quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O meu avô era sportinguista. Ensinou-nos, a mim e ao meu Pai, o valor do respeito entre os dois clubes rivais. Mostrou-me os feitos do seu clube, fez-me compreender a grandeza do Sporting Clube de Portugal. Aprendi, com ele, a noção de generosidade. Pelas palavras e pelos actos: fez do meu Pai um Benfiquista porque o levava ao Estádio da Luz para ver o Eusébio. O meu avô gostava de ver o Eusébio e levava o filho com ele. Fez do filho Benfiquista, sem o querer. Isto é muito importante e às vezes esquecemos estes pormaiores em função da boçalidade com que lidamos diariamente. Por isso, hoje trago outro exemplo de sportinguismo - não lagartismo - que acho fundamental que fique bem explícito. A inteligência, vinda de quem vier (e de que clube for), tem de permanecer sobre as outras coisas. Esta é a ideia do MM, do Sporting Autêntico, sobre toda a novela em torno do Pantera Negra:


Chamo a este post dois nomes, três instituições, e um tema triste. Os nomes, são: Eusébio da Silva Ferreira e José Eugénio Dias Ferreira.

O segundo chamo para citá-lo,
"É assim o "fair - play" dos Sportinguistas.
Parabéns. Saudações Leoninas"
23/01/2010, 01:15 da madrugada.

Sportinguistas reforço, e não adeptos do Sporting. Muitos, entre nós, somos uma e a mesma coisa - jamais me convencerei do contrário, outros, adeptos do clube, importantes e indispensáveis adeptos do clube.
Sportinguista, é um conceito que vai muito além da filiação ou preferência clubística.
É um conceito que tem origem na palavra escolhida por José Alvalade para baptizar o clube que fundou, Sporting, um (forasteiro, link) nome que tem significados. Muito me orgulha tê-lo José Alvalade escolhido. Se me perguntarem, não poderia ter escolhido um melhor, e vou a Oxford e aos seus dicionários ver o que estes me dizem sobre ele:

Sporting, [attributive]
1. connected with or interested in sport.
2. fair and generous in one's behaviour or treatment of others, especially in a contest.
Justo e generoso no comportamento próprio ou tratamento de outros, especialmente em disputa. Parece-me claro sobre aquilo que Sporting(uista) significa(m).

Adepto do Sporting, aquilo que os termos sugerem.
Coisas muito diferentes.

Cito Dias Ferreira por uma razão: não existe Sportinguismo sem fair-play, e não existe fair-play sem respeito. Não existe, então, Sportinguismo sem respeito, e é aqui que entra Eusébio da Silva Ferreira e duas das instituições para este post chamadas: o Sport Lisboa e (o) Benfica. O tema é sobejamente conhecido, infelizmente. O trato que lhe foi dado, reconhecidamente infeliz. Já lá vamos.

Quem é leitor deste espaço já se apercebeu certamente de cinco coisas:

. Não são toleradas faltas de respeito pelo Sporting CP
. Não falamos necessariamente daquilo que outros falam
. Não existem regras outras que não derivem do bom-senso
. Cada um fala por si, e ninguém compromete alguém
. Todos, comprometemos o Sporting Clube de Portugal

Nesta linha se insere o post, e mantenham atenção sobre as duas últimas das cinco supra-mencionadas: falo em meu nome; não falo em nome do Pedro e do Álamo, e vou dizer aquilo que em seguida direi porque sinto necessidade de bem desenhar um compromisso entre o Sporting CP e a infeliz questão da entrevista que Eusébio concedeu ao "Expresso", compromisso esse que não vi ser feito.

Não li ainda a entrevista. Nem irei lê-la: não tenho interesse.
Como tive oportunidade de dizer há dias, não sei porque teria interesse em ler uma entrevista do Eusébio, e quem diz Eusébio poderia dizer Humberto Coelho, Fernando Gomes, ou outros. É uma entrevista que embora mencione o Sporting CP, fomentará interesse (imagino) junto dos benfiquistas - adeptos do(s) clube(s) ao qual Eusébio se associa. Pessoalmente, não me desperta qualquer curiosidade. Despertá-la-ia caso tivesse sido oferecida por Mário Coluna, como exemplo.
São questões de gostos pessoais, evidentemente.
Falo em meu nome, repito, e nada de certo ou errado. É o que existe.

