quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Porque não gosto de JJ



Ao longo dos tempos tenho sido muito crítico de JJ, ainda que também não me coíba de lhe elogiar as competências evidentes, que as tem.

Raramente sou compreendido e facilmente apelidado de “não benfiquista” ou retorquido com a frase “deves querer o Quique de volta”.

Lamento, mas sou Benfiquista desde que me conheço por gente, e não, não acho que nos últimos anos tenhamos exemplos de melhores treinadores que JJ a comandar o Benfica. Tão só não gosto da personagem que JJ representa (mas isso é quase irrelevante), mas sobretudo não gosto da sua ideia ofensiva do jogo (e esta é a parte realmente importante.

O jogo de domingo último, bem como quase todos os jogos de grau de dificuldade elevado, são o melhor exemplo para explicar as razões pelas quais acho JJ um treinador que não me enche as medidas.

No domingo, é inegável, o Benfica apresentou uma qualidade defensiva ao alcance de muito poucas equipas na Europa. Sim, eu disse mesmo da Europa, e posso estender ao panorama Mundial sem qualquer esforço ou simpatia.

De facto, vejo pouquíssimas equipas no mundo com a qualidade defensiva que o Benfica apresenta. Linhas compactas, profundidade (espaço nas costas da linha defensiva) muito bem controlada, e espaço interior bem fechado. Prova desta qualidade, foi a inoperância ofensiva que o Sporting apresentou durante todo o jogo. A equipa leonina, pouco mais fez que colocar bolas nos corredores e, a partir daí, efectuar cruzamentos, calmamente resolvidos pelos nossos centrais, que nunca foram apanhados e/ou obrigados a grandes desposicionamentos.

Neste momento do jogo, o Benfica foi absolutamente imperial e perfeito, sendo que o único lance em que a equipa aparece realmente descompensada defensivamente (o do golo do Sporting), nasce por erro individual de Samaris e não por acção individual ou colectiva do adversário.

Acreditem, acompanho vários jogos de vários campeonatos ao longo da semana e não encontro muitas equipas com esta qualidade de comportamentos colectivos defensivos.

O que me leva a não gostar de JJ, ou a não achar, se quiserem, que estamos na presença de um treinador top a todos os níveis é a sua ideia de jogo no momento ofensivo do jogo.

Como também vimos em Alvalade, raramente o Benfica foi capaz de sair das zonas de pressão com critério e a bola controlada. À excepção dos momentos em que a equipa encontrava Jonas em zona de construção, o Benfica não conseguiu construir uma jogada com cabeça tronco e membros desde trás, e porquê? Porque, na minha opinião, a saída de bola do Benfica baseia-se muito na condução da mesma que os seus jogadores sejam capazes de fazer. Ora, com um Sálvio muito complicativo (como sempre, mas mais notório frente a equipas e jogadores melhores), com um Ola John ausente do jogo, pese embora todo o talento que tem, sem um jogador de transporte de bola em espaço interior, onde A. Almeida e Samaris se mostraram curtos no momento ofensivo, o Benfica basicamente não existiu nesse momento do jogo.

Há quem diga, e eu concordo, que o Benfica de Alvalade, foi o mesmo Benfica do Dragão, mas sem Enzo e Gaitan. E a ausência destes dois jogadores fez toda a diferença relativamente ao jogo disputado no Porto. Qualquer um deles era/é altamente capaz de sair de zonas de pressão com a bola controlada, para depois entregar em zonas de finalização. Sem estes, o Benfica ficou amputado do seu momento ofensivo.

E é por esta ideia de construção que não gosto de JJ. Porque esta ideia de construção exige jogadores de características muito específicas e que sem eles condena a equipa ao momento defensivo do jogo, como se viu no Domingo.

Gosto de uma ideia que passe por uma saída mais apoiada e baseada em passes do que em condução. Podem dizer “o que tu queres é o Barcelona ou Bayern” ou frases do género, o que vos digo é que nem só o Barcelona ou Bayern vivem desta ideia (ainda que seja quem melhor a interpretem no mundo), nem JJ será um treinador completo e vencedor se não tiver jogadores que sejam capazes de cumprir os seus requisitos à risca.

