domingo, 23 de outubro de 2011

Semear salsa ao reguinho

Este Benfica não sabe jogar mal, mesmo quando não joga bem. Ontem foi daquelas noites em que os adeptos saem do estádio a pensar "se não perdemos pontos aqui, vamos ser campeões", de tal forma pouco apaixonante foi a exibição da equipa.

Tem muita culpa por isto Jorge Jesus, que persiste no erro de arriscar o 442 enfermo com dois avançados pouco pressionantes e um meio-campo sem capacidade de construir jogo. Correu bem, ontem. E essa é a única - embora fundamental - coisa positiva a retirar do jogo de ontem. A questão, no entanto, levanta-se: será que Jorge algum dia vai desistir de querer provar ao mundo que o 442 decrépito funciona? Temos dúvidas. E, por isso, o nosso temor e as nossas incertezas num futuro que, se fosse construído por aquilo que é óbvio, seria necessariamente feliz. 

A diferença que faz, ainda assim, o todo mais ou menos funcionar chama-se Witsel. Com ele, até a teimosia de Jorge pode ir a bom porto. Mas até quando? Quanto tempo mais teremos de esperar até que o mister abdique definitivamente do 442 deprimido e assuma o esquema evidente para os jogadores que tem? Não um, não cinco, não dez jogos, sempre!. Não só nos jogos europeus ou nos internos de maior dificuldade, sempre! O meio-campo formado por um pêndulo (Javi ou Amorim, nunca Matic, que não sabe sê-lo), um criador, construtor, destruidor, entre-linhas, faz-tudo (Witsel, claro, mas também Matic ou Simão) e um criativo pressionante (Aimar, obviamente, mas podendo sê-lo Bruno César, que nas alas só serve para atacar e desleixa os movimentos defensivos) é o meio-campo que faz esta equipa criar do melhor futebol que se vê na Europa. O outro, este deprimente 442, é outra coisa, outra coisa definitiva e assertivamente aquém.

Jogar com Saviola não é o mesmo que jogar com Aimar. Evitem os teóricos da coisa grandes filosofias porque nem Aimar é um avançado nem Javier um médio - quando isto estiver bem entendido, podemos partir para a discussão. O desperdício de talento individual e colectivo é tão grande que dá pena e dói na alma assistir a um grupo de talentosos jogadores resumirem-se a um jogo de bolas pelo ar, perdas e pouca capacidade de pressão, sobretudo os alas Bruno César e Gaitán (que péssimo jogo!), que parece que tiraram bilhete só de ida - o de atacar. 

É importante compreender que nem todos os jogos serão assim, de sorte como o de ontem, e que ao Benfica se exige mais do que aquilo que vimos em Aveiro. Porque esta equipa pode dar mais e porque ao treinador se pede que insista não nas suas teimosias científica e comprovadamente erradas mas na disposição táctica que potencia os excelentes jogadores que tem à disposição. Jogar com mais homens na frente e menos no meio-campo não é sinónimo de melhor qualidade a atacar e muito menos a defender. Jogar como jogou ontem o Benfica é sinónimo de uma equipa partida, sem tempo nem espaço para a criaçao e para o jogo apoiado e entre-linhas, especialmente se juntarmos a isto o facto de o pêndulo que coordena e começa as operações ter estado sentado no banco tendo, no seu lugar, um médio que não foi talhado para jogar em tão importante posição em campo. 

Repito, para que se não perca: Matic não é um 6, nunca o será - chega de experiências comprometedoras. Repito: Bruno César não é um ala - chega de displicências defensivas que custam pontos. Repito: Gaitán só pode jogar se entender que faz parte de uma equipa e que tem de mostrar serviço não só na Europa, em que todos o vêem, mas também nos jogos chatos em Aveiro, em Paços de Ferreira e em Sobral de Monte Agraço.
O mesmo vai para Cardozo que, na Champions, come a relva e no campeonato esquece-se dessa coisa desinteressante que constitui o pressing logo à saída do jogo adversário. Podem estes visados aprender com o idoso Pablito, que não só corre muito como corre bem.

Mais uma vitória, mais 3 pontos, liderança isolada à condição, tudo isso. Mas Jesus inquieta-me.


17 comentários:

Diamante disse...

Boa análise. Não sei o que se vai na cabeça do Jasus para inventar sempre que a equipa começa a engrenar. Está visto que o Benfica deve jogar em 433, para quê mudar isso? É teimoso o gajo!! Não falaste no Emerson. Horrível. No principio dei o benefício da dúvida e achei que as análises aqui no blog foram muito crueis mas tenho de te dar razão, o Emerson não é para este nível. Perde bolas, vai a correr atrás dos colegas em vez de abrir linhas de passe, até o Balboa parecia o Messi ao pé dele! Mas ganhámos e isso é que interessa. Amanhã espero que os porcos percam por muitos.

