Arranca hoje o campeonato e a pré-época mostrou-nos os três
grandes de forma muito distinta.
O Benfica fica como o Vendedor – vendeu três jogadores chave e não contratou
ninguém para os substituir.
O Sporting como o Comprador – várias aquisições, vários
nomes sonantes e nenhuma venda realmente marcante.
O Porto é o Discreto – Virado para dentro com as portas
praticamente trancadas.
Finda a pré-época considero que o Porto se sagra como o
campeão desta, o Benfica mantém o estatuto de mais forte concorrente ao título
e o Sporting foi uma enorme trapalhada.
Começando pelos de Alvalade.
A aposta de Bruno de Carvalho foi mais um “tudo ou nada”.
Encher o plantel de caras novas e nomes sonantes.
No futebol do Sporting parece só haver duas vozes e a dupla instaurada, Bruno de Carvalho e Jorge Jesus, está destinada à barracada.
No futebol do Sporting parece só haver duas vozes e a dupla instaurada, Bruno de Carvalho e Jorge Jesus, está destinada à barracada.
A pré-temporada pareceu planeada à bruta. Consideraram ser esta a melhor preparação enquanto não cabeça de série da eliminatória da
Champions.
Os jogos pareceram todos muito forçados e sem qualquer espaço para os novos
jogadores se integrarem e afirmarem.
Nesta altura o Jorge Jesus pode montar um excelente 11 e é indubitável que tem mais banco que há 3 meses.
O grande problema é serem mais as incógnitas que as certezas.
A incerteza sobre a presença na fase de grupos da Champions é só mais um motivo desestabilizador da formação do plantel leonino.
O grande problema é serem mais as incógnitas que as certezas.
A incerteza sobre a presença na fase de grupos da Champions é só mais um motivo desestabilizador da formação do plantel leonino.
Por exemplo, a época começa amanhã e o Jorge Jesus ainda não sabe se vai contar
com o meio-campo da época passada ou se vai ter de instaurar mudanças radicais.
À data não vejo ainda processos de jogo definidos, rotinas criadas
nem qualquer identidade. A pré-época foi desaproveitada e muito por culpa da
aventura do Jesus no 3-4-3. Mais uma invenção do mestre. Deixar sair o Paulo
Oliveira, ainda por cima com um sistema de 3 centrais a ser trabalhado, só pode ser incompetência.
O grande destaque é o Bruno Fernandes. Mas terá espaço caso não haja vendas?
O mais entusiasmante no Sporting será quando a bola a rolar entre o Gelson, o Podence e o Bruno Fernandes.
O mais entusiasmante no Sporting será quando a bola a rolar entre o Gelson, o Podence e o Bruno Fernandes.
Dúvidas:
Condição física do Mathieu. A dupla com o Coates funciona?
Bryan Ruiz vai ser integrado? Desaproveitado?
Doumbia vai sentar o Podence ou ser desestabilizador no banco?
Os capitães de equipa ficam no plantel?
Que táctica?
O Coentrão aguenta a época?
O Piccini acrescenta alguma coisa? Vai ter cobertura?
Bryan Ruiz vai ser integrado? Desaproveitado?
Doumbia vai sentar o Podence ou ser desestabilizador no banco?
Os capitães de equipa ficam no plantel?
Que táctica?
O Coentrão aguenta a época?
O Piccini acrescenta alguma coisa? Vai ter cobertura?
Com mais organização e ponderação estou convicto que este
Sporting poderia ter feito uma pré-temporada que lhe permitisse chegar agora
muito forte.
Mas com o Jorge Jesus é tudo á velocidade da luz.
Mas com o Jorge Jesus é tudo á velocidade da luz.
Quanto ao Porto considero que o Sérgio Conceição fez até
agora um trabalho de enorme respeito.
Sabia ao que vinha e trabalhou com o que lhe deram.
Recuperou jogadores emprestados, olhou à equipa B, deu confiança aos jogadores do
plantel e trabalhou para tirar o maior proveito dos recursos à disposição.
Não sou fã do futebol que está a ser implementado mas
reconheço o mérito do trabalho que está a ser realizado.
O Porto foi o único a mudar de treinador e mesmo assim é para
já a equipa tacticamente melhor preparada para o arranque do campeonato.
Muitos adivinhavam o descalabro pelas restrições orçamentais
da Uefa mas eles souberam trabalhar sob estas circunstâncias.