Basicamente, o que acho é que esta ideia de jogo ofensivo é pouco maleável e está muito vulnerável à capacidade individual de cada jogador, logo, muito dependente das ausências e/ou presenças de determinados jogadores.

32 comentários:

Ricardo disse...

Quando empata ou perde é assim, também não gosto. Que lá para Maio gostes dele só mais um bocadinho...

José Moreira disse...

Ricardo

Não faço condicionar o meu "gosto" ou "desgosto" por JJ pelos campeonatos que conquista para nós. Esses são aspectos que me deixam feliz ou triste, mas não muda a opinião que tenho sobre ele, nem acho que deva ser assim.

João disse...

José, a ideia do JJ não é sempre a mesma, em jogos de dificuldade mais elevada. Quando ele joga com equipas de valia individual superior, tende a reforçar a parte que melhor domina e que é a defensiva.

E sim, estou a dizer que individualmente a equipa que o SCP apresentou no ultimo domingo era superior á nossa. É assim a vida. Se tivéssemos tentado jogar com aqueles jogadores teríamos perdido garantidamente, tal seria o número de perdas de bola que íamos ter e que eventualmente iriam resultar em golo. É triste, mas o plantel este ano tem pouca qualidade e a saída do Enzo só veio agudizar mais este problema...

Espera-nos um ano 2016 muito complicado se a juntar a uma possível saída do JJ, venda de Gaitan e Sálvio e reforços de qualidade duvidosa...

José Moreira disse...

João

Repara que o texto diz respeito exatamente aos jogos de dificuldade maior, pois é nestes jogos que se vêem quem são os melhores, sejam treinadores, sejam jogadores. Ganhar ao Estoril/Arouca/V. Setubal/etc. não encerra em si grande competencia, na medida em que a diferença de valores individuais, por muito fraco que esteja o nosso plantel, é gritante

Anónimo disse...

Naturalmente que não estou de acordo com o autor do post, aliás já um hábito pois é um conhecido anti.
Mas também não estou preocupado com o ano que vem pois temos jogadores jovens a crescer e que irão estar à altura dos que lá estão.
Guedes, Talisca, César, Ola John, Cristante, Pizzi, Lisandro Lopez, AAlmeida, Salvio (não sai), Fejsa, Silvio, assim como outros jovens que já estão na equipa ou que poderão entrar (emprestados) mas que ainda não jogaram temos garantias para fazer uma grande equipa, juntamente com alguns "velhos" como Julio César, Luisão, Maxi, Jonas, Lima, Ruben, Jardel, etc.
Uma boa mescla, importante para fazer uma grande equipa.
Para além disso JJ irá renovar o que irá ser mais uma garantia de qualidade.

Os profetas da desgraça podem voltar para o sítio de onde saíram.

Suwayd disse...

Isso é tudo muito bonito, uma ideia muito romântica do que é o futebol. Não fossem os jogadores os protagonistas.
Sabes lá se o Jesus não dá indicações completamente opostas àquilo que os jogadores depois fazem? Sabes que isto não é automático. Quem interpreta são os artistas, quem está lá dentro. E quantas vezes não vês o Jesus a berrar com este ou aquele jogador, precisamente para corrigir algum mau posicionamento ou outra situação de jogo? Os jogadores não são máquinas, e até mesmo os melhores às vezes falham na interpretação.

Já que falaste em Barcelona e Guardiola, aconselho-te a leres este excerto na primeira pessoa:
http://4.bp.blogspot.com/-_vez7xwgLTs/VHDRRHEI3cI/AAAAAAAAFQ8/NQCjejLkLmg/s1600/Screenshot_2014-11-22-17-32-29.png

José Moreira disse...

Suwayd

E onde lês no texto que não são os jogadores, lá dentro, que jogam e decidem? Em lado nenhum.

E porque sei, ou melhor, acho que eles fazem o que JJ lhes pede? Por duas razões:

1 - Porque defensivamente, fazem o que ele lhes pede, e muito bem. Obviamente, e como será sempre, com erros individuais e momentaneos, mas a ideia está sempre presente, e é a ideia que comanda o colectivo que pertence ao treinador, neste caso a JJ. E uma boa ideia.