O compromisso serão, então: provar quão errado Eusébio está naquilo que as letras gordas e títulos da entrevista sugerem [que nao são, necessariamente, aquilo que (ele) disse], e provando-o da forma que me parece a mais correcta de todas:
Manifestar compreensão pelas suas palavras; ele não desgostará do Sporting mais do que aquilo que eu, como exemplo, desgosto do Benfica. Pelo contrário.
Presumir como verdadeiras as afirmações caucionadas ao Sporting de Lourenço Marques, e presumi-las desse modo porque nada têm que ver com o Sporting Clube de Portugal e não me parecem afirmações chocantes ou pouco plausíveis de conterem verdade.
Pequena nota: há dias assistia no "Yesterday" a (um género de "Canal História", mas pior) um programa muito bom que olhou para a problemática Nazi associada ao Desporto. Nele, imagens estranhas (a posteriori) da comitiva Britânica nos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936, executando a saudação Nazi a Adolf Hitler e seus camaradas, aquando da cerimónia de abertura. Ilações? Muitas. Nenhuma, seguramente, que sugira descuido da Grã-Bretanha na forma rápida e clara como chamou e perdeu centenas de milhar dos seus (civis e militares), viu dizimadas históricas cidades Inglesas ou, viu Londres endurar o brutal Blitz, quando durante largo tempo manteve-se isolada na guerra que levou a Hitler e ao regime Nazi, por essa Europa fora, quando nem fazia parte dos planos de Hitler, ou do regime Nazi, invadir ou pretender subjugar territorialmente essa mesma Grã-Bretanha.
Pequena nota que serve para dizer algo muito óbvio: porque motivo se sentem os adeptos do Sporting chocados pela declaração de que o Sporting de Lourenço Marques era um clube "da polícia, da elite e dos racistas"?. Alguém prova o Eusébio errado? Gentes de Lourenço Marques e que viveram no tempo de Eusébio podem fazê-lo. Os outros todos, o máximo que podem é adivinhar ou inventar. O Eusébio até poderia ter dito que o Sol não é amarelo e o Céu vive abaixo da terra. E depois? São coisas que só comprometem o Eusébio e, em última análise, o Benfica.
E foi isso que ele fez, de resto. Nada mais.
Ao passo que muita gente olha para esta fotografia e nela vê não sei o quê, eu vejo algo bastante evidente e que cola (talvez) com aquilo que Eusébio afirmou: 3, ou 4, não consigo distinguir muito bem, jogadores de côr. Os restantes, brancos.

Novamente, não li nem irei ler. Também, porque não preciso. Pego antes numa entrevista de 02/02/2002. Uma bem melhor do que aquela dada ao jornal Português, escusando-me assim de fazer mais publicidade a quem não merece. Entrevista onde Eusébio fala novamente (tempo passado, 09 anos), entre outras coisas, do Sporting de Lourenço Marques. Revista "Africa Today" (link), e uma maravilhosa entrevista onde pode ver-se Eusébio, entre outras coisas, afirmar (link):

O hino do meu clube [no telemóvel] (...) eu gosto deste hino, porque há vários. Gosto deste porque ao mesmo tempo faço uma homenagem a um grande homem do Benfica, que está aqui no coração [Luís Piçarra]. Era amigo dele, quando estamos aqui a almoçar, é sempre no balcão, peço para me ligarem de propósito para ouvir o hino, porque tenho aqui os meus amigos sportinguistas.

Jogar à bola não é para qualquer pessoa. Há uns que dão pontapés na bola, há outros que jogam à bola! Falo de mim e dos meus amigos de coração e colegas, Pelé, Bobby Charlton, Cruyff: esses são jogadores da bola! Hoje também há, mas não se pode fazer comparações. Tenho orgulho de estar neste grupo, porque é uma geração que não vai ser esquecida. É bonito recordar isto, porque quando vou com o meu primo e com outros amigos treinar com a minha equipa, os Brasileiros de Mafalala [bairro de Maputo, Moçambique], vamos treinar no Desportivo [Grupo Desportivo de Maputo], filial do Benfica. E não existia muito o Sporting [Sporting Clube de Lourenço Marques], que era de elite [filial do português Sporting Clube de Portugal]. O branco estava ali, o preto não era aceite. “Como eles não te querem ali eu agora vou assinar para tu jogares”, disse a minha mãe. “Mãe não faça isso, mano diga à mãe para não assinar”, respondi. Ela de futebol era zero.

