segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Factos, perigos e desejos

1) Mais um fim-de-semana à Benfica:

Futebol: Benfica-2 Olhanense -1 
Futsal: Benfica-5 Operário-1 
Voleibol: Fonte Bastardo-1 Benfica-3
Andebol: Benfica-41 Xico Andebol-21
Hóquei em Patins-11 Riba d´Ave-1

Exceptuando o Hóquei - que um empate na primeira jornada atrasou a chegada ao topo -, em todas as outras competições o Benfica lidera. É isto ecletismo: diversidade e competitividade. 
 
2) Das 53 equipas que participam ou participaram nas provas da UEFA em 2011/2012, o Benfica é uma das duas que ainda não perdeu esta época em qualquer competição. A outra é o Barcelona.

3) Espero que Jesus tenha observado com redobrada atenção o jogo de ontem, entre o Feirense e o Sporting. Por três razões: para compreender que Quim Machado é, surpreendentemente (para mim), um bom treinador de futebol; para entender que o Sporting é uma equipa com bons valores na frente mas tem grandes dificuldades tanto na defesa como no meio-campo defensivo - tudo o que passe por uma intensa e orientada pressão à saída do jogo leonino será meio caminho andado para transformar o seu jogo na miséria a que assistimos ontem à noite; para assimilar que este ano o Sporting será o Braga de há dois anos: se o Porto começar a perder gás, teremos lebre lançada pelo sistema. A arbitragem de ontem, que empurrou o Sporting para uma vitória que muito dificilmente conseguiria - tal era a superioridade do Feirense -, foi elucidativa sobre o que teremos no futuro. 

4) Guilherme Espírito Santo fez 92 anos. Uma glória eterna que num jogo decidiu fazer 9 golos. Na mesma época, bateu os recordes nacionais de Salto em Altura, Salto em Comprimento e Triplo-Salto. Um nome e um homem divinos.

5) Quarta-Feira há jogo da Champions na Luz. À 4ª jornada, o Benfica pode assegurar a passagem aos oitavos-de-final da prova e ganhar uma motivação extra para a série difícil de jogos em Novembro. Há alguma razão para que não estejam 65.000 almas a apoiar o Benfica depois de amanhã?



domingo, 30 de outubro de 2011

Com critérios me enganas

Longe vão os tempos em que as coisas se faziam às claras, sem quaisquer medos de alguma suspeita - era simples: toda a gente sabia que havia corrupção mas, uns, por beneficiarem com isso, aceitavam-na e outros, por nada poderem fazer, tentavam ultrapassá-la em campo, ingorando-a. Nesses idos anos, havia equipas inteiras do Porto a correr atrás de árbitros, defesas de Baía 5 metros fora da área, jornalistas violentamente agredidos em directo, enfim, toda uma panóplia de acontecimentos escabrosos que mancharam de forma indelével a imagem do campeonato português e, especificamente, de um clube que ficará para a História como um dos mais corruptos clubes que alguma vez existiu.

Actualmente, porém, com mais olhos a verem a vergonhosa falta de escrúpulos de corruptores e corrompidos, a estratégia é outra. Menos evidente embora igualmente eficaz. Passa pelos... critérios. Hoje em dia, Helton já não poderia defender, quase no meio-campo, bolas que vão para a baliza nem poderíamos ver Hulk, James e seus compinchas correr um campo inteiro atrás de um árbitro e decididamente não poderíamos observar jogadores do Porto a dar peitadas num dos juízes de partida sem ser imediatamente expulso (ah, espera... o ano passado vimos). 

Agora o que conta e faz toda a diferença entre ganhar ou perder campeonatos - entre pontuais descaradas decisões, que ainda vão existindo, de quando em quando - são os critérios. E o que são os critérios?, perguntam vocês, visivelmente curiosos e intrigados. Eu explico-vos: os critérios no futebol português resumem-se a um conceito simples: em caso de dúvida, decidir contra o Benfica; em caso de dúvida, decidir a favor do Porto. 