2 - Pelo perfil de jogador que JJ escolhe para determinadas posições-chave na saída de bola, como seja a adptação de Enzo e a tentativa de o fazer com Pizzi e Talisca. Todos jogadores de transporte de bola, te intensidade no ataque do espaço, ao passo que, por exemplo, André Gomes, um jogador com uma propensão maior pela posse e pelo avanço em passe e menos em transporte, nunca teve grande sucesso no modelo de JJ.

São ideias, só isso. Qual delas a melhor? A que ganhar mais vezes. Eu é que me confesso adepto de uma ideia diferente, apenas isso.

Anónimo disse...

http://onossobenfica1904.blogspot.pt

VC disse...

Infelizmente no futebol não existe o contraditório. A história nunca poderá provar o contrário. Nunca poderemos afirmar que o Zé Mota não faria melhor que o JJ. Não há como provar. Podemos sim especular e nesse aspeto acho o post interessante mas sem "substancidade". Ou seja a minha especulação é: considero o jj muito fraquinho. Ganhar ao Arouca ou ao Gil com jogadores fabulosos, com investimentos monstruosos não é difícil. Difícil (aí a tática é que é importante) é ganhar ao Sporting ou ao Porto ou ao Sevilha.... com planteis da qualidade do ULeiria ou do Belenenses. Que tem arriscado jj? Nada. Absolutamente nada. Os comentários do tipo, ele tem feito vendas estrondosas, digo-vos eu que ele não é tesoureiro. O Porto por ex. tem feito nas últimas décadas vendas extraordinárias, em quase todos os anos, e alguém vem dizer que foi o treinador que os lançou. No caso do Benfica as grandes vendas (acima de 15/20 milhões na maioria das vezes é com jogadores feitos não no Benfica, mas apenas relançados no Benfica. Há exceções. Claro que sim. A pergunta do milhão de dólares, na minha opinião, é: mas será assim tão mau? Também não.
É um treinador mediano, português!, que chegou ao SLB com alguma idade, que terá eventualmente algum mercado no exterior, que ganha ao nível do que de melhor existe na Europa, ordenado conseguido com a maior das chantagens. NA MINHA OPINIÃO NÃO É TREINADOR PARA O BENFICA. Aliás o 2.º e o 3.º ano do seu contrato são elucidativos.
É apenas uma opinião e vale o que vale. Para quem gosta de jj não vale nada. Para quem tiver uma opinião semelhante valerá pela eventual reflexão.

João disse...

José, de acordo. O que digo é que, ou tens armas (jogadores de qualidade) para te bateres com equipas superiores ou é suicídio. E é melhor empatar do que perder. Este ano claramente não temos qualidade individual que nos permita jogar com qualidade todos os momentos do jogo.

Lembro-me de, quando jogámos com o Barça o JJ dizer algo "como é que roubas a bola a uma equipa em que os jogadores não falham um passe ou uma recepção?" e, para mim, nós estamos no oposto desta afirmação. Temos muitos jogadores que falham, alguns mesmo sem pressão... E se para consumo interno chega, em jogos mais apertados (FCP, SCP, Braga...) a coisa não é bem assim.

Claro que preferia ter uma equipa com um futebol mais interessante ofensivamente, mas se este me garante os pontos que necessito para os objectivos, aceito na mesma.

José Moreira disse...

Certo João, voltemos então atrás no tempo e ao jogo, por exemplo, da época passada do Benfica frente ao Porto no estádio da luz em Janeiro

O Benfica, com qualidade individual incomparavelmente superior ao de hoje (do ataque de domingo, apenas vejo Jonas capaz de ser titular dessa equipa), e o que fizemos? Tal como os jogos desta época, baixamos linhas e apostamos no ataque rápido através da condução de bola de Markovic, Gaitan, Enzo e Rodrigo.

Ou seja, mesmo com jogadores melhores, a ideia de JJ não mudou, a ideia é a mesma, a diferença é que tinhamos melhores jogadores.

E do que falo, do que não gosto, é da ideia, entendes?

