quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Se eu te fizer um broche, afagas-me a carequinha?

Se há coisa que não aceito de ânimo leve é a displicência pouco profissional dos jornalistas e quejandos bípedes relacionados à imprensa escrita. Em Portugal, é um açoite sempre que se compra um jornal. 

A pessoa, imaginemos, situa-se no jardim do Campo Grande, sentada num banco de madeira, olhando as árvores, os fumos, as cadeiras-de-rodas e a rotunda de Entrecampos. Passa-lhe pela cabeça abrir o jornal que tem no colo, nem que seja como escape pelo facto de estar farto de olhar para coisas mortas. Enche-se de brios, abre a primeira página e logo avança pelo esófago aquele refluxo próprio de quem andou na noite anterior em difusas e alcoólicas experimentações. 

É isto que ocorre sempre que um homem decide ler as crónicas dos especialistas - uns, profissionais do ofício, dissertam em modo poético-paulocoelhiano sobre as mesmas metáforas que há 50 anos fizeram as alegrias dos gajos que ainda viam Lisboa pelo cano de escape do cu de um burro; outros, mais néscio-sábios, alvitram conhecimentos científicos sobre coisa nenhuma, embora haja quem os idolatre como uma donzela de Oeiras idolatra o Bacalhau com Natas. "É uma delícia", dizem, e o mundo todo se encolhe e mirra ao passar da estupidez ao desespero sem boca. Sim, esta é do O´Neill, mas esse fica no reino dos deuses para que se não confunda no cheiro desta avenida de pútridos, pífios, cheiros tóxicos.

E estamos nisto: um homem abre o jornal, vomita, limpa o ranho, a baba e o resto de feijão verde à manga do casaco e volta a ler para ter a certeza de que leu mal.

Entretanto, no Bairro Alto, na Conde Valbom ou na Cedofeita, homens de calças-bege e ténis moderníssimos, escrevem tratados de jornalismo que fazem Cláudio Ramos corar de júbilo e bater duas punhetas seguidas em frente ao televisor que por esta altura está a passar o "Project Runaway".

É muito isto e não é nada disto: o jornalismo desportivo em Portugal existe, sim, mas na careca encardida de Alexandre Pais, homem de tal forma sublime que, de entre dois candidatos, fez o seu jornal acertar no errado, embora tenha passado a noite no twitter em louvores ao erro crucial. Sim, o jornalismo português louva o erro como nutella: cremoso e achocolatado. Com, dizem, laivos de nozes. Melhor faria Pais se enchesse o brilho da carcaça saliente com o dito produto. E pronto, ficava tudo bem ali, ao som de matraquilhos numa noite de aldeia. GOLO! E afinal a bola tinha ido ter ao colo da Dona Gertrudes que fazia mais um casaco de inverno para os netos que têm 40 anos.

Vai nisto e temos os franceses. Chegam de mansinho com Roqueforts e acabam em Bries, Camemberts e Moelleux du Revards. Ninguém percebe. Inventam coisas estranhas: desde uma corrida em bicicleta pelo país, em que participam os maiores génios drogados que este mundo já viu, até jornais desportivos. Alexandre Pais, quando soube que existia um tal de "L´equipe", enviou especiais enviados ao país das gordas professoras de "La grande bouffe" e de psicadélicos animais de Godard, e ficou na sua casa de Marvila a fumar cigarros electrónicos porque a saúde, a saudinha, é uma coisa muito preciosa.

De lá vieram, incrédulos, os energúmenos com queixas altamente legítimas: parece que por lá, pelas Franças, se fazia uma espécie de jornalismo decadente: dizia-se a verdade. "Horrível", exclamou Pais, entre lentilhas e um Kebab delicioso que havia comprado, porque é pela universalidade da espécie, num pequeno poiso nos Anjos, enquanto lia trechos de Olímpio Bento e dissertava sobre a beleza da escrita deste que foi surripiado pelo jornal concorrente: "Este Olímpio é que era, pá, precisamos de lamber mais os túbaros dos porcos!" e ria-se de forma bizarra, enquanto coçava os próprios num gesto que, na volta, trazia cheiros fétidos de noites passadas a ver as TeleVendas.

Dos franceses, diz a História, Pais e Serpa não gostam. São pouco dados à ficção. Melhor seria que se aventurassem pelos mundos apocalípticos das quezílias-quintenhinhas lusitanas. E portanto Pais e Serpa (e os outros que andam ainda a lamber os túbaros uns dos outros) não gostaram nada da lista que os franceses avançaram nos dias que correm sobre os maiores clubes europeus:

1. Real Madrid. 483 pontos
2. Milan, 330
3. Bayern, 288
4. Barcelona, 250
5. Liverpool, 237
6. Manchester United, 229
7. Ajax, 220
8. Benfica, 217
9. Juventus , 215
10. Inter, 184
(...)
11. FC Porto, 138
48. Sporting, 39

Dizem, muito legitimamente, que o estudo estará mal construído, que peca por ausência de credibilidade e informação, que as Supertaças nacionais e os títulos conquistados a troco de familiares e matrimoniais aconselhamentos deveriam, claro, construir a pirâmide que elege os que, de facto, constroem coisas pelo país.

Eu concordo: acho ultrajante não ter em conta a extraordinária competência na arte do putedo ou os milhares de consagrados 20ºs lugares em estafetas de Telepizza.

Estes franceses são uns snobes do caralho.





quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Golos e Assistências - 12 jogos oficiais


Golos
Cardozo
7
Nolito
7
Bruno César
4
Witsel
2
Gaitán
2
Saviola
1
Aimar
1
Luisão
1


Assistências
Aimar
4
Gaitán
4
Saviola
3
Cardozo
2
Witsel
2
Nolito
1
Luisão
1
R. Amorim
1
M. Pereira
1

Cuore rosso

Longe da vista, nunca do coração, nestas últimas três semanas vivi o Benfica pelas entranhas. Sem saber de resultados, sem ver jogos, desconhecendo os marcadores dos golos, se os houve, o clube atinge-nos onde dói e simultaneamente nos sabe melhor: na alma. Sem cores, som, olhos, resta-nos a redescoberta de um sentimento de infância: o clubismo sem explicação. Amo-te muito, Benfica.

As razões para tão grande afastamento são claras: a propositada ausência que me impus da modernidade tecnológica mais básica; um amigo que, tendo ficado encarregue da missão ultra-importante de mensageiro de golos, umas vezes se esqueceu, outras ficou sem saldo; a desesperante falta de interesse no futebol português além-fronteiras, facto mais que provado na inexistência de qualquer notícia, mesmo que de duas linhas, sobre este nosso campeonato no excelente Gazzetta dello Sport - Holanda, Rússia, Escócia, Roménia, até Hungria mereceram, mesmo que timidamente, uma ou outra referência na página sobre futebol internacional. De Portugal, zero. Fica para reflexão.