"O branco estava ali, o preto não era aceite"

Não faço ideia de como as palavras de Eusébio foram expostas no jornal Português - o título, esse, é uma vergonha - mas reparem como lidas no contexto de quem ouve o Eusébio ... rigorosamente nada têm de chocante. Foi de resto esta, a primeira sensação que tive quando há dois dias - sem ler nada do que Eusébio havia dito - senti-me profundamente incomodado quando vi adeptos do Sporting em vários sítios diferentes tratar o Eusébio por "preto lampião" e "racista" ou "javardo". Tenho a certeza que mais Sportinguistas se sentiram incomodados. É esse o objectivo deste post, oficializar (passe a expressão) esse incómodo, e deixar claro o nojo que as palavras de alguns adeptos do meu clube escreveram.

O meu falecido pai, malangino [da província de Malange], não, jogou na selecção e foi transferido para os Caminhos-de-Ferro de Moçambique. Tinha sete, oito anos quando ele morreu, com tétano. Ele e o meu sogro eram amigos e jogaram na mesma equipa, o Ferroviário. Em África, onde há comboios há uma equipa do Ferroviário. Lá trabalhava-se e depois jogava-se, o meu pai era médio (...) Estamos a falar nisso e estou a puxar o princípio da conversa, o facto de o treinador não aceitar ficar com um jogador sem saber [Grupo Desportivo de Maputo, filial do Benfica]. Os colegas diziam que eu era o melhor do bairro… “Quero lá saber”, dizia ele. Arrependeu-se, porque marquei três golos ao meu clube, o Desportivo, e todos os meus colegas sabiam que era do Desportivo. Sempre disse que não sou do Sporting. Pagam [o Benfica] 250 contos, a minha mãe assina uma declaração a dizer que se o seu filho não se adaptasse o dinheiro estava depositado no Banco Nacional Ultramarino e tinha passagem ida e volta e tudo. Acabei por ganhar um prémio de 100 contos, muito dinheiro na altura. O outro treinador é que ficou mal visto, está vivo e somos amigos, vive em Carcavelos [arredores de Lisboa].

Primeira vez que leio tal coisa escrita e explicada. Já o sabia, de resto, a título privado: nunca o Eusébio se comprometeu ou apalavrou com o Sporting Clube de Portugal. Insinuar tal coisa é um disparate, inventar, para mais quando dito como forma de maltratar o carácter do Eusébio. A história como a conheço, e uma que é verdadeira, acrescenta a esta somente um pormenor: os dirigentes do Sporting CP tentaram junto da Mãe de Eusébio que ela assinasse um compromisso com o nosso clube. Porém, os do Benfica levaram na bagagem dinheiro. Os do Sporting, uma letra (título de crédito endossável). Seja como for, o dinheiro (mesmo que não tivesse cheiro ou côr) do Benfica, superava o montante da letra do Sporting. Mas mais, o Eusébio nunca quis jogar ou ser do Sporting. Tal é claro.

... e vou continuar a dizer, com muito respeito que tenho pelo Sporting enquanto clube e pelos grandes jogadores que por lá passaram. O Hilário, que é mais velho que eu três, quatro anos e somos do mesmo bairro, sabia disso (...) e como ele me conhece bem falou comigo para ver se ...
Mas eu disse que não, que não valia a pena. Assinei contrato com a autorização da minha mãe, aliás, ela é que assinou. (...) As equipas de África sempre jogaram como os brasileiros, é festa, o prazer no futebol (risos). Empatámos 2-2. Houve uma equipa que forçou a minha vinda para o Benfica, o Ferroviário de Araraquara. O senhor José Carlos Bauer, o treinador, foi jogador do Béla Guttmann no São Paulo, que na altura treinava o Benfica. Joguei contra eles e perdemos 3-1, mas marquei o golo. Ele é que foi falar com o Guttmann. “Mister está lá um menino espectacular, é contratar já”, disse. O processo acelerou assim. Foi quando o Benfica pagou logo 250 contos, e o Sporting, isso é que é triste, quis que viesse à experiência. Epá, não pode. A minha mãe e o meu irmão não eram malucos ...

