sábado, 5 de agosto de 2017

Balanço para o Arranque da Época



Arranca hoje o campeonato e a pré-época mostrou-nos os três grandes de forma muito distinta.

O Benfica fica como o Vendedor – vendeu três jogadores chave e não contratou ninguém para os substituir.
O Sporting como o Comprador – várias aquisições, vários nomes sonantes e nenhuma venda realmente marcante.
O Porto é o Discreto – Virado para dentro com as portas praticamente trancadas.
Finda a pré-época considero que o Porto se sagra como o campeão desta, o Benfica mantém o estatuto de mais forte concorrente ao título e o Sporting foi uma enorme trapalhada.

Começando pelos de Alvalade.

A aposta de Bruno de Carvalho foi mais um “tudo ou nada”. Encher o plantel de caras novas e nomes sonantes.
No futebol do Sporting parece só haver duas vozes e a dupla instaurada, Bruno de Carvalho e Jorge Jesus, está destinada à barracada.

A pré-temporada pareceu planeada à bruta. Consideraram ser esta a melhor preparação enquanto não cabeça de série da eliminatória da Champions.
Os jogos pareceram todos muito forçados e sem qualquer espaço para os novos jogadores se integrarem e afirmarem.

Nesta altura o Jorge Jesus pode montar um excelente 11 e é indubitável que tem mais banco que há 3 meses.
O grande problema é serem mais as incógnitas que as certezas.
A incerteza sobre a presença na fase de grupos da Champions é só mais um motivo desestabilizador da formação do plantel leonino.
Por exemplo, a época começa amanhã e o Jorge Jesus ainda não sabe se vai contar com o meio-campo da época passada ou se vai ter de instaurar mudanças radicais.

À data não vejo ainda processos de jogo definidos, rotinas criadas nem qualquer identidade. A pré-época foi desaproveitada e muito por culpa da aventura do Jesus no 3-4-3. Mais uma invenção do mestre. Deixar sair o Paulo Oliveira, ainda por cima com um sistema de 3 centrais a ser trabalhado, só pode ser incompetência.

O grande destaque é o Bruno Fernandes. Mas terá espaço caso não haja vendas?
O mais entusiasmante no Sporting será quando a bola a rolar entre o Gelson, o Podence e o Bruno Fernandes.

Dúvidas:
Condição física do Mathieu. A dupla com o Coates funciona?
Bryan Ruiz vai ser integrado? Desaproveitado?
Doumbia vai sentar o Podence ou ser desestabilizador no banco?
Os capitães de equipa ficam no plantel?
Que táctica?
O Coentrão aguenta a época?
O Piccini acrescenta alguma coisa? Vai ter cobertura?

Com mais organização e ponderação estou convicto que este Sporting poderia ter feito uma pré-temporada que lhe permitisse chegar agora muito forte.
Mas com o Jorge Jesus é tudo á velocidade da luz.


Quanto ao Porto considero que o Sérgio Conceição fez até agora um trabalho de enorme respeito.
Sabia ao que vinha e trabalhou com o que lhe deram.

Recuperou jogadores emprestados, olhou à equipa B, deu confiança aos jogadores do plantel e trabalhou para tirar o maior proveito dos recursos à disposição.
Não sou fã do futebol que está a ser implementado mas reconheço o mérito do trabalho que está a ser realizado.

O Porto foi o único a mudar de treinador e mesmo assim é para já a equipa tacticamente melhor preparada para o arranque do campeonato.

Muitos adivinhavam o descalabro pelas restrições orçamentais da Uefa mas eles souberam trabalhar sob estas circunstâncias.

Organização, calma e muito trabalho. Enquanto os rivais andavam com os holofotes o Porto trabalhou com toda a discrição. Tudo muito ponderado.

A distribuição dos amigáveis foi feita de modo a conferir ao treinador tudo o que precisava: Competitividade, motivação e minutos para integrar e trabalhar todos os jogadores.

Tacticamente este é um porto sem grandes segredos. Pressão alta, explorar o erro do adversário e atacar com lateralizações e cruzamentos para os dois tanques que estão apontados à baliza.