Se ele fez o certo para sair com pontos de Alvalade? Talvez. O que digo é que não faria diferente se fossem outros jogadores. O que aconteceria de diferente é que o ataque surgiria com ontra fluencia e quantidade com outros jogadores.

Tiago disse...

Eu não condeno o JJ por isso.

O JJ até Janeiro de 2015 tinha um Enzo no meio campo, para o qual o sistema servia que nem uma luva. Se tinha pressão direta, largava em alguém, se não, queimava muitas linhas em condução. E era genial.

Assim do nada, o JJ fica sem o Enzo e, como já se viu, nem Pizzi, nem Talisca estão capazes de fazer o que Enzo fazia. Vamos ver se o algum deles consegue adaptar-se, ou se o JJ terá tempo para alterar o modelo de jogo da equipa.

No jogo de ontem também vi como boa solução de processo ofensivo o passe longo de Cristante para as desmarcações dos alas/avançados.

José Moreira disse...

Tiago

Não acho que a perda de Enzo em Janeiro tenha surgido do nada, como dizes. Pareceu-me sempre para lá de previsivel, desde inicio de época, que se não saísse em Agosto, sairia em Janeiro.

Independentemente disso, não acho que JJ irá mudar. Acho que tentará encontrar soluções que sirvam esse modelo e não encontrar alternativas a ele, isto se continuar no clube, não sei.

Pedro Ribeiro disse...

(EIX QUE SECA DE COMENTÁRIO PARTE 1)José, já tivemos várias discussões boas sobre este tema e eu cá estou para voltar à carga.

Antes de qualquer coisa deixa-me contar-te uma conclusão a que tenho vindo a chegar ultimamente. O futebol é como a merda da política. Quase todos os modelos de jogo podem resultar assim como quase todos os regimes podem resultar. Podes ter regimes de direita com sucesso assim como podes ter ferrolhos à Mourinho de sucesso. Podes ter regimes de esquerda com sucesso assim como podes ter tiki-takas à Guardiola. Então porque é que uns falham e outros têm sucesso? Então porque é que a política falha? Falha porque há povo (falta de educação?) porque há corrupção, porque há uma data de factores que influenciam o sucesso da política de um país. No futebol é igual. Por muito boas ideias que um treinador tenha, se os jogadores estiverem em dia não então não há nada a fazer. Nem a política nem o futebol são ciências exactas.

Então o que é que faz de Jesus um treinador melhor que os outros? Quando Jesus chegou ao Benfica elogiava-se muito a transição ofensiva da equipa. Jesus conseguia transformar jogadores em verdadeiros pesadelos para as defesas adversárias. Claro que havia o pulmão Ramires, os mágicos Aimar e Saviola, os velocistas Di Maria e Coentrão e o letal Cardozo. Mas foi Jesus que pôs aquela salganhada toda a funcionar. Anos passaram e Jesus e o nosso Benfica evoluíram. Jesus tornou-se mais realista e menos fanfarrão. Começou a jogar com o que tem e com o que os outros têm. Jesus sabia no ano passado que de jogo para jogo aquela fórmula resultava quer fosse contra o Olhanense quer fosse contra a Juventus. O modelo estava afinadíssimo e tinha interpretes top. Vieira saqueou esses modelos ano, após ano, após ano, desde 2009, passando pelo ano passado... E Jesus tinha que reinventar tudo outra vez. Até que chegamos a 2015 e o Benfica de Jesus joga com o que pode. Não é que seja pouco o que temos. Mas para ter bola contra Sporting ou Porto, para jogarmos dessa forma que tanto aprecias, precisávamos de outros intérpretes (André Gomes por exemplo, que delícia com a bola nos pés vs FC Porto na Luz no 3-1). Jesus sabe isso, foi realista e conseguiu 4 pontos nesses dois clássicos. As exibições? Ambas terríveis ofensivamente que é o que leva malta aos estádios. Em pragmatismo? Melhor seria impossível. Defender daquela forma também é maravilhoso para quem gosta de bola (salientaste isso no teu texto). Jesus mostra trabalho e tu sabes isso.

Pedro Ribeiro disse...