No espaço de uma semana assistimos à aplicação dos critérios que regem o futebol lusitano: abdico de falar no caso do golo de Walter porque esse nem sequer entra no exemplo dos "em caso de dúvida"; o golo mal legitimado de Walter existiu porque, com todas as palavrinhas, o fiscal de linha de Cosme Machado quis que o Porto marcasse um golo naquela altura. Apenas e só isto e nada mais. Os caso de dúvida são, para compreendermos bem os critérios que os árbitros aplicam em Portugal - e posteriormente os que comentam as arbitragens, que também seguem o princípio: se é caso de dúvida contra o Benfica, "compreende-se a decisão do fiscal, pois o lance é difícil de ajuízar", mesmo que a regra devesse ser a de favorecer o ataque; se é caso de dúvida a favor do Porto, "compreende-se a decisão do fiscal, pois, na dúvida, deve ser dado benefício ao ataque"; mesmo que o jogador esteja em fora-de-jogo - o golo de Hulk da semana passada e o golo de Cardozo desta. Eles apenas têm uma diferença: o de Hulk é irregular, o de Cardozo é legal. Mas um, o irregular, foi validado; o outro, o legal, foi anulado.

Outro "em caso de dúvida" é a chamada intensidade com que um jogador empurra outro dentro da área. No caso do Sporting, a semana passada, assistimos a um leve toque de um adversário sobre Van Nhónhó - resultado: penálti; esta semana, o mesmo movimento de um olhanense sobre Gaitán - resultado: não há nada. Não me entendam mal: acho que o lance de esta noite não foi penálti. O problema é que, por esse critério, o marcado a semana passada por suposta falta sobre Van Rover também não. 

Já o escrevi antes: num campeonato que promete ser disputado até ao fim, os golos poderão vir a ter uma importância fundamental. A APAF sabe disso e tem garantido até ao momento alguma vantagem na diferença entre sofridos e marcados a favor do Porto. Pelo sim, pelo não. A nós competir-nos-á ganharmos os nossos jogos. Contra golos mal anulados e critérios a favor dos outros. Ontem juntámos mais uns troféus ao pecúlio que vamos amealhando na época: um golo nosso mal anulado e uma bola que saiu de campo a dar golo adversário. Teremos, como há dois anos, de ganhar a adversários mas também a árbitros. Terá de ser à Benfica, o único grande clube português que nunca beneficiou de conluios com o regime fascista. 

Isto independentemente de Jesus continuar a sua saga de teimoso patológico (que um dia vai dar merda, como ontem podia ter dado) e de a equipa não ter jogado um caralho.



Assistências
Gaitán
6
Aimar
4
Saviola
3
Cardozo
2
Witsel
2
M. Pereira
2
Bruno César
1
Luisão
1
Nolito
1
R. Amorim
1



Golos
Cardozo
9
Nolito
8
Bruno César
6
Saviola
3
Rodrigo
3
Witsel
2
Gaitán
2
Luisão
2
Aimar
1

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Rumo ao milhão de fãs no Facebook

Não é costume receber emails do Benfica - exceptuando os momentos em que me vêm informar de que retiraram dinheiro do meu cofre forte. Não recebo convites para apresentações de camisolas, descontos especiais ou outros quaisquer regalos e atenções. É compreensível: as ditaduras não sobrevivem pelo convívio com ideias diferentes. 

No entanto, há cerca de duas semanas, o Senhor António Elias, do Departamento de Multimédia, decidiu incorporar este tasco na lista de blogues aos quais pede a divulgação desse objectivo facebookiano: chegar ao milhão de fãs. Não tenho nada contra; pelo contrário, apoio e divulgo sem pedir nada em troca. Mesmo que o desiderato viesse a ser atingido, com ou sem António Elias e seus apelos. 

E gosto que no Benfica se comece a dar importância a áreas essenciais na divulgação e discussão do benfiquismo, embora tenha de deixar o reparo: os sócios do Benfica não têm só "deveres". Convém relembrar os nossos direitos, na próxima vez que se lembrarem, de, por exemplo, oferecer bilhetes como pãezinhos quentes a quem não cumpre os requisitos essenciais de associado. Fica a ideia.