O que tem isto de extraordinário? E o que terão as palavras de Eusébio ao "Expresso" de extraordinário? Alguém duvida que o Eusébio respeita o Sporting Clube de Portugal, ou alguém duvida que o Eusébio tem alguns dos seus melhores amigos no Sporting Clube de Portugal? Alguém julga que o Eusébio vê o Sporting Clube de Portugal como um clube da elite ou de racistas? Cuidado, por favor, porque o desrespeito é uma coisa muito feia. Toda a gente sabe, como exemplo, que odeio o Benfica. Odeio-o, ponto final. E sem hipocrisias de nenhuma espécie (ao contrário de outros) assumo o meu natural anti-benfiquismo, um de que me orgulho. Repito, orgulho, porque não reconheço ao Benfica e nos benfiquistas valores que são parte da génese de um clube como o Sporting. Isto, é uma coisa. Enfiará a carapuça quem quiser. Outra ... algo que jamais faria, desrespeitar um símbolo do SLB. Não é o dizermos "o Benfica é isto ou aquilo ou os benfiquistas são isto e acoloutro", antes, insultarmos em concreto o carácter de um pessoa que é um símbolo vivo daquele clube, sem que tenha ela feito qualquer coisa que o mereça. E fazê-lo com socorro a tons racistas, ou tons degradantes que pegam nas capacidades oratórias do Eusébio ou que falam sobre a sua inteligência ... tons que nada têm que ver com o Sporting Clube de Portugal e com aquilo que ele é há 106 anos.

É só isto aquilo que me importa afirmar.

Regresso a José Eugénio Dias Ferreira, e às palavras que numa madrugada escreveu a propósito de uma visita muito especial ... a visita de Eusébio da Silva Ferreira a um núcleo. Núcleo do Sporting Clube de Portugal na terra onde está sediada a filial Sporting de Lourenço Marques, Maputo.
Caros amigos, é assim o fair-play dos Sportinguistas e é assim o Sporting.
Disso não tenham grandes dúvidas, independentemente da força que uma mensagem entre muitas possa conter. No mais pequeno dos cenários, é a minha mensagem, e uma que me vincula a mim.»
  


27 comentários:

Rui disse...

É um texto cheio de referências implícitas a bons princípios. Só me ocorre perguntar se o ódio faz sentido como sentimento, não só, mas especialmente num contexto desportivo.

Imensas palavras bonitas, a ressaltar princípios que, supostamente, o Sporting encarna... e surge a afirmação que, afinal, traduz cruelmente a superficialidade do que tudo até aí tinha sido escrito.

Isto é o Sporting.

Torres disse...

Concordo com o Rui: princípios bons mas só pela rama. Dizer que se odeia outro clube é coisa de adepto de equipa pequena. E o Sporting pode ter muitos defeitos mas ainda é um dos grandes clubes do nosso país. Pena que os seus adeptos sejam incapazes de o saber e o respeitar.

Eu não odeio o Sporting nem outro clube qualquer. Mesmo o Porto não odeio. Odeio o Presidente corrupto deles, isso é verdade, mas não confundo pessoas com instituições. Por isso, o MM, apesar das boas intenções, tem de rever esses sentimentos. Em nada ajudam o futebol.

MM disse...

Rui, o Sporting: sempre. Encarna-os sempre. Já eu, nem sempre, em especial sobre assuntos que digam respeito ao Sporting.

Quer-me parecer no entanto que não compreendeu bem as palavras: o Benfica é uma coisa invisível que embora se faça presente não está na minha frente.
O Eusébio, está. Mexe-se, fala, fez coisas. Coisas do tamanho do nome que hoje tem.

É esse Eusébio que me importa preservar. E preservá-lo em toda a sua extensão, uma que faz dele um símbolo vivo do seu clube Rui. Dissociar o Eusébio dele (seu clube), é uma impossibilidade. Nem eu nem ninguém alguma vez o conseguirá. Na muito pequena medida das minhas possibilidades, se para salvaguardar o Eusébio e o Sporting Clube de Portugal precisar de socorrer-me a elementos que vão para lá deles e entrem na esfera do Benfica, pois não tenha dúvidas nenhumas que o farei.

Em especial se falarmos verdade, que é o caso. Todos esses elementos são verdadeiros e apenas o próprio (Eusébio) pode contraditá-los, coisa que não fará.

Sporting Clube de Portugal e Eusébio. Únicos focos do meu "interesse" na história. Já o Benfica, naturalmente, vê-lo-ei com os olhos que sempre vejo.

MM disse...

... algo que o comentário do Torres confirma. "Coisa de adepto de equipa pequena". Torres, grato pela arrogante demonstração prática sobre aquilo que me faz Sportinguista e anti-benfiquista: em simultâneo.

Abraços ao Ricardo e preparem bem o próximo derby. Não apaguem as luzes nem liguem os regadores, para que assim não venham adeptos do Sporting de Braga moer-vos com desnecessária moralidade.

