domingo, 7 de agosto de 2016

Eu iria sem Rui Vitória mas Carrego na mesma



Não seria digno da minha parte se eu, a umas horas do primeiro jogo oficial e tendo sido acérrimo crítico das competências técnicas do mister Vitória há um ano, não viesse falar um bocadinho das minhas ideias, agora que, um ano depois, vencemos o Campeonato e a Taça da Liga. Poderia usar o silêncio como arma que dispara hipocrisias mas prefiro antes ir pela verdade. É coisa que faz bem ensinar às crianças.

Aprendi no ano que passou que um treinador pode não ser extraordinariamente perspicaz nem muito competente na área do treino e ainda assim ter valências sociais que podem fazer a diferença. Creio que a boa índole de Rui Vitória, assim como as óptimas características de liderança desegoísta (inventei agora), acabaram por ser fundamentais na forma como foram ultrapassadas as críticas e os vis ataques por parte de elementos de outros clubes. Um técnico que consegue convencer os seus jogadores a ganhar 95 por cento dos jogos a partir de Novembro é alguém que, por mais defeitos que lhe vejamos, merece ser feliz. Não por tratado divino mas porque teve o talento inequívoco de manter acesa a chama imensa do sonho. Não é de somenos. Resta perguntar: isso chega para o futuro?

Não creio. Com isto não digo que não é possível sermos campeões. Num campeonato que se disputa a 3 e levando o nosso clube uma dinâmica vitoriosa - e, por que não admiti-lo?, mais organizado do que em anos anteriores -, neste momento é sempre possível ser campeão no Benfica (beijinho, Mário Wilson). Porém, a incapacidade clara como treinador (para mim, claro, que sou quem escreve esta crónica) faz-me concluir que o nosso querido treinador não é o treinador de que precisamos.  Será talvez curto de ideias, parco de talento, ineficaz como homem de treino. Porventura, deixará algo a desejar. Quase de certeza (para mim, para mim), é um tipo que não devia liderar a nossa equipa de futebol. Seguramente, eu procuraria outra solução.

"E agora, Ricardo?" Agora vamos em frente que nem Marcel Proust. Quem consegue escrever livros daqueles pode sempre servir de mote psicológico para um texto de análise futebolística. O tipo não é grande coisa, o futebol foi pobrezinho, as leituras durante os jogos quase sempre medíocres, mas, foda-se, fizemos mais pontos do que alguma vez alguém tinha feito. Isto deve valer alguma coisa, e é provável que valha, mas no jogo do título fomos claramente ultrapassados por um futebol evidentemente superior. Que nem toda a gente leve em conta a superioridade do Sporting em todos os jogos que com eles disputámos, acho justo. Deixem-me só ter opinião, se não vos fizer muito incómodo.

Dito isto, VIVÓ BENFICA! (E eu até ando a gostar do nosso futebol nesta pré-época)

12 comentários:

Anónimo disse...

Caro Ricardo,

Rui Vitória é mais do que aqui explanas, dás a entender que é uma espécie de curandeiro, de bruxo, de vendedor da banha da cobra, de fura-vidas sortudo, um Gastão da bola.

Estou como tu: é a minha opinião. No tal campeonato a três, há muita coisa escondida nos restantes jogos. É preciso ser competente em muito mais valências que apenas o social-oculto-sorte/azar. Não vês os treinos, como eu não vejo. Só que nos jogos, coisa que nós vemos, a tão gabada organização defensiva do queridíssimo JJ apenas teve menos um ou dois golos sofridos, durante toda a época. E, olha, é mais uma opinião: contra o Bayern, o meu instinto é que com o mitra da Reboleira, tínhamos encaixado uns belos cachos de bananas.

Vamos vivendo e vibrando com o grande Benfica, finalmente, vai começar a época. Que sejamos tetra, pois eu acredito, sinceramente, que se está a trabalhar para o hexa. Boa sorte para logo!

Abraço
Pedro B.

Anónimo disse...

