Este Sábado de manhã tinha tudo para ter sido um dia igual aos outros, não fosse ter aparecido nas mesas do café "O cacifo do Paulinho", ali como quem vira à esquina depois do "Sangue Leonino", uma bomba: Eusébio na capa a chamar racista ao clube de Telheiras!
O povo pôs-se em sentido, caíram cinzas de charuto no maple acolchoado do Senhor Telles Menezes que se levantou de súbito da mesa e gritou: ó Memé, dá cá o jornal que eu quero ler o que esse nhurra anda a dizer do meu querido Sporting!
Lidas as parangonas, Menezes não se conteve e dissertou assim, para toda a plateia ouvir (ver não podiam porque tinham o cabelo à frente):
"Como é que esta merda de Preto pode ser embaixador do futebol português, andar a mamar à custa da Seleção quando esta joga fora, se não tem respeito pela Instituição SPORTING? Devia calar a boca e mesmo que o sentisse, não o dizia! Só espero que quando a Selecção jogar em Alvalade, o atinjam com impropérios que o ofendam a sério. Preto do caralho!",
ao que se seguiu uma enorme e sentida salva de palmas, particularmente de Zacarias Ramalhosa y Mello (de nascença apenas Zacarias Ramiro mas que, entre viagens a Badajoz e uma conquista, mais tarde casamento, com Madalena Lopez Mello, acabou não só com distintos apelidos como com aquele "y" no meio, que tantas portas lhe abririam, mormente na famosa casa de concubinato "Veludo e Primavera", onde passava os serões a injectar heroína e a receber carícias de donzelas altamente qualificadas): "Brilhante, Chico Diogo, brilhante! É pô-lo no espeto, como fazíamos no Ultramar, caralho!". Aqui subiu ao ambiente um ligeiro mal-estar, especialmente na mesa dos Tomaz Britto, que prontamente se apressaram a responder ao bigode extremamente bem cuidado do antigo Zacarias Ramiro, hoje Ramalhosa y Mello: "Ó Ramalhosa, não diga essas coisas. Sabe perfeitamente que nós não dizemos "caralho". No máximo, um "apre" ou um "fosga-se"! Agora um "caralho", Ramalhosa y Mello? Francamente, nem parece seu!"
"Tem toda a razão, Manuel, mas o que é que quer? Quando me falam do meu querido Sporting, sobe-me a gravata ao pescoço!", respondeu Ramalhosa y Mello (antigo Zacarias Ramiro), com a cara intumescida, quase vermelha - o que o irritava duplamente porque, dizia ele, pior do que o objecto da fúria, só a imagem da mesma - tão visceralmente encarnada, cor dos pobres e dos trabalhadores.
Por esta altura, já uma vozearia ecoava por todo o café, sem que se percebesse, no meio dos escombros, palavras definidas ou sons perceptíveis - uma imensa mancha de ruídos alarvemente infectando o brandy do Senhor Leão de Campo de Ourique, que, num salto atlético, caiu em cima do balcão de mogno polido e botou discurso:
"Não diria melhor, Ramiro y Ramalhosa!" (era usual o Senhor Leão de Campo de Ourique, especialmente nos dias em que acordava a torradas e conhaque francês, deixar cair "acidentalmente" o berço de cheiro a sopa dos pobres de Zacarias Ramiro, numa luta intensa pela pureza da raça que já lhe havia custado dois dentes, um prato do Alandroal que muito estimava e uma pequena cadelita rafeira que, na emoção da contenda, acabou debaixo de um cd da Mafalda Veiga). "Embaixador do nosso futebol? Ouve lá ó cabrão: A primeira vez que ouviste um hino português nos jogos olímpicos, não foi ninguém do teu clube galináceo, besta quadrada. Porco preto!"
"Porco preto não, ó Campo de Ourique! Não se ofendem assim os porcos pretos! Tenha lá isso em consideração e continue, se fizer o obséquio...", exclamou Tobias Barbosa Vaz, enquanto dilacerava dois pedaços de gordura de presunto pata negra e fazia por esquecer a afronta a tão distinto animal que ele, com tanto cuidado, criava e assassinava à queima-roupa num terreno baldio numa terra esconsa da Andaluzia.
"Pronto, está bem, retiro o porco preto. É apenas e só um macaco gorila, um preto calcinha. As saudades que eu tenho de degolar-lhes os ventres, as tripas dos animais a saírem-lhes pela boca, aquelas bestas aos gritos a sangrar pelo cu!"