Saudações Leoninas.

Ricardo disse...

Rui e Torres, claro que acho um mau princípio odiar-se outro clube. Aliás, um péssimo princípio. Mas com isso ficará o MM e a sua forma de encarar os adversários - ou o adversário, porque não me parece ser uma questão estrutural, antes específica: é o Benfica.

Mas gostava que a ideia de colocar aqui um texto de um sportinguista extravasasse esse "pormenor" do homem odiar ou não o Benfica - até porque, no fundo, não odeia - se odiasse, não escrevia isto; não gosta e meteu na cabeça que odeia, porque há um anti-benfiquismo que é ensinado no Sporting por algumas pessoas, mas que, a meu ver, não é ódio ou eu assim não o reconheço. Gostava que se pensasse naquilo que o texto transborda: importância de respeitar símbolos, de respeitar pessoas, de não ceder aos instintos mais básicos por clubismo ou por mera estupidez. Pensar antes de escrever. Reflectir sobre os assuntos. Isso, sim, parece-me importante. O resto será importante, se calhar. Mas não tanto.

Rui disse...

MM

Admito que fui selectivo na minha análise do teu texto. Podia ter escolhido destacar aquilo que o Ricardo destaca e que foi, certamente, a razão pela qual optou por publicar aqui esse texto.

Se quiser abordar o texto por esse prisma, é óbvio que há muito que louvar, em termos de racionalidade, de respeito por um símbolo como Eusébio, enfim, de libertação da perspectiva cegamente clubística, tão tristemente redutora. Seria interessante ver esse tipo de análise aplicado a tantos outras coisas. Claro que nesta coisa de defendermos os nossos, alguma irracionalidade sempre se aceita e é quase necessária para alimentar uma rivalidade que se quer saudável.

Sou como o Torres, não consigo sentir ódio pelo Sporting. Confesso até, que nalguns momentos desportivamente maus da época passada, senti algum constrangimento pelo que o Sporting estava a passar. Respeito o Sporting como um rival, a quem quero sempre que o Benfica ganhe, mas ganhar a um Sporting forte, à altura da rivalidade de sempre, é bem melhor.

Também creio que o clube que cada um de nós ama, é representado por nós próprios, também, nalguma medida. Uma das formas de ser fiel ao que entendo que o Benfica é passar por tentar, enquanto Benfiquista, fazer jus a isso mesmo, aos valores que entendo o que o Benfica encarna, ao que representa. É por isso que tenho dificuldade em compreender o ódio como sentimento no desporto e acho que a tua referência a esse ódio, embora honesta, desmerece um texto que, não fosse isso, seria um texto surpreendente num adepto de futebol, sobre um símbolo de um clube rival (embora entenda que o Eusébio é mais do que apenas um símbolo do Benfica).

Cumprimentos

Anónimo disse...

Vão-se catar.

Torres disse...

Caro MM, pelos vistos não me enganei na análise (confesso que tive medo quando li o primeiro comentário que escrevi de poder estar a ser injusto sobre si). Você sofre mesmo de alguma cegueira clubística. Não só porque odeia o Benfica (o que é, para mim, suficiente para sabê-lo fanático) mas também pelo comentário que me dedicou, explorando a frase "adepto de equipa pequena" (quando eu me referia a si e não ao seu clube) e esquecendo, propositadamente, esta frase que, aqui sim, abordava o Sporting: "E o Sporting pode ter muitos defeitos mas ainda é um dos grandes clubes do nosso país."

Termino com a frase que em cima escrevi e que o MM confirmou na totalidade:

"Pena que os seus (Sporting) adeptos sejam incapazes de o saber e o respeitar."

Constantino disse...

2 coisas importantissimas neste post:

1. não sabia que se podia publicar um titulo tão grande. pensava que havia limite de palavras.

2. tive que ler o texto em 2 partes porque ali para o meio perdi-me e fiquei todo taralhoco.

De resto é bonito ler tanto fair play e principios tanto de sportinguistas como de benfiquistas. O problema é quando se passa á acção... "ah que nós somos diferentes e temos principios e o catano"... conversa de encher chouriços (um abraço solidário para a Sicasal).

Ricardo disse...

Xirico, seu racista.

Sim, um abraço sentido à Sicasal. Não a estrutura que se inecendiou e nem sequer a empresa.