Organização, calma e muito trabalho. Enquanto os rivais andavam com os holofotes
o Porto trabalhou com toda a discrição. Tudo muito ponderado.
A distribuição dos amigáveis foi feita de modo a conferir ao
treinador tudo o que precisava: Competitividade, motivação e minutos para
integrar e trabalhar todos os jogadores.
Tacticamente este é um porto sem grandes segredos. Pressão
alta, explorar o erro do adversário e atacar com lateralizações e
cruzamentos para os dois tanques que estão apontados à baliza.
É um Porto muito para consumo interno.
Um adversário de qualidade que favoreça a progressão no
terreno em posse irá causar sempre grandes problemas à defesa portista.
Com bola este Porto vai ser sempre um perigo enquanto durarem as pilhas. Sem
bola só vai ter a primeira fase de pressão, a qual também está dependente das
pilhas.
A grande debilidade é sem dúvidas a construção do plantel. Só 14 jogadores para o 11.
Falta profundidade.
Falta profundidade.
A dupla de centrais é provavelmente a mais
forte do campeonato. O Filipe é bom e é um central à Porto.
O Ricardo dá outra vida à lateral direita portista.
O Danilo é um monstro.
O Oliver é pura classe.
Corona e Brahimi são craques. A grande vitória do Conceição e o elemento mais perigoso deste Porto é ter o argelino a progredir com bola desde o centro do terreno.
O Aboubakar é um excelente avançado e já está oleado com o Soares.
O Ricardo dá outra vida à lateral direita portista.
O Danilo é um monstro.
O Oliver é pura classe.
Corona e Brahimi são craques. A grande vitória do Conceição e o elemento mais perigoso deste Porto é ter o argelino a progredir com bola desde o centro do terreno.
O Aboubakar é um excelente avançado e já está oleado com o Soares.
Contudo, os centrais não têm cobertura (o que vale o
Reyes?), o Danilo não tem substituto, a táctica só funciona com o Oliver a
criar as linhas de passe e a única alternativa à dupla de avançados é o jovem
Rui Pedro.
O sistema de jogo está demasiado dependente dos interpretes
disponíveis.
Estou convicto que vão afundar o Estoril e que depois tudo
dependerá do cansaço, suspensões e lesões.
O Benfica é o mais forte mas está indiscutivelmente mais
fraco que no ano passado.
A maior fragilidade do Rui Vitória é o modo como trabalha o
processo defensivo. Basicamente é inexistente.
Dos 6 titulares só ficaram os 3 com maiores limitações físicas
– Luisão, Fejsa e Grimaldo.
Ofensivamente somos uma delicia, um poço de criatividade e
inteligência. A qualidade dos jogadores nem pede um processo trabalhado.
O factor Jonizzi é fodido.
Algo que me tem desagradado é a quantidade de vozes que
regem o nosso futebol.
Quem devia falar está calado. A discussão fica para um par de homens do futebol e a maralha das comissões e favorzinhos.
Quem devia falar está calado. A discussão fica para um par de homens do futebol e a maralha das comissões e favorzinhos.
O pior ainda é ver o sentimento de sobranceria que se
instaurou. Não importa quem se vende, quem se compra, quem joga e quem não
joga.
Criou-se uma preocupante despreocupação com a qualidade do
plantel.
Não consigo entender a despreocupação com que se encarou o
reforço do plantel quando desde de Abril se sabia que o Ederson, Semedo e
Lindelof iriam sair.
O futebol deste Benfica também não é nenhum mistério. Defendemos
com os defesas em autocarro, temos o Fejsa a varrer, ofensivamente temos os
rasgos dos velocistas e somos guiados pela imaginação e técnica do Jonas
apoiado pela visão do Pizzi.
O Professor anunciou uma alteração táctica para esta época a
qual não se concretizou. Já o tinha tentado quando chegou.
No Benfica o Rui Vitória está destinado a criar muito pouco.
No Benfica o Rui Vitória está destinado a criar muito pouco.
Na vertente emocional damos 10-0 aos nossos rivais.
Vitórias alimentam vitórias e o Vitóra alimenta muito este balneário. A sua capacidade de gerir os jogadores e manter este sentimento de união que todos liga é um dos motivos pelo qual partimos à frente.
Vitórias alimentam vitórias e o Vitóra alimenta muito este balneário. A sua capacidade de gerir os jogadores e manter este sentimento de união que todos liga é um dos motivos pelo qual partimos à frente.