Por isso, podem adivinhar a sede de bola com que cheguei ontem à 11:10 ao Aeroporto de Lisboa. Pensei em ir ver um jogo qualquer de infantis, desde que uma das equipas envergasse camisolas vermelhas, só naquela de ficar mais próximo de assistir a uma bola pontapeada por jogadores vestidos à Benfica. Mas descobri, no café do Bairro, duas coisas: que tínhamos empatado no Dragão (o que, não sendo fenomenal, me deixou surpreendido - essencialmente, por aquilo que o Armando relata em posts anteriores, compreenda-se) e que havia jogo na Roménia. Estava, portanto, o dia preparado para uma ressaca de viagem em grande.

E, de facto, apesar de o resultado ter sido escasso, não pude ter melhor recepção: o Benfica está a jogar muito mas muito à bola. Falta-lhe só - e talvez tenha sido pontual, não sei, estive afastado - definir melhor os infinitos lances que cria de superioridade ofensiva. Não falo só do remate, mas dos dois, três passes anteriores à possibilidade de golo. De resto, uma delícia: segurança na defesa, circulação de bola exemplar, criação de espaços, apoios frontais, transversais, planetários, bola corrida, rápida, procura das laterais, mudança de flanco. Tudo. Esta equipa está muito bem trabalhada pelo nosso mister e, se continuar a evoluir, pode ser que o meu pessimismo com que parti para Itália se desvaneça e nasça em mim um homem novo, cheio de esperança. 

Ontem, admito, deliciei-me. E era só isso que eu queria quando chegasse a casa, após longo interregno. Ontem o Benfica recebeu-me com música, descalçou-me os ténis, massajou-me os ombros, fez-me um prato fabuloso, serviu-me um copo, acendeu-me um cigarro e aninhou-se-me nos ombros. A minha pátria é o Benfica.

domingo, 25 de setembro de 2011

O cansativo depois

E não é que o Sérgio tem razão? Toca a andar que há mais vida para além da paranóia sportinguista.

Umas coisinhas sobre o Porto – Benfica, desde já avisando que não sou muito dado ao desmanchar das carcaças. O jogo foi um parto muito difícil e apesar dos cinco novos jogadores lançados de início, seria difícil esperar que a equipa conseguisse escapar à memória colectiva e esquecer a época anterior, particularmente os 5-0. Toda a primeira parte, sem menosprezar o valor do adversário, foi o espelho desse estado de alma. Felizmente, a equipa esteve bem, nunca se desconjuntando na organização defensiva e sobreviveu.

A segunda parte foi muito diferente, a equipa melhorou muito, em termos qualitativos e nesse aspecto foi muito superior ao adversário, exemplos são os dois golos e mais uns calafrios oferecidos aos adversários.

Resumindo, acredito que o Benfica tenha crescido competitivamente, dentro e fora do campo, no corpo e na mente. Podem acreditar, jogar nas instalações portistas e sobreviver, qualquer que seja a modalidade, é mais que difícil. Já estive em estádios onde o apoio às suas equipas não anda longe do fervor religioso, indefectível. Jogar nas “casas” portistas, a hostilidade e o ódio são quase sensações físicas. Por muito que os atletas sejam mentalizados para tais ambientes, eles nunca estão preparados, tal o espanto da coisa.

Foi muito mais que um jogo, diria que foi uma batalha ideológica e o facto tornou-se visível depois de o jogo terminar. Desde logo duas ideias: a diminuição do Benfica – jogar para o ponto – e a arbitragem, nomeadamente na palhaçada do uruguaio. Este está há vários na “casa”, sabe como funcionam as coisas. Noutra ocasião, o árbitro Jorge de Sousa teria posto Cardozo na rua – lembram-se da expulsão do paraguaio em Braga, no balneário? — o uruguaio, sabendo-o, lançou o isco. Que Jorge de Sousa não tivesse mordido, pode ser um sinal da complexidade dos tempos que vive o futebol português.

Outra questão foi a irrepreensível actuação da PSP portista, cuja passividade e colaboracionismo anteriores patrocinaram as calorosas recepções proporcionadas aos benfiquistas. Também aqui parece haver algo de diferente, talvez resultante da mudança de ciclo político e das condições vividas no país.

Veremos.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Coisas parvas

Venho aqui ao tasco depois de uns dias de ausência, leio um texto interessante do Armando sobre uma palermice que todo o sportinguista já arremessou contra um benfiquista, e depois abro a caixa de comentários de ambos os posts…e epá…get a life!

Vamos fazer um “what if”. Vamos então admitir que o Sporting é mais antigo que o Benfica. OK! Ganharam. São mais antigos. Uhuhuhuh!! E agora, são melhores por isso? São mais alguma coisa?

Alguém nos comentários falava de antiguidade, e do prémio para o clube mais antigo. Onde é que está o primeiro clube a ser fundado em Portugal (ou Lisboa, não sei bem o que se está aqui a discutir…) Ou vão argumentar que o Leyton Orient F.C. (1881) da Division One é maior clube/mais importante que o Arsenal F.C. (1886) ou que o Sporting ou o Benfica?

Sinceramente, get a life!

P.S.: Sportinguistas, se querem mesmo, porque querem e precisam, defender a vossa superioridade sobre o Benfica, façam como o porto e ganhem mais títulos que nós (títulos de futebol, que afinal, um momento de sinceridade aqui, é o que se discute, right?). É que ao menos o porto já tem por onde pegar, algo real e concreto, por oposição a um azucrinar completamente demente que é essa coisa da data de fundação e dos 16.000 títulos e não sei mais o quê…

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ontem vi-te no Estádio da Luz: A fundação do SLB e o mais redondo oportunismo mil...

Caro MM, a questão da data de fundação do SLB, é importante apenas para o SCP. Trata-se, da necessidade, ideológica, de estabelecer quem é mais antigo no futebol português. Ora, sabe-se que o SLB não foi um clube “prenda”de um ricaço a um neto ou bisneto ocioso. Consulte-se, no site do Sporting, a seguinte afirmação: “Vou ter com o avô e ele me dará outro clube”, quando concluiu que os compinchas de Belas estavam mais interessados na componente de festas, bailes e saraus do Belas e nada no futebol. Assim nasceu o Sporting e da genética resultaram consequências visíveis na importância da fundação do SLB, o qual, como é conhecido teve uma génese completamente diferente, feita de militância, sangue, suor e lágrimas. O SLB tornou-se uma obsessão para o SCP, por razões que só a psiquiatria pode explicar. A data da fundação, a sua data concreta é uma questão importante no campo dos princípios, afinal trata-se da paternidade mas, mais importante que a data de nascimento, é sabermos de quem somos filhos, pelo menos para mim. Podem dar as voltas que quiserem, fossar na angústia existencial, o facto existe, indiscutível: o SLB é o filhinho do papá e este chamou-se Sport Lisboa e se herdou bens de uma tia rica, o GSB, isso é um pormenor. E não tenho qualquer dúvida que essa angústia existencial tem a ver com a inconsciente certeza, adquirida logo no início, que seriam sempre segundos: o SLB era o clube dos novos tempos, o SCP representava os valores de uma baixa aristocracia decadente e parasitária. Como fantasia, a tese sportinguista é aceitável, o problema é a realidade histórica, reescrevê-la é um exercício inútil. Fora sportinguista e preocupar-me-ia com outras questões: o facto de já não serem segundos e o porquê de há muitos anos o SCP já não ser “o” rival do SLB. Estas sim são questões importantes.

