segunda-feira, 13 de junho de 2016

A Rábula de Dunga



O Dunga não percebe o Jonas. O Dunga não percebe o futebol. Não o percebia antes do Jonas e continua sem o perceber.

Lembram-se daquele Brasil empolgante? Lembram-se daquele Brasil criativo e imaginativo?

São boas memórias. O Dunga também as tem. Memórias não são ideias.

No Brasil dizem que o Dunga é burro. Não sei se é. Só sei que está ali totalmente perdido.

Há muito que se pode falar sobre o Dunga mas hoje prefiro-me focar somente nos jogos desta Copa América. 

Grupo de 4 equipa onde o Brasil não tinha concorrência. Um frágil Haiti, um mediano Equador, um mediano Peru e uma competição onde as equipas jogam mais abertas e há mais espaço para os atacantes progredirem.

Nestas condições o Dunga olha para o Equador e opta por formar uma teia de equipa pequena – uma linha de 3 médios juntos no eixo central, 2 extremos rápidos bem abertos na ala e o avançado sozinho entre os centrais.

Casimiro a tapar, Elias a correr e Renato Augustos posicional.
Brasil de retranca com 3 jogadores obrigados a assumir todas as despesas ofensivas individualmente.

Uma hora de jogo com o Equador e continuava 0-0. Não havendo golos Dunga responsabiliza o avançado. Podendo abdicar de um dos médios para colocar alguém mais ofensivo que jogasse mais próximo do Jonas, Dunga opta por trocar os avançados. Se não há golos então o problema é o avançado.
Sai o Jonas e entra o Gabriel, mais uma flecha ofensiva.
Para Dunga o golo procura-se através de muita correria e individualidade.

Ficou 0-0.

Chegou o jogo com o Haiti e o Dunga manteve tudo igual. Brasil-Haiti com os brasileiros a jogar com um meio-campo de retranca.

Dunga não entende que o Casimiro aguenta aquela posição sozinho. Dunga não entende a necessidade de ter um médio que conduza a bola e apareça juntos aos atacantes. Dunga não perceber o quanto bonito seria ver um jogador mais criativo a aparecer junto ao Jonas.

Como isto foi contra o Haiti bastou a inspiração do Coutinho para o intervalo chegar com um 3-0.
Jonas fez uma boa primeira parte. Além da assistência foi também o responsável por grande parte das criações de espaço para os outros aparecerem com maior perigo. Contudo Jonas é avançado e chegou ao intervalo sem marcar e isso confunde o Dunga.
O segun
do tempo arranca com troca de avançados.

Mais uma flecha para o ataque. O Brasil corre mais e joga em maior desapoio. O Haiti abre-se mais na procura do golo, o Lucas Lima entra, o Brasil tem mais jogadores no ataque contra um Haiti mais partido e o jogo acaba 7-1.
O Gabriel falhou 2 golos feitos mas marcou 1! Para dunga estava tudo óbvio: precisava trocar os avançados.

Mais uma flecha lá para a frente. O Brasil passa a jogar em desapoio ofensivo. Há mais jogadores a correr. Entra um médio mais ofensivo. Haiti mais partido, Brasil com mais jogadores no ataque e o Brasil ganha 7-1. O Gabriel falhou dois golos isolado. Mas marcou 1! Para o Dunga fica tudo óbvio. Tem de trocar o avançado!

Vem o jogo decisivo com o Peru. O Brasil só precisa empatar.
Este Peru não é um México, nem um Paraguai e nem sequer se equipara ao Peru da última Copa América.

A suspensão do Casimiro vem mostrar que mesmo quando o Dunga acerta o faz sem saber o que está a fazer.

Não entra o Wallace mas sim o Lucas Lima e assim o Brasil ganha aquele médio que lhe faltou nos outros jogos. Finalmente o Brasil tem um médio que pode aparecer a combinar com o Jonas. Mas estamos a falar de Dunga e como o Gabriel marcou é o Gabriel que joga.

O Dunga quer é correrias.
Coutinho a correr muito na esquerda. William a correr muito na direita. Gabriel a correr muito ao centro. Lucas Lima a correr muito para o ataque. Dani Alves a correr muito no campo todo. Foi correr e correr e correr.

A primeira parte foi do Brasil. Foi quem correu mais e a qualidade individual dos seus jogadores fez a diferença. Não houve colectivo, não houve construção de jogo mas a pressão alta permitiu vários ataques rápidos com passes directos para o espaço.
Foi correr até cansar. O intervalo veio com o 0-0 e com o cansaço.

A segunda parte mostrou um Peru em crescimento.
O Brasil desgastado apareceu com uma pior pressão, maior precipitação, jogadores mais afastados e muitos passes falhados.
O Gabriel ficou fixo junto à área adversária à espera de passes para correr e com isto ficou um fosso central entre os médios e o avançado. Este foi um dos motivos para os constantes maus passes.

Ainda com o 0-0 o Dunga percebe que tem de marcar e mantém-se fiel à sua limitação. Se o Brasil não marca a culpa é do avançado e como para Dunga atacar é correr muito então vem a substituição do Gabriel pelo Hulk.

Dunga não percebe Jonas e quer é um avançado explosivo que corra muito sozinho e resolva tudo sozinho.

Aparece o golo do Peru. O Brasil colocou-se a jeito mas o golo é uma palhaçada.

O Peru marcou e o Dunga meteu férias.

A 20 minutos do fim do jogo o Dunga já se tinha demitido.

O Brasil a precisar de um golo, o Brasil com duas substituições para fazer e o Dunga de férias.

Ganso e Lucas no banco. O melhor avançado no banco; o melhor jogador do campeonato português no banco; um dos principais goleadores da Europa no banco; um avançado que além de marcar muito tem também o dom de fazer todos os outros jogar mais correndo menos, no banco.

Não meteu ninguém. Subiu o médio defensivo para a área e ficou a ver o Brasil afundar-se na Copa.

Esta é a rábula de um treinador que nunca o deveria ter sido.

3 comentários:

Benfiquista disse...

Tudo dito.

Dunga mostrou perceber tanto de futebol - havia dúvidas? - como eu de máquinas de costura.

Contra o Equador e o Peru... 2 vitórias? 6 pontos?
Não... vitórias zero, golos zero... um pontinho e viva o velho.

Só espero é que na próxima época o Jonas continue a espalhar magia com o Manto Sagrado vestido...

blimunda era linda disse...

Dunga e Roy Hodgson. Dá pena ver talento desperdiçado às mãos destes dois, nos dias que correm.

Contra estas selecções bastava Coutinho à esquerda, Willian à direita e Jonas+Gabriel na frente.

troza disse...

Enfim... o Brasil já não é a seleção que era... e dúvido que, por este caminho, continue longe de ser uma grande seleção.