(EIX QUE SECA DE COMENTÁRIO PARTE 2) Quanto ao processo ofensivo vamos por partes. Construção inexistente mas vamos lá olhar para as coisas com olhos de ver. Proximidade entre sectores? Apoios? Movimentação? Os conceitos estão ou não estão lá para os interpretes usarem? Na minha opinião aqui temos que contar com algumas deficiências técnicas presentes nos sectores mais recuados do Benfica (só Maxi tem qualidade para sair da forma que exiges). André Almeida tem dificuldades e Samaris, o mais habilitado, ainda comete demasiados erros para ter segurança para o teu modelo idealizado. Para além destas deficiências gritantes no plantel (não me venham atribuir culpas ao Jesus neste capítulo, pode até tê-las, mas não é o principal culpado) vamos contar com mais 2 factores: uma noite completamente desinspirada de Ola John, Salvio e Lima e, claro, o mérito do nosso adversário e o factor casa.

Perdoa-me a ousadia mas já te considero um "amigalhuxo virtual": não me venhas com tretas de que o problema está em não jogarmos com 3 médios (já escreveste isto noutros textos, não neste eu sei). Se os apoios existem e se a ocupação de espaço é correcta então isso nem sequer se coloca. Há mil formas diferentes de organização ofensiva e se os conceitos lá estão os interpretes só têm que ser inteligentes e os usar. Se calhar falta massa cinzenta a alguma malta do plantel já que da parte dos Jesus já temos provas mais do que suficientes de que realmente os treinos servem para alguma coisa.

Para que não penses que eu sou perito em felácios ao nosso mister deixa-me dizer-te uma coisa. O que mais me irrita neste Benfica é a insistência no Eliseu e no Derley. São 2 jogadores a meu ver sem qualidade nenhuma. Vá lá que o Eliseu já nos safou uns pontos este ano mas o que ele mostra é pouco para o que se exige. Jesus nisso às vezes lixa-me, mas tendo em conta tudo o que o homem tem feito, tem o meu perdão. Espero que isto chegue para não me associares à arte de proporcionar felácios a outrém.

José Moreira disse...

Booas Pedro

Repara, refiro isso na resposta que dou ao João:

A falta de qualidade individual deste plantel no plano ofensivo, a juntar à ausência de Gaitan, é que nos fez tão reféns do momento defensivo neste jogo com o Sporting. Como refiro nessa resposta, na época passada jogamos de igual forma frente ao Porto na Luz e ganhamos com uma limpeza brutal, porquê? Porque tinhamos jogadores fantásticos na vertente de condução em velocidade como Enzo, Markovic (sobretudo este) e Rodrigo... Claro que os trocarmos por Salvio, Almeida/Samaris (ou até mesmo Talisca) e Jonas (que é fantástico a jogar entrelinhas, mas não é jogador de condução no espaço), a coisa piora... e muito.

Isto é claro: Com melhores jogadores, com os jogadores da época passada, a nossa inoperancia ofensiva não tinha sido, no minimo, tão gritante quanto foi no passado domingo. E nesse aspecto, JJ é mais vitima que reu, isso tenho claro.

O que não gosto, e insisto neste ponto, é na ideia que ele tem no plano ofensivo. Repito, se a ideia dele ganhar mais vezes, será a melhor, mas isso não quer dizer que eu goste mais dela.

Obviamente que um treinador estará sempre condicionado pelo valor individual que tem, nem o Guardiola colocaria este Benfica a jogar um modelo de posse de bola ao nível do que teve em Barcelona ou tem em Munique, como é óbvio.

O que acho também, para lá do gosto pessoal, é que uma equipa que esteja rotinada numa ideia de jogo assim, teria mais facilidade em encontrar soluções para a falta de talento individual na condução em rapidez. Se nessa ideia ganhariamos o jogo? Não sei, até poderiamos perde-lo. A diferença é que atacariamos melhor e, por isso, mais. Entendes onde quero chegar?

ahah elgiar JJ e a sua ideia de jogo, não é sinonimo de menor capacidade intlecutal e, por isso, necessidade dos tais "felácios", da mesma forma que gostar de algo diferente não significará que não lhe saiba reconhecer virtudes ;)

Pedro Ribeiro disse...

