quarta-feira, 31 de julho de 2013

A portização do Porto


"Outros entreter-se-ão a meditar sobre torneios e troféus de particulares e sobre historiais de taças latinas dos tempos dos bisavós"


A ostentação da ignorância e o orgulho boçal pelo desprezo ao passado sempre foram características singulares dos pobres de espírito. No caso dos portistas - a sua generalidade, entenda-se -, não é diferente. A pobreza de espírito advém do facto de serem uns novos-ricos. Pior: novos-ricos através de actos corruptos. O que gera este híbrido sem quaisquer mais-valias: nem tem a dignidade e a ancestralidade dos valores nem, porque é corrupto, o mérito da riqueza que angariou.

A Taça Latina tem um peso na História das Competições Europeias extraordinário. Foi ela que originou a Taça dos Clubes Campeões Europeus, foi ela que, pela primeira vez, juntou, a um nível já condizente com o prestígio que ainda hoje exibe, grandes equipas e uma competitividade nunca antes vista. O mérito da conquista, esse pertence ao Benfica (e a Barcelona, Real Madrid, Milan, Stade de Reims), mas todos os que nela participaram e todos os que a quiseram no seu museu merecem, sem sombra de dúvidas, todos os elogios e o nosso respeito. Falar em "taças latinas dos tempos dos bisavós", além de uma profunda estupidificação da alma e de um orgulho imbecil em ser-se verdadeiramente mentecapto, é faltar ao respeito ao futebol. Não surpreende, é certo: um adepto de um clube que sempre faltou à verdade desportiva compreende-se que tenha outros princípios, seguramente mais dignos e menos antiquados.

Desprezo pela História, ignorância e orgulho boçal nestas premissas. É isto o adepto portista comum. Não espanta: se o próprio clube, corrompido transversalmente por caciques corruptores, promove a ignorância e o desprezo pela verdade, seriam os novos adeptos a pugnar por outros valores? Basta o exemplo que, no fundo, explica tudo: a mentira e a falsidade são tais que até a data de fundação foi corrompida. Haveria melhor forma de explicar ao mundo o que o Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa é?

1 comentário:

Runesocésio disse...

Nitidamente já estou em pré-férias e só por isso cá vai mais uma posta de pescada...

Noto o remate final de o "Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa", com algum agrado, pelo menos a distinção entre o clube e a pessoa que abominas. Mas por fazeres esta distinção não estás a entrar em contradição com a generalização que fazes antes (e também notei que usaste o "alguns portistas").

Ainda na mesma tecla o Porto existia antes de Pinto da Costa, tinha história e tinha troféus, tinha até campeonatos ganhos... Porque é que essa história é quase sempre ignorada? Vejo muitos vezes confundido o desejo de ver desaparecer de cena certas pessoas com o desejo que desapareça o clube.

E agora relacionado com o tópico, pode ser? :)

Ora, a Taça Latina teve uma enorme importância à época e foi tudo aquilo que descreves. Por isso todos(?) os clubes que a ganharam a exibem com orgulho nos seus expositores, ou nos museus para os mais afortunados. Só que nunca foi reconhecida como oficial por aquela que veio a ser a entidade que regulamenta a "oficialidade" dos troféus. Pessoalmente se me questionares até terá mais dignidade e peso histórico a TL que a actual Liga Europa, um conglomerado de 4º e 5º classificados e repescados da Champions que vão ali fazer uns trocos... Só que uma é reconhecida e outra não.

Esse desprezo que tu lamentas vem de uma coisa que eu referi no comentário ao outro post: a defesa da dama e a radicalização de posições leva a coisas absurdas como a “ Taça Latrina” e outras que tais. Eu ataco, tu atacas e de repente voa merda por todo o lado. O pior de tudo é que nem eu me lembro de nunca o Benfica enquanto instituição ter reivindicado esse título como oficial ou o Porto de apontar isso ao Benfica, foi uma luta criada pelos jornais e depois alimentada em lume brando que na net quer nos ditos, o cúmulo sendo o Record decidir por sí quais os títulos que para o jornal eram os oficiais num célebre editorial do Alexandre Pais.

Cada clube tem o direito de exibir no seu palmarés os troféus que entender que têm mais prestígio, sejam eles Taças Latinas ou troféus Teresa Herrera (sou novo, só me lembro deste) e na maior parte dos casos são troféus que têm inegável importância história à época a que foram conquistados ou tem prestígio pelos clubes envolvidos.

Guerrinhas parvas é o que é... e que os jornais agradecem (e até fomentam).