domingo, 24 de julho de 2016

Belle (pré)époque

Tão habituados à volatilidade emocional dos adeptos, nem os benfiquistas mais pragmáticos conseguem escapar a um certo entusiasmo que se está a gerar em torno da equipa. E com razão. A época que se avizinha promete ser risonha.

O planeamento da pré-temporada saiu do papel para o campo de forma exemplar. As saídas, as grandes vendas, são inevitáveis num clube com a dimensão e poderio financeiro que o Benfica ocupa na Europa do futebol (e se outros não vendem, terão de explicar esse milagre de engenharia financeira). As saídas de Nico Gaitán e Renato Sanches ocorreram com a normalidade esperada, por verbas interessantes dada a qualidade dos futebolistas em questão, se bem que a conjuntura do mercado poderia ter favorecido mais o Benfica no caso da saída do jovem Renato, caso houvesse maior prudência e perspicácia dos seus dirigentes (mas falaremos desse assunto noutras núpcias). E precisamente por essa mesma conjuntura, aliada ao facto de o Benfica ter vendido "a alma ao diabo", leia-se, Jorge Mendes, o clube poderá ainda efectuar avultados encaixes financeiros sem a necessidade de abdicar das chamadas primeiras linhas: Talisca, Lisandro ou Samaris, jogadores que estão longe de serem indiscutíveis nas escolhas de Rui Vitória, poderão sair por verbas interessantes graças a esse facilitador de negócios chamado Jorge Mendes. Deste modo, jogadores fulcrais como Ederson, Lindelof, Salvio ou Jonas, poderão ficar apesar do assédio de grandes colossos europeus e de outros novos ricos que proliferam entre a Europa e a Ásia.

No campo das manutenções e contratações, ao contrário do que sucedeu, regra geral, nas duas últimas temporadas, o Benfica parece ter igualmente acertado o passo. Contratou pouco, com critério, para posições carenciadas e aparentemente com acerto. Assegurou o desconhecido Kalacia, que nos poucos minutos que teve deixou sinais surpreendentemente positivos para um jovem de 18 anos; fez regressar o outrora dispensado André Horta, que parece estar a impor-se com autoridade na posição que ficou órfã com a saída de Renato Sanches; expandiu com talento e velocidade as alas, com as chegadas de Carrillo, Cervi e Zivkovic, três jogadores individualmente muito diferentes mas com talento mais que suficiente para serem titulares; fez ainda chegar dois jogadores que, muito provavelmente, noutros Benficas mais fracos teriam entrada segura no plantel e talvez até no onze titular, mas que provavelmente rodarão um ano na Europa para se adaptarem ao estilo de jogo do velho continente, tão diferente do sul-americano, casos de Celis e Benitez. Sete jogadores no total. Longe dos camiões de 20 atletas que chegavam noutros verões, há assim não tanto tempo.

Mas não nos fiquemos pelo plano mais superficial da questão. A existência de uma pré-temporada na qual não se andou a fazer turismo em viagens intercontinentais para ganhar dinheiro influencia, naturalmente, a qualidade do trabalho e o produto final do mesmo. Da mesma forma, a presença de um plantel mais curto, no qual não é necessário fazer um casting com quase uma dezena de jogos amigáveis para aferir a qualidade dos jogadores, tem influência na qualidade do trabalho e na estabilidade do plantel. E assim se vê a diferença gritante da pré-época actual para a anterior: índices físicos muito interessantes para uma fase tão precoce da época, entrosamento e cumplicidade entre os jogadores, processos bem definidos tanto na coesão defensiva como na dinâmica ofensiva.

É certo que os resultados e as exibições da pré-época não apresentam causalidade directa com a classificação final do campeonato, mas é inegável que há uma correlação entre ambas as variáveis, especialmente no que diz respeito à forma como as equipas iniciam as competições desportivas oficiais. E atendendo à estabilidade directiva (sim, é verdade, a "estrutura" existe), de equipa técnica e jogadores, acredito que o Benfica tem o primeiro tetracampeonato da sua riquíssima história ao seu alcance.

2 comentários:

Henrique da Luz disse...

À malta (imperiosa) das claques:

Prevejo que uma das possíveis situações que possam vir a desestabilizar o nosso plantel será a concorrência entre os excelentes 3 avançados que possuímos.
Todos sentimos que há muitos anos não tínhamos um naipe da qualidade da que possuímos agora.
Considero de vital importância que celebremos nas bancadas (com apoio objectivo) a importância profissional e humana do nosso Bola de prata Sir Jonas (bi, se não fosse gamado) na equipa do Benfica.
Isso fará que se destaque dos outros dois fantásticos que lutarão com ele pelas 2 normais vagas no 11.
Atenção: Tanto Mitroglou como Jimenez são dois jovens com grandes capacidades, com grandes egos e valor finançeiro (como Jonas , não tendo este a cotização em crescendo pela idade) que tenderão a criar algum atrito entre si (com Jonas também) durante a época na busca da adoração dos adeptos.
Por isso será de fulcral que os mimemos aos 3, fazendo contudo a separação de Jonas dos outros dois, pois apresenta características de liderança, maturidade e currículo importantíssimos no seio da equipa.
Independentemente de quem Sir RV use e vá usando nas titularidades, Jonas deve e merece ser glorificado nas bancadas por forma a que não haja dúvidas do carinho que por ele nutrimos, e da importância central que lhe outorgamos na equipa.
Peço por isso aos criativos das claques (que belos momentos nos tem proporcionado!) que foquem alguma da logística em apoio direto a Jonas, pois pode ser um factor de vital importância para que tenhamos uma época 2016/2017 inesquecível.
Obrigado.
CARREGA GLORIOSO!

joão carlos disse...

só não concordo com essa do camião de jogadores ter acabado, é que considerando o que veio também para a B o camião continua a grande diferença é que aparentemente a qualidade parece ser muito melhor do que em anos anteriores.