Anónimo disse...

ta calado oh urso vai mase falar do rego da tua mae palhaço...o cabrao do arbitro esse palhaço nao falas tu ne filho duma puta

Mentecapto da Silva disse...

Bêbado, fiz bem em não deixar de acreditar em ti. Análise quase perfeita.
Vamos ao quase.
Agora que pareces ter assimilado os rudimentos (tácticos) do futebol, estás preparado para receber nova preciosa informação.
Antes, uma ressalva: ontem alinhámos num 4-4-2 clássico e não no 4-1-3-2 que só terá resultado porque, efectivamente, tivemos Witsel.

Agora os reparos (ou considerandos):
Assente que está dever a equipa alinhar num 4-2-3-1, chegou a altura de te revelar o porquê de o ter diferenciado do teu 4-3-3. Não é um preciosismo.
E a diferença chama-se Pablo Aimar.
Dentro do 4-3-3, o que melhor potencia as qualidades do plantel, em termos de um onze mais sólido, é o 4-2-3-1. Tens um 6 (Garcia), um 8 (Witsel) e um 10 (Aimar). Sem inventar.
É bom que tenhamos a consciência que temos um plantel constituído por Aimar e pelos outros e, nestes últimos, só Gaitan e Bruno César poderão aspirar a falar a mesma linguagem do "mago".
A questão é agora a de saber como jogar (jogos a sério) sem Aimar, conhecidas que são as suas debilidades físicas. Aí terás que abandonar o 4-2-3-1 e apostar num deliberado 4-3-3 (que, tradicionalmente, não terá que comportar um 10, de que é exemplo flagrante o fcp) com Javi (6), Matic (8) e Witsel (não propriamente o teu "criativo pensante" mas o médio que possa ter essa cultura).
Que possa J.J. dar-me (de novo) ouvidos.
Contra o Olhanense dou-lhe autorização para persistir com a teimosia e utilizar o 4-4-2, com Cardozo e Saviola, obviamente.

Diego Armés disse...

De acordo em tudo, sim senhor. Gostava de acrescentar só duas coisinhas. O Beira-Mar surpreendeu-me, não foi uma pêra doce (aquela equipa com um bom finalizador poderia ser um caso sério). E gostei muito do jogo do Garay (o que não é bom - nós, contra o Beira-Mar, nem devíamos dar por ele), esteve sempre seguro, tranquilo e no sítio certo.

PS - Dois jogos consecutivos com o Emerson a fazer-me corar de vergonha... Não sei que te diga. Se calhar tens razão, pronto.

pedro oliveira disse...

Excelente análise, sem referir o óbvio.
Foi um jogo que o Benfica venceu a meias entre a arbitragem e o rego, o Rego.
A último guarda-redes a que vi oferecer um jogo,jogava nas Aves (um tal Nuno) se perdesse o Porto seria campeão; o tal Nuno encaixou quatro fez descer o Aves e fez do Porto campeão (como prémio seria contratado para a época seguinte).
Este Rego,abriu-se (à espera de uma contratação lampiã?... veremos).
Nota final; para criticar o despropósito da banda sonora; Vitorino é um sportinguista a preto e branco; preto como a roupa que veste no Outono e no Inverno, branco como a que veste na Primavera e no Verão,também,verde como a esperança que carrega no coração.
O título certo seria: "plantar papoilas no reguinho";que a salsa é verde e não se vende...

Ricardo disse...

Diamante, a minha opinião sobre o Emerson vem desde que ele entrou em campo pela primeira vez com a camisola encarnada. Dei-lhe benefício da dúvida por uns jogos e depois conclui coisas. A realidade trata-se de concluir o resto. Não vou estar sempre a falar no Emerson em todos os jogos. Seria chover no molhado. Façam vocês isso por mim.

Mentecapto, esse tom não te fica nada bem. Pareces o Cavaco, que nunca se engana. Sobre o conteúdo, não dizes nada de especial nem de novo mas és bem-recebido à mesma. Formaliza o nick para sabermos que mentecapto só há um - tu e mais nenhum.

Diego, sem dúvida, uma equipa bem organizada. Mas também lhes facilitámos o trabalho.