Sim, compreendo. Eu acho que o modelo se deve escolher em função dos jogadores que se tem. Mas também acho que os jogadores devem ser formados, escolhidos e contratados de acordo com a ideia de jogo que se tem. O que eu vejo na formação do Benfica é que há um conjunto de conceitos a serem aplicados desde muito cedo nos putos. Conceitos bons. Modelo de jogo é que não há e a prova é até a equipa B joga de uma forma completamente diferente da equipa A. Isto é um problema da estrutura do Benfica. O clube não tem definido se deve jogar em 4-4-2, 4-3-3, 3-5-2, etc (mas se queres que te diga no fundo até acredito que os tais conceitos são mais importantes que a táctica e a disposição dos jogadores no campo, e quando falo em disposição não falo em distância entre sectores e posicionamento em campo, falo apenas nos 3, 4 ou 5 médios, 2 ou 3 avançados, 3 ou 4 defesas).
Tendo em conta isto bora só olhar para o plantel do Benfica. Centrais com bola? Único com potencial é o César que ao mesmo tempo é na minha opinião o que tem mais limitações defensivas. Laterais com bola? Único competente é o Maxi. O Silvio também mas é de cristal. Médios: Ruben Amorim, Pizzi e Samaris combinam bem técnica individual com intensidade. O problema são mesmo as noções defensivas do Pizzi e a quantidade de erros que comete. O mesmo se pode aplicar ao Samaris. Ambos fracos na antecipação do jogo adversário. Quanto ao Amorim... Cristal. Talisca e Cristante são aqueles com maior potencial técnico só que os mais fracos do ponto de vista da intensidade, do choque, da antecipação. Teixeira e Renato Sanches a meu ver têm também eles enorme potencial mas estão ainda no patamar do Cristante, com a diferença de que se investiu bom dinheiro no italiano. A análise da capacidade de ter bola do nosso ataque é secundária quando chegamos à conclusão de que o plantel não é talhado para isso.
Se em vez de termos gasto 13 milhões no Bebé, Cesar, Benito, Eliseu e Derley tivessemos investido num central de jeito que fosse capaz de ter bola (assim de repente Dedé do Cruzeiro) e se em vez de gastarmos 10 milhões no Samaris tivessemos comprado alguém com características mais próximas das do Enzo (assim de repente, com a devida distância, Manuel Fernandes que foi a custo zero para o Lokomotiv), ainda sobravam (ora noves fora) 10 milhões para um lateral esquerdo e para um ponta de lança.

José Moreira disse...

Estamos de acordo no que diz respeito aos sistemas usados na formação e na A. Isso pouco importa, o que importa é que os miudos tenham enraizados os comportamentos adequados. Se o tiverem, vão jogar em qualquer sistema que esteja implementado na A.

Mas porque falo eu no sistema de vez em quando? Exatamente pelas fragilidades que encontras no meio-campo e com as quais concordo, isto é, talvez só Amorim seja capaz de, neste momento, ser um médio de jogar com outro apenas na zona central e faze-lo bem e mesmo assim...

Sem ignorar que as dinâmicas é que mandam, não seria mais confortavel para jogadores como Talisca, Cristante ou Pizzi que revelam dificuldades na agressividade defensiva e na condução sobre pressão, um meio-campo com mais um jogador, procurando assim a criação de apoios mais próximos na primeira fase de construção e na saída da pressão?

Podes responder que quando Jonas baixa, esse numero de 3 fica completo, mas essa é mesmo a questão: "Quando baixa", ou seja, originalmente não está lá, tem de fazer um deslocamento nesse sentido, enquanto que num sistema de 3, o 3º elemento já lá está na hora da recuperação de bola.

Isto é, o sistema não determina a tua ideia de jogo, mas pode facilitar e, mais que isso, pode adequar-se melhor ao que tens ou não tens.

Rerapara que com Enzo e Matic, raros eram os jogos em que perdiamos o meio-campo, porque? Porque ambos conseguiam imprimir uma intensidade fortissima nas suas dinâmicas individuais, coisa que não temos neste momento.

artnis disse...