É um Porto muito para consumo interno.
Um adversário de qualidade que favoreça a progressão no terreno em posse irá causar sempre grandes problemas à defesa portista.

Com bola este Porto vai ser sempre um perigo enquanto durarem as pilhas. Sem bola só vai ter a primeira fase de pressão, a qual também está dependente das pilhas.

A grande debilidade é sem dúvidas a construção do plantel. Só 14 jogadores para o 11.
Falta profundidade.

A dupla de centrais é provavelmente a mais forte do campeonato. O Filipe é bom e é um central à Porto.
O Ricardo dá outra vida à lateral direita portista.
O Danilo é um monstro.
O Oliver é pura classe.
Corona e Brahimi são craques. A grande vitória do Conceição e o elemento mais perigoso deste Porto é ter o argelino a progredir com bola desde o centro do terreno.
O Aboubakar é um excelente avançado e já está oleado com o Soares.

Contudo, os centrais não têm cobertura (o que vale o Reyes?), o Danilo não tem substituto, a táctica só funciona com o Oliver a criar as linhas de passe e a única alternativa à dupla de avançados é o jovem Rui Pedro.
O sistema de jogo está demasiado dependente dos interpretes disponíveis.

Estou convicto que vão afundar o Estoril e que depois tudo dependerá do cansaço, suspensões e lesões.


O Benfica é o mais forte mas está indiscutivelmente mais fraco que no ano passado.

A maior fragilidade do Rui Vitória é o modo como trabalha o processo defensivo. Basicamente é inexistente.

Dos 6 titulares só ficaram os 3 com maiores limitações físicas – Luisão, Fejsa e Grimaldo.

Ofensivamente somos uma delicia, um poço de criatividade e inteligência. A qualidade dos jogadores nem pede um processo trabalhado.

O factor Jonizzi é fodido.

Algo que me tem desagradado é a quantidade de vozes que regem o nosso futebol.
Quem devia falar está calado. A discussão fica para um par de homens do futebol e a maralha das comissões e favorzinhos.
O pior ainda é ver o sentimento de sobranceria que se instaurou. Não importa quem se vende, quem se compra, quem joga e quem não joga.
Criou-se uma preocupante despreocupação com a qualidade do plantel.

Não consigo entender a despreocupação com que se encarou o reforço do plantel quando desde de Abril se sabia que o Ederson, Semedo e Lindelof iriam sair.

O futebol deste Benfica também não é nenhum mistério. Defendemos com os defesas em autocarro, temos o Fejsa a varrer, ofensivamente temos os rasgos dos velocistas e somos guiados pela imaginação e técnica do Jonas apoiado pela visão do Pizzi.

O Professor anunciou uma alteração táctica para esta época a qual não se concretizou. Já o tinha tentado quando chegou.
No Benfica o Rui Vitória está destinado a criar muito pouco.

Na vertente emocional damos 10-0 aos nossos rivais.
Vitórias alimentam vitórias e o Vitóra alimenta muito este balneário. A sua capacidade de gerir os jogadores e manter este sentimento de união que todos liga é um dos motivos pelo qual partimos à frente.

O espirito de grupo é fortíssimo. O espirito de campeão está vivíssimo. Devemos isto aos títulos, ao símbolo e ao Rui Vitória.

Quanto ao plantel:

Na baliza falta o reforço. As fichas foram todas para o André Moreira mas no momento da decisão o futebol prevaleceu sobre o agenciamento. Perdeu-se muito tempo e agora dependemos da débil condição física do Júlio César.

Na direita saiu o Semedo e a aposta foi no Pedro Pereira. Mais um falhanço. Seja pela qualidade do jogador ou pela preparação do mesmo, quem tem de o avaliar falhou. O Almeida segura as pontas mas o Buta não é deste campeonato. Perdeu-se tempo e agora andamos a tentar fechar negócios para os quais o timing já passou.

Na esquerda tem de haver Grimaldo. É craque. O Eliseu tem piada mas é horrível. O Hermes confirmou a sua mediania.

