domingo, 25 de setembro de 2011

O cansativo depois

E não é que o Sérgio tem razão? Toca a andar que há mais vida para além da paranóia sportinguista.

Umas coisinhas sobre o Porto – Benfica, desde já avisando que não sou muito dado ao desmanchar das carcaças. O jogo foi um parto muito difícil e apesar dos cinco novos jogadores lançados de início, seria difícil esperar que a equipa conseguisse escapar à memória colectiva e esquecer a época anterior, particularmente os 5-0. Toda a primeira parte, sem menosprezar o valor do adversário, foi o espelho desse estado de alma. Felizmente, a equipa esteve bem, nunca se desconjuntando na organização defensiva e sobreviveu.

A segunda parte foi muito diferente, a equipa melhorou muito, em termos qualitativos e nesse aspecto foi muito superior ao adversário, exemplos são os dois golos e mais uns calafrios oferecidos aos adversários.

Resumindo, acredito que o Benfica tenha crescido competitivamente, dentro e fora do campo, no corpo e na mente. Podem acreditar, jogar nas instalações portistas e sobreviver, qualquer que seja a modalidade, é mais que difícil. Já estive em estádios onde o apoio às suas equipas não anda longe do fervor religioso, indefectível. Jogar nas “casas” portistas, a hostilidade e o ódio são quase sensações físicas. Por muito que os atletas sejam mentalizados para tais ambientes, eles nunca estão preparados, tal o espanto da coisa.

Foi muito mais que um jogo, diria que foi uma batalha ideológica e o facto tornou-se visível depois de o jogo terminar. Desde logo duas ideias: a diminuição do Benfica – jogar para o ponto – e a arbitragem, nomeadamente na palhaçada do uruguaio. Este está há vários na “casa”, sabe como funcionam as coisas. Noutra ocasião, o árbitro Jorge de Sousa teria posto Cardozo na rua – lembram-se da expulsão do paraguaio em Braga, no balneário? — o uruguaio, sabendo-o, lançou o isco. Que Jorge de Sousa não tivesse mordido, pode ser um sinal da complexidade dos tempos que vive o futebol português.

Outra questão foi a irrepreensível actuação da PSP portista, cuja passividade e colaboracionismo anteriores patrocinaram as calorosas recepções proporcionadas aos benfiquistas. Também aqui parece haver algo de diferente, talvez resultante da mudança de ciclo político e das condições vividas no país.

Veremos.

2 comentários:

Constantino disse...

Caro Armando,

Por muito que tente, não consigo separar a decente arbitragem, a falta de paralelipipedos no relvado, o não apedrejamento do autocarro, o hastear da bandeira do SLB, o fim do "visitante", o comportamento da PSP ou a entrada dos nossos adeptos a horas da presença de um observador da UEFA no estádio. O que me leva a pensar isto foi a diferença de tratamento que tivemos em braga na epoca passada no jogo do campeonato (parecia que estavamos no dragao)e depois no jogo da liga europa (tudo normal).... aquela gente é irremediavelmente cobarde...

Armando disse...

Caro Constantino,

O poder portista é resultante de uma máfia, constituída por algum poder económico da região, políticos e intelectuais conhecidos, sectores da polícia e da justiça. Trata-se de uma máfia "sociológica" e tratando-se do futebol, os criminosos objectivos são socialmente aceites por uma cultura de mercadores, onde a corrupção fazia parte do preço das mercadorias.

Dê alguma atenção ao que escrevi sobre a polícia e a arbitragem, talvez a minha ideia que possam vir dias diferentes não passe disso, de uma expectativa. No entanto, acho conveniente que os benfiquistas fiquem espertos e atentos aos sinais. As coisas nunca acontecem por casualidade.