Meus caros,

o jogo com o Spor7ing no 'Alvalodo' foi completamente condicionado pela inconcebível perda - (de que o JJ sabe, ter sido, o maior dos responsáveis...!) - dos 3 pontos em Paços de Ferreira.

Pedro Ribeiro disse...

Se me dissesses que constantemente no Benfica os médios não têm apoios e não conseguem progredir por não os terem eu concordava contigo nessa questão do 3º elemento no meio campo que, por proximidade, daria esse apoio. A cena é que o Lima e o Jonas são muito bons entre linhas. A cena é que os laterais e os próprios extremos normalmente não se escondem. Se há apoios então o problema por vezes parece-me o medo de errar no passe e falta de qualidade técnica e inteligência para distribuir bola para o apoio melhor colocado. Mas atenção que não sabemos se existem indicações do Jesus para o passe só se realizar se não existir marcação no apoio X. Há muitas condicionantes.

José Moreira disse...

Em jogos deste nivel? Sim, digo que os médios raramente têm apoios proximos, quer pela pressão do adversário, quer porque os alas e laterais abrem logo o campo. Muitas das vezes quando o Jonas (principalmente este) chega, já a bola foi perdida.

E repara que estou a falar em jogos deste nível, não em jogos como o de ontem, por exemplo, em que o Benfica, normalmente, tem sempre espaço para começar a construir.

Pedro Ribeiro disse...

acho que nisso vou ter que concordar contigo. Para este tipo de jogos também preferia 3 médios. Apesar de achar que é um crime sentar o Lima ou o Jonas num jogo deste tipo porque são ambos acima da média do plantel.

José Moreira disse...

Pois, mas mudando apenas nestes jogos, etramos na eterna questão de ser ou não possivel faze-lo durante a competição e com eficacia... Daí achar mais equilibrado que exista de forma mais permanente.

Atenção que,nos jogos como o de ontem, e não tendo problemas na 1ª fase de construção, quando chegamos aos últimos 30 metros, o Benfica volta a ser fortissimo. Ainda ontem lembro-me de ver um lance com 4jogadores "enfiados" no meio do adversário, mais os 2 laterais em largura... ou seja, opções para criar, não faltavam.

Pedro Ribeiro disse...

É sempre possível mudar processos, trocar jogadores de acordo com o que pretendemos tacticamente, mudar a disposição da equipa, mudar tudo. O problema depois são os intérpretes. Se eu acho que o actual plantel do Benfica tem essa capacidade? Meu amigo, claramente não. Falta muita bagagem táctica aqui. Muitos nem com o Jesus lá vão chegar porque isto não é só ter técnica, também é preciso ter cérebro. Se o plantel do Chelsea tem? Tem. A cagar.
E não te esqueças que o Jesus jogou muitos anos só com 1 ponta de lança (até se recuarmos aos tempos de Belenenses e Braga). Ele é que adapta o que nos apresenta consoante os plantéis que tem. E bem.

José Moreira disse...

Não acho que seja assim tão fácil Pedro, seja para JJ seja pa quem for e com que jogadores forem.

Imagina, andamos até Novembro a jogar em 442, por exemplo, depois chegamos a um jogo com o FCP e, na melhor das hipoteses, vamos conseguir mudar para 433 ou 4231 numa semana? Isto se tiveres uma semana livre de jogos e, por isso, livre para trabalhares a equipa.

Pedro Ribeiro disse...

não tenho conhecimentos suficientes ao nível do treino para chegar a uma conclusão. Eu acho que se os jogadores forem tacticamente evoluídos conseguem mudar facilmente. Claro que há sempre movimentações ensaiadas que são específicas dum terminado modelo de jogo. É uma questão interessante, por acaso. Não sei mesmo responder

José Moreira disse...

Saber, saber, tb não sei, como é obvio, mas tendo a dizer que, no minimo, seja algo muito dificil de concretizar... com sucesso, claro.

Uma coisa sei, se o fizeres e perderes o jogo, vão todos dizer que perdest porque mudast, disso não tenho duvida ;)

Pedro Ribeiro disse...