O espirito de grupo é fortíssimo. O espirito de campeão está
vivíssimo. Devemos isto aos títulos, ao símbolo e ao Rui Vitória.
Na baliza falta o reforço. As fichas foram todas para o André
Moreira mas no momento da decisão o futebol prevaleceu sobre o agenciamento.
Perdeu-se muito tempo e agora dependemos da débil condição física do Júlio
César.
Na direita saiu o Semedo e a aposta foi no Pedro Pereira.
Mais um falhanço. Seja pela qualidade do jogador ou pela preparação do mesmo,
quem tem de o avaliar falhou. O Almeida segura as pontas mas o Buta não é deste
campeonato. Perdeu-se tempo e agora andamos a tentar fechar negócios para os
quais o timing já passou.
Na esquerda tem de haver Grimaldo. É craque. O Eliseu tem
piada mas é horrível. O Hermes confirmou a sua mediania.
O nosso problema central está nos centrais. A dupla está
rotinada mas peca pela qualidade individual. O Luisão é líder mas cada ano está
mais frágil defensivamente. O Jardel é um poço de esforço mas muito mediano e o
seu pico de forma já passou.
O Lisandro tem o espirito certo mas é defensivamente precipitado.
Precisamos urgentemente de dois reforços, sendo que um deles pode até ser o Kalaica (ainda não tenho opinião formada).
Infelizmente foram necessários os jogos na Emirates para preocupar despreocupado Vieira.
O Lisandro tem o espirito certo mas é defensivamente precipitado.
Precisamos urgentemente de dois reforços, sendo que um deles pode até ser o Kalaica (ainda não tenho opinião formada).
Infelizmente foram necessários os jogos na Emirates para preocupar despreocupado Vieira.
Nas restantes posições é tudo maravilhoso menos o excesso de
jogadores e as aquisições dos comissionários.
O Fejsa é intocável. O Samaris, tal como o Lisandro, tem o
espirito certo mas falta-lhe futebol. O Filipe Augusto só poder ser solução a 6
mas mesmo aí é fraco.
Um Fejsa sem lesões e um Samaris feliz fechariam a posição.
Um Fejsa sem lesões e um Samaris feliz fechariam a posição.
Nas 5 posições de ataque destaco o Horta, Chrien,
Krovinovic, Pizzi, Cervi, Rafa, Zivkovic, Jonas, Seferovic e Mitroglou.
É entregar estas posições às soluções que estes 10 nos dão.
O Chrien e o Kovinovic têm a época para crescer a deslocação
do Pizzi para a direita dar-lhes-ia essa oportunidade. Adoro o Horta e este
tanto pode jogar a 8 como a substituto do Pizzi.
Defendo o Pizzi à direita porque nos daria um melhor jogo
interior, mais força com a bola, mais consistência sem ela e porque assim o
jogador estaria mais liberto das zonas de pressão e mais próximo das de
decisão.
Vou sempre preferir o Mitro ao Raúl. Tendo um de ser vendido
percebo que será o mercado a definir qual. Ficando o mexicano continuamos com
um muito bom suplente.
O Seferovic é o nosso grande reforço da época. É muito mais
que golos e tenho a certeza que estes vão aparecer jogo após jogo.
Tanto o Salvio como o Carrilo são excelentes jogadores. O
argentino é titular do Vitória e vai ficar. O peruano não se conseguiu afirmar
e agora já não tem espaço para tal.
O Willock parece-me ser um extremo entusiasmante. Tem potencial mas não tem espaço e este tipo de jogadores necessita jogar.
É importante reduzirmos o número de jogadores ofensivos para
não corrermos o risco de, como na época passada, andarmos a desperdiçar o talento
destes.
Nenhum dos nossos extremos ainda se conseguiu afirmar e isso deve-se à obrigação do Vitória de gerir os minutos de todos eles. Os craques tiveram tempo para jogar mas não para darem continuidade aos seus desempenhos.
Nenhum dos nossos extremos ainda se conseguiu afirmar e isso deve-se à obrigação do Vitória de gerir os minutos de todos eles. Os craques tiveram tempo para jogar mas não para darem continuidade aos seus desempenhos.
Rafa, o Cervi e o Zivkovic merecem continuidade, merecem uma
oportunidade para se afirmarem definitivamente.
Não esquecer o Arango. Aliás, esquecer o Arango. Mais um
sul-americano que veio por interesses alheios aos benfiquistas. Veio e já foi.