Mais tarde abordarei outra ficção: o sportinguismo de Cosme Damião.
Cumprimentos. Armando

domingo, 18 de setembro de 2011

A fundação do SLB e o mais redondo oportunismo militante

Quando há tempos escrevi sobre os “noyaux”, não imaginaria regressar tão depressa à antropologia cultural do micro mundo sportinguista e das pequenas chatices. E como Ricardo está indisponível, alguém tem que tratar do expediente, segurar as pontas, como soe dizer-se.

Trata-se da data de fundação do Sport Lisboa e Benfica, uma espécie de esqueleto que, segundo os sportinguistas, guardamos no armário do imaginário benfiquista. Segundo eles, o Benfica foi fundado em 1908 e não em 1904. Nesta última data foi fundado o Sport Lisboa, afirmam, coisa muito diferente do Sport Lisboa e Benfica que surgiu em 1908, em consequência da fusão com o Sport Clube de Benfica. Deixando de lado, a importante questão de saber se foi uma “fusão” ou uma “absorção”, é esta a lógica sportinguista e assenta numa premissa “irrefutável”: com a fusão desapareceram as entidades até aí conhecidas como Sport Lisboa e Sport Clube de Benfica e surge uma entidade nova, o Sport Lisboa e Benfica, logo o ano de fundação foi 1908. Simples, não é?

Esta ficção em forma de teoria pode parecer um preciosismo e não é, afinal trata-se de afirmar o direito de progenitura sportinguista no futebol da capital.

Esta reivindicação resulta de uma conveniente confusão entre “entidade” e “identidade”. Sendo indiscutível que em 1908, desapareceu a entidade identificada por Sport Clube de Lisboa, incorporada, fundida ou absorvida pela entidade Sport Lisboa, que além do espólio da referida extinta, falecida de morte natural, incorporou na sua identidade a referência geográfica “Benfica”, lugar onde passou a residir. Portanto, se a entidade Sport Lisboa, agora com nova identidade, continuou a existir, como pode falar-se em “fundação”? Já para não falar que a entidade conhecida pela nova identidade Sport Lisboa e Benfica, manteve tudo quanto era do Sport Lisboa: o emblema, ao qual acrescentou uma roda de bicicleta, tributo à falecida, a divisa e símbolo, além das cores, na bandeira e no equipamento, incluindo a sua estrutura associativa e dirigente. Resumindo, a entidade manteve-se, alterando apenas a identidade.

Esta questão, mais estúpida que absurda, poderia conduzir, a seguir-se a lógica do raciocínio sportinguista, à reinvenção de uma nova data para a fundação de Portugal. Aprendi que em 1143, com o tratado de Zamora, o país terá adquirido o estatuto de reino independente. Por comodidade, admitamos que já com a denominação “Portugal”. Só que o futuro revelava algumas chatices: em 1189, Portugal conquista o Algarve 1, com a tomada de Silves e em 1249, o resto algarvio, o Algarve 2, com a tomada de Faro, passando a chamar-se “Reino de Portugal e dos Algarves”. Estão a perceber, a História é uma aldrabice, Portugal foi fundado em 1249 e não em 1143! Tal como o Sport Lisboa e Benfica, fundado em 1908 e não em 1904.

Por pura diversão, eis outro absurdo: a minha companheira, através de um acto de registo notarial, aceitou incorporar na sua identidade o meu apelido. Será caso para dizer que a fui “pescar” à maternidade no seu dia de “fundação”?

Tenham juízo, que diabo, não é assim tão difícil compreender a diferença entre entidade e identidade. O engraçado é que muitos benfiquistas também parecem enredados nesta incompreensão, dando importância a uma pequena intriga. A entidade Sport Lisboa, mais tarde conhecido por Sport Lisboa e Benfica, foi fundado em 28/02/1904 e do facto existe o respectivo registo, o resto é o complexo de inferioridade e a frustrada tentativa de afirmação de uma progenitura que a História recusa, pesem as cabriolas e habilidades administrativas.

PS. As minhas desculpas por tantas repetições, foram necessárias para dar uma certa ênfase à demonstração.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Gostei!

Maxi – Por vezes faz uma ou outra falta desnecessária, o que me irrita profundamente, mas a entrega, e a capacidade que teve de ajudar o ataque, fazem esquecer esses pequenos erros. O Maxi de sempre!

Luisão – Adoro a ideia deste homem ficar 13 anos no benfas. Grande, no campo, no estádio, em casa, para todos transmite garra e vontade de os comer.

Garay – Boa companhia ao Luisão, não me apercebi de falhas relevantes.

Emerson – Não tem qualidade para o Benfica, muito menos para a CL. Não compreendo a atitude de JJ. Cometeu uma infantilidade inacreditável entregando a bola ao adversário ainda na nossa defesa, quando tentou fazer um drible (coisa que nunca devia de tentar na vida!). Um embaraço, um cromo a destoar totalmente.

Ruben Amorim – Cumpriu, mas em muitas situações ficaram expostas as suas limitações. Mas bolas, com o que tem jogado, entrar assim no onze para defrontar o MU não é fácil.

Javi – Adoro. Patrão. Este é dos poucos que quer ganhar sempre, custe o que custar.

Witsel – Não posso dizer que esteve mal, mas esperava mais dele. JJ devia de fazer umas alterações ao meio campo, que beneficiariam muito a Witsel e Aimar, mas ele não quer…

Aimar – Desgastou-se muito sem bola, e na primeira parte foi mais individualista do que costuma (devia) ser. Mas Aimar é Aimar, e para mim é sempre uma dádiva!

Gaitán – O Bom, o Mau e o vilão. Este gajo é tudo num só e irrita-me solenemente. Irrita-me porque tem tudo para deslumbrar. E sim, teve pormenores deslumbrantes, o mais importante deles o enorme passe de trivela para o Cardozo marcar. Mas também foi ele que perdeu a bola no golo do MU, e em muitas outras situações, em que arrisca só porque sim, ou quando deixa aos outros o trabalho de recuar, de recuperar. A minha convicção é que uma equipa de top não se pode dar ao luxo de ter um jogador com essa atitude. Ele julga que basta fazer o que faz, o que talvez seja culpa do JJ. Certo é que se fosse eu a decidir iria muitas mais vezes para o banco.