Também te deixo uma para reflectires. Uma parte do caminho para teres sucesso ofensivo é criares num determinado espaço uma situação de superioridade numérica. Estás mais próximo disso jogando no actual modelo do Jesus ou jogando num 4-3-3 mais próximo do do Sporting? Lembra-te que a maioria das equipas da 1ª Liga joga em 4-3-3. Lembra-te das dificuldades que o Sporting tem, mesmo com Nani, um dos jogadores mais evoluídos na tomada de decisão. Porque será que o Marco Silva já testou por diversas vezes o 4-4-2? O problema é que a defesa do Sporting é uma merda e sem aquele tridente de meio campo a controlar o jogo boda tudo, o que inviabiliza logo à partida a continuidade nesse modelo.

José Moreira disse...

Aí entra a questão da dinamica que falavamos antes.

Não é por teres 2 avançados que atacarás melhor. Nada impede, pelo contrário, que um dos médios interiores, ou mesmo os dois, possam entrar em espaços entrelinhas, bem dentro do bloco do adversário. Aliás, acho que apenas assim podes desmontar defesas mais serradas. E é nisso que o Sporting, na minha opinião, falha no processo ofensivo.

É fácil vermos o J. Mário e até mesmo o Adrien a entrarem em roptura entre o lateral e central adversário, mas com defesas tão baixas, pouco espaço sobram nas costas das mesmas, logo, quando e se receberem a bola, pouco ou nenhum espaço e tempo têm para decidir da melhor forma.

Eu gosto mais de ver os interiores a colocarem-se entre os médios e defesas adversários, onde podem atrair atençoes, sejam marcaçoes sem bola, seja pressão sobre eles quando a recebem, criando assim espaço nas alas ou, caso sejam os defesas a tentarem a pressão, nas costas da defesa que pode/deve/tem que ser explorado pelos alas e/ou laterais, cabendo-lhes aqui a decisão do como e quando cruzam e se cruzam ou se, nao havendo gente na zona de finalização, voltam atrás e recomeçam a jogada.

Quem diz os médios, diz o avançado que terá (ao jeito do J. Martinez ou do Jonas) dar apoios frontais também entrelinhas.

Não sei se dá para perceber o que quis dizer :p

Pedro Ribeiro disse...

sim esse movimento do João Mário viu-se muito vs Benfica. Frequentemente se posicionava entre o Jardel e o Eliseu. Acho que o principal problema do ataque do Sporting é a gestão do ritmo de jogo e a falta de qualidade dos pontas de lança. O Sporting quando precisa de acelerar torna-se previsível. Cruzamento para a área e fé em Deus. Não gosto disso. Para eles ganhar 10 cantos num jogo é o clímax, uma vitória moral, quando no fundo é o reflexo duma falta de ideias brutal e de péssima decisão no último passe. Têm melhorado com o Nani e o Carrillo também anda um bocadinho melhor, mas ainda acho inconcebível uma equipa com estas características abusar tanto do cruzamento para a área.
No Benfica, apesar de tudo, vejo melhor gestão nesse capítulo. Nos últimos três anos temos visto jogos em que fazemos 3 ou 4 remates e marcamos 2 golos. A eficácia mostra que os jogadores sabem bem o que fazer com bola. Se só rematares quando tiveres que rematar vais ter uma eficácia maior. Acho preferível um jogador tentar fazer uma combinação directa à entrada da área e falhar o passe do que tentar uma trivela para a bancada. A cada 10 trivelas vai marcar 1, mas a cada 3 combinações tentadas se calhar marca 1.

José Moreira disse...

Exatamente. O Sporting coloca a bola nos corredores e lá vai ela para a molhada, pouco importa se está lá alguém, se quem lá está é o Montero ou o Slimani. Isto não é nada. Jogo interior? Nenhum, ou muito pouco. As coisas melhoraram com o Nani e com os movimentos interiores dele, bem como com a subida de rendimento de Carrillo (aqui mérito para Marco Silva). Mas continua a ser pouco para uma equipa que tem um dos melhores jogadores interiores do campeonato, para mim, que é o João Mário.

David Duarte disse...

Obrigado por esse diálogo, muito interessante de seguir.