domingo, 22 de abril de 2012

Pecados capitais - passado e presente

«Infelizmente para o Benfica parece que a história tem uma tendência para se repetir ciclicamente.

Neste momento, o Benfica atravessa uma crise de valores só comparável ao mandato da presidência de Manuel Damásio.

Voltando atrás no tempo basta recordar o que era o Benfica dos anos 80 e príncipio dos anos 90 e no que se tornou quando Damásio assumiu a presidência do clube. Enquanto o Benfica assumiu uma postura de combate ao polvo durante os anos 80 e princípios de 90 e recolheu frutos dessa postura - cinco campeonatos nos anos 80 e dois no início dos anos 90 (isto apesar de gastos crescentes no futebol para manter a competitividade) - quando Damásio assumiu a presidência do clube decidiu "aliar-se" ao pior inimigo do Benfica. Assumiu a presidência da Liga com o beneplácito de Pinto da Costa e depois deu o beneplácito para que este assumisse a presidência da Liga.

Ao mesmo tempo, destruiu toda a estrutura ganhadora que existia no Benfica, começando com treinadores e jogadores num momento negro da história do Benfica sobejamente conhecido e esmiuçado.
O resultado estava á vista: um domínio absoluto do futebol português pelos Corruptos e o declínio do Benfica (acentuado durante o mandato de Vale e Azevedo - ás vezes interrogo-me como teriam sido as coisas com Luís Tadeu).

Ora e o que isto tem a ver com Vieira? Já lá irei chegar mas antes disso convém fazer um breve diagnóstico das suas presidências.

No seu primeiro mandato Luís Filipe Vieira teve claramente bastante sucesso no Benfica. O clube recuperou a nível financeiro e no plano desportivo teve bastante sucesso sendo vice-campeão atrás do Porto de Mourinho mas ganhando a Taça de Portugal ao mesmo, sendo campeão no ano seguinte com Trap (para mim o melhor treinador que passou pelo Benfica desde Eriksson) e a Supertaça Cândido de Oliveira com Ronald Koeman. Este mandato fica também marcado pelo processo Apito Dourado e por um Presidente que fez de tudo para combater o Sistema instalado no futebol português.


Após um primeiro mandato auspicioso, o segundo mandato de Vieira no Benfica foi completamente desastroso a nível desportivo. Ficou marcado (de novo) pela instabilidade na estrutura do futebol do Benfica e pela saída de José Veiga do cargo de responsável pelo futebol.  Isto levou ao desmantelamento da fórmula de sucesso que tinha garantido títulos na Luz.

A nível desportivo assistiu-se a um dos piores mandatos de sempre do clube com um 2º lugar e dois  quartos lugares no Campeonato justificados pela instabilidade vivida na estrutura do futebol - a instabilidade de treinadores no segundo ano de mandato (um dos piores anos de Vieira no Benfica) e o falhanço Quique.
O Apito Dourado também não dá em nada mas ao menos a estabilidade financeira do clube está garantida.
O terceiro mandato ficou marcado pela afirmação de Luís Filipe Vieira de que este iria ser o mandato do sucesso desportivo - como foi eloquentemente lembrado pelas nossas claques ontem.
Um dos momentos mais controversos deste mandato foram as eleições antecipadas para prevenir uma candidatura forte de José Eduardo Moniz á Presidência e a subsequente revisão estatutária que supostamente iria mudar as datas das eleições para a pré-época (algo que ficou misteriosamente esquecido) e aumentar o número de anos de sócio necessários para se candidatar á presidência do clube para 15 anos (misteriosamente decidiu-se pelos 25).
Independentemente disto o mandato começou bem de novo com uma estrutura de futebol forte com Jorge Jesus a responder a Rui Costa e este a responder a Vieira. O Benfica atinge o sucesso no entanto as nuvens de tempestade voltam a avistar-se no horizonte.
E aqui chego ao ponto principal do meu texto: Luís Filipe Vieira perde todo o crédito que tinha quando desautoriza Rui Costa e desmantela uma estrutura ganhadora e principalmente quando volta a repetir o erro de Manuel Damásio ao apoiar a candidatura de um dirigente dos Corruptos para a Presidência da Liga deixando cair uma Direcção da Liga que primava pela isenção e por tentar manter uma imparcialidade dessa estrutura dirigente relativamente aos clubes grandes. Instado a comentar esta decisão Vieira diz aos sócios "confiem em mim".

Ora o resultado deste apoio foi o mesmo que resultou do apoio de Damásio aos corruptos nos anos 90: roubos o mais escandalosos possíveis e arbitragem submissa aos interesses de um só clube: o Porto. 
Não contente com isso Vieira volta a cometer o mesmo erro voltando a apoiar Fernando Gomes e orgãos de arbitragem controlados pelos Corruptos para a Presidência da FPF após a revisão dos estatutos da Federação. Um momento falhado pelos clubes de Lisboa para contrabalançarem a hegemonia corrupta no futebol português.

Apesar de a nível financeiro o Benfica ter recuperado sob a égide de Vieira o facto é que a nível desportivo o Benfica não melhorou em nada debaixo das suas presidências. Em nove anos (quase uma década) o Benfica ganhou tanto como nos anos negros de 90. E se contarmos os anos em que foi Director Desportivo o quadro é ainda mais negro.