Um abraço, largo, à Sicasal/Acral pela fusão originária de um nome que ficará para a história dos verões quentes, entre "palminhas, palminhas, palminhas" e subidas de lingrinhas com escaldões pela Serra da Estrela. No chão "Força, Gamito!" e no pelotão uma carrada de estrangeiros em aliteração: Pando Pandev, Viktor Viktorius, Ilgo Ilgauskas e outros, reais, de que não me lembro.

Sicasal/Acral. Que nome!

Anónimo disse...

Simpplesmente não percebo o tempo de antena dispensado a uma figura que, não há muito tempo, naquela sua espécie de blog, afirmava ser o nosso Benfica (não o de Castelo Branco ou outro qualquer) um clube racista. Se ele não fizer no pseudo-blog o que muitos da sua laia querem fazer da história - APAGÁ-LA - lá poderá ser encontrado o escarro fétido com que o energúmeno tentou visar a nação Benfiquista.
Este MM, perfidamente (como é o seu estilo) mais não faz agora do que resignar-se com a verdade histórica e esta demonstra que o sporting (o de portugal) confundia-se com o regime salazarista.
Nem a prodigiosa imaginação do MM consegue branquear a verdade inconveniente adormecida há muitos anos: o sporting foi a instituição que mais pactuou com a velha senhora, inclusivamente em questões de discriminação racial. Isto é factual.
Certamente assoberbado com a tarefa de tentar encontrar justificação para os não-sei-quantos títulos do sporting, deu-se por vencido nesta "batalha": Deusébio falou e o lagarto engoliu.
Para que não fiquem dúvidas: não odeio o sporting, odeio sim este pseudo-intelectual do MM, um imbecil de proporções cósmicas.

Arquiduque das Águias Livres

Constantino disse...

Porra Ricardo como pudeste esquecer o grande Petar Petrov do Gresco Tavira?

Em termos de nomes, LA Aluminios.... Los Angeles Aluminios... nao sei como nunca tiveram cá o Armstrong. Para alem que estamos a falar de uma empresa que faz... extrusão... (sim, recebo a newsletter deles)

Ricardo disse...

"Simpplesmente não percebo o tempo de antena dispensado a uma figura que (...)"

É simples, Arquiduque, este tempo de antena é da exclusiva responsabilidade (parece que estou a ouvir a musiquinha e os gajos a aparecerem, um a um, um pescador de Setúbal, depois a música do PC, um sindicalista, mestre-de-obra na Vidigueira: "cidadão, precisamos de ti nesta luta contra o poder instituído, o poder que renega e destrói o trabalhador português" - a hora era antes do telejornal - logo, do jantar -, por isso isto lembra-me sempre a toalha na mesa, os pratos e os talheres à espera de alimento, as barrigas aos roncos e o pão e o queijo fresco a desaparecerem enquanto a sopa não chegava e o Carvalhas anunciava que era preciso proteger os trabalhadores do mundo do capital).

Não, o que eu ia dizer era: este tempo de antena é dedicado ao texto do MM, não à sua "figura". O texto. O texto! O TEXTO!! O TEXTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bom nome.

Anónimo disse...

Fair-play e MM na mesma frase? Fodasse, é hoje que o mundo acaba!

Não sujes o teu blog com essa gente, Ricardo.

Ricardo disse...

Era isso, Peter Petrov! Era esse que eu queria mas o cérebro não deixava.

Mas havia ainda outro, nessa onda, mas muito mais cómico. Não me lembro... Tipo Janko Jankauskas. Era o melhor de todos. Geralmente o rapaz fazia uma fuga nos primeiros dois dias, para aparecer na televisão lá no país dele (que não era a Lituânia, apesar de parecer pelo nome), e depois acaba rebentado. Marco Chagas chegava mesmo a reflectir sobre se valeria a pena a participação de atletas que não trazem a preparação física correcta para este tipo de competição. E contaria uma historieta em que ele próprio esteve envolvido e acabaria a dizer o nome do outro comentador - como diz 1000 a 2000 vezes por minuto - "é preciso, Nuno (ou José?), perceber que isto, Nuno (ou António?), é um desporto de grande exigência, Nuno (Manuel?), e portanto, Nuno, convém fazer passar a mensagem, Nuno, aos atletas, Nuno, que têm de vir bem preparados, Nuno, para a Volta a Portugal, Nuno.

E o Nuno dizia: Sicasal/Acral, Gresco Tavira e LA Alumínios.

E o Marco Chagas arranjava outra dissertação sobre o perigo que é, Nuno, as pessoas, Nuno, meterem-se na estrada, Nuno.