"É isso mesmo", gritava Biba Parvalheira, "ainda me lembro do meu Pai a trazer para a nossa casa de Sá da Bandeira os crânios dos nhurras atados uns aos outros que a gente desfazia o nó e usava como bola de futebol! Ah, bons tempos... as saudades que eu tenho de África...",
Ficaram nisto uma boa meia-hora, entre gritos histéricos, rememorações de genocídios belíssimos e sovas monumentais, quando entrou pelo café um senhor de tez escura.
"É aqui que se discute o sportinguismo?", perguntou, bebendo um carioca de gole.
"É, sim", disse Francisco Fernandes Fernandez , "e diz-se mal de pessoas como o macaia Eusébio, macaco apreciador do marisco tremoço, pessoa substancialmente diferente do que é o verdadeiro negro, como vosselência, que tem orgulho na sua raça!"
O senhor de tez escura olhou-o espantado, quase a rir, mas conteve-se. Virou-se para o resto das pessoas e disse ao que vinha:
"É só para avisar que, daqui em diante, os senhores vão passar a andar enjaulados".
O povo pôs-se em sentido, caíram cinzas de charuto no maple acolchoado do Senhor Telles Menezes que se levantou de súbito da mesa e gritou: ó Memé, dá cá o jornal que eu quero ler o que esse nhurra anda a dizer do meu querido Sporting!
Lidas as parangonas, Menezes não se conteve e dissertou assim, para toda a plateia ouvir (ver não podiam porque tinham o cabelo à frente):
"Como é que esta merda de Preto pode ser embaixador do futebol português, andar a mamar à custa da Seleção quando esta joga fora, se não tem respeito pela Instituição SPORTING? Devia calar a boca e mesmo que o sentisse, não o dizia! Só espero que quando a Selecção jogar em Alvalade, o atinjam com impropérios que o ofendam a sério. Preto do caralho!",
ao que se seguiu uma enorme e sentida salva de palmas, particularmente de Zacarias Ramalhosa y Mello (de nascença apenas Zacarias Ramiro mas que, entre viagens a Badajoz e uma conquista, mais tarde casamento, com Madalena Lopez Mello, acabou não só com distintos apelidos como com aquele "y" no meio, que tantas portas lhe abririam, mormente na famosa casa de concubinato "Veludo e Primavera", onde passava os serões a injectar heroína e a receber carícias de donzelas altamente qualificadas): "Brilhante, Chico Diogo, brilhante! É pô-lo no espeto, como fazíamos no Ultramar, caralho!". Aqui subiu ao ambiente um ligeiro mal-estar, especialmente na mesa dos Tomaz Britto, que prontamente se apressaram a responder ao bigode extremamente bem cuidado do antigo Zacarias Ramiro, hoje Ramalhosa y Mello: "Ó Ramalhosa, não diga essas coisas. Sabe perfeitamente que nós não dizemos "caralho". No máximo, um "apre" ou um "fosga-se"! Agora um "caralho", Ramalhosa y Mello? Francamente, nem parece seu!"
"Tem toda a razão, Manuel, mas o que é que quer? Quando me falam do meu querido Sporting, sobe-me a gravata ao pescoço!", respondeu Ramalhosa y Mello (antigo Zacarias Ramiro), com a cara intumescida, quase vermelha - o que o irritava duplamente porque, dizia ele, pior do que o objecto da fúria, só a imagem da mesma - tão visceralmente encarnada, cor dos pobres e dos trabalhadores.
Por esta altura, já uma vozearia ecoava por todo o café, sem que se percebesse, no meio dos escombros, palavras definidas ou sons perceptíveis - uma imensa mancha de ruídos alarvemente infectando o brandy do Senhor Leão de Campo de Ourique, que, num salto atlético, caiu em cima do balcão de mogno polido e botou discurso:
"Não diria melhor, Ramiro y Ramalhosa!" (era usual o Senhor Leão de Campo de Ourique, especialmente nos dias em que acordava a torradas e conhaque francês, deixar cair "acidentalmente" o berço de cheiro a sopa dos pobres de Zacarias Ramiro, numa luta intensa pela pureza da raça que já lhe havia custado dois dentes, um prato do Alandroal que muito estimava e uma pequena cadelita rafeira que, na emoção da contenda, acabou debaixo de um cd da Mafalda Veiga). "Embaixador do nosso futebol? Ouve lá ó cabrão: A primeira vez que ouviste um hino português nos jogos olímpicos, não foi ninguém do teu clube galináceo, besta quadrada. Porco preto!"