Um tachista que elogie comissionários até poderia dizer que este era uma espécie de Jonas…
Um tachista que elogie comissionários até poderia dizer que este era uma espécie de Jonas…
Depois da febre da aposta na formação parece-me que este vai ser mais um ano em branco nesse capitulo. Neste plantel havia lugar para o Pedro Rodrigues. Não é do gosto do treinador.
Resumindo:
Urgente reforçar a defesa.
Importante investir nos melhores jogadores, não desperdiçar talento.
E, apesar de ser algo maravilhoso de se ver, temos de poder ter um processo ofensivo mesmo que o Jonas não esteja lá para o inventar.
Importante investir nos melhores jogadores, não desperdiçar talento.
E, apesar de ser algo maravilhoso de se ver, temos de poder ter um processo ofensivo mesmo que o Jonas não esteja lá para o inventar.
Imaginar as maravilhas que se podem fazer naquelas cinco posições com o Horta,
Pizzi, Zivko, Cervi, Rafa, Jonas e Seferovic, entusiasma-me mais do que as
noites de Nutícias com a Paula Coelho.
Mas o penta não virá só por tesões. Muito menos um Benfica
de Liga dos Campeões.
Quanto aos amigáveis, valem o que valem.
Não haver jogo de apresentação nem Eusébio Cup é uma
vergonha da qual só não se fala porque as conquistas sujam até os mais íntegros.
7 comentários:
eu não sei o que é pior se é não ter acautelado a substituição de ederson se foi ter achado que o andre moreira seria melhor que o varela.
o filipe augusto a 6 é que não é de certeza.
o samaris para suplente é muito bom, se fores buscar algum melhor vai querer joga se não jogar faz mau ambiente.
Excelente análise.
Somos a melhor equipa de Portugal, temos o melhor plantel e com maior ou menos dificuldade seremos pentacampeões nacionais.
Carrega Benfica, rumo ao 37
É bom ver por aqui alguém que sabe ver as coisas como elas são, que sabe dar valor às coisas, sem mandar as frases feitas, as ideias pré-concebidas e sem cair na fantasia dos caprichos pessoais.
Claro que estou a falar do texto do JNF ali em cima (que não está aberto a comentários, infelizmente), principalmente do seu segundo parágrafo.
Nada a ver com o texto desta caixa de comentários, que além de cómico é bastante fantasioso.
BERT
Anónimo,
Fantástica resposta.
Só lhe faltou mesmo foi... responder.
Tome a liberdade para partilhar connosco a sua opinião e para ressalvar quais as ideias fantasiosas que encontrou no texto.
a melhor resposta está mesmo em afirmar que há alguém aqui que ainda sabe do que fala, como o JNF naquele parágrafo. está bem explícito no meu comentário.
queres uma lista? não leste o que escreveste?
delírios/fantasias
- pré-época dos lagartos planeada "à bruta"/falta de "espaço" para os novos jogadores "se integrarem". hilariante. assim com as letras todas bem alinhadas até parece que sabes do que falas.
- a incerteza dos planteis não estarem fechados, que ignomínia (é apenas um mal que afecta TODOS os clubes da Europa até ao fim do mês - com excepção de um ou outro país - caso não te tenhas apercebido)
- a questão da "ausência de processos e rotinas" vê-se agora que é mais transversal e não apenas identificável no Benfica. não será altura de começares a achar que o problema não é a ausência de processos, mas sim a tua inépcia para os identificar?
- Doumbia só tem aquelas duas hipóteses, não é? que comédia. olha, na primeira jornada o Doumbia sentou o Podence no banco e depois sentou-se ao lado dele! deve ter começado já a desestabilizar o processo ofensivo com que o banco vê o jogo.
- reconheces já tanto mérito ao Sergio Conceição, com estes dificílimos jogos de pré-época. tanta facilidade em identificar uma coisa que nunca conseguiste a alguns do teu clube. mas este já fez tanta coisa, meu deus!
- com tanto elogio, imagino que este Porto tenha os processos todos bem definidos e trabalhados, claro. e os melhores processos, aqueles que na loja de processos futebolísticos estão na prateleira de cima!
- Brahimi desde o centro do terreno também devemos ver muitas vezes. com Danilo, Oliver, Soares e Aboubakar já são 5 no corredor central, ainda cabem mais.
- chegando ao Benfica, a falácia dos processos defensivo e ofensivo começa em força. só dá para rir. quando é que te levam aos treinos, para incutires os processos no grupo? levas assim uns 20 ou 30 alguidares de processos e distribuis pelo plantel. boa? que risota.