Como curiosidade, ficam os números de fãs dos três grandes:

BENFICA - 826.059
Porto - 420.202
Sporting - 222.368

Vai aqui, jovem.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Seara, o Coca-Cola killer

Tenho acompanhado com interesse esta novela da vida real chamada Secret Story - não, não me refiro ao programa da TVI, embora lhe reconheça mérito na alienação com que embala um povo já alienado por natureza. Falo do programa da Olivedesportos/Casa da Madalena, as eleições para a Federação Portuguesa de Futebol. Os confessionários e os directos, as entrevistas, o diz-que-disse, a aproximação às famílias, os preferidos, as votações, as expulsões e os mais populares. Tem sido um fartote!

Da participação do nosso Presidente pouco tenho a dizer - cedo me habituei a encarar as suas opções estratégicas como consequências naturais das necessidades prementes individuais e menos, quase nada, como reflexo de uma ponderação política em defesa do Benfica. 

Se Vieira decide, pela segunda vez, apoiar "inequivocamente" um homem que tratava da logística referente ao trânsito de putedo entre as arcas frigoríficas de Reinaldo Teles e os lençóis dos árbitros - a troco de bagatelas a favor do Porto: penáltis inexistentes, expulsões para os adversários, coisas menores -, é para o lado que durmo melhor - é até, embora seja triste, uma situação perfeitamente normal, como diria o poeta que nos afundou numa depressão crónica. 

Eu ainda acreditei no Pai Natal - até o ter apanhado na sanita a fumar um cigarro, com o barrete em cima do bidé e as prendas metidas na banheira, o que claramente indiciava não ser esse o genuíno lapão de quem todos falavam, uma vez que nunca antes houvera sido avistado um saami ausente de renas, mas o meu Tio que gloriosamente se peidava, revelando um odor intestinal que, sem ser Poirot, interpretei no momento como prova irrefutável da sua condição de garboso lusitano. E, que eu saiba, não há registo de um Pai Natal portuga, a não ser aquele outro candidato ao poleiro, de seu nome Carlos Marta, que até oferece lugares a figuras ilustres benfiquistas, assim como aquelas velhas de Cascais que, de quando em quando, vão visitar os pobrezinhos e até lhes dão uma sande de chouriço para ver se os catraios acabam com a berraria.

  
Neste espectáculo degradante - embora de um interesse escatológico-pornográfico! -, chafurda também Fernando Seara, homem que tive o desprazer de conhecer há uns bons anos e que se me revelou na altura tal e qual como no presente: um Marcelino da Gama, filho do "Monstro do Dafundo" e personagem principal nas tramas "Coca-Cola Killer" e "Tubarão 2000" desse que é, esse sim, um benfiquista de espinha apontada para o céu, Maestro António Victorino d´Almeida. Também outra coisa não seria de esperar de um ser que consegue passar as noites envolto no aroma especial dos chinelos bafientos de Judite de Sousa, jornalista nas horas vagas, lambe-pés nas horas incómodas e essencialmente um aborto natural de consequências nefastas.

Temos, portanto, nesta feira de horrores, de um lado um corrupto, do outro um corrompido. E, no meio, abrindo casas pelo país, antecipando eleições para não perder (a democracia é muito irritante), mudando estatutos para que a pinga não deixe de pingar ou recebendo, com honrarias dignas de reis, gajos trajados a roupão e charuto, o bailarino do povo, dançando entre o que a populaça quer ouvir e o que os bolsos lhe pedem. 


Pena é que não haja Teresa Guilherme para um pouco mais de beleza.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Até que fase chegará o Benfica na Champions?

24 em 54 (44 por cento) dizem que até ao fim, até andarmos bezanos, drogados e mancos (das circunstanciais porradas que daremos uns aos outros ) durante 10 dias. Parece-me bem. 