"Porco preto não, ó Campo de Ourique! Não se ofendem assim os porcos pretos! Tenha lá isso em consideração e continue, se fizer o obséquio...", exclamou Tobias Barbosa Vaz, enquanto dilacerava dois pedaços de gordura de presunto pata negra e fazia por esquecer a afronta a tão distinto animal que ele, com tanto cuidado, criava e assassinava à queima-roupa num terreno baldio numa terra esconsa da Andaluzia.
"Pronto, está bem, retiro o porco preto. É apenas e só um macaco gorila, um preto calcinha. As saudades que eu tenho de degolar-lhes os ventres, as tripas dos animais a saírem-lhes pela boca, aquelas bestas aos gritos a sangrar pelo cu!"
"É isso mesmo", gritava Biba Parvalheira, "ainda me lembro do meu Pai a trazer para a nossa casa de Sá da Bandeira os crânios dos nhurras atados uns aos outros que a gente desfazia o nó e usava como bola de futebol! Ah, bons tempos... as saudades que eu tenho de África...",
Ficaram nisto uma boa meia-hora, entre gritos histéricos, rememorações de genocídios belíssimos e sovas monumentais, quando entrou pelo café um senhor de tez escura.
"É aqui que se discute o sportinguismo?", perguntou, bebendo um carioca de gole.
"É, sim", disse Francisco Fernandes Fernandez , "e diz-se mal de pessoas como o macaia Eusébio, macaco apreciador do marisco tremoço, pessoa substancialmente diferente do que é o verdadeiro negro, como vosselência, que tem orgulho na sua raça!"
O senhor de tez escura olhou-o espantado, quase a rir, mas conteve-se. Virou-se para o resto das pessoas e disse ao que vinha:
"É só para avisar que, daqui em diante, os senhores vão passar a andar enjaulados".
16 comentários:
As declarações do Eusébio e do Alan,valem o que valem, e têm a importância que têm, vindas de quem vêm...
LOL..o que vale é que não são racistas!!!
LOLOL
Estes lagartos!!!
Eusébio subiu um ponto!!! ☺
Correndo o risco, mais uma vez, à semelhança do que fizeste há 2 dias quando me eliminaste 4 ou 5 comentários: tens razão. Não li a mensagem toda - porque não gosto de ler coisas estúpidas que me incomodem muito, e como essas foram escritas por adeptos do Sporting, são muito muito tristes. Tens razão, claro está, desde que não tenhas concluído à semelhança do imbecil aqui de cima "estes lagartos racistas LOOOOOL!".
Não confundas - se quiseres acreditar no que te digo, o Sporting com meia dúzia de imbecis da caixa de comentários do Cacifo do Paulinho. O Sporting, claramente, não são eles. E a tua mensagem prova-o.
Quem para lá podia ir, claramente também, é o Pedro, porque se tem capacidade para achar piada ao que ali é dito sobre o Eusébio, terá também mais do que capacidade para dizer ou pensar exactamente o mesmo.
O pedro do "mágico SLB", claro.
Quanto é que está o Andebol?
12-25 para o "mágico SLB" ouvi dizer ... "LOOOOL".
LOLOL
Granda Eusébio, verdades incovenientes que os deixam lixados mas é a vida.
Ricardo, fiel retrato e caricatura da lagartada, muito bom texto mesmo o que me rí.
Pois é a equipa B/C ganhou ao 'fraco' Galatasaray, os anti esverde lá perderam a grande oportunidade de contra atacar depois da derrota em Angola.
Sublime rábula, Ricardo.
Brilhante! Parabéns!
Abraços
Que conto fabuloso, Ricardo! Conseguiste absorver na perfeição as inconsistências evidentes na formação e na integridade de muita gente que se diz ser "diferente". Se calhar têm razão, são mesmo diferentes, diferentes para muito pior!
E tocas com humor (mas muito a sério) na questão dos traumas profundos que ocorrem no pós-guerra e nas confusões das Parvalheiras deste mundo.
Em suma, um texto para rir e para pensar. Perfeito!
Racistas eles? Clube da elite? Equipa da policia? Ao que a calunia chega... ja um gajo não pode vestir o calção da legiao portuguesa, que é logo apelidado destas sem vergonhices. O sr. góis mota se fosse vivo é que vos dizia das boas... esse grande sportinguista, defensor da multiculturalidade e da liberdade...
Abraço.
Obrigado a todos. Se quiserem, digam mais qualquer coisa, para além dos rasgados elogios. É que há coisas a dizer.