- "quem devia falar está calado". quem é que devia falar, já que o sabes tão bem. ninguém devia falar, já há gente a mais a falar e a dizer demasiada parvoíce.
- a "despreocupação com a qualidade do plantel"? outra fantasia da tua cabeça. mas deves estar muito bem informado... ou não. provavelmente até nem sabes nada e mandas só umas larachas por "achar que fica bem". todos sabemos que comprar jogadores é fácil, é como comprar laranjas na mercearia. ridículo.
- "em Abril sabia-se que iam sair". outra fantasia. o que os jornais te vendem nem é sempre certo. mas quem emprenha pelos olhos é assim, come tudo o que lhe dão desde que alimente o que lhe apetece que seja verdade. querias alternativas (de qualidade, claro) logo vindos do nada. como comprar laranjas, certo?
- "defendemos com a defesa em autocarro". bela gargalhada que dei, isto é comédia do melhor. "defendemos com a defesa em autocarro". até repito, pode ser que repares no ridículo que é esta frase nada fantasiosa, nada cómica.
ainda nem cheguei à constituição do plantel e já tenho estes pontos todos de comédia com que nos brindaste. Cansei-me, deixo o resto para quem quiser pegar.
só mais um ponto: continua a fazer essas festinhas todas na cabecinha do André Horta, a passar a ideia de que é a ultima bolacha do pacote e não lhe digas para dar ao litro e trabalhar como deve de ser. Depois logo vens dizer que a culpa é do treinador que não soube aproveitar um puto "porque é benfiquistas dos nossos". aliás, como "não soube aproveitar" o Pedro Pedreira. é só rir.
BERT
rumo ao 37
Em resposta à tua exposição, sem dúvida pertinente e estimulante, cumpre-me referir (e, em certos pontos, contrapor) o seguinte:
1. Acredito que as pré-épocas revelam mais do que aquilo que, por norma, lhes damos crédito. Dado o devido desconto relativamente à condição física ou entrosamento entre o colectivo, a forma como um clube se comporta durante este período, regra geral, assume consequências futuras muito tangíveis. Sem querer estar aqui a desviar protagonismos dos Professores Cibidés da vida, arriscaria mesmo que esse período, a meu ver, vai fazer, do mês de Maio no Marquês, um período relativamente sereno. Salvo alguma obra em curso.
2. Por norma, não tenho o hábito de me pronunciar acerca dos adversários ditos “grandes”. Não por fundamentalismo ou sequer azedume: mas porque têm tido, de há longo tempo a esta parte, posturas profundamente desinteressantes e desinspiradas. E, conforme ocorre quando na presença de uma qualquer pessoa “tóxica”, a tendência natural é a de afastar-me.
3. O SCP é a mais actual e demonstrativa manifestação desportiva daquilo a que o profundo desespero, angústia e falta de amor-próprio podem conduzir todo um colectivo histórico. À falta de competência, mérito e resultados, opta-se pela disseminação e vulgarização da maledicência, do folclore, da mentira. Bate-se no peito, grita-se a plenos pulmões juras de amor incondicional (como se aquela gente tivesse sequer capacidade para amar outrem que não eles próprios) e, com papinhas e bolos, por ali vão tocando o pífaro.
4. Que disfrutem, ao menos, de quem tanto canta e procura encantar: na medida em que, quando atingirem o precipíc… destino, será o pouco que terão para recordar. Ou lamentar.
5. Desportivamente, são uma manta de retalhos. A um treinador desencantado, em declínio qualitativo, de popularidade e, consequentemente, já a fazer contas à vida, junta-se um plantel desligado e desequilibrado. Dependerão muito da inspiração de Bas e Gelson: tudo o resto são matraquilhos nas mãos deste treinador. A um futebol laboratorial, monocórdico e, consequentemente, curto para a despesa que deu e dá, juntam-se aqueles que, pura e simplesmente, já não querem (ou nunca quiseram) ali estar. William à cabeça. Mas existem mais.
6. Surpreender-me-ia se esta não fosse a época da implosão deste SCP.
7. O FCP fez a única coisa que podia fazer: com a diferença de que, desta feita, não negou as evidências da realidade e muniu-se de um líder técnico sensibilizado com a natureza e realidade actual do clube. Não deslumbram, assentando muito daquilo na força, potência e agressividade. Num campeonato do 1.º mundo, teriam a tendência para terem 1 expulsão por jogo e/ou serem vexados a pesadíssimos resultados: por cá, surpreender-me-ia se não desse para serem campeões.
