terça-feira, 22 de agosto de 2017

O golo é (demasiado) embriagante

O golo, esse gesto que estabelece resultados, enriquece jogos e enlouquece multidões, quando levado ao expoente da exclusividade de um jogo, transforma banais em bestiais e génios em bestas.

Vem isto a propósito de Seferovic, a nova paixão Benfiquista. Por altura da última final da taça alemã, que opôs B. Dortmund a E. Frankfurt, e porque se falava do interesse do Benfica no jogador, fui espreitar o Suiço.

Resultado: Fiquei entusiasmado. Do que vi naquele jogo, pareceu-me um jogador exatamente à medida de Jonas, Pizzi e - espero eu - Zivkovic. Associativo, combinativo, móvel, ou seja, tudo o que uma equipa de pendor ofensivo e posse de bola gostaria de ter, tudo aquilo que os nossos melhores poderiam querer num jogador.

Problema? Quando surge a confirmação de Seferovic será jogador do Benfica, aparecem os "especialistas" cá do burgo - que do jogo entendem o mesmo que eu de arte sacra e, pior, do jogador conheciam o nome e a respectiva ficha do goalpoint - e sentenciaram: Jogador com pouco golo; Jogador sem qualidade para fazer sombra a Mitroglou; jogador inferior a Jimenez. 

De facto os números que outros recolheram e eles apresentavam, admito, eram intrigantes, sobretudo para quem, como eu, não conheciam o jogador. E, também reconheço, fizeram-me duvidar do que tinha visto, porque 90 minutos são sempre muito pouco.

E agora, quem tem/tinha razão, os números ou o que vi? Mais eu, certamente. E tenho-a não tanto pelos golos que o Suiço tem marcado, mas sim porque Seferovic é muito mais que os golos que possa marcar e disso nenhum número falará, porque o jogo será sempre muito mais que os golos que se marquem ou os passes que se acertem.
O golo é o mais visível, o mais recordável, mas não o mais importante. O golo é o único factor que nos faz achar que Ronaldo e Messi estão no mesmo patamar e que fará com que, por exemplo, Iniesta passe incógnito pelos prémios individuais, apesar de ser um dos melhores da história.

Cada jogador tem o seu enquadramento, cada jogador terá as ideias colectivas que melhor o favoreçam e será tanto melhor quanto quem o vir o souber enquadrar, porque como se comprova com Seferovic, o golo, os números escondem infinitamente mais do que revelam.

12 comentários:

joão carlos disse...

falta ainda é a ultima prova ver como é que funciona contra os autocarros e sem espaços.

José Moreira disse...

joão, na minha opinião, acho que é nesses jogos onde ele pode ser maus útil que todos os outros que temos.

joão carlos disse...

neste momento o mais útil é o mitroglou e nem é tanto pelo que ele marcar mas porque fixa e centra a atenção dos centrais nele e abre espaços para os outros, nomeadamente o jonas.

pelo que vi do seferovic não são tão optimista e já me contentava em que funcionasse.

Benfiquista Primário disse...

'Os números escondem infinitamente mais do que revelam' - na mouche!

Seferovic nunca tinha tido um contexto como tem no Benfica - equipa que passa 90% de 80% dos jogos a atacar; inteligência de jogo e qualidade de decisão de génios como Pizzi e Jonas; competitividade do campeonato português em comparação com o alemão, etc...

Escrevi-o ainda na pré-época: Seferovic é craque dos que não engana, junta o melhor de Mitroglou ao melhor de Jimenez - em qualquer dos casos, com mais qualidade ainda naquilo em que é bom!...

Carregaaaaa!

Benfiquista Primário disse...

João Carlos, se o Mitroglou fixa e centra a atenção dos centrais, abrindo espaço para os outros, tendo tão pouca mobilidade e sendo tão limitado no ataque à profundidade, imagina o que não faz o Seferovic aos centrais e aos espaços, com muito mais mobilidade, muito mais e melhor ataque à profundidade, mais técnica e melhor decisão...

Ah espera, não é preciso imaginar - basta ver os jogos! ;)

Benfiquista Primário disse...

Sim, porque é bem mais difícil 'centrar a atenção' em algo 'fixo' do que em algo móvel...

E estar fixo entre os centrais abre bem mais espaços para os outros do que arrastar o(s) central(is) para fora do corredor central...

bio disse...

O Seferovic é muito mais jogador que qualquer das alternativas.

Tanto Jimenez como o mitro são Insuficientes perante este gajo.

SL

joão carlos disse...

@benfiquista primário
quantos defesas centrais arrasta o jimenez quando vai para as alas ou já agora o seferovic? nenhum.
já que pelos vistos anda desatento veja quantos é que se colam ao mitrolou, normalmente dois e para estarem lá não estão noutro lado.

já agora como se comentou não se viu nada do seferovic contra autocarros, o mais próximo que tivemos foi vinte minutos contra o chaves e o seferovic não abriu espaços para ninguém, portanto continue a imaginar.

Benfiquista Primário disse...

O Chaves e o Rio Ave são tudo menos 'autocarros'...

Essa crença de que o ponta-de-lança deve ser um 'pinheiro' é resquício do futebol antigo, João Carlos...

Não falei em cair na ala, necessariamente, mas em mobilidade e ataque à profundidade...mas mesmo caindo na ala o 9, pode ser uma boa estratégia para criar espaços na área: cria-se superioridade numérica no corredor, com o lateral e/ou o ala, o que vai obrigar os centrais a ajustar o seu posicionamento, para dar cobertura ao lateral, ajustamento esse que vai criar espaços para entrada do segundo avançado, do ala do lado contrário, do médio centro...

joão carlos disse...

o rio ave não o foi e o chaves só o foi na segunda parte.

eu não tenho crença nenhuma em pinheiros, pelos vistos agora é que existe a crença de que tudo o que mexe é melhor do que um pinheiro.
vendo o exemplo jimenez e móvel, mitroglou não mas mitroglou é melhor.

eu não disse que seferovic não era bom contra autocarro tinha era ainda de o provar.

pois essa tua teoria é muito bonita se tiveres segundos avançados, e extremos que marquem golos, mas os que tens não marcam, o único que marca parece que não presta.

Benfiquista Primário disse...

Bem, o nosso segundo avançado é o Jonas...parece que já marcou um ou outro golito 😂

joão carlos disse...

não me exprimi bem, eu quando estava a falar que não marcam eram os extremos e não o segundo avançado.