Pedro, essas insinuações sobre o profissionalismo de um jogador só te ficam mal e dizem de ti muita coisa. Mas compreendo: não será nada fácil largar o estigma de calimero que a generalidade dos adeptos do teu clube tem. Mas podes fazer um esforço e ser verdadeiramente diferente. E, já agora, acrescentar qualidade aos posts que comentas. Isso que fizeste servirá para um fórum entre putos de 12 anos, não para um senhor bem instalado na vida e na idade como tu, pá.

Informação adicional - Andebol (iniciados):

Benfica - 53
Sporting 16

pedro oliveira disse...

Caro Senhor (Ricardo),

Esqueci-me que o ilustre tinha o exclusivo da ironia.
Prometo que comentarei todos os futuros «posts» com a seriedade que este espaço exige e fomenta (como podemos ler, por exemplo, no «post» sobre a Tertúlia Benfiquista).
Nota 1. Vitorino é mesmo adepto do Sporting (pode confirmar)
Nota 2. Nuno era mesmo guarda-redes do Aves.
Nota 3. Nuno foi mesmo contratado pelo Porto depois de sofrer quatro golos (o Benfica podia vencer esse campeonato se o Aves vencesse o jogo [ficaria na primeira divisão ou liga ou lá o que é])
Nota 4. A salsa é verde e as papoilas são encarnadas/vermelhas embora não saltitem...
Nota 5. O meu comentário anterior estava carregadinho de ironia e bom humor

artnis disse...

pedro oliveira

Uma jogada muito parecida, com igual falhanço do pontapé protagonizada pelo Rui Patrício à relativamente pouco tempo, e que só por mera sorte passou ao lado do poste, ter-lhe-ia merecido a mesma ironia ...?!

ou isso é só uma mera obcecação por tudo o que é vermelho?!

LDP disse...

Frescos como alfaces é ve-los a reabrir os olhos e a despontarem de debaixo das pedras como cogumelos.

A falta de hàbito destas andanças dà azo no entanto, a que nao se saibam comportar. Mas sao sempre um espectàculo. E gràtis.

Obrigado Pedro Oliveira.

(Este meu comentàrio é cheio de bom humor portanto nada de fel e veneno se houver dignidade para uma resposta. Espero somente palavras candidas e um foot massage)

pedro oliveira disse...

Artnis, folgo em "ver-te" por aqui.
O falhanço do Rui foi motivado por um ressalto da bola num tufo de relva que estava "fora de jogo" (estava no estádio, não vi, na altura, e só na televisão, o desculpei).
O puto não teve culpa nenhuma nesse lance.
E agora (muito importante) vou fazer um "mea culpa" o Rui Rego não tem culpa nenhuma no lance, confiei, erradamente, naquilo que os três diários desportivos contaram... peço desculpa.
Outra situação, a questão da camisola de "Balboa" será que não há ninguém no Benfica que explique as regras do futebol ao "Jasus" para o poupar ao ridículo?

Ricardo disse...

Pedro, quais é que são as regras do futebol? Explica-nos lá, que nós não sabemos. O que sabemos é que há pouco tempo um jogador do Benfica levou um amarelo por coisa menos grave, embora parecida.

Quanto ao teu humor, só posso dar-te um conselho: deixa de ver Malucos do Riso.

Mr. Shankly disse...

Acho que tens razão, Ricardo, mas o problema deve passar pela gestão do plantel. Aimar não pode jogar sempre, e para jogar o Bruno César a 10 tinha que jogar o Gaitan (que também precisa de descanso). Acho que o grande erro de Jesus foi ter prescindido de Martins. A lesão do Enzo Perez também não ajuda.
Achei a equipa cansada, com excepção de Witsel, Cardozo e Saviola. Tivemos sorte, mas não me lembro de uma ocasião clara do Beira-Mar, a não ser aquela em fora-de-jogo (deve ser disto que o pedro oliveira fala, quando diz que a vitória foi a meias entre o rego e o árbitro).
Outra coisa, pedro: nesse ano do Aves, quem era campeão era o Sporting. Só para que conste.

LDP disse...

E o meu foot massage?

Unknown disse...

Uma opinião contra a corrente, eu não acho que o 442 esteja morto, agora depende dos artistas que se colocam a jogar, sem o maxi nem o capdevilla, sem o enzo pérez e com jogadores com pouco ritmo como o ruben, o matic, o saviola e outros muito desinspirados como o nolito e o cardozo, qualquer que seja o esquema torna-se menos eficaz. Mais, é preferível que a equipa saiba jogar em sistemas diferentes para poder mudar a táctica caso o adversário seja capaz de anular uma delas. Quanto ao emerson, quando o balboa faz dele gato sapato, quando a atacar em vez de ganhar a linha vai para cima do ala, penso que não vale mais a pena gastar qualquer tecla com esse tipo, pois é mau demais para ser verdade

Constantino disse...