8. O que é profundamente revelador: e não necessariamente sobre o FCP.
9. O Benfica fez negócios. Do ponto de vista dos superiores interesses do clube: maus, na sua esmagadora maioria. Do ponto de vista da direcção e clientelas sortidas: apenas mais um dia no escritório. Com os poucos negócios notáveis a, expectavelmente, ofuscarem os vergonhosos. Gastaram o que não deviam, pouparam onde não podiam.
10. Não sei o que é mais preocupante. Se o facto de, em mais de meio ano, o clube não ter conseguido detectar e contratar dignos sucessores: quem troca Ederson por Varela ou Semedo por Almeida, não fica mais competitivo. Se a anestesia geral da sociedade benfiquista: quiçá inebriada pela propaganda incessante de uma estrutura e projecto “too big to fail”. Se uma direcção que, com tempo a mais em mãos e juízo a menos na cabeça, decide agora andar a brincar aos treinadores, agentes e scouts.
11. Este Benfica não age: reage. Uma coisa é utilizar-se a reabertura dos mercados quer para fortalecer a própria equipa, quer para enfraquecer os mais directos opositores. Outra completamente distinta (e preocupantemente reveladora) é nem se fazer a mais pequena ideia daquilo de que a equipa necessita e/ou onde se encontram as respectivas soluções: delas tendo notícia somente pelas movimentações adversárias (Gabi).
12. Houve já quem, há não muito tempo, também assim procedesse. O presente, esse malvado, demonstra que a competência e a assertividade são sempre melhor conselheiras do que a propaganda e o parasitismo.
13. A tal cenário (que só o tetra permite, pelo menos para já, evitar que soem os alarmes), junta-se ainda o de atletas que, por razões díspares, deviam ter saído e não o fizeram: o que, por um lado, protelará a mediocridade; e, por outro, acentuará a insatisfação. Esta época, o futebol benfiquista, à semelhança do seu balneário, não terá tanta ligação e qualidade.
14. Fica a ideia de que, alcançadas 4 Ligas consecutivas e à luz das responsabilidades financeiras do clube, assumiu-se conscientemente o risco de desinvestir: sob a premissa de que, se não agora, quando voltará a verificar-se semelhante folga por forma a cumprir obrigações e equilibrar contas?
15. A falência de tal ideia, no entanto, assenta no facto de que o clube poderia (e deveria) até ter despendido ainda menos do que aquilo que gastou: sem, ainda assim, comprometer quaisquer das suas aspirações. Só o investido a fundo perdido em Pereira seria, seguramente, suficiente com vista a para aportar a devida qualidade para as posições de GR e DD.
16. Num mundo perfeito, Bruno Gaspar teria terminado o jogo da Taça de Portugal da época passada e sido imediatamente apresentado na Luz como próximo reforço. Num mundo perfeito, quem de direito teria dado atempadamente conhecimento de que o clube nem iria a negociações por Lindel sem Joel Pereira ser incluído no negócio.
17. O que vemos? Varela a ser lançado aos lobos, ainda a tentar perceber ao certo o que lhe está a acontecer: inconsciente de que, dada a forma como as circunstâncias se precipitaram e contrariamente ao que hoje possa parecer, este representará um momento nefasto na sua carreira. Já Joel, é 3.ª opção num clube que não conta com ele para nada, enquanto por ali estagna: longe do seu país e do protagonismo que a sua qualidade faz por merecer.
18. Quem ganha ao certo com tal situação? Os adversário do Benfica. Os de fora… e os de dentro.
19. Esta é uma época que pode ser marcante: ainda que não necessariamente pelos melhores motivos. Esta é a época na qual poderá começar-se a assistir ao início de um padrão de declínio no clube. Que essa queda ocorrerá já esta época: é essa a minha convicção. Durante quanto tempo ela se prolongará: tal padrão dependerá da qualidade e seriedade das decisões dos responsáveis. Não estou optimista.
20. Se, ao declínio inexorável do Benfica, juntar-se a implosão deste SCP… parece-me límpido quais as consequências imediatas dessa “tempestade perfeita”. Quanto não seja por, na história recente do futebol, não nos faltarem exemplos relativamente próximos e conhecidos: e de cujas consequências ainda hoje nos tentamos livrar. Sem sucesso.
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