terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Limpinho



Este sim, este foi o derby mais limpinho dos últimos anos. Vitória justa, escassa, arbitragem de bom nível e duas equipas leais. Assim dá gosto ver futebol.

A nossa vitória foi tão clara, justa e escassa que facilmente se condensam os 90 minutos num só pensamento: Leonardo Jardim mudou e perdeu, Jorge Jesus manteve e venceu. Simples assim.

Como havia dito no dia de ontem, os técnicos optaram por manter as escolhas para início de jogo. Não obstante, se é verdade que o Benfica apresentou o 11 e estratégia mais lógicas, o mesmo não podemos dizer do Sporting. Leonardo Jardim alterou as figuras do seu “11 tipo” (por obrigação, mas também por opção), mas mais importante que isso, alterou também o seu habitual figurino táctico. Apareceu no jogo da forma que eu menos esperava, ou seja, organizado num 4x4x2 clássico e semelhante ao do Benfica, com André Martins descaído para a ala direita, com Heldon pela esquerda e com uma dupla atacante constituída por Montero e Slimani. Não esperava que Jardim actuasse de início num 4x4x2 clássico por duas razões: 1 – Ao faze-lo perderia a vantagem numérica a meio-campo que o seu sistema habitual lhe permitia e 2 – Porque sempre que opta por este sistema (normalmente na fase final de cada partida em que se encontra com resultado desfavorável), o timoneiro verde e branco fá-lo sempre recorrendo a dois alas puros, coisa que não apresentou no 11 inicial de hoje.

A juntar a alguma “confusão táctica” lançada por Jardim, a equipa entrou em jogo demasiado ansiosa e a acusar o momento de se encontrar em casa do grande rival a discutir a liderança. Por tudo isto, Leonardo Jardim só venceu uma das apostas iniciais: Heldon. Com efeito, o ex-Marítimo fez a cabeça em água a Maxi. O Cabo-Verdiano foi, de longe, o elemento mais esclarecido e que mais dificuldades criou ao Benfica durante todo o jogo, expondo a já conhecida fragilidade defensiva do lateral Uruguaio, mas também alguma e preocupante debilidade física do nosso guerreiro.

Do nosso lado, a equipa entrou com uma personalidade e determinação tremendas, assumindo o jogo e expondo toda a ansiedade da juventude leonina no jogo. Enzo e Fejsa foram tremendos na luta pelo meio-campo e claramente superiores a Adrien e Dier (até por aqui estranhei a opção táctica de Leonardo Jardim). A velocidade imprimida por Markovic, Rodrigo e Gaitan fez o resto. Gaitan e Enzo foram os maestros do belíssimo tango que hoje dançamos, ainda que sem par.

Fomos uma equipa coesa, com linhas juntas e que impediu a circulação de bola do adversário que, com défice de qualidade no miolo, foi incapaz de construir de forma satisfatória, obrigando o Sporting a optar pelo jogo directo onde Garay, Luisão e Fejsa foram donos e senhores do espaço aéreo.

Esta capacidade de juntar linhas é facilitada pela dupla Lima-Rodrigo que são extremamente eficazes na ajuda ao sector intermédio da equipa na função de condicionar a saída de bola adversária. Esta dupla permite uma maior coesão colectiva que qualquer outra dupla que tenha na sua composição Cardozo.

Lima pode andar afastado dos golos, mas tem sido tremendo no trabalho colectivo e o principal responsável pelo ressurgimento do melhor Rodrigo, pois apresenta uma amplitude de movimentos muito superior ao Paraguaio, o que facilita a abertura de espaços para as entradas desde trás do avançado Espanhol.

Com isto não menorizo a capacidade goleadora e características individuais de Tacuara. Antes considero ser esta a dupla mais adequada para este tipo de jogos.

Gostaria ainda realçar, mais uma vez, a fantástica evolução do nosso menino d’oiro dos Balcãs. Que era rápido, bom tecnicamente, genial na desmarcação e empolgante na condução, já todos sabíamos e facilmente o verificamos. Mas este Markovic está incomparavelmente melhor que o Markovic do golo genial em Alvalade na primeira volta. Tal como já tinha demonstrado frente ao FCP no mês passado, o jovem prodígio já revela uma maturidade táctica muito assinalável. Markovic já não é só aquele talento selvagem que chegou ao Benfica em Junho. Hoje é um jogador que compreende o colectivo e que se faz compreender ao colectivo. Markovic já não é um jogador de momentos, é hoje um jogador de e para todo o jogo. Parabéns a ele pela evolução e a Jorge Jesus pelo trabalho.

Fica ainda, e novamente, um amargo de boca e incredulidade por mais uma tentativa de substituição depois dos 90 minutos e com o mesmo protagonista de sempre: André Gomes. Foi ainda algo incompreensível ver Jorge Jesus fazer entrar Ruben Amorim por troca com Rodrigo procurando dar consistência ao meio-campo e com isso controlar melhor o jogo, coisa que concordo, para minutos depois fazer sair Enzo para entrar Cardozo, voltando assim à procura da vertigem numa altura que se pedia cérebro.

P.S. No dia de ontem, o Sporting anunciou, através de comunicado, que iria comparecer ao jogo de hoje na Luz. Apetece perguntar: Com que fundamento alteraram a decisão? E falta de comparência não é punida com derrota por 3-0?

4 comentários:

Anónimo disse...

E lá tinha de vir a crítica velada, à la cobardolas! Afaga com uma mão e bate com a outra!
Mas hoje não há críticas ao Vieira? Hoje é só ao Jejum por não ter feito como tu farias se estivesses no lugar dele!


luis disse...

O papagaio do 33º após o jogo com uma equipe riscada veio ao fim dumas horas comunicar que os "arrebites" já estão fora do seguro...apesar da obra só estar paga em 2024, após mais 53 derbis, os estragos já não estão cobertos. Por falar em cobertos, no sp. da covilhã há lã virgem e gelo para anal gésico...
Tão fraquinhos com um remate à baliza a meio da segunda parte... nem o celtic a jogar de saias :)

nota: o don esteve muito ansioso para brindar com meia dúzia de doces sem apertar muito;)

Limpinho...

Benfica Todos Tempos

Kiddo! disse...

Fizemos grande jogo!
Não discuto a competência táctica do JJ porque não percebo de bola a esse ponto. Mas de uma coisa percebo e vou falar: de "homo sapiens gabarolis"! Essa raça muito comum e da qual temos dois belos espécimes no nosso clube. São eles JJ e seu mestre LFV! Mal acabou o jogo logo veio LFV a público para mais uma das suas intervenções de apelar ao coração dos benfiquistas, que é como quem diz, aos gajos que lhe enchem os bolsos! Eu gostava de vê-lo era após as derrotas a dar o peito às balas!! E logo depois, JJ com a sua habitual soberba! Se para o gajo já é difícil falar quando perde, mais difícil é quando ganha! Incha o peito e ...PUMBA!! Humilha qualquer adversário no seu português macarrónico!
Resumindo, JJ e LFV são uns vaidosos e arrogantes do caralho e isso mete-me nojo!

JVicente disse...

Este jogo fez-me lembrar o Porto. E os últimos anos, em que nos agachamos sempre que com eles jogamos. E como entrávamos logo a perder, ainda que tivessemos equipa para discutir o jogo, por mudar a filosofia em função do adversário (com todo o desnorte daí advindo). Estou feliz porque o Benfica fez um grande jogo mas triste porque não deixo de sentir que o Benfica jogou à Porto.