Calculo que estejam preocupados quanto baste com o plano desportivo do Benfica. Ou talvez sejam dos mais indulgentes e nada do que se está a passar mereça alarido. A mim, moderadamente pessimista, as minhas preocupações transportam-me ao que se passou este fim-de-semana em Paços de Ferreira.
Durante o intervalo do jogo que opôs Paços de Ferreira e Vitória de Guimarães, dois adeptos do Benfica, avô e neto, que se deslocaram com as cores e símbolos do seu clube à Mata Real para ver o jogo na bancada central, foram publicamente denunciados pelos adeptos vitorianos pelo "delito clubístico" e subsequentemente expulsos sob coacção verbal e física por parte dos adeptos pacences.
Pergunto-me se é este o futebol que queremos. Se queremos um futebol onde grunhos expulsam famílias. Onde a intimidação vence a ordem pública. Onde as forças de autoridade não actuam e as entidades responsáveis pela organização das provas não castigam. Onde a comunicação social não denuncia este tipo de atitudes (numa pesquisa rápida, apenas o MaisFutebol deu destaque a este triste episódio).
Se já é suficientemente selvático o que se verifica quando um adepto do Sporting ou Porto leva camisola ou cachecol do seu clube para a Luz (e o mesmo se aplica quando um adepto do Benfica leva símbolos do seu clube a Alvalade ou Dragão), é ainda mais incompreensível o que se passou ontem na Mata Real, com dois clubes com os quais o Benfica não tem qualquer rivalidade. Que as autoridades sejam céleres a multar e punir os infractores. Sob pena que os neandertais tomem conta das bancadas.