quinta-feira, 9 de junho de 2011

Rui Dias, o que fazes tu no pasquim?

No meio do lamaçal que é a redacção do "Record", sítio onde se passam os acontecimentos mais escabrosos que um ser humano já viu, desde jornaleiros aos berros "a minha, a minha", de joelhos, pedindo ao Alex Pais (o guru) que a "sua" mentira seja publicada, a gente que passa horas a fazer photoshops ridículos colando cabeças em corpos de jogadores do Benfica, de tudo se vê naquele antro. Uma vez, foram apanhar o Bernardo Ribeiro semi-vestido com umas cuecas na cabeça e uns suspensórios a acomodar os peitos e o ventre profícuo





agachado debaixo da mesa de Eugénio Queirós, que dignamente trabalhava em mais uma investigação sem dados, numa notícia sem factos, com um cabelo e uma figurinha que parecia ter saído do planeta dos atrofiadinhos


Obviamente, foram punidos. Chamados à sala do "fazedor de sonhos" - como gostam de chamar, carinhosamente, ao Senhor Drector -, encontraram Alex Pais nestas figuras



"entrem, queridos, entrem, que eu já vos trato da saudinha". Pensou-se, na altura, que os degenerados sexuais Eugénio e Bernardo tivessem os dias contados na direcção do excelso pasquim. Mas afinal o que Alex Pais queria era amor. Sentia-se sozinho, deprimido, a cabeça doía-lhe, o fio dental já não servia e nem as capas anti-Benfica que mandava fazer lhe davam aquele ânimo, aquele bom estado de espírito, aquela desenvoltura na hora de ir atacar para Belém a altas horas da noite. Os clientes, claro, queixavam-se: "ó Carolina [nome artístico que ele escolhera em honra daquela que ele invejava por ter sido a privilegiadíssima companheira do Jorge Nuno; quem lhe dera ele, pensava no silêncio dos seus lençõis], abre mais a nalga que eu hoje não tenho vaselina, filha", mas Carolina - ou Alex Pais, como preferirem - não via o ânus intumescer-se, antes mirrava-se numa espécie de flor murcha que o impossibilitou de prosseguir a carreira do aconselhamento sexual e massagem tailandesa. Foi nesta altura que Bernardo e Eugénio entraram em cena: "mas ó grande, ó vitorioso, ó inalcançável Alexandre das dignas ruas de Belém, tudo o que quiseres faremos, tudo o que desejares apoiaremos" e meteram-se de joelhos, avançaram para o baixio da mesa de Alexandre, o guru dos timpaníticos, e serviram o senhor dias a fio. E é desde esse dia que Alexandre, o mestre dos tísicos, não tem mais razões de queixa dos seus servos.



Mas há um, entre este lamaçal, que não sei o que por lá anda a fazer, tal é a dignidade, a inteligência e a lucidez que sempre demonstrou ter. Falo de Rui Dias: provavelmente o jornalista encostado a uma parede, relegado de toda aquela fantochada, olhando a janela para não ver o festival de merda que todos os dias acontece naquele pasquim. Enfim, vejamos o que Rui Dias tem a dizer sobre o Benfica, muito acertadamente, e deixemos os palhaços para outro dia:


«BENFICA DE JORGE JESUS


1 O primeiro capítulo desta história com final incerto foi um conto de fadas. O Benfica 2009/10 era uma equipa com espírito atacante, assente em talentos de vocação aventureira e conquistadora, a quem ordem e disciplina concederam liberdade para inventar e criar assombro com regularidade. Jorge Jesus apresentou projeto tão atrevido quanto claro e uma ideia tática assimilada pelos jogadores, que a enriqueceram com contribuições individuais de extraordinária relevância, incluindo o aproveitamento dos lances de bola parada e de ações combinadas cada vez mais amplas. Orientado por esses princípios foi campeão nacional com um futebol deslumbrante, que arrebatou os adeptos neutros e orgulhou os benfiquistas. Obra de um treinador que, na vertente conceptual, está entre os melhores do Mundo.

2 Com poderes absolutos para a temporada seguinte, Jesus chocou contra limites, o principal dos quais a desvalorização de equilíbrio e segurança. É incompreensível que não tenha providenciado substituto para uma peça fulcral como Ramires, que desde a primeira hora afirmou estar na Luz de passagem. O Benfica 2010/11 foi uma equipa entregue ao tremendo risco do trapézio sem rede. Só a perfeição lhe podia valer, porque se não jogasse a 100 por cento, o risco de queda era enorme. Com gente de vocação ofensiva a partir de trás (Maxi e Fábio Coentrão), mais cinco atacantes em onze elementos (Salvio, Aimar, Gaitán, Saviola e Cardozo), restavam os centrais (Luisão e David Luiz, depois Jardel) e Javi García para defender. Qualquer imprecisão podia ser fatal. Foi muitas vezes.