O nosso problema central está nos centrais. A dupla está rotinada mas peca pela qualidade individual. O Luisão é líder mas cada ano está mais frágil defensivamente. O Jardel é um poço de esforço mas muito mediano e o seu pico de forma já passou.
O Lisandro tem o espirito certo mas é defensivamente precipitado.
Precisamos urgentemente de dois reforços, sendo que um deles pode até ser o Kalaica (ainda não tenho opinião formada).
Infelizmente foram necessários os jogos na Emirates para preocupar despreocupado Vieira.

Nas restantes posições é tudo maravilhoso menos o excesso de jogadores e as aquisições dos comissionários.

O Fejsa é intocável. O Samaris, tal como o Lisandro, tem o espirito certo mas falta-lhe futebol. O Filipe Augusto só poder ser solução a 6 mas mesmo aí é fraco.
Um Fejsa sem lesões e um Samaris feliz fechariam a posição.

Nas 5 posições de ataque destaco o Horta, Chrien, Krovinovic, Pizzi, Cervi, Rafa, Zivkovic, Jonas, Seferovic e Mitroglou.
É entregar estas posições às soluções que estes 10 nos dão.

O Chrien e o Kovinovic têm a época para crescer a deslocação do Pizzi para a direita dar-lhes-ia essa oportunidade. Adoro o Horta e este tanto pode jogar a 8 como a substituto do Pizzi.

Defendo o Pizzi à direita porque nos daria um melhor jogo interior, mais força com a bola, mais consistência sem ela e porque assim o jogador estaria mais liberto das zonas de pressão e mais próximo das de decisão.

Vou sempre preferir o Mitro ao Raúl. Tendo um de ser vendido percebo que será o mercado a definir qual. Ficando o mexicano continuamos com um muito bom suplente.

O Seferovic é o nosso grande reforço da época. É muito mais que golos e tenho a certeza que estes vão aparecer jogo após jogo.

Tanto o Salvio como o Carrilo são excelentes jogadores. O argentino é titular do Vitória e vai ficar. O peruano não se conseguiu afirmar e agora já não tem espaço para tal.

O Willock parece-me ser um extremo entusiasmante. Tem potencial mas não tem espaço e este tipo de jogadores necessita jogar. 

É importante reduzirmos o número de jogadores ofensivos para não corrermos o risco de, como na época passada, andarmos a desperdiçar o talento destes.
Nenhum dos nossos extremos ainda se conseguiu afirmar e isso deve-se à obrigação do Vitória de gerir os minutos de todos eles. Os craques tiveram tempo para jogar mas não para darem continuidade aos seus desempenhos.
Rafa, o Cervi e o Zivkovic merecem continuidade, merecem uma oportunidade para se afirmarem definitivamente.

Não esquecer o Arango. Aliás, esquecer o Arango. Mais um sul-americano que veio por interesses alheios aos benfiquistas. Veio e já foi.
Um tachista que elogie comissionários até poderia dizer que este era uma espécie de Jonas…

Depois da febre da aposta na formação parece-me que este vai ser mais um ano em branco nesse capitulo. Neste plantel havia lugar para o Pedro Rodrigues. Não é do gosto do treinador.

Resumindo:
Urgente reforçar a defesa.
Importante investir nos melhores jogadores, não desperdiçar talento.
E, apesar de ser algo maravilhoso de se ver, temos de poder ter um processo ofensivo mesmo que o Jonas não esteja lá para o inventar.

Imaginar as maravilhas que se podem fazer naquelas cinco posições com o Horta, Pizzi, Zivko, Cervi, Rafa, Jonas e Seferovic, entusiasma-me mais do que as noites de Nutícias com a Paula Coelho.

Mas o penta não virá só por tesões. Muito menos um Benfica de Liga dos Campeões.

Quanto aos amigáveis, valem o que valem.
Não haver jogo de apresentação nem Eusébio Cup é uma vergonha da qual só não se fala porque as conquistas sujam até os mais íntegros.