Artur – Coloquei aqui o Artur porque só agora me lembrei dele. Está tudo dito. É fantástico não pensar no guarda-redes.

Cardozo – Que grande exibição - não foi só o golo, que foi brutal, mas também tudo o resto. Quem segue este blogue sabe que eu tenho um pequeno problema com o Cardozo, mas ontem fez tudo aquilo que tenho dito que não faz. Ainda bem, ontem adorei estar mais enganado do que o zezé camarinha num bar gay! Para mim, o melhor em campo - e está tudo dito.

Nolito – Entrou bem, tendo ficado clara a sua influência em novo período de domínio do Benfica. Pena as oportunidades falhadas, mas o GR do MU não estava a brincar.

P.S.: Estou satisfeito, é claro que estou. Mas fiquei com a sensação que o MU estava também a pensar no Chelsea. Não foram só as mudanças no onze; tenho a sensação que se o jogo fosse a eliminar, se fosse realmente importante, teriam engrenado outra velocidade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Prognósticos...

Às vezes pergunto-me: Se o Benfica está a viver as melhores épocas e a praticar o melhor futebol dos últimos 15 anos, porque é que estou sempre a criticá-lo? Porque esta insatisfação, que tantas vezes transparece neste blogue…

Julgo que a razão está no adversário. Neste caso o porto.

Nunca como agora senti tanta diferença entre as duas equipas. Talvez porque antes tinha análises menos racionais, mais emotivas. Mas mais do que isso, porque o porto não costumava ser assim tão bom. O porto do jesualdo era fraco, teve (tem) uma estrutura que por competência mas também corrupção conseguia potenciar o seu rendimento. E como jesualdo temos muito outros treinadores e plantéis, mais ou menos banais, que atingiram patamares de sucesso que não correspondiam ao seu valor. São outras histórias e vocês benfiquistas estão cansados delas. Houve a epifania Mourinho, mas mesmo aí o Benfica estava numa fase ascendente, aquele equipa do Camacho fez coisas interessantes e o Benfica vinha dum buraco enorme e sentia-se a equipa (clube) a crescer.

Agora não.

Neste momento do nosso futebol a palavra mais importante parece-me a competência.

O porto é das equipas mais competentes do mundo. Tão competente que transcende o real valor dos jogadores, que não considero assim tão extraordinário.

A minha enorme frustração, e a origem de tantas críticas é a falta de competência do Benfica.

Temos um plantel formidável. Estamos pelo menos ao nível do porto nesse capítulo. Com a mesma competência estaríamos ao nível dos melhores da Europa. Porque é isso que o porto é neste momento.

Não é só competência táctica, é também a competência de se ser profissional. O exemplo mais gritante é o Gaitán. Talvez o maior artista do nosso campeonato, mas claramente um incompetente, pouco profissional, um cancro que mina a integridade do órgão vivo que deve ser uma equipa. Compare-se James e Gaitán. Que diferença de atitude. Essa diferença vem de cima, essa diferença chama-se competência – do jogador, treinador, equipa técnica e direcção. Todos têm culpa no facto de Gaitán não ser tudo o que podia ser.

Por tudo isto acho que o Benfica vai perder hoje.

Logo agora, que poderíamos ganhar. Ganhar quase sempre. Sim, porque mesmo que ganhemos hoje será um fogacho, uma transcendência temporária, porque logo chegará um empate displicente na liga, ou uma eliminação incompreensível na taça.

Pela primeira vez sinto o porto muito superior, sem encontrar justificação para não estar nesse patamar. E é nesse patamar que deveríamos estar, que merecemos estar, essa glória de campeonatos conquistados e noites europeias inesquecíveis, míticas, em que as camisolas escarlates vergavam tudo e todos, tantas vezes que se chegava a tornar hábito.

Pela primeira vez, parabéns ao porto. Enorme competência.

P.S.: Ok, admito que ainda acalento a esperança de vitória, hoje e sempre; mas é só coração, que se recusa a ver o óbvio…

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

De Abrantes à Barquinha, com camisolas do Benfica

Há muitos anos atrás, ainda o chato do José Nicolau de Melo - que no Facebook pede abraços, ainda que mudos - tinha orgasmos em directo com os passes do Bobó para o Ricky Owubokiri, a equipa de infantis do Benfica de Abrantes saiu do famigerado Campo do Bairro Vermelho para aquele que seria um dia épico, provavelmente o mais épico de todos os dias que o clube viveu. 

Para minha fortuna, eu presenciei este episódio de perto, visto que era um dos 10 putos que ia na carrinha do clube, de estofos rotos, vidro partido, motorista – que era simultaneamente Director-Desportivo, enfermeiro, empregado de limpeza e churrasqueiro - e algumas letras do nome do clube desaparecidas, metamorfoseando-nos nos jogadores do “Sor Arates e enica”. Os outros 8 foram no carro dos pais, recebendo quilómetros a fio os conhecimentos futebolísticos da família – “Zé, tu agarra bem o gajo, não o largues”; “Paulo, quando chegares à zona da grande área, rematas, não passas a bola a ninguém!”; “Ouve o teu Pai, Toninho, não oiças o que o treinador diz, começas a correr, vais à linha e cruzas”, conselhos que o Mister Bragança detestava ouvir durante o jogo, quando os pais dos atletas, propositada e arrogantemente, cantavam, encostados à estrutura de ferro e banco de madeira e que os aprendizes atiravam fora como atiravam a Gorila de Laranja quando começava a azedar.  

O caminho levar-nos-ia ao campo pelado do Vila Nova da Barquinha, terreno mítico - já na zona exterior da vila, apenas circundado por um recinto onde se assavam frangos, se bebiam toneladas de vinho e onde as velhas levavam o bigode a molhar os beiços na aguardente medronheira que sempre acompanhava as festarolas de Verão - por ter assistido “in loco” ao homicídio de um árbitro mais avesso às vontades do povo indígena, acabando pendurado por uma corda numa das balizas. Felizmente que esta história só veio à baila muitos anos depois, em conversa no Tonho Paulos – café abrantino onde a democracia junta degenerados, alcoólicos, drogados, pais de família e padres; caso contrário, ter-me-ia dado longos e trágicos pesadelos nas noites anteriores ao jogo. 