O único receio que tenho é o de apanhar o Sporting numa eliminatória – isso, sim, seria o destruir de um sonho antigo. Ah, espera, o Sporting não está na Champions? Nesse caso, concordo, até ao fim. Mais: até ao fim da Supertaça Europeia, onde, como convém, chegaremos ainda bezanos e drogados – e mancos, naturalmente – de kilt vestido e chapéu de pirata só porque sim. Bela Guttmann, esta será para ti!
 
Depois há 2 trogloditas que dizem que vamos com os nossos cornos para a Liga Europa (e e…), o que claramente corresponde ao voto de gajos que andam pela dita competição a varrer potências planetárias.

8 clamam pelos oitavos, 12 pelos quartos e 6 pelas meias-finais. Há-de estar verdade nisso, só não sei a qual. Vai depender do corte de cabelo do Witsel – se mantiver o globo que tem na cabeça, penso que podemos sonhar. Caso contrário, esqueçam: ficamos pelos oitavos e só ganharemos o Campeonato, a Taça da Liga e a Taça de Portugal. 

O que me dói é ver os dois gajos que acham que vamos à final mas ficamos deprimidos por 50 anos. Ninguém acha que vai à final da Champions perder, caralho. O meu Pai foi a Estugarda e a Viena ver equipas do Benfica infinitamente inferiores aos adversários com um brilho nos olhos e a promessa de me trazer o caneco para casa. Depois, chorou, meteu as mãos na cabeça, pediu-me desculpa. Eu só aceitei porque, em 88, trouxe-me um galhardete do Gerets e, em 90, um cachecol a dizer “Curva Sud San Siro” e a bola colorida do Itália-90. 

Mas alguém acha que, se chegarmos à final, o Luisão não vai agarrar na Taça, meter o Aimar e o Saviola lá dentro e afogá-los em Velho Barreiro?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A fruta nacional contra a crise

- A melhor notícia do fim-de-semana, além da vitória do Benfica, foi a goleada do Porto. Com um resultado tão avolumado, o decrépito Vítor Pereira lá continuará a minar por mais uns meses a equipa que Villas-Boas construiu. A exibição dos portistas foi pobrezinha mas a de Cosme Machado foi genial: dos 5 golos, 2 são em fora-de-jogo, 1 nasce de um livre mal marcado e ficou um penálti a favor do Nacional por marcar. É fruta fresca, esta! Só para lembrar que, num campeonato muito disputado como este provavelmente será, os golos têm uma importância enorme. A Apaf está a par do assunto.

- Li no MágicoSLB estes dados altamente curiosos:

Expulsões (Campeonato Nacional) desde 2006/2007 (157 jogos)

BENFICA - 37
Porto - 14

Expulsões (Europa) desde 2006/2007

BENFICA (61 jogos) - 3
Porto (55 jogos) - 11



Giro, não é? 

domingo, 23 de outubro de 2011

Semear salsa ao reguinho

Este Benfica não sabe jogar mal, mesmo quando não joga bem. Ontem foi daquelas noites em que os adeptos saem do estádio a pensar "se não perdemos pontos aqui, vamos ser campeões", de tal forma pouco apaixonante foi a exibição da equipa.

Tem muita culpa por isto Jorge Jesus, que persiste no erro de arriscar o 442 enfermo com dois avançados pouco pressionantes e um meio-campo sem capacidade de construir jogo. Correu bem, ontem. E essa é a única - embora fundamental - coisa positiva a retirar do jogo de ontem. A questão, no entanto, levanta-se: será que Jorge algum dia vai desistir de querer provar ao mundo que o 442 decrépito funciona? Temos dúvidas. E, por isso, o nosso temor e as nossas incertezas num futuro que, se fosse construído por aquilo que é óbvio, seria necessariamente feliz. 