7 comentários:

joão carlos disse...

eu não sei o que é pior se é não ter acautelado a substituição de ederson se foi ter achado que o andre moreira seria melhor que o varela.

o filipe augusto a 6 é que não é de certeza.
o samaris para suplente é muito bom, se fores buscar algum melhor vai querer joga se não jogar faz mau ambiente.

cards disse...

Excelente análise.
Somos a melhor equipa de Portugal, temos o melhor plantel e com maior ou menos dificuldade seremos pentacampeões nacionais.
Carrega Benfica, rumo ao 37

Anónimo disse...

É bom ver por aqui alguém que sabe ver as coisas como elas são, que sabe dar valor às coisas, sem mandar as frases feitas, as ideias pré-concebidas e sem cair na fantasia dos caprichos pessoais.
Claro que estou a falar do texto do JNF ali em cima (que não está aberto a comentários, infelizmente), principalmente do seu segundo parágrafo.

Nada a ver com o texto desta caixa de comentários, que além de cómico é bastante fantasioso.


BERT

Anónimo disse...

Anónimo,

Fantástica resposta.

Só lhe faltou mesmo foi... responder.

Tome a liberdade para partilhar connosco a sua opinião e para ressalvar quais as ideias fantasiosas que encontrou no texto.

Anónimo disse...

a melhor resposta está mesmo em afirmar que há alguém aqui que ainda sabe do que fala, como o JNF naquele parágrafo. está bem explícito no meu comentário.
queres uma lista? não leste o que escreveste?

delírios/fantasias
- pré-época dos lagartos planeada "à bruta"/falta de "espaço" para os novos jogadores "se integrarem". hilariante. assim com as letras todas bem alinhadas até parece que sabes do que falas.
- a incerteza dos planteis não estarem fechados, que ignomínia (é apenas um mal que afecta TODOS os clubes da Europa até ao fim do mês - com excepção de um ou outro país - caso não te tenhas apercebido)
- a questão da "ausência de processos e rotinas" vê-se agora que é mais transversal e não apenas identificável no Benfica. não será altura de começares a achar que o problema não é a ausência de processos, mas sim a tua inépcia para os identificar?
- Doumbia só tem aquelas duas hipóteses, não é? que comédia. olha, na primeira jornada o Doumbia sentou o Podence no banco e depois sentou-se ao lado dele! deve ter começado já a desestabilizar o processo ofensivo com que o banco vê o jogo.
- reconheces já tanto mérito ao Sergio Conceição, com estes dificílimos jogos de pré-época. tanta facilidade em identificar uma coisa que nunca conseguiste a alguns do teu clube. mas este já fez tanta coisa, meu deus!
- com tanto elogio, imagino que este Porto tenha os processos todos bem definidos e trabalhados, claro. e os melhores processos, aqueles que na loja de processos futebolísticos estão na prateleira de cima!
- Brahimi desde o centro do terreno também devemos ver muitas vezes. com Danilo, Oliver, Soares e Aboubakar já são 5 no corredor central, ainda cabem mais.
- chegando ao Benfica, a falácia dos processos defensivo e ofensivo começa em força. só dá para rir. quando é que te levam aos treinos, para incutires os processos no grupo? levas assim uns 20 ou 30 alguidares de processos e distribuis pelo plantel. boa? que risota.
- "quem devia falar está calado". quem é que devia falar, já que o sabes tão bem. ninguém devia falar, já há gente a mais a falar e a dizer demasiada parvoíce.
- a "despreocupação com a qualidade do plantel"? outra fantasia da tua cabeça. mas deves estar muito bem informado... ou não. provavelmente até nem sabes nada e mandas só umas larachas por "achar que fica bem". todos sabemos que comprar jogadores é fácil, é como comprar laranjas na mercearia. ridículo.
- "em Abril sabia-se que iam sair". outra fantasia. o que os jornais te vendem nem é sempre certo. mas quem emprenha pelos olhos é assim, come tudo o que lhe dão desde que alimente o que lhe apetece que seja verdade. querias alternativas (de qualidade, claro) logo vindos do nada. como comprar laranjas, certo?
- "defendemos com a defesa em autocarro". bela gargalhada que dei, isto é comédia do melhor. "defendemos com a defesa em autocarro". até repito, pode ser que repares no ridículo que é esta frase nada fantasiosa, nada cómica.