A viagem tinha tudo para correr bem. O motorista surpreendentemente não estava bêbado; o mister, talvez por ter discutido com a mulher no dia anterior, não debitava prelecções sobre o jogo; os jogadores encontravam-se todos de boa saúde, sem lesões, embora o Coutinho aparentasse uma ligeira mazela no joelho esquerdo, provavelmente resultado da queda que dera na noite anterior no pavilhão do Pego e que, por motivos óbvios, não podia revelar, não fosse o Mister abdicar dos seus serviços por comportamento pouco profissional. 

A este respeito, o Coutinho e outros (não me acuso), tínhamos (acuso-me) uma desculpa quase impossível de contrariar: Chalana, ele próprio, rei dos relvados e rei dos bigodes, fartava-se de jogar em pavilhões sempre que ia a Abrantes passar férias com a família da mulher Anabela, abrantinos de gema. No entanto, o Bragança, que era sportinguista, mostrava-se pouco solidário com as histórias de lendas benfiquistas, recusando comportamentos desviantes à boa prática da modalidade. Fosse o exemplo um Manuel Fernandes ou um Jordão e talvez a sensibilidade do Mister se potenciasse a um ponto de compreensão, mas isso são suposições que, a esta distância nos anos, abdicamos de fazer. 

De modo que, tirando a suposta lesão do Coutinho, o plantel estava de boas saúdes e o ambiente na carrinha corria de feição. É verdade que o sistema de amortecedores da carrinha gemia de velho, e que as conversas eram entrecortadas por rápidos saltos no asfalto, o que até sabia bem porque dava aquela vertigem na barriga. “Vá mais rápido, Senhor Antunes”, gritávamos de trás, na esperança de mais uma lomba. 

Se fosse possível voltar no tempo para dentro daquela viagem, talvez fosse difícil admitir que aquela gente ia para um jogo de futebol, tais eram os assuntos díspares que percorriam o ar por dentro da carrinha. Desde as invenções de uns em relação a supostos feitos sublimes com mulheres – havia quem jurasse a pés juntos, sem figas, que dois dias antes tinha dado um beijo à Carolina, diva do 5ºB, rapariga de faces rosáceas e aquilo que parecia ser o princípio de mamas, embora ninguém tivesse a certeza – à efabulação de corajosas aventuras, entre as quais, a melhor de todas, a que o Pires contava sobre ter comido, ao mesmo tempo!, amendoins, tremoços e um pastel de nata. Quando esta história foi contada, toda a gente se calou, até o treinador e o motorista. Era, de facto, um feito extraordinário, só ao alcance dos duros e todos os outros (confesso-me) sentiram aquela pontinha de inveja que se nos agarra e da qual não nos conseguimos libertar. Bem que eu queria ter sido o herói desta junção de sabores mas a sinceridade obrigava-me a admitir a mim próprio que o máximo que conseguia fazer era comer 5 carcaças seguidas com manteiga e tulicreme. 

Se isto fosse um filme, o realizador traria ao público, em plano apertado, a cara do Rocha quando ouviu a história do Pires mas como isto não foi e não é um filme ninguém notou o movimento gástrico que fez o nosso avançado pedir para parar a carrinha 10 minutos depois. Continuámos no fingimento infantil de sermos adultos enquanto na rádio passavam anúncios de ourivesarias, mini-mercados e músicas do José Malhoa. 

Foi só quando, a 5 quilómetros da Barquinha, o Rocha começou a meter as mãos à cabeça que alguém gritou para o mister: “Shôr Bragança, acho que temos de parar!”. A carrinha, que a esta altura ia a alta velocidade, uns 60 quilómetros/hora, começou a travar, a traseira guinou toda para o meio da outra faixa, e lá embicou para o meio do mato, entre um poste de electricidade e um pinheiro tronchudo. O ponta-de-lança abriu a porta corrida com as duas mãos, começou a correr, fintou dois arbustos e acabou a vomitar numa ponte que dava para uma horta. Escusado será dizer que as folhas dos pimenteiros levaram rega para dois anos. E abstenho-me de contar aqui os impropérios que a velha, dona do terreno, vociferou porque há coisas que devem manter uma certa discrição de palavreado. 

O mister, responsável pelo jovem imberbe – ainda que goleador nato -, aproximou-se do Rocha, preocupado com a saúde do mesmo (mas também com a possibilidade de perder um activo de grande importância!) e perguntou-lhe: “Ó que caralho, Rocha, mas o que é que tu comeste hoje?”, ao que o avançado-centro, ainda esbranquiçado de cal e temeroso da reacção do treinador, respondeu: “ó shôr Bragança, desculpe-me, comi 3 pratos de feijoada”. Estávamos arruinados. O mesmo é dizer: estávamos fodidos.

Sem o nosso abono de família, melhor seria projectar uma táctica que nos permitisse empatar ou, vá – na melhor das hipóteses –, ganhar por um ou dois. “Goleadas, esqueçam”, gritava o mister, já esquecido das quezílias pessoais da noite anterior – em que, diriam os relatos posteriores, teria levado duas chapadas da mulher por ter sido visto no Tiagu´s Bar a apalpar duas venezuelanas com filhos – e totalmente focado nos objectivos da equipa.

O Rocha por esta altura mantinha-se calado, entregue aos suspiros, aos ais, aos gemidos semi-surdos, procurando convencer o estômago de que estava bem. Bocejava, e a cada bocejo tínhamos medo de que em vez de pimentos pintasse de feijões os nossos pés. Felizmente que o Rocha tinha gasto a tinta toda na horta da velha e já estávamos a chegar com a nossa carrinha ao terreno de jogo. 

Parado o veículo, saídos os adultos, saímos todos com a nossa bolsinha das chuteiras debaixo do braço e, para não dar alento aos atletas do Barquinha que nos recebiam com olhares entre o medo e a raiva, metemos o nosso ponta-de-lança no meio de nós, e ninguém chegou a ver o ar de vómito com que ele entrou no balneário. Sentámo-nos nos banquinhos de madeira, pusemos os casacos pendurados em cima de nós e olhámos o mister com ar de preocupação. O Shôr Bragança sacou do seu papelinho das tácticas, cofiou a bigodaça, olhou o motorista (que era também Director-desportivo, empregado de limpeza, enfermeiro e churrasqueiro) e disse: “Ó Antunes, dá uma aspirina ao gajo!”. 

De repente, levantou-se uma esperança naquele balneário com cheiro a suor, lixívia e roupa encardida: o Rocha afinal ia jogar. O Bragança leu os nomes dos titulares, enquanto ia entregando as belas camisolas vermelhas, uma a uma, e, quando o “9” voou para as mãos do nosso ponta-de-lança com hálito a couves e morcela, sabíamos que o dia estava ganho – a não ser que alguém acabasse com uma corda no pescoço. O Rocha ainda protestou: “mas a minha barriga, Mister…”, só que o técnico, avalizado nestas matérias, ignorou a frase e enviou-o para o terreno de jogo. Os misters sabem o que fazem. Levantámo-nos, abraçámo-nos em jeito solidário e paneleiro, gritámos “Benfica” e fomos para dentro de campo, onde fomos recebidos em apupos pelos bêbados e mães locais e com uns aplausos das famílias abrantinas que tinham levado os filhos. 