A diferença que faz, ainda assim, o todo mais ou menos funcionar chama-se Witsel. Com ele, até a teimosia de Jorge pode ir a bom porto. Mas até quando? Quanto tempo mais teremos de esperar até que o mister abdique definitivamente do 442 deprimido e assuma o esquema evidente para os jogadores que tem? Não um, não cinco, não dez jogos, sempre!. Não só nos jogos europeus ou nos internos de maior dificuldade, sempre! O meio-campo formado por um pêndulo (Javi ou Amorim, nunca Matic, que não sabe sê-lo), um criador, construtor, destruidor, entre-linhas, faz-tudo (Witsel, claro, mas também Matic ou Simão) e um criativo pressionante (Aimar, obviamente, mas podendo sê-lo Bruno César, que nas alas só serve para atacar e desleixa os movimentos defensivos) é o meio-campo que faz esta equipa criar do melhor futebol que se vê na Europa. O outro, este deprimente 442, é outra coisa, outra coisa definitiva e assertivamente aquém.

Jogar com Saviola não é o mesmo que jogar com Aimar. Evitem os teóricos da coisa grandes filosofias porque nem Aimar é um avançado nem Javier um médio - quando isto estiver bem entendido, podemos partir para a discussão. O desperdício de talento individual e colectivo é tão grande que dá pena e dói na alma assistir a um grupo de talentosos jogadores resumirem-se a um jogo de bolas pelo ar, perdas e pouca capacidade de pressão, sobretudo os alas Bruno César e Gaitán (que péssimo jogo!), que parece que tiraram bilhete só de ida - o de atacar. 

É importante compreender que nem todos os jogos serão assim, de sorte como o de ontem, e que ao Benfica se exige mais do que aquilo que vimos em Aveiro. Porque esta equipa pode dar mais e porque ao treinador se pede que insista não nas suas teimosias científica e comprovadamente erradas mas na disposição táctica que potencia os excelentes jogadores que tem à disposição. Jogar com mais homens na frente e menos no meio-campo não é sinónimo de melhor qualidade a atacar e muito menos a defender. Jogar como jogou ontem o Benfica é sinónimo de uma equipa partida, sem tempo nem espaço para a criaçao e para o jogo apoiado e entre-linhas, especialmente se juntarmos a isto o facto de o pêndulo que coordena e começa as operações ter estado sentado no banco tendo, no seu lugar, um médio que não foi talhado para jogar em tão importante posição em campo. 

Repito, para que se não perca: Matic não é um 6, nunca o será - chega de experiências comprometedoras. Repito: Bruno César não é um ala - chega de displicências defensivas que custam pontos. Repito: Gaitán só pode jogar se entender que faz parte de uma equipa e que tem de mostrar serviço não só na Europa, em que todos o vêem, mas também nos jogos chatos em Aveiro, em Paços de Ferreira e em Sobral de Monte Agraço.
O mesmo vai para Cardozo que, na Champions, come a relva e no campeonato esquece-se dessa coisa desinteressante que constitui o pressing logo à saída do jogo adversário. Podem estes visados aprender com o idoso Pablito, que não só corre muito como corre bem.

Mais uma vitória, mais 3 pontos, liderança isolada à condição, tudo isso. Mas Jesus inquieta-me.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Os meus Eusébios preferidos - I - 227218

Começa hoje uma viagem pelos blogues que levo agarrados no coração, aqueles que me fazem sentir ainda mais benfiquista sempre que os leio, porque repletos dos condimentos essenciais à degustação tranquila e apaixonada de Benfica. A ordem não é a da preferência (gosto de todos de igual maneira, como dos filhos que não tenho), mas da listinha amaricada à vossa direita.

Sendo assim, hoje falo-vos do 227218, do Diego Armés. Este atleta já veio com currículo antes de chegar ao clube actual. Conhecia-o do excelente Dianabol - no qual partilhava o espaço com um sportinguista, num conceito que infelizmente não se vê muito por aí e devia - e, claro, do BnR B, onde foi magnificamente insultado e elogiado, em proporções desiguais, porque, afinal, aquele era e é um dos piores blogues do mundo. 