ainda nem cheguei à constituição do plantel e já tenho estes pontos todos de comédia com que nos brindaste. Cansei-me, deixo o resto para quem quiser pegar.
só mais um ponto: continua a fazer essas festinhas todas na cabecinha do André Horta, a passar a ideia de que é a ultima bolacha do pacote e não lhe digas para dar ao litro e trabalhar como deve de ser. Depois logo vens dizer que a culpa é do treinador que não soube aproveitar um puto "porque é benfiquistas dos nossos". aliás, como "não soube aproveitar" o Pedro Pedreira. é só rir.



BERT
rumo ao 37

RedMist disse...

Em resposta à tua exposição, sem dúvida pertinente e estimulante, cumpre-me referir (e, em certos pontos, contrapor) o seguinte:
1. Acredito que as pré-épocas revelam mais do que aquilo que, por norma, lhes damos crédito. Dado o devido desconto relativamente à condição física ou entrosamento entre o colectivo, a forma como um clube se comporta durante este período, regra geral, assume consequências futuras muito tangíveis. Sem querer estar aqui a desviar protagonismos dos Professores Cibidés da vida, arriscaria mesmo que esse período, a meu ver, vai fazer, do mês de Maio no Marquês, um período relativamente sereno. Salvo alguma obra em curso.

2. Por norma, não tenho o hábito de me pronunciar acerca dos adversários ditos “grandes”. Não por fundamentalismo ou sequer azedume: mas porque têm tido, de há longo tempo a esta parte, posturas profundamente desinteressantes e desinspiradas. E, conforme ocorre quando na presença de uma qualquer pessoa “tóxica”, a tendência natural é a de afastar-me.

3. O SCP é a mais actual e demonstrativa manifestação desportiva daquilo a que o profundo desespero, angústia e falta de amor-próprio podem conduzir todo um colectivo histórico. À falta de competência, mérito e resultados, opta-se pela disseminação e vulgarização da maledicência, do folclore, da mentira. Bate-se no peito, grita-se a plenos pulmões juras de amor incondicional (como se aquela gente tivesse sequer capacidade para amar outrem que não eles próprios) e, com papinhas e bolos, por ali vão tocando o pífaro.

4. Que disfrutem, ao menos, de quem tanto canta e procura encantar: na medida em que, quando atingirem o precipíc… destino, será o pouco que terão para recordar. Ou lamentar.

5. Desportivamente, são uma manta de retalhos. A um treinador desencantado, em declínio qualitativo, de popularidade e, consequentemente, já a fazer contas à vida, junta-se um plantel desligado e desequilibrado. Dependerão muito da inspiração de Bas e Gelson: tudo o resto são matraquilhos nas mãos deste treinador. A um futebol laboratorial, monocórdico e, consequentemente, curto para a despesa que deu e dá, juntam-se aqueles que, pura e simplesmente, já não querem (ou nunca quiseram) ali estar. William à cabeça. Mas existem mais.

6. Surpreender-me-ia se esta não fosse a época da implosão deste SCP.

7. O FCP fez a única coisa que podia fazer: com a diferença de que, desta feita, não negou as evidências da realidade e muniu-se de um líder técnico sensibilizado com a natureza e realidade actual do clube. Não deslumbram, assentando muito daquilo na força, potência e agressividade. Num campeonato do 1.º mundo, teriam a tendência para terem 1 expulsão por jogo e/ou serem vexados a pesadíssimos resultados: por cá, surpreender-me-ia se não desse para serem campeões.

8. O que é profundamente revelador: e não necessariamente sobre o FCP.

9. O Benfica fez negócios. Do ponto de vista dos superiores interesses do clube: maus, na sua esmagadora maioria. Do ponto de vista da direcção e clientelas sortidas: apenas mais um dia no escritório. Com os poucos negócios notáveis a, expectavelmente, ofuscarem os vergonhosos. Gastaram o que não deviam, pouparam onde não podiam.