O jogo correu de feição, ganhámos. Quando chegámos ao balneário, ao intervalo, todos bebemos chá verde quente menos o Rocha, que não merecia por ter sido pouco profissional. No fim, com as pernas presas de lama, frio e toneladas de cãibras, ouvimos, desinteressados, o shôr Bragança, que continuava chateado – não sabemos se com a mulher, se com o Rocha. Mas sorriu levemente. Afinal, tínhamos brindado o Barquinha com um 17-0, sem espinhas.


O Rocha? Pena ter comido aquela feijoada. Só marcou 14 golos.


Quando?

Quando o empréstimo vale a pena - a exibição de Ivo Pinto, lateral-direito do Porto emprestado à União de Leiria, é algo que deve merecer-nos o maior dos respeitos. Conseguiu desequilibrar a própria defesa 4 ou 5 vezes (3 delas de forma perigosa), atacar desenfreadamente, arriscando tudo sem ninguém nas costas, e a falta de intensidade nos lances, especialmente nos primeiros 20 minutos em que era crucial dar vantagem a quem lhe paga, e em alguns golos, especificamente nos terceiro e quarto, constituem uma exibição de gala. Assim, meus caros, vale a pena emprestar jogadores.

Quando o futebol não chega - o que será mais preciso para renovar os contratos a Maxi e Aimar?

Quando o papel nem serve para ler nem para limpar o cu - o tipo de folha do jornal "Record" é áspero, desbota a tinta e não tem possibilidade de leitura. Um exemplo da desavisada utilização de recursos que tanta falta fazem ao planeta. A última tara do pasquim é a possibilidade de Capdevila rumar a outras paragens. Alguém explique ao palerma do Alexadre Pais que as inscrições acabaram há uma semana.

Quando não há argumentos contra a verdade - eles vêm, alguns tímidos, outros mais agressivos, comentam, insultam, falam noutras coisas. Argumentos que sustentem o que andam a dizer há anos a fio é que... nada. 16.000 títulos? Está bem, Marreco. Onde é que estacionaste a nave?

Quando um ex-Presidente do Sporting é apoiado pelas Associações de Braga e Porto - o que dizer? São muitos anos de submissão. Onde estará o Sporting Clube de Portugal? Este Sporting Clube do Porto não serve. E como poderia ter havido uma limpeza geral a estes corruptos se o primeiro tivesse aparecido e se tivesse unido a nós. Infelizmente o ódio ao Benfica é maior que o amor-próprio. E assim Pinto da Costa vai dividindo e reinando. Já chega deste futebol podre. Seara ou Hermínio. Tudo o resto é merda.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Acabe-se de vez com o Sporting


Desde a fundação do monumento extraordinário ao Benfica que é o Ontem vi-te no Estádio da Luz que este blogue raramente aborda temas relacionados com os adversários. É uma linha editorial como outra qualquer. No nosso caso, preferimos discutir o nosso clube e deixar o clube dos outros para os outros. No fundo, somos Benfica na acepção maior da palavra: vivemos bem por nós, sem ódios, traumas, recalcamentos em relação aos demais. Conhecemos a nossa grandeza e dissertamos sobre ela, às vezes em prantos, outras em euforia, mas sempre, sempre, única e exclusivamente olhando para os nossos. 

É por isso que vos peço que me dêem algum crédito para, de vez em quando, muito raramente, falar nos adversários. Acho que o conquistámos ao longo destes 3 anos de pura dedicação a este clube de dimensões astronómicas. Especialmente se o assunto pretender desconstruir mitos e alucinações alheios, repetidos à exaustão como verdades universais. Não que me preocupe com o assunto por aí além; mas porque apetece-me cortar pela raiz um argumento falacioso, falso, mentiroso e digno de gente que, não tendo nada mais para dizer – tal é a pobreza franciscana em que se encontra o seu clube -, fala sem pensar. 

O assunto - já o adivinharam, certamente, porque vós sois de uma inteligência superlativa – é a curiosa contabilidade de títulos que os sportinguistas, segundo sim, segundo sim, nos trazem, achando eles que, com isso, demonstram algum tipo de grandeza maior. É verdade que serve os intentos dos que desgraçadamente nada têm a dizer ou a mostrar; uma muleta de apoio, sempre que a realidade, essa fria e cruel realidade, os enxovalha de todas as formas possíveis. Estes alucinados seres servem-se do mito para qualquer discussão: “ficámos a 64 pontos da liderança nos últimos dois anos? Pois, mas nós somos o segundo mais titulado clube do Mundo!”; “nas últimas duas épocas, em 6 jogos com o Benfica, perdemos 5 e empatámos um, num registo fabuloso de 2 golos marcados e 12 sofridos? É verdade, mas nós temos 16.000 títulos e vocês não!”. Coisas destas, pérolas desta qualidade, são o suporte mental para que os sportinguistas não tenham cometido ainda um suicídio em massa, que deixaria Jim Jones a rolar, ciumento, na tumba. O único problema – além dos óbvios distúrbios que sustentam esta argumentação demencial – é que isto, esta coisa dos milhões de títulos do Sporting, é, já o imaginam, mentira. Assim mesmo, com todas as letrinhas: M-E-N-T-I-R-A. 

Numa ingénua tentativa de aprofundamento da questão, lancei, no caixa de comentários do post anterior, a pergunta aos nossos ilustres visitantes lagartos. O resultado não poderia ter sido melhor: nenhum sabe, nenhum percebe, nenhum conhece por que razão abre a boca para dizer tal despautério, mas di-lo, sem vergonha alguma ou tímido pudor. Não, o sportinguista abre aos ventos e aos mares a toalha da grandiosidade virtual, da coisa baseada em coisa nenhuma, do facto sustentado em nada e nada provado. Só porque sim. Só porque não há mais nada a dizer. Parecem as crianças, quando confrontadas com a conversa de que o amigo tem um pai Polícia: “ah é? O meu é Tenente-Coronel!”, mesmo que o Pai seja varredor de lixo. É isto que se passa: o Sporting tem um Pai que varre as ruas, mas acha que, por varrê-las, é dono delas. 

Dir-me-ão: deixemo-los na demência, que eles não são do nosso campeonato. Aceito, mas os meus neurónios estão um bocadinho cansados. Está na hora de acabar de vez com o Sporting, esse clube que, alimentado pelo ódio ao Benfica, apoia corruptos e dá a mão a proxenetas, desvirtuando o que já foi (há muito tempo) um digno e honroso clube deste nosso Portugal. 