Um dia deu -lhe na telha, largou o jogo colectivo, fez-se sócio do Benfica e abriu um blogue com o número do cartão que, mais do que o BI, o identifica enquanto pessoa. Como escrevi um dia, no primeiro post deste blogue (curiosamente também fruto de ter voltado à condição de sócio, após interregno prolongado e dorido): "ainda continuo sem compreender como é que o BI não possui um espaço em que possamos dizer que somos do Benfica". Não sendo possível, o Diego levou o conceito a outros horizontes e decidiu escarrapachar o número de sócio no título do blogue. Quem poderá levantar as armas e culpá-lo?

O 227218 é um espaço que não nos dá actualidade informativa, do estilo: "o Benfica venceu ontem os suíços do Basileia numa performance sólida e competente, alicerçando na qualidade de posse de bola a sua maior estratégia" ou "Maxi Pereira recupera de lesão muscular". Antes, reflecte, infantiliza, brinca, relembra, contrapõe, pensa, bebe, come e vive Benfica pelas veias de um sangue apaixonado e com memória.

Não é um blogue de massas, cheio de anónimos obtusos em masturbações de vidas deprimentes. É um sítio tranquilo, com lareira ao fundo, um bar com livros, música ao vivo, fotos a preto e branco na parede, puffs e gente a puffar. Tem uma varanda longa a percorrer as portadas altas de solar oitocentista, uma luz semi-presente e um ruído de fundo de gente sem pressa a conversar. São 3 ou 4, às vezes 10, em dias de movimento enche a casa, mas sempre com ar clandestino das coisas boas que, em vez de encontrarem os clientes, são encontradas. É um Crew Hassan, se quiserem.

Depois vem o nosso escriba, senta-se numa cadeira num palco de um degrau acima do resto do chão, puxa a guitarra, bebe um gole de gin-tónico e dá-nos música. No fim, saímos devagar, descendo as escadas, cheios ainda dos tons e palavras que ouvimos e lemos. Saímos crianças.  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eu vou dizer todas as semanas que a Tertúlia Benfiquista é que é

Na Tertúlia Benfiquista passam-se muitas coisas, ultimamente quase todas de um desinteresse patológico. Não fosse Pedro Ferreira e o tasco estaria definitivamente entregue à bicharada. Longe vão os tempos em que esse portentoso escriba Leão Eça Cana maravilhava as plateias com pérolas narrativas ou mesmo, apesar da cegueira latente, um Carlos Silva que, no domínio da torrente discursiva, atingia não raras vezes o brilhantismo literário.

Actualmente, no entanto, pululam pelas grutas escabrosas das caixas de comentários autênticos tratados de coisa nenhuma, entre a veneração quotidiana ao grande líder e a profícua e rigorosa vacuidade intelectual. Um mar de zeros, uns em cima dos outros, saltando verticalmente.

Porém - e há sempre um porém! -, não é que hoje, saída dos escombros malditos, se verificou poesia na Tertúlia benfiquista?  Atentem na qualidade argumentativa, na plêiade dos vocábulos, na elegância com que se discute Benfica naquela tasca:


"Águia Eterna: Mais uma vez, e para não variar, FOMOS ROUBADOS pelo grande boi do apitador húngaro.
A expulsão do Emerson é VERGONHOSA e ESCANDALOSA, pois o 2º cartão amarelo não tem razão de existir uma vez que é PURA SIMULAÇÃO do porco suíço que parecia um jogador à porco.

Infelizmenyte o BENFICA, os seus responsáveis vêem, melhor continuam a ver esas situações e COVARDEMENTE continuam a cometer a CABEÇA NA AREIA a fazer que nada aconteceu.
Depois, quando os resultados em função disso começarem a ser NEGATIVOS é que se vêm queixar. Depois da casa ardida vão-se queixar de quê???!!.
é por isso, é por este estado de espírito de CONFORMISMO, RESIGNAÇÃO, etc,etc, que não gosto desta direcção do Benfica nem deste Presidente, embora reconheça que noutros aspectos tenham estado muito bem.
Mas pouco mais serve do que andar a inaugurar Casas do Clube.

quero um BENFICA MJUITO MAIS FORTE, EXIGENTE E DINÂMICO A NÍVEL DA SUA dIRECÇÃO E pRESIDENTE.