10. Não sei o que é mais preocupante. Se o facto de, em mais de meio ano, o clube não ter conseguido detectar e contratar dignos sucessores: quem troca Ederson por Varela ou Semedo por Almeida, não fica mais competitivo. Se a anestesia geral da sociedade benfiquista: quiçá inebriada pela propaganda incessante de uma estrutura e projecto “too big to fail”. Se uma direcção que, com tempo a mais em mãos e juízo a menos na cabeça, decide agora andar a brincar aos treinadores, agentes e scouts.

RedMist disse...

11. Este Benfica não age: reage. Uma coisa é utilizar-se a reabertura dos mercados quer para fortalecer a própria equipa, quer para enfraquecer os mais directos opositores. Outra completamente distinta (e preocupantemente reveladora) é nem se fazer a mais pequena ideia daquilo de que a equipa necessita e/ou onde se encontram as respectivas soluções: delas tendo notícia somente pelas movimentações adversárias (Gabi).

12. Houve já quem, há não muito tempo, também assim procedesse. O presente, esse malvado, demonstra que a competência e a assertividade são sempre melhor conselheiras do que a propaganda e o parasitismo.

13. A tal cenário (que só o tetra permite, pelo menos para já, evitar que soem os alarmes), junta-se ainda o de atletas que, por razões díspares, deviam ter saído e não o fizeram: o que, por um lado, protelará a mediocridade; e, por outro, acentuará a insatisfação. Esta época, o futebol benfiquista, à semelhança do seu balneário, não terá tanta ligação e qualidade.

14. Fica a ideia de que, alcançadas 4 Ligas consecutivas e à luz das responsabilidades financeiras do clube, assumiu-se conscientemente o risco de desinvestir: sob a premissa de que, se não agora, quando voltará a verificar-se semelhante folga por forma a cumprir obrigações e equilibrar contas?

15. A falência de tal ideia, no entanto, assenta no facto de que o clube poderia (e deveria) até ter despendido ainda menos do que aquilo que gastou: sem, ainda assim, comprometer quaisquer das suas aspirações. Só o investido a fundo perdido em Pereira seria, seguramente, suficiente com vista a para aportar a devida qualidade para as posições de GR e DD.

16. Num mundo perfeito, Bruno Gaspar teria terminado o jogo da Taça de Portugal da época passada e sido imediatamente apresentado na Luz como próximo reforço. Num mundo perfeito, quem de direito teria dado atempadamente conhecimento de que o clube nem iria a negociações por Lindel sem Joel Pereira ser incluído no negócio.

17. O que vemos? Varela a ser lançado aos lobos, ainda a tentar perceber ao certo o que lhe está a acontecer: inconsciente de que, dada a forma como as circunstâncias se precipitaram e contrariamente ao que hoje possa parecer, este representará um momento nefasto na sua carreira. Já Joel, é 3.ª opção num clube que não conta com ele para nada, enquanto por ali estagna: longe do seu país e do protagonismo que a sua qualidade faz por merecer.

18. Quem ganha ao certo com tal situação? Os adversário do Benfica. Os de fora… e os de dentro.

19. Esta é uma época que pode ser marcante: ainda que não necessariamente pelos melhores motivos. Esta é a época na qual poderá começar-se a assistir ao início de um padrão de declínio no clube. Que essa queda ocorrerá já esta época: é essa a minha convicção. Durante quanto tempo ela se prolongará: tal padrão dependerá da qualidade e seriedade das decisões dos responsáveis. Não estou optimista.

20. Se, ao declínio inexorável do Benfica, juntar-se a implosão deste SCP… parece-me límpido quais as consequências imediatas dessa “tempestade perfeita”. Quanto não seja por, na história recente do futebol, não nos faltarem exemplos relativamente próximos e conhecidos: e de cujas consequências ainda hoje nos tentamos livrar. Sem sucesso.