Caro Ricardo,

Desta vez não estou muito de acordo contigo (tens direito a dar-me 2 chibatadas, não mais que isso).
Dizes tu que o 4-4-2 do jesus está efermo. Não concordo, ele está morto. Enquanto tu clamas por um cardiologista eu ando à procura de um médico legista... ou seja, o tipo que operou o joelho do izmailov.

Abraço.

Ricardo disse...

Shankly, concordo que houve um erro mas não esse - o Urreta devia ter ficado.

Bcool, compreendo o que dizes, faz sentido ter 2 sistemas de jogo bem trabalhados. Mas a prioridade tem de ser o 433 e não o contrário. Se o Benfica consegue criar mais espaços nesse sistema, se defende melhor, se desequilibra mais, se joga melhor e mais bonito, se nesse sistema a bola corre tranquila, em apoio, para quê inventar outras soluções? A ideia do Jesus deve ser, imagino, a tentativa de em 442 colocar mais gente junto à defesa dos adversários que se fecham mais. O problema dessa ideia deriva de um erro de pensamento: "meto mais gente na área adversária, logo crio mais perigo", que é um conceito errado porque o jogo faz-se, acima de tudo, do que os homens de meio-campo conseguem criar. Se não há dinâmica no miolo, se não há quem pense o jogo e quem crie espaços e desequilíbrios, os 2 gajos da frente ficam sozinhos sem participação activa no jogo, exceptuando momentos raros de transições rápidas. Temos um problema grave: a nossa esquerda não tem dinâmica, sobretudo o Emerson que ainda está a tentar perceber os movimentos ofensivos (embora esteja bem melhor). Eu só imagino esta equipa com o Coentrão. Deixem-me sonhar...

Tens toda a razão, Constantino, mea culpa. Podes chibatar-me, mas devagarinho que tenho dormido mal. Abraço.

SLB4EVER disse...

Foi um jogo muito fraquinho e com pouca emoção, jogadas de interesse tb escassearam. Claro que o objectivo foi conseguido e esta vitória de serviços mínimos até acabou de surgir de forma natural e sem grande contestação. Faltou no entanto imprimir um ritmo de jogo mais elevado em certos momentos e isto pareceu ser muito por opção táctica, até parece que jogadores e treinador perceberam que para ganhar não é preciso correr feito loucos o jogo todo e agora se está a cair no extremo oposto.

Partilho da mesma opinião acerca do 442, para este plantel o 433(ou derivado) é mais adequado e os jogos efectuados provam isto, basta comparar a qualidade de jogo resultante entre sistemas. Neste jogo em particular o Matic e o Witsel(o melhor) cumpriram, já nas alas o B.César e o Nolito acho que foram muito penalizados por este sistema(442 classico), eles decidem jogos é a jogar mais avançados, estão longe de ser médios ala, ñ percebo esta insistencia, o péssimo jogo de Nolito porém não passou só por aqui e espero que ele coloque as ideias no sítio rapidamente. Na frente o Cardozo fez o seu trabalho mas o Saviola enquanto permaneceu lá á frente pouco fez, apenas quando e bem recuou apareceu a fazer a diferença, o que não percebo é porque a jogar neste sistema ele não faz isto mais vezes, tanto para construir como para pressionar.

Faltar Aimar ñ pode servir de desculpa para nada e entre B. César, Gaitán e D.Simão temos boas alternativas, o futuro por aqui deve passar, ou será que se vai assitir á compra por atacado de mais jogadores para esta posição? Para além dos mencionados ainda temos mais uns quantos emprestados por esse mundo fora...

Quanto ás laterais da defesa o Amorim fez o mau jogo que já esperava, não acrescentou nada no ataque e na defesa teve uns lapsos que podiam ter corrido mal, para isto prefiro ter o Miguel Vitor que mostra mais tranquilidade e cabeça na defesa, tb não gostei do jogo do Emerson q a continuar assim não irá conquistar o lugar.

Essa do Gaitán precisar de descanso( Mr. Shankly) é q não concordo nada, tem sido poupado em jogos, foi á seleção mas não jogou e tem 23 anos. O que acho é que precisa de deixar de ser menino, se tem insuficiencias físicas que se trabalhe este aspecto, está em alta competição e recebe fortunas, ñ há desculpas para não apresentar uma boa condição física e ser displicente em certos jogos.

O próximo jogo para a taça vai ser com a Naval, gostava de ver aqui testado um 433, com o Matic, Witsel e D.Simão no meio campo e na frente, Oliveira, Rodrigo e +1.

E venha a Olhanense e o regresso á boas exibições!