quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Potencial para voar tão mais alto

Venho de uma geração que viu o Benfica ganhar muito pouco. Pelo menos até aos últimos anos.

Agora já me alimentei de títulos. Já me empanturrei de vitórias. E isto parece uma droga. Quanto mais consumo mais quero.

Somos Tetra. Quero o Penta. A nossa história pede o Penta. É o único caminho para o Hexa que a nossa grandeza merece.

Na minha ignorância sobre o mundo das drogas sei que as há mais leves e pesadas. No meu vicio de títulos, no meu desejo de um Benfica mais poderoso, também existe esta distinção.

Taças da Liga já não me animam. Supertaças são só um começo. Taças de Portugal uma pequena euforia. Campeão Nacional já não bate como batia.

Quero. Preciso. Desespero. Imploro.

Sonho com o título da Europa. Anseio um Benfica Colosso Europeu.

Chega da pronta condenação à derrota frente a clubes da primeira linha da Europa. Chega de somente nos batermos com os Zenits, Monacos e Besiktas deste Futebol.

Numa altura em que somos favoritos ao título que nos torna Penta, também temos de assumir uma real ambição europeia.

Quem dirige o Benfica não pode abdicar desta maravilhosa alegria em prol das comissões e favorzinhos que (n)os beneficiam no meio de tanta compra e venda.

Com o caparro do Tetra estou convicto que estamos prontos para arrancar nesta aventura.


No fim do campeonato olhei para a nossa equipa e vi:

Um excelente plantel com juventude para evoluir, experiência para estabilizar e talento para dar e vender. Um conjunto enorme de jogadores habituados a ganhar e a sentir o peso de uma camisola campeã.

Uma “cantera” recheada de talentos. O Seixal tem perfume de Futebol.

A possibilidade de fazer dezenas de milhões de euros sem que isso criasse danos irreparáveis na preparação de uma nova época gloriosa.

Uma equipa de prospecção conhecedora dos vários talentos e oportunidades de negócio que andam por esse mundo fora.

E uma massa adepta gloriosa – exigente, numerosa e mergulhada numa paixão imensa. Um povo benfiquista a elevar aos céus os que em campo usam a sua camisola. Tsunami vermelho.

De todas, esta pareceu-me ser a época de preparação mais simples. Bastaria não inventar.

Uma pré-época organizada, um departamento médico renovado e um ou outro reforço para fortalecer o grupo. Manter a alma da equipa intacta, fortalecer ainda mais a identidade do grupo e não tocar em nenhum dos hemisférios do cérebro.

Vender sabemos que é obrigatório.
Jogadores como o Semedo, o Ederson e o Lindelof teriam de ser vendidos. Dois deles ou até mesmo os três.
Milhões mais que suficientes para o sustento do clube e para o reforço do plantel.

Tanto na baliza como na lateral direita a segurança já estava à partida salvaguardada.

O Júlio César é um excelente guarda-redes. É o guardião ideal para ir segurando as pontas enquanto um discípulo se fosse preparando para ultrapassar o mestre.

O Almeida é o nosso bombeiro. Dá toda a confiança para uma época regular à direita.
Com um toque táctico - deslocação do Pizzi para a direita e a inclusão de um verdadeiro 8 no onze – talvez nem fosse essencial um reforço para a posição.
Além disso temos o Pedro Pereira. Um jovem, um grande investimento, um jogador que está há seis meses a treinar com o plantel principal. Portanto, obrigatoriamente pronto para a luta pelo lugar.

A maior urgência seria o reforço da zona central da defesa. O Lisandro não tem qualidade para ser mais do que o suplente do Luisão. E o Jardel será sempre um central mediano – esforçado, forte e benfiquista mas mediano. Além disso o seu pico de forma foi há dois anos e com esta época de lesões e sem minutos esse balão já esvaziou.
O Luisão continua a ser o Luisão mas cada vez mais próximo do adeus. A cada ano que passa fica defensivamente mais frágil.

A dupla Luisão-Jardel oferece-nos a segurança das rotinas afinadas mas peca pela qualidade individual de ambos.

Este é um problema que nem teria de o ser. Há um orçamento para contratações, um orçamento reforçado pelos milhões das vendas.
É urgente o reforço com dois centrais: um para chegar, convencer e vencer, outro para afirmar o seu potencial no decorrer da época.

Sendo o primeiro obrigatório, o segundo até poderia ser o Kalaica.

Neste nosso contexto, e acrescentando a prendinha antecipada que foi o Seferovic, o sonho teria de finalmente se tornar uma realidade.

Infelizmente, quando tudo o que se pedia era organização e planificação – atributos que a auto-intitulada super-estrutura tanto se gaba de dominar – falharam. E agora corre-se atrás do prejuízo.

Forçou-se a venda dos 3 referidos. Vendas quase certas desde Abril e nenhum reforço antecipadamente assegurado.

O Pedro Pereira não foi devidamente preparado.

O reforço central só se tornou uma preocupação depois do último amigável da pré-temporada.

Para a baliza perdeu-se tempo com brincadeiras do Mendes. Por agora, a três dias do arranque da época, o substituto do Ederson é o Varela.

Para a direita o despertar também foi lento. Parece estar quase resolvido mas a pré-época já voou.

Quando a soberba é muita…

Nem um joguinho de apresentação aos sócios e nem uma homenagem ao King dá para organizar.

Ainda somos favoritos ao título. Ainda trilhamos no caminho do Penta.
Mas enquanto continuarmos com estas brincadeiras nunca subiremos ao escalão de Benfica Europeu.

Campeão de pré-época não é aquele que vence mais ou todos os jogos. É aquele que se prepara melhor nos meses que antecedem o arranque do campeonato.
E aqui dou razão ao presidente do Benfica - não fomos nós. 

Por agora o Penta só treme por esta defesa estar nas mãos do Vitória.

Portanto, venham de lá os reforços se fizerem favor.



2 comentários:

Anónimo disse...

Batermo-nos com os Zenits, Monacos e Besiktas deste Futebol já é um pau, o pior era lutarmos com os Skanderbaus...

lawrence disse...

Aparentemente, numa visão muito económica/cómoda da coisa, ainda antes da época acabar já se trataram dos estágios e dos jogos de preparação (dando de barato a receita duma Eusébio Cup e apresentação aos sócios talvez por não quererem arriscar ser "julgados" em casa) mas não se tratou de ter os reforços que fazem falta a fazer a pré-época com o grupo.