O grande pecado de Vieira neste terceiro mandato foi ter voltado a transformar o Benfica num clube submisso ao Sistema como era no tempo de Manuel Damásio. Porque o fez? Nunca saberemos ao certo (embora eu ache que saiba porquê... Basta ver a imagem abaixo).
Mas muitas decisões tomadas recentemente que levaram a uma aproximação desta Direcção a quem tenta controlar o futebol português por meios ilegítimos ficam por explicar
Isto em vez de assumir a única postura que originou resultados desportivos de sucesso para o Benfica no passado distante e mesmo com Vieira ao leme: o contra-poder com uma estrutura de futebol forte e protegida por um Presidente que não se rende a interesses contrários aos do Benfica. Basta olhar para os anos 80 e mesmo para o primeiro mandato de LFV e o primeiro ano deste terceiro mandato.

Para todos os efeitos, Luís Filipe Vieira falhou. É um Presidente que merece respeito pois deixou obra feita no clube: neste momento o Benfica tem estabilidade financeira, estruturas físicas e capacidade para se afirmar no futebol português. Graças a isto os benfiquistas podem voltar a ser ambiciosos e a aspirar por grandes vitórias.
No entanto, não será debaixo de LFV que estas serão obtidas:

Não quando se apoiam dirigentes portistas para cargos de influência no futebol português - os piores momentos da história do Benfica ocorrem sempre que estes apoios são dados.


Nem quando a gestão desportiva do clube é feita na mesma óptica que uma gestão de mercearia - em que o objectivo primário do clube não é ganhar títulos mas sim valorizar jogadores para realizar receitas e pagar os empréstimos aos bancos - e em que não pode haver uma figura forte a gerir o futebol que faça sombra a Vieira.


Não quando não se assume uma postura de defesa cerrada de todos os benfiquistas e interesses benfiquistas face a jogadas de bastidores e violência.


Não quando se abstém de marcar a agenda mediática defendendo o Benfica e os comentadores que defendem o Benfica e expondo os Corruptos pelo que são.


Claro que LFV muito dificilmente irá admitir que falhou. No entanto, se for um verdadeiro benfiquista dará espaço a que outras alternativas surgam para elevar o Benfica numa altura em que os Corruptos só têm menos seis campeonatos conquistados que o Benfica. Este ano chegou o momento de mudança. O Benfica tem uma base sólida montada (mérito de quem lá esteve) mas não se pode dar ao luxo de mais quatro anos com uma Direcção que se tornou conivente com o Sistema e amadora na gestão do futebol sob pena de o Porto cavar um fosso em número de títulos conquistados.»
 
Vermelhusco, no "NovoGeraçãoBenfica"

5 comentários:

Unknown disse...

Deduzo que o Vermelhusco não seja um tipo com idade, pois caso o fosse saberia que o sucesso da década de 80 foi o produto duma década de 70 extraordinária e que um tal senhor Fernando Martins secundarizou o futebol em detrimento do fecho do 3.º anel e se aliou à força emergente do norte para combater o João Rocha.

Esse abaixamento de expectativas daquilo que era o Benfica, ou seja a perda de domínio levou a que viesse João Santos a prometer o Benfica europeu e a cortar com as amizades suspeitas e isso sim deu um novo fôlego ao Benfica.

O custo foi o disparar dos custos salariais que puseram em causa as finanças do clube, facto que foi sendo agravado durante as gestões de Santos, Brito, Damásio e Azevedo.

Além disso, como já aqui provei, existe o mito da estabilidade financeira da SAD, é certo que já não devemos meses e meses a atletas, fornecedores e estado, como aconteceu na década de 90, mas estamos completamente dependentes da venda de jogadores por largos milhões todos os anos para suportar a política de entreposto e os contratos com muitos jogadores à semelhança do que se faz a norte.

Os insucessos desportivos devem ser assumidos totalmente por LFV, pois foi ele que veio dizer que tinha delegado demasiado e isso tinha dado mau resultado e portanto que ia centralizar mais. Se centralizou, assuma o insucesso, não só desta época, mas do "mandato desportivo".

Quanto às amizades, não quero saber o que faz na sua vida privada e nos seus negócios, não misture é o Benfica com crápulas e gente que está habituada ao sucesso pelos meios ínvios que caracterizam o nosso país.

O Benfica é, sempre foi e deverá continuar a ser o referencial da elevação de valores, mesmo que o país não os cultive, já foi assim quando éramos democratas no tempo do fascismo, devemos pois ser agora honestos nestes tempos em que os canalhas e os aldrabões têm sucesso.

Mike Portugal disse...

"e por um Presidente que fez de tudo para combater o Sistema instalado no futebol português."

Falas do Dias da Cunha não é? Por acaso tenho saudades do velhote.

"que supostamente iria mudar as datas das eleições para a pré-época"

E concordas com isso? Eleições numa pré-época, para mim, é muito mau, pois é quando uma equipa já tem que estar definida e a preparar a época seguinte. A meu ver a melhor altura para eleições é em Fevereiro/Março para dar tempo à nova estrutura de preparar a época seguinte.

BENFICAHEXACAMPEÃO disse...

MUDANÇA!

Anónimo disse...

nunca há momento ideal para fazer eleições. se calhar o melhor seria em maio ou junho, mas sempre tendo a atenção que será claramente influenciado pela época realizada.
quando são as próximas eleições?

Unknown disse...

Outubro