Na ginástica artística é muito importante a graciosidade dos movimentos. No futebol é preciso meter mais golos que o adversário. No futebol, jogar bonito é meter mais golos que o adversário. No ano passado, tirando a anormalidade do 0-3 com o Sporting, sempre nos mostramos muito competitivos contra qualquer equipa. Mesmo com as mais fortes, como Atlético de Madrid, Zenit ou Bayern de Munique, discutimos os jogos até ao fim, vencendo, empatando ou perdendo pela margem mínima. Em relação ao Braga, no ano passado com RV vencêmo-los sempre.

Sérgio.

Ricardo disse...

Pedro, não dei a entender nada disso.

Benfiquista Tripeiro disse...

Olha aí, Ricardo, Pizzi-Pistolas!!

Miguel disse...

Ricardo

Escrevo isto no fival do jogo de hj. Estou de acordo ctg, a mim nao me convence na parte tecnica da coisa, acho que lhe falta mundo, mas acho que RV ganhou o direito a continuar mais um ano.

Miguel

Ps atencao a (des)organizacao defensiva no jogo de hj, a acompanhar com atencao nos proxs jogos

Calheiros disse...

artigo corajoso.

O Cabinda disse...

:) Eu acho engrassade a certeza que se tem aqui acerca deste treinador. Vamos ver se não vamos ser roubados na meia final da Champions por nenhum capela.
Eu acho o Vitória de top, aquela eliminatória contra o Bayern mostrou a fibra de que ele é feito. Eu acho que temos uma sorte descomunal por termos o Rui a seguir ao fanfarrão especialista em campeonato nacional. Sim e também me custou a saída do JJ, mas como em tudo na vida, esperei para ver o que saia do seu sucessor. Há quem preveja coisas e que depois não consiga largá-las, eu não tenho esse dom. Se eu me enganar, também virei aqui admiti-lo, não me custa nada. Mas eu não estou enganado, sobre o Rui já não há engano possível.

R.B. NorTør disse...

Estou contigo no não levar RV, mas se houve coisa que RV mostrou o ano passado é que aprende e muda. Se não tivesse mudado, se não tivesse evoluído, a equipa não teria aproveitado as escorregadelas dos adversários. RV demonstra que é sempre possível ser campeão no Glorioso, mas ia demonstrando o contrário. A equipa está melhor porque está estável (pese o imbróglio Luisão), porque conhece o seu treinador, porque o seu treinador adapta-se e adapta-a.

Sobre o futuro, dependerá dele. Se tiver coisas para passar aos jogadores, para lhes ensinar, então está no sítio certo. Se o Guedes se tornar o "novo" Jonas (papel que lhe parece reservado), se o Cervi estender a qualidade que demonstrou ontem ao resto da época, se o Horta se afirmar no centro de um campeão... Há muitas coisas que estão para se ver. Por mim, que há um ano preferia ver outro no papel dele, merece ir até ao fim para mostrar que o ano passado não foi um acidente.

Ricardo disse...

Nortor, o Guedes nunca poderá ser o "novo Jonas"; não tem cérebro para isso. O Fonte, sim.

R.B. NorTør disse...

Não digo que não tenha cérebro, diz antes que não tem idade. Concordo que o no imediato seria mais o Fonte (que durante a pré-época andou a fazer esse papel e não mal, acho), mas parece-me que o Fonte é carta fora. Assim sendo, há que tomar um comprimido de realismo... ;)

Anónimo disse...

Faz todo sentido procurar outra solução, basta ver o banho de bola que levou ontem de um treinador apreciado pelo Ricardo, como cheguei a ler por aqui quando o porto o contratou, ter levado três secos é um pormenor. Devíamos ir já contratar o Peseiro, acho que seria uma boa solução. Pelo menos futebol ofensivo atractivo não ia faltar, podiam era faltar os títulos.

Duncan

Ricardo disse...

Duncan, claramente vimos jogos diferentes. Além de que, como é óbvio, é mais fácil ganhar quando se tem um plantel com a qualidade do nosso. Em Portugal só o Benfica tem jogadores que definem como Cervi, Jonas, Pizzi e tantos outros. O jogo foi até bastante tremido, sobretudo pela qualidade de Peseiro que a partir dos 15 minutos meteu o dedo no jogo e mandou nele.