BENFICA, SEMPRE.

Nuno Sousa:  Águia Eterna,

você é louco varrido, é burro e parvo. Parvo, porque covarde é você que se esconde atrás de um nick na internet a chamar de covardes aos outros que, mal ou bem - umas vezes mal, outras vezes bem - dão a cara e o nome pelo que fazem.
E agora a culpa das arbitragens na Europa também é da direcção. Burro.

Quanto ao louco varrido, basta ler 2 ou 3 comentários seus para perceber que a medicação já acabou há vários anos em sua casa e ninguém tem coragem de o internar.

Águia Eterna: Espero que este comentário seja publicado, pois apareceu aqui um MENTECAPTO fugido do Júlio de Matos que COVARDEMENTE me insultou. Esse ONTÓFAGO tem nome de "nuno sousa" e queria que essa ALIMÁRIA me dissesse na cara o que diz atrás das teclas.
Enfim, deve lavar-se em vinho e quando escreveu devia estar a olhar-se no espelho.

Seu nuno sousa, você é o maior PALERMA e o MAIOR ÓNAGRO que apreceu nos blogs Benfiquistas.
É por causa de ATRASADOS MENTAIS como você que o Meu BENFICA não consegue ser mais, muito mais do que zmerdings e fóculporcos.

Benfica, sempre,sempre,sempre, o Maior e o Melhor, mas tal só será possível com ADEPTOS E SÓCIOS DE AÇO, FORTES, DETERMINADOS, EXIGENTES, etc, etc,etc, tudo aquilo que esse alimária do nuno sousa não tem.

B ENFICA, BENFICA, BENFICA, SEMPRE. 

Nuno Sousa:  Águia Eterna,

seu rêbo, diga-me lá o seu nome então, em vez de andar a acusar os outros de se esconderem atrás das teclas, apesar de se esconder você próprio atrás das teclas através de um nick.

Quanto a lavar-me em vinho, faço-o com muito prazer, mas só por dentro. O conceito de me lavar com vinho é estranho para mim, que nunca partilhei um quarto consigo no Miguel Bombarda. Também deve esfregar-se com comida, imagino. O corte de custos na saúde resulta nestas situações de altas precipitadas por falta de camas.

Esta alimária terá muito prazer em dizer-lhe na cara o que diz por cima das teclas (se fosse atrás das teclas, teria que estar enfiado dentro do computador e não me dá muito jeito. Imagino que no seu mundo alimentado a prozacs haja gente minúscula que vive dentro dos computadores e lhe carrega no CAPS LOCK inadvertidamente. Se calhar também os culpa pelas vozes que ouve dentro da sua cabeça e lhe dizem para se esfregar com comida).

Águia Eterna
Oh MEMTECAPTO "nunoi sousa" estou a ver que és mais valente do que o hulk. diz-me então onde é que te vou PARTIR O FOCINHO TODO. terei muito prazer em eliminar um benfiquistazinho de aviário que se lava com vinho por dentro e por fora.
Quando me vires só queres é CORRER.

ABRAÇO PARA TODOS OS BENFIQUISTAS A SÉRIO.Para os benfiquistazinhos tipo alimária nuno sousa que continue a ser ONTÓFAGO.

BENFICA, SEMPRE....
Nuno SousaÁguia Eterna,

quanto te vir vou é ter vontade de rir e de chamar a brigada de controlo animal, seu cacófago. És muito valente mas é a bater com o focinho nas teclas, seu rebo.

És um cobardezeco de trazer por casa que passa a vida a ofender tudo e todos, mas quando lhe devolvem na mesma moeda oferece porrada. És um belo subproduto desta piada de país. Diz lá onde é a jaula onde vives, então.
Águia EternaOh COPRÓFAGO nuno sousa, tu deves ser um indivíduo "valentão". diz onde é a rua pocilga que eu vou lá ter. Tu podes contratar a vara pois isso é APANÁGIO DOS COVARDOLAS COMO TU.

