viana, defendeu 2 golos (reparem que eu escrevi defendeu 2 GOLOS não disse fez duas defesas) mas é banal.
O resultado de uma análise parte sempre da premissa com que se faz.

De qualquer forma quero destacar o que hoje escreveu a Leonor Pinhão:
Discutir o Roberto é tirar mérito ao Xistra!!!

Ricardo disse...

"Para o meu caro o Roberto nunca vai passar de "um guarda-redes banal". Tudo bem. Fica a duvida de como tanta banalidade consegue fazer a quantidade de jogos impressionantes que fez"

Por "impressionantes" o Berrante quer dizer que foram de grande nível? Se sim, discordo. O Roberto fez defesas impressionantes ao longo dos jogos, ninguém lhe tira isso, o homem tem qualidades elásticas fabulosas; só que, enquanto as fazia, cometia erros que podiam ter dado golos - mais uma vez: não terem dado golos não o ilibam de nada porque se não deram golos foi apenas por factores externos (azelhice dos avançados, sorte, etc). Mas o Roberto é exactamente isso: defesas impressionantes e insegurança sempre que uma bola é bombeada ou cruzada para a área. Ora, este não é o tipo de guarda-redes que dá segurança. Nem aos adeptos e, principalmente, à defesa. Não podemos olhar para as impressionantes defesas e ignorarmos as impressionantes falhas que o Roberto cometeu e comete. Eu percebo que se queira valorizar o homem; já não percebo tão bem que se não vejam estas deficiências gritantes. Por exemplo, Júlio César. É infinitamente mais seguro. E se aquilo em que é muito melhor do que o Roberto - posicionamento, saída a cruzamentos, decisão em bolas altas - por si só lhe dá vantagem sobre o espanhol, de frente para a bola, onde o Roberto é excelente, o brasileiro não só é competente como é bom - não terá a elasticidade do espanhol mas não estará muito longe. E é isto: cômputo geral. No todo, Júlio César é mais competente, é mais maduro, é mais seguro, transmite mais confiança. E, não esquecer, se tivesse sido aposta, teríamos poupado míseros 8,5 milhões de euros. Talvez suficientes para não termos vendido o David Luiz em Janeiro ou para ajudar na compra do Salvio agora no final da época, quando se calhar, com a compra do Roberto e a venda do David Luiz, ainda assim teremos de ver o Salvio voltar a Madrid, para pena nossa. É disto que se fala, Berrante: decisões, opções, estratégia. E, no caso do Roberto, o Benfica falhou em toda a linha.

Carlos, quanto à "banalidade" do Roberto acho que já estão explicados os meus argumentos. Se quiser acrescentar algo à discussão, além das premissas e coiso e tal, força.

Quanto ao que a Leonor Pinhão diz, discordo. Os temas são distintos e devem ser discutidos ambos. É que um dos nossos problemas e perigos é o de nos sentirmos confortáveis na justificação das arbitragens. Que elas nos foram prejudiciais de uma forma pornográfica não tenho dúvidas. Mas uma coisa não invalida a outra. Se calhar, com outro guarda-redes, mesmo sendo estupidamente roubados, teríamos conseguido não ter 3 derrotas nos primeiros 4 jogos e isso fez muita diferença.

Para além disso, sentir-me-ei mais legitimado a comentar o sistema corrupto em Portugal quando o Presidente do meu Clube não sentar o Joaquim Oliveira na tribuna presidencial do Estádio da Luz, quando não apoiar um corrupto para Presidente da Liga, quando não sentar os dois ao lado do Eusébio na Gala do Benfica (enquanto os sócios eram convidados a assistirem pela televisão) e quando, depois do que assistimos em Braga, ele não vier dizer aos benfiquistas que o Salvador não tem culpa nenhuma na selvajaria que todos vimos.

Se calhar, começa por aí a legitimidade moral. Não sei se já repararam mas é o próprio Presidente do nosso Clube, pelas acções que toma, que nos retira legitimidade de falarmos e agirmos sobre esta podridão e lama em que está atolado o futebol português.

José Vieira disse...

Caro Ricardo, se é debate que se pretende, recordo-te que estás a falar daquele que foi eleito o melhor guarda-redes da 2ª volta da liga espanhola da época passada e (pasme-se), do guarda-redes mais valioso da nossa liga para um jornal desportivo.
Será mesmo um problema de acefalia crónica?
Em jeito de provocação, permito-me sugerir-te que equaciones outra variável: a sobriedade. É que isto de se trocar a água pelo vodka quando se assiste a um jogo do glorioso pode ser igualmente uma explicação para tão espirituoso "post".

Hattori Hanzo disse...

Para a altura que tem no seu ponto mais forte o que deveria ser o mais fraco e vice-versa. Aquelas saidas são más de mais para um Guarda-Redes do Benfica (e não só pelo que ele custou... mas também). Neste momento tenho de facto mais confiança em Júlio César. Só tenho mais uma coisa a informar: falou-se já que houve/há clubes ingleses interessados em Roberto. Com as suas falhas duvido que ficasse muito tempo como titular por lá, já que bolas por alto /bombeadas ou através de centros é o que há lá mais, e é precisamente aí que ele tem todos os erros.