LDP disse...

Deve ser caso único: concordo com o bolacha MM. Tirando o momento em que o bolacha MM fala no ódio ao Benfica.

Mesmo quando escreve uma coisa minimamente de jeito tem de estragar tudo com a sua arrogância e prepotência.

MM disse...

"Se quiser abordar o texto por esse prisma, é óbvio que há muito que louvar, em termos de racionalidade, de respeito por um símbolo como Eusébio, enfim, de libertação da perspectiva cegamente clubística, tão tristemente redutora."

Rui,
A perspectiva e so essa.
Lhe garanto porque o texto foi por mim escrito.

Algo que imbecis como o Arquiduque e outros nao entendem. Esse e outros, nao so nao percebem que isto tem apenas que ver com o Eusebio como, oferecem a questao uma interpretacao semelhante aquela pelo meu texto censurada: veem Benfica, e veem Sporting. Para alem de verem algo perfeitamente surreal - uma questao racial. Foi esse o motivo que levou adeptos do Sporting a - sem cuidado com o Eusebio - pegar no tema para defender o Sporting e atacar o Benfica. Ou atacar o Benfica e defender o Sporting.

Compreensivel, talvez.

Mas nao desculpavel, ainda assim, para mim. Da mesma forma que garanto nao ser o Eusebio racista - porque conheco-o, tenho a certeza que os Arquiduques e imbecis como os Arquiduqes sao o tipo de gente que fosse o Eusebio um ex-atleta do Sporting, veriam a questao exactamente da mesma forma que alguns adeptos do meu clube a veem.

O que mais estranho, e: eu que sou profundamente ultra-Sportinguista, nao tive qualquer problema em olhar para isto e ver de imediato o Eusebio. Nao vi Benfica, nem vi Sporting.

As amelias que aqui comentam falam do MM, e falam do Sporting. Tambem essas, nao veem o Eusebio. Nao faz mal. Vi eu por elas.

Arquiduque,
Se eu quiser contactar com a Historia, posso ir a muito sitio. Um deles, ao meu blogue. Nao entro em contacto com ela atraves dos seus comentarios, atraves dos comentarios de 99% de outros Sportinguistas, benfiquistas, ou outros, nem atraves de 90% dos bloggers que existem, e/ou aquilo que fazem.

Historia e qualidade, termos que andam bem juntos. Felizmente, encontro-os em minha casa.

MM disse...

Ricardo, so uma pequenissima nota sobre algo importante que dizes. Alias nota nenhuma, farei um post sobre o tema, porque interessa-me, e assim escusam as consideracoes de ficar misturadas numa caixa de comentarios sobre a qual nao possuo controlo.
Deixo-te um ultimo abraco, e verifica por favor o teu e-mail.

Armando disse...

Não é comum ler blogs sportinguistas, não porque tenho algum ódio mas porque me não interessam os assuntos tratados. Sendo assim, tenho contacto com a realidade de quem escreve nesses blogs essencialmente por essa pergonagem algo conflituosa de seu nome MM - este mesmo, que aqui hoje é falado como autor de um texto. Confesso alguma perplexidade sobre tudo isto. Não julguei o Ricardo - que sei não ser fanático - capaz de uma destas, essencialmente porque já o vi neste blog discordar de forma veemente do sportinguista MM. Mas, pensando bem, faz algum sentido e até traz uma nova dimensão à blogosfera. É possível que até goste desta troca de ideias. Deixem-me repensar tudo isto.
Sobre o texto tenho a dizer que concordo com tudo e espanta-me que um fanático MM consiga escrever (e reflectir) desta forma, embora tenha tido de falar no ódio que sente ao Benfica - sim, eu compreendi que era como contraponto ao que analisava no texto e essa informação convinha para melhor espírito argumentativo. Tudo certo, fora das politiquices habituais e dos lugares-comuns, direi que sim, trouxe algo de novo este post. Que se reflicta, aceito.

Anónimo disse...

Ricardo, se pretendes fazer a destrinça entre a criatura e o texto, sugiro-te que reproduzas aquele outro a que me refiro e também com a assinatura do sabujo.
Seria bom que os Benfiquistas percebessem que certo anti-benfiquismo só pode ser combatido por um orgulhoso anti-sportinguismo.

A demência da criatura foi ao ponto de considerar que a dispensa do Zoro, esse "talentoso" jogador, se deveu a racismo, ao nosso racismo.
Se não achares o texto, pede-o ao imbecil. Ele melhor do que ninguém saberá recordar-te essa "história", para ele (e só para ele) de "qualidade".

