Ao Sr. Dr. Eduardo Barroso

Confesso que cada vez menos vou vendo os programas em que, tipicamente, intervêm “ilustres” adeptos dos 3 “grandes” de Portugal. Ainda assim, também confesso que, por vezes, mergulhado na minha boçal estupidez e no puro ócio, sou capaz de ir dando uma espreitadela a tais festivais entre tão doutos senhores, que da bola conhecem-na redonda e pouco mais, mas que são perfeitos na distinta arte do disparate. Mas, sejamos honestos, a ridicularidade alheia é coisa que nos atrai atenção, no fundo, o ser humano é mesmo assim, adora a tragédia vizinha para que dela faça alegria própria.

Numa destas minhas noites degradantemente estupidas, dei por mim a prestar atenção ao que ia cuspindo o Sr. Dr. Eduardo Barroso (Médico conceituadíssimo em todo o mundo e Sportinguista dos 7 costados) num programa do género, televisionado na TVI24. Pois bem, o Sr. Dr. Eduardo Barroso, inflamado (como habitualmente) e cheio de si, ia reduzindo e espezinhando o homem Jorge Jesus à condição de mero otário, estupido e ignorante (talvez porque não possa apresentar nenhum titulo antes do nome, a não ser o de campeão nacional de futebol pelo Sport Lisboa e Benfica), porque, segundo ele, o treinador Jorge Jesus havia obrigado o jogador Enzo Pérez a reentrar em campo, mesmo depois de lhe ter sido dito, por um outro Sr. Dr., que o homem Enzo Pérez correria risco de vida se o fizesse.

Ao ouvir tal coisa só se pode achar uma de duas coisas:

1 – O Sr. Dr. Eduardo Barroso tem informação privilegiada e o que afirma, baseado nessa mesma informação, é gravíssimo e estaríamos na presença de um homem Jorge Jesus absolutamente indigno de ser treinador Jorge Jesus, seja no Benfica ou noutro clube qualquer, ou;

2 – O que diz o Sr. Dr. Eduardo Barroso sobre o homem Jorge Jesus é completamente falso e, por isso grave, tornando o homem Eduardo Barroso indigno de se proclamar Sr. Dr. Seja do que for.

Depois de tão graves e torpes acusações ao homem treinador Jorge Jesus, a instituição Sport Lisboa e Benfica jamais poderia ficar calada, logo, decidi aguardar pelo esclarecimento público da situação por parte de alguém oficialmente ligado ao Benfica.

E esse esclarecimento/reacção aconteceu pela pessoa mais indicada para o fazer, ou seja, o responsável máximo pelo departamento clinico do clube, na pessoa do Sr. Dr. Bento Leitão. E o responsável clinico, na defesa do departamento que dirige e do homem treinador Jorge Jesus, não podia ter sido mais inequívoco no esclarecimento público que prestou: “…O jogador nunca correu risco de vida…” assegurando que “…Jorge Jesus nunca impôs o que quer que fosse e sempre respeitou as decisões do departamento médico do Benfica…”.

Perante isto, e a não ser que surjam novas informações contraditórias sobre o caso, só posso aplaudir a forma como se respondeu ao “caso” criado pelo Sr. Dr. Eduardo Barroso. Sim, abutre me confesso, mas quando a coisa é bem-feita, deixo as penas de molho.

Não obstante, apetece-me alertar: Agora não borremos a pintura. Ou seja, agora não coloquemos o treinador Jorge Jesus, na próxima intervenção pública que tenha, a responder ao Sr. Dr. Eduardo Barroso. Quando pedirem uma reacção, porque certamente vão pedir, ao treinador Jorge Jesus sobre as declarações do Sr. Dr. Eduardo Barroso, o treinador Jorge Jesus deve sublinhar que a resposta oficial do Sport Lisboa e Benfica sobre o caso já foi dada e que a resposta do homem Jorge Jesus será obtida pelos meios judiciais, naturalmente, com o “respaldo” do gabinete jurídico do clube. Simples.

P.S. 1 – A “bicada” sobre o hipotético erro no tratamento de uma lesão de um jogador do Sporting por parte do Sr. Dr. Eduardo Barroso, ainda que compreensível num contexto de resposta, era escusada, já que, e bem, o Sr. Dr. Bento Leitão lamentou a falta de ética profissional por parte do Sr. Dr. Eduardo Barroso, mas com esta referência/insinuação, não podemos dizer que o médico do Benfica agiu dentro dos limites da mesma ética.

P.S. 2 – Gostaria de elogiar e enaltecer a prontidão na assistência ao jogador Enzo Pérez por parte do homem Sr. Dr. Médico do Sporting Clube de Portugal que, mesmo sem a devida autorização por parte do árbitro da partida, não se escusou a entrar em campo para socorrer o homem que ali se havia estendido. Sim, bem sei que a ética e deontologia médicas assim o “obrigam”, mas nunca é de mais salientar um gesto tão digno dos títulos de Dr. e, sobretudo, Sr. que o mesmo, orgulhosamente, pode e deve ostentar. Parabéns e obrigado.