Ricardo disse...

Muito bom, José. Não trouxeste nada de útil à discussão mas ao menos deste-nos um alegórico motivo humorístico. Fraquinho, imberbe, mas suficiente para criar descompressão. Quase, quase um peidinho aos risos.

Um bem-haja para ti.

Há interesse no Roberto, Hanzo? Se há, é de aproveitar e recuperar algum dinheiro investido no homem. A não ser que estejas a falar das notícias fabricadas a mando da Direcção do Benfica logo no princípio da época em que - pasmemo-nos todos! - chegado Roberto a Portugal por 8,5 milhões havia quem nas Inglaterras quisesse dar por ele 10 ou 11 milhões. Comer gelados com os olhos é fodido.

jose garcia disse...

Eu acredito que o Roberto é guarda redes para o Benfica porque acredito que tem valor para isso.
Mas acredito mesmo a sério, não é só fézada de adepto.
De resto, faço minhas todas as palavras do Berrante de Encarnado.

Grande abraço!

Manuel disse...

É pá, já cheira mal os benfiquistas virem com a velha e relha cassette dos "8,5 milhões". Como se isso é que indicasse a qualidade de um jogador. NÃO INDICA. E NÂO MEDE. Um jogador não é um automóvel.

Aonde viram que o Benfica pagou 8,5 M.€ pelo passe? O Benfica pagou essa quantia pelo passe mais uma parte dos ordenados. O que faz uma grande diferença. Substitui custos correntes por investimentos. Que são amortizáveis.

E parem de dizer mal do homem. E aqueles que afirmam que um jogador quando chega ao 25 anos já está formado, nada percebe de futebol, de desporto, de recursos humanos, e muito menos da capacidade dos humanos para se ultrapassarem. Não percebe de NADA. Melhor faria se estivesse calado. São apenas bazófias de pessoas que têm peneiras e a mania que sabem.

É triste ver benfiquistas a armarem-se aos cágados.

PS. Por fim, todos, mas TODOS sem excepção, os guarda-redes cometem erros. O importante para um guarda-redes não é se dá ou não frangos mas sim que os frangos, quando acontecem, sejam meras excepções, que dê confiança à sua defesa e à sua equipa (e Roberto dá-a) e que os eventuais erros sejam apenas notas de rodapé em actuações positivas. E que em alturas cruciais dos encontros faça defesas que, pela marcha do marcador, sejam cruciais e determinantes para as vitórias. E é o que tem acontecido. De outro modo como podíamos estar 18 jogos sem perder? Já se esqueceram?

Ricardo disse...

"É pá, já cheira mal os benfiquistas virem com a velha e relha cassette dos "8,5 milhões"."

Isto é muito bom. Tanto o "cheira mal", expressão bucólica e rural lusitana quanto a ainda mais, mas mesmos mais - praticamente em desuso -, "velha e RELHA" que nos remete para tempos de que temos memória e saudade estranha e anacronicamente porque os não vivemos. Só por isso, e apesar de te revelares um perfeito anormal, valeu a pena. Obrigado. Muito obrigado.

Quanto ao

"Como se isso é que indicasse a qualidade de um jogador. NÃO INDICA. E NÂO MEDE. Um jogador não é um automóvel."

gosto especialmente da lição que nos é dada: um homem, um jogador, não é um automóvel. Não tem preço, portanto. Tanto faz que custe 10.000 euros como 8,5 milhões. A escravatura já acabou há uns aninhos, não venham com preços de jogadores. Eu acho muito bem. E, se puderem, e podem!, no Verão quero o Messi. Aí por uns 2 milhões de euros e já estou a ser generoso. Os homens não são carros, por amor de Eusébio!

Hattori Hanzo disse...

"Todos, mas TODOS sem exepção, os guarda-redes cometem erros." É verdade, mas também é verdade que não cometem erros sempre da mesma maneira, como este o faz. O que é certo é que numa ano já vi em Roberto quase tantos lances em que ele foi mal batido como o Quim nos anos em que esteve à frente do Benfica (e atenção que eu sempre achei o Quim um Guarda-redes banal). Também é verdade que já lhe vi mais muito provavelmente defesas difíceis que o outro.

jose garcia disse...

Caguei no Roberto

how narcotely fast are we?!!!
http://www.youtube.com/watch?v=DhCR9pOXdqc

Anónimo disse...

Pessoal, no próximo jogo SLB - fcp vamos gritar do princípio ao fim Corruptos. Espalhem a palavra e que chegue aos NN e DV, eles ao começarem, toda a gente os acompanha. Eles viam 65.000 a gritar CORRUPTOS e os responsáveis pelo desporto veriam que nem todos são cegos e que pode ser um fenómeno tipo Geração à rasca. Facebook e todos os canais possíveis!!!