Não passas de um benfiquistazinho de aviário covarde. Nunos sousas há muitos.

BENFICA, SEMPRE."



A minha questão é só esta: com tanto e tão variado conhecimento que se pode aprender na Tertúlia, por que caralho estão vocês a ler este blogue?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que ainda vai mal nesta excelente equipa de futebol

Não me levem a mal. Gostei, gostei muito do jogo de ontem. Teremos tempo para discutir o que está bem no Benfica. Mas hoje apetece-me incidir sobre o que ainda não está oleado:

1) Emerson - o grande problema. Escrevi ontem por aí que Emerson é o pedaço de fígado perdido entre bifes de alcatra. Não sei dizer de outra forma. Mas vamos ter de comê-lo até ao fim. O problema dá-se quando forem os outros a devorá-lo. Como ontem, com o Shaqiri. E como no futuro, sempre que o adversário não for um Paços de Ferreira.

2) Zona central à frente da defesa - são várias as situações em que aparecem dois, três jogadores adversários à entrada da área, com possibilidade de rematar ou fazer passes de ruptura. O problema não está nos médios Javi Garcia ou Witsel mas na fraca solidariedade dos alas Bruno César e Gaitán com os laterais do seu lado, que obriga a que os médios se desloquem e abram espaços no meio. Quando a defesa, especialmente Luisão, não tem tempo de reacção, o perigo agudiza-se proporcionalmente à qualidade da equipa opositora. Artur - que é bom, não tão bom quanto Roberto, claro, que esse sim era garante de pontos - nem sempre será a salvação. A melhorar.

3) Finalização de Gaitán - o jogo do Benfica permite várias trocas posicionais nos movimentos ofensivos. Em muitos deles, o desequilibrador Gaitán acaba isolado ou em excelente posição para o remate. Melhorar a capacidade finalizadora do argentino é, por isso, fundamental para que, em muitos jogos, o Benfica dê a estocada final e evite sustos desnecessários. Recomenda-se meia-hora depois dos treinos com o Cardozo, o Nolito e o Bruno César a servirem de professores.

4) A necessidade de protagonismo de Jesus - o nosso mister adora dar espectáculo, sobretudo quando está a ganhar e especialmente na Europa, em que tem muitos olhos a vê-lo. A cena escabrosa de ontem, pela qual foi expulso, não é um "acto latino", é uma imbecilidade. Menos circo e mais neurónio, Jesus.

5) As explicações de Jesus - dizer que não se arrepende de não ter inscrito Capdevilla porque teve de escolher entre este e Rodrigo deve servir para uns quantos plagiarem em forma de bajulação mas não serve como argumento. Dando de barato que Jesus tenha tido de integrar Rodrigo no lote para a Champions - embora tivesse, para a posição, Cardozo, Saviola e Nelson Oliveira, para além de Nolito, Bruno César e Gaitán, que podem fazer de segundo avançado -, levanta-se a questão: por que razão não deixar Jardel de fora, fazendo entrar para o seu lugar o espanhol, visto que, como alternativas aos centrais titulares, existem Miguel Vítor e o próprio Javi e para a lateral-esquerda não existe nenhuma. Preferia que Jesus não tentasse fazer dos outros parvos. Mas é um dos seus pecadilhos - julgar ser mais esperto que os outros.

Não vejam neste exercício uma necessidade de criticar por criticar; vejam antes a necessidade - que me parece legítima e saudável - de procurar discutir os pontos mais fracos de uma equipa com muita qualidade. Aliás, é por tê-la e por eu acreditar que, limadas todas as arestas, este grupo poderá vir a dar-nos grandes alegrias no futuro, procuro limpar as impurezas. 

É que esta equipa, meus caros, e este treinador podem fazer História nesta e nas próximas épocas. Basta que se não cometam erros básicos, tanto na forma como se trabalha como nas atitudes que perpassam para fora. E seria uma tormenta assistirmos a tanto talento desperdiçado por não terem sido acautelados pormenores essenciais.