Arquiduque das Águias Livres

MM disse...

Armando,

. Personagem e aquilo que esta na figura pelo Ricardo escolhida no topo do seu blogue: 7 personagens, todas elas animadas, a olhar para 1 televisao. 7-1, respectivamente.

. Nao Armando, nada compreendeu: mencionei o odio ao Benfica para i) perceber-se que a questao nada tem que ver com Sporting e Benfica e ii) porque ele existe. Simples, em boa verdade. Sabe o que significa "odio", Armando? Julga que sabe, mas se calhar julga mal.

. Espanta-lhe que "um fanatico como eu consiga? (...) lugares comuns (...) dira que sim?".
Armando, faca favor: sente-se e produza algo melhor. Tenho a certeza que ao pe dos meus lugares comuns a sua visao sera muito bem-vinda. Como nao a conheco e o seu comentario nao mostra nenhuma, vou pressupor que nao existe. Se nao existe, olhe la menos para os meus lugares-comuns e preencha os seus lugares-vazios.

MM disse...

Arquiduqe,
Ri-me muito com a escrita desse post. E sim, tem alguma qualidade. Uma qualidade muito propria. Nao minha, mas daquilo a que se chama "humor".

Nada que voce consiga compreender.
Tenho a sensacao que muito pouca gente se apercebe da gravidade da questao, e de como ela vai muito para la daquilo que por norma a blogoesfera mostra, no seu pior.

Muito para la = Universo completamente aparte.
Normal que assim seja, de resto.

Constantino disse...

Ricardo,

Atua duvida é capaz de andar por algum daqueles indomáveis das "Metas Volantes" e dos "Pontos Quentes", de nomes tipo Saulius Sarkauskas (nisto de nomes lituanos fico sempre meio bloqueado no Arvydas Sabonis que se tratem de atletas de futebol, basket, ciclismo ou petanca às 3 tabelas), ou Stancho Stanchev.

Ricardo disse...

Olha outro... Stancho Stanchev!!! Se calhar era esse. Os gajos combinavam isto, só pode...

"pssst, ora bem, você que nome tem?"
"Stancho"
"Sim, claro, mas de apelido é Stanchev?"
"Sou, sim senhora" (isto com apelido búlgaro)
"Muito bem, pode participar. E você?"
"Jaquim"
"Jaquim quê?"
"Agostinho"
"Isso lá é nome de ciclista, homem, vá mas é trabalhar para as obras!"

Unknown disse...

Noto que a grande equipa do Tavira continua a ser dissecada sem menção do grande vidal fitas ou dos mais recentes krassimir vasilev ou nelson vitorino. Sobre o ódio do MM, é natural, pois reside no complexo de inferioridade da lagartada que não consegue compreender como é que o Benfica é mais popular. Compreendo que respeite o homem, porque ele existe e é um símbolo não só do Benfica mas de Portugal. Mas a sua costela anti-benfiquista primária mostra a sua verdadeira natureza. Tem azar, nem eu, nem muitos benfiquistas temos o ódio que eles têm por nós, porque o Sporting, o Porto, o Braga, a Naval ou o Carcavelinhos é tudo a mesma merda, são adversários a derrotar sem dó nem piedade, não há uns melhor que outros.

N.T. disse...

Curioso preâmbulo (aquilo é muito extenso para ser título) o deste post.


Também o meu avô era sportinguista e o único estádio que conheceu foi o da Luz. Ali ia, nas suas visistas à "Metrópole", com o mesmo propósito do teu: ver o Eusébio.
O meu pai, nascido em Moçambique, saíu Benfiquista, não tanto por isso, que não acompanhava o meu avô nas viagens, antes pelo que ia ouvindo na "telefonia" e porque, lá está, Eusébio e Coluna eram da terra onde nasceu e crescia.

MM, bom post. Parabéns pela lucidez que a muitos faltou. Reflexo dos tempos, também. As pessoas guiam-se por manchetes e sound bytes isolados, raramente se preocupam em contextualizar o que lhes dão na bandeja.

Anónimo disse...

Mas porque caralho os postes publicados nos blogues do grande SPORTING são transcritos para blogues do clube de carnide.

Mesmo com autorização do SPORTINGUISTA(MM), deviam ter vergonha(a mesma que eu tenho por ter vindo ao galinheiro e ter cagado uma posta neste sitio, não por odio, por NOJO)