Notem, por exemplo, a matéria de estudo que o Constantino nos trouxe. É isto que procura, meus caros. Caminhos dentro de caminhos. Um Outrun de comentários. Um elogio? É bom, não recuso, coça-me o ego mas e que tal... um elogio e mais qualquer coisinha que apimente? Ou mesmo: nenhum elogio (um "tá giro" chega, pronto) e caminhos desviantes a partir do texto? Fica a ideia.
Constantino, muito respeito pelo senhor Góis Mota, que ali o Zacarias Ramalhosa y Mello diz-te das boas! Não te esqueças que, na altura em que o Góis Mota - para além de ter sido Presidente do clube leonino - exercia esse cargo de grande virtude que era o de ser o Comandante da Legião Portuguesa, o Zacarias Ramiro (na altura, ainda sem ter conhecido a esbelta Madalena), então com frescos e viris 19 anos de idade, fazia parte de uma das milícias vigentes e esteve inclusivamente na chacina gloriosa sobre dois velhos alentejanos que, no Redondo, gritaram um dia: "Viva a Liberdade!". Anarcas perigosíssimos, a quem Zacarias - em nome do seu Comandante, líder e ídolo Carlos Góis Mota - tirou os braços e pernas, deixando os troncos dos rebeldes envolto em mijo, numa extraordinária demonstração de toda a sua entrega à causa - o que lhe valeu um jantar de Natal na casa da família Góis Mota, onde conheceu essa que viria a ser sua esposa Madalena Lopez Mello e onde conquistaria, finalmente! - e a troco da morte de umas velhas cracaças alentejanas - ninharias! -, a justíssima entrada no mundo dos sportinguinstas nobres. Nesse dia, largou o velho, de crépito e bafiento "Ramiro" para ver nascer um luminoso Ramalhosa y Mello. Por isso, eu, no teu lugar, teria algum cuidado com as palavras que proferes sobre esse guru ideológico Góis Mota. Já se viu que a Zacarias não falta coragem nem obejctividade.
Esta crónica foi feita sob o efeito do mesmo tipo de substâncias que o vosso rei (o rei vai nú....) tomou, ou é mesmo só parvoíce e atraso mental?
Nem desprezo mereces...
Agora fiquei confuso: quando a pessoa nem desprezo merece... merece o quê? Silêncio, ausência de gestos e sons, merece um olhar reprovador, merece um dedo em riste com um saddy (um smile triste) pintado a tinta-da-china no dedo?
Não, merece um comentário, uma reflexão e até uma pergunta!
E merece uma nova palavra: nú.
É um desprezo caloroso.
É bem Ricardo, é importante denunciar essa corja de fascizóides que foram os dirigentes da lagartada sempre coniventes com o regime, por muito que lhes custe é importante salientar a verdade. Só falta a denúncia da cambada de bufos e fascistas nortenhos que inauguraram o seu estádio a 28 de Maio e não falo dos mini-tripeiros. Aliás, a grande implantação que o Glorioso tinha em Braga tinha na origem o operariado que era dominante, ao contrário das "elites iluminadas"
É importante olhar para o que o bcool diz. Nisto do fascizoidismo uns há cuja existência muito incomodou as altas esferas estado novistas, quer por exibirem em campo as suas garbosas camisolas vermelhas (encarnadas para a vigência), quer por cantarem em unissono ossanas ao seu clube com uma musica de titulo comunista. Ainda no ramo do fascizoidismo, outros houve cuja cadeira da presidencia foi ocupada por (corre)legionarios da patria da outra senhora, com estranhos habitos no que respeita ao manuseamento de armas de fogo em locais ocupados por juizes desportivos. Contudo, o que poucos se dão ao trabalho de investigar é a filiação desportiva e politica de tipos como por exemplo um tal de urgel horta, que, para alem de deputado à assembleia nacional pela uniao nacional, ocupou a cadeira presidencial de uma agremiação que actualmente chama ao Glorioso Sport Lisboa e Benfica (o do avante p'lo benfica e das camisolas vermel.. encarnadas) o clube do estado novo. Curiosamente a bandeira da união nacional só tinha 1 cor... azul e branca...
"Eusébio conta que o clube encarnado pagou 250 contos à sua mãe e ao irmão mais velho, um valor que o presidente do Sporting da altura, Braz Medeiros, não pensou em cobrir".
Figura próxima do presidente Braz Medeiros, Ramalhosa y Mello terá acrescentado:
"Pagar 250 contos por mão de obra escrava?! Disparate! Preferia substituir a pista de tartan por um fosso!".
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