De modo que, sim, proponho uma campanha: acabe-se de vez com o Sporting. A ela chamo toda a blogosfera benfiquista. Cada um dos bloggers gloriosos deve levar esta questão ao extremo: só descansaremos quando este mito de merda cair no chão estatelado, entregue aos desvarios das ruas e ao lixo da calçada. Para isso, bastará, numa primeira instância, gerar a discussão. Alguém saberá explicar-nos que raio de contas são estas que fazem, por exemplo, de 250 títulos no Atletismo a metamorfose surreal para 5500(!). Como os sportinguistas não sabem explicar, esperemos que alguma outra cabecinha pensadora (e investigadora) faça o resto. 

Estão todos comigo? Ainda bem. E desculpem-me o desvio no caminho. Às vezes temos de parar e varrer o lixo. Para que o ambiente fique mais desanuviado.

domingo, 4 de setembro de 2011

O ecletismo único do Benfica e a quase pena de um Sporting em desespero

Perdido e preocupado com a realidade do Benfica, tenho-me esquecido de proclamar a felicidade que há em ser benfiquista. Já alguém se perguntou sobre o ecletismo do Benfica? 

Se não é caso único, andará muito perto disso. Pelos menos, do ponto de vista competitivo. Que outros clubes mundiais mantêm tantas, tão variadas e tão competitivas modalidades no seu seio? Lembro-me do Barcelona e fico por aqui. O Porto é muito forte nas que tem mas abdicou de várias outras. O Sporting, então, que ainda hoje proclama ser o clube eclético, é um vazio de ideias, com a extinção de várias modalidades, estando a milhas do Benfica, tanto da variedade quanto da capacidade em ser competitivo nas mesmas.

Já pensaram bem nisto? O Benfica tem todas as modalidades mais competitivas e amadas pelo público: futsal, andebol, hóquei em patins, vólei, atletismo, basquetebol, boxe, judo. E todas de forma altamente competitiva. Que outro clube do mundo compete a este nível em tantas modalidades? Falo destas, que são as mais conhecidas, e deixo de lado muitas outras que também merecem todo o nosso respeito e nas quais os nossos atletas participam e fazem orgulhar o clube com as suas conquistas. Além do Barcelona, não me lembro de outro clube que possua este tão vasto leque de dinâmica e saúde competitivas. Se souberem, avisem.

No atletismo, Portugal (o Benfica, quase na íntegra) não ganhou nada. Mas fez bons resultados. E agrada-me especialmente que os grandes atletas portugueses sejam benfiquistas. Há muito que no atletismo o Benfica ultrapassou o Sporting na qualidade dos seus intérpretes. O campeonato nacional desta época só veio reforçar essa ideia. Parabéns, campeões.

Mas, como dizia no início, de tanto me preocupar com o Benfica, às vezes esqueço-me do orgulho que é ser deste clube, deste imenso clube, recordista de sócios em todo o Mundo, eclético, solidário, popular, vitorioso. E esqueço-me da sorte que tenho em não ser de outro qualquer, especialmente daquele clube do outro lado da estrada. Coitados. Cada ano que passa é um suplício maior. 

Com as eleições, lá vieram as esperanças todas outra vez, com o treinador encheram-se de brios e já iam ganhar tudo e mais alguma coisa e depois a realidade, que costuma ser tão fria, trouxe-lhes o desespero que já é a imagem de marca de adeptos e clube. Já sabem que o campeonato "só para o ano" mas ainda não sabem que o cenário ainda será mais negro. Como agora está na moda por esses blogues dizer o que se acertou antes, também vou dizer: nós avisámos. Mas aproveitamos para avisar mais ainda: o Sporting não ficará sequer em terceiro lugar.

E, neste cenário de clube a perder estatuto de "grande" (no futebol, entenda-se), os adeptos, sedentos de alguma coisinha que possam clamar aos céus ser deles, viraram-se para o futsal, modalidade que o Sporting pratica há não sei quantos anos, desde que andava a competir com o "Correio da Manhã", o "Jornal do Fundão" e o "Notícias de Arraiolos", mas que só verdadeiramente atingiu a popularidade e o respeito quando a ela chegou o glorioso. É o normal. 

E, mesmo com os anos e anos que têm a mais, levam uma banhada no palmarés, o que, no fundo, está certo porque a posição natural do Sporting é atrás do Benfica. Mas dizia: começo a ter pena desta gente. Tão ávidos de vitórias, sedentos de algum protagonismo, nem na modalidade que lhes tinha dado umas alegrias o ano passado e que eles pensavam ser a ponte para poderem ganhar aos "lampiões" (eles adoram referir o Benfica, eles respiram Benfica, só pensam em nós), nem assim, pequenos coitados, festejaram. Foram os cabeçudos da festa, como tem sido natural ao longo da História. 

Uma cidade como Lisboa é pequena demais para o Benfica. É, por isso, normalíssimo que os restos que o Benfica vai deixando apenas façam do clube rival isto que ele é: um clube de frustrados, agarrados a qualquer coisa para que uma vitória sobre os os maiores lhes dê nova esperança que logo se acabará, porque sustentada em nada.

E é também por isso que, em ginásio pintado a Benfica, o Presidente dos lagartos teve a reacção que teve. É sintomático: o Sporting é isto: a cabeça baixa, o desespero, a impotência perante o Benfica. Está tudo dito. Aqui:



sábado, 3 de setembro de 2011

A importância da opinião antecipatória, o verdadeiro apoio ao Benfica (e um texto do Lateral-Esquerdo que os reforça)

Não há um limite para as vezes que queremos dizer e avisar, já de antemão, os benfiquistas da borrada que foi deixar Capdevila de fora. Fazemo-lo de forma veemente para que, primeiro, não restem dúvidas de qual a posição deste escriba sobre a absurda opção de Jesus e para que, como aqui gostamos de fazer, fique expressa, a priori, a nossa opinião. 

Pedimos desculpa aos que usam os blogues para irem escrevendo consoante as marés, elogiando se os resultados são bons, criticando se não são satisfatórios. Aqui, cremos na importância da qualidade de antevisão dos acontecimentos. É que é esse o filtro que nos permite dar credibilidade ao que as pessoas escrevem e, mais importante, pensam. Analisar a posteriori, criticando ou elogiando, consoante os resultados obtidos, também é giro. Mas não chega. 

Esse tipo de análise, muito recorrente na blogosfera, que passa pelo pedido acéfalo para que não critiquemos nada nem ninguém deixando a esperança e a ilusão tomarem conta das nossas vontades, pode servir para muita gente. Para mim, não chega. Prefiro dizer o que acho quando as opções são tomadas, ficando, para o bem e para o mal, umbilicalmente ligado às minhas opiniões. Parece-me mais digno, mais justo e menos hipócrita. 