3 Se não monopolizava a posse de bola, o Benfica sofria mais do que uma equipa vulgar. No máximo da motivação e da inspiração ainda logrou 18 vitórias consecutivas mas quando a estrutura oscilou e permitiu aos adversários derrubar com frequência a primeira linha de pressão, perdeu tranquilidade, ofereceu latifúndios nas costas dos centrais e desmembrou-se aos poucos. Tornou-se então ainda mais evidente o que toda a época já sugerira: Jesus adornou com caprichos, desplantes, provocações e exageros desnecessários (todos com nome próprio) a imagem e o estatuto de quem tinha o amparo de respeito e admiração generalizados. Sem dar por isso, talvez porque lhe falte saber ouvir e perceber que, ao contrário do que julga, não sabe tudo e nem sempre tem razão, desbaratou parte do crédito que tanto lhe custou a ganhar.

4 Para lá dos erros de avaliação e conceito, o Benfica perdeu chama e cumplicidade; o estímulo à harmonia, bem como o clima de compreensão e felicidade entre comandante e comandados. Costuma dizer-se que nada pior para um balneário do que incubar problemas de relacionamento, assobiando para o ar como se não existissem. Em situações de conflito é primordial resolvê-las sem atribuir vitória a uma das partes, na certeza de que, se alguém tiver de sair por cima, é preciso ser hábil a lidar com os derrotados. No Benfica, imperou a convicção de que não houve vencedores nem vencidos. Não é verdade: perdeu a equipa. Agora a solução, como o mercado revela todos os dias (mais de dez jogadores contratados), é construir uma nova. A relação de Jesus com a outra chegou ao fim. E isso sentiu-se ao longo da época.»

7 comentários:

Fred disse...

ahahhah que porrada nos gajo do Record!

Tem cuidado ainda te metem um processo tal é o nível da sova:)

O texto do Rui Dias também está muito bem. Podia haver a mesma lucidez nos altos cargos do Benfica.

Viriato de Viseu disse...

Aquilo lá pelo recoreco é tudo uma paneleiragem....

Pedro disse...

Este Alex Pais é um lagarto frustrado. Já perdi a conta aos nomes que o reco-reco pôs a circular de possíveis contratações do Benfica. É capaz de ser um plantel com 300 jogadores!

Bom post.

Anónimo disse...

Brilhante!!

Armando disse...

Li o artigo que referes, no dia seguinte à publicação, no bar dos Bombeiros da cidadezinha onde vivo, por pura moleza. Na página de opinião — não nos comentadores da última página — aqui ou ali, existem contributos de qualidade. Até o João Gobern, embora cada mais raramente. Interessante, o “O Record “, tal como o “CM”, propriedades da Cofina, mandada pelo grande “benfiquista”, o Engº Paulo Fernandes. O Rui Dias, que conheci no actual diário da Queimada, precisa de ganhar a sua vida e fá-lo com indiscutível dignidade e não é fácil numa CS onde o critério de admissão dos encartados jornalistas é a garantia de não serem benfiquistas. O Benfica, foi varrido da CS e o resto é conversa. Que o Benfica, estrutura, pareça não reparar no facto, é apenas um sintoma da doença, Cá por mim, quando vejo um benfiquista comprar o diário da Queimada, não me posso impedir de um sorriso de desprezo.

Engraçado é que o artigo do Rui Dias sintetize tudo quanto tenho escrito desde o Nacional-Benfica, segunda jornada da passada Liga, quando meio a brincar, meio a sério, escrevi que até parecia existir um determinado propósito. Ou seja: perder. Lembras, Ricardo?

Armando disse...

Nem tudo é chatice e caldos de galinha. No momento, sigo com genuíno interesse a final da NBA e a desigual luta entre o melhor conjunto de jogadores, os Heat e um fantástico e quase solitário alemão: Dirk Nowitzki. Ver Jogar ao mais alto nível, quase sempre a roçar a perfeição, no último quarto, é quase emocionante.

M.C. disse...

Pegando no despropósito como este pedaço de papel reciclado,tal como um outro que já foi uma referência dos jornais desportivos,tenta fidelizar os clientes,deparei-me com um artigo muito interessante sobre " La grande bouffe "que tem sido as contratações de jogadores para o SLB.

http://afootballreport.com/post/6317816266/benficas-endless-transfer-list

Hilariante no minímo ...