 Claro que também é muito mais difícil porque para antecipar alguma coisa - e para antecipar, com razão, a maior parte das vezes - é preciso mais do que saber juntar umas palavras e "apoiar" o Benfica. É que esta coisa do "apoio" tem muita graça: eu farto-me de apoiar o Benfica. Seja no Estádio, em casa ou criticando uma opção. Veja-se o apoio que dei o ano passado, quando, após 2 jogos de pré-época, disse que Roberto não podia ser o guarda-redes do Benfica. Se alguém me tivesse ouvido na altura, talvez as coisas pudessem ter sido diferentes. Mas não. Andei uma época inteira a ter de ler uns imbecis a insultarem-me porque não apoiava o nosso guardião. No entanto, enganam-se redondamente: no Estádio, aplaudi sempre Roberto, cheguei a zangar-me com quem, ao meu lado, assobiava o espanhol sempre que a bola lhe chegava aos pés e às mãos. O que não faço, nem nunca farei, é deixar o Benfica entregue a um sentido acrítico, em que são apoiadas todas as decisões, mesmo que estando à vista de todas que irão ser-nos prejudiciais. Isso não farei nunca. E por gente como eu é que o Benfica teve de admitir que se enganou (desde Vieira a Jesus, todos engoliram o sapo) e foi ao mercado buscar um guarda-redes a sério. Por gente como eu mas podia ter sido só pela realidade. O grande problema é que a realidade às vezes não chega - precisa que alguns apontem logo à partida o que a realidade demonstrará.

Os outros, os que acham que ser do Benfica é "apoiar" estúpida e cegamente todas as decisões de quem o gere, andaram um ano a dizer disparates para agora se deliciarem com a liderança do campeonato, muito por culpa de um guarda-redes chegado a custo zero. É assim a vida. As opiniões têm o peso e a importância que cada um quer que tenham. E nem todos se acomodam à facilidade da análise vulgar e banal dos acontecimentos passados. Há quem veja mais longe, quem antecipe problemas e isso nada tem que ver com ausência de apoio. Pelo contrário: o apontar de falhas só fará com que o Benfica cresça e evolua para um nível superior na sua organização. 

E é por isso que eu quero deixar bem claro a minha opinião: a não inscrição de Capdevila para a Champions League é uma decisão que pode manchar toda a época. Por aquilo que enfraquece, desportivamente, o Benfica numa prova altamente exigente e em que é fundamental ter jogadores da experiência e qualidade do espanhol, mas também, e talvez ainda mais importante, pela forma como prova a péssima noção de gestão de balneário que Jesus tem. 

 
Os sinais, para quem quer ver, existem no passado e no presente. Claro que se pode sempre agarrar a esperança numa mão e esperar que ela nos carregue até ao fim. É uma opção. A outra é perceber sinais de destruição antes dela acontecer. Não é para todos e é por isso que muitos, não o podendo fazer, limitam-se ao insulto fácil e à hipocrisia do "apoio" ao Benfica. Não sabem mais, ensinaram-lhes o uso da trela e é com isso que vivem diariamente, odiando de morte quem se insurge contra os erros óbvios que maltratam e prejudicam os interesses do Sport Lisboa e Benfica. Repito: a não inscrição de Capdevila é um erro tremendo. Um erro tremendo. Que pode estragar uma época.

Como reforço da minha ideia, deixo-vos com o texto do PB, do Lateral Esquerdo, que é uma pessoa lúcida e inteligente e que sabe mais disto do que a cambada de imbecis toda junta que aqui vem debitar alarvidades. Aconselho-vos a voltarem aos vossos blogues de merda e a dizerem 100 vezes por dia "precisamos de apoiar o Benfica" ou como aquele outro, que debitava na televisão: "eu vou dizer todas as semanas que o Roberto é um grande guarda-redes, dos que dá pontos!". Pena o Artur ter chegado. Nós, abutres, nos confessamos:

 

 «Gestão de recursos humanos. Onde se fala de Aimar e da exclusão de Capdevila.


"Estou impressionado com ele. É um número 10 com uma classe enorme. Entre mim e ele tudo é perfeito dentro do campo" Witsel sobre Aimar;

"No Corinthians tinha duas referências, que eram o Ronaldo e o Roberto Carlos. Aqui tenho o Aimar, que está ao mesmo nível" Bruno César;

"Até impressiona. É um jogador de um nível diferente. O toque na bola, a inteligência e a maneira como se movimenta impressionam". Ramires sobre Aimar;

"É um jogador de muita técnica, agilidade e inteligência. Não é à toa que foi considerado um dos melhores 10 da Argentina depois de Maradona. Por causa das lesões tem um tratamento diferente no Benfica, mas sempre que ficava no banco mantinha a postura profissional, sem qualquer estrelismo. Tornou-se numa referência para mim enquanto estive em Portugal". Felipe Menezes sobre Aimar;

"Benfica considera a hipótese de renovar contrato a Aimar, que termina na próxima época." in Jornal A Bola.

“Estou absolutamente surpreendido, não esperávamos uma coisa assim. Se não foi inscrito, o treinador já sabia que não o ia fazer, então porque não nos disse nada? Se nos tivesse dito alguma coisa antes de dia 31, então tínhamos procurado sair para outro lado. Não lhe faltavam equipas. Fazer uma coisa destas a um rapaz como este é terrível, ele está completamente desmotivado. Decidimos escolher o Benfica porque jogavam para a Champions e isso interessava-nos.” Empresário de Capdevilla.

Qualquer indivíduo com um mínimo de bom senso e um pouco de massa crítica percebe que é risível a forma como se gerem os recursos humanos no SL Benfica. O Benfica 2011/2012 tem, muito possivelmente o melhor plantel do futebol português. Porventura, será até bem superior ao que conquistou Portugal e deslumbrou a Europa (recorde as transferências para Chelsea e Real Madrid) e tem também, possivelmente capacidade para formar o melhor onze da Liga Sagres. Todavia, a forma amadora como se gere tudo o que se passa no futebol do Benfica, é assustadora. Se porventura os jogadores do Benfica voltarem a tornar o clube campeão nacional, serão merecedores de uma estátua. Mesmo tendo a qualidade que têm, será preciso serem verdadeiros heróis para resistirem como grupo às atrocidades a que vão sendo submetidos dia-a-dia.

P.S.- Não está em causa a qualidade, ou falta dela de Capdevilla. Numa lista extensa, deixar de fora um jogador de currículo importante, é procurar, sem necessidade, uma situação de conflito. O caso do espanhol, é apenas mais um que revela a fraca capacidade de Jesus enquanto treinador, para além das quatro linhas dos campos de treinos ou de jogos onde as suas equipas se apresentam.»