sexta-feira, 31 de agosto de 2012
No Benfica trabalha-se a sério.
Ola John está há duas semanas a ser devidamente preparado para se tornar o médio-defensivo titular numa aposta, mais uma, de grande visão por parte de Jorge Jesus. Com a saída de Javi Garcia, está assim encontrado o novo jogador a ser valorizado pelo mestre da táctica. Daqui por dois anos, sairá pelo dobro do preço e sempre pela cláusula de rescisão. Parabéns aos excelentes negociadores que trabalham no Benfica. E aos críticos, um pedido: deixem o Benfica trabalhar. E apoiem. Apoiem muito.
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Andrés existe.
Agradecer aos deuses por podermos ter a melhor equipa do Mundo ao vivo e a cores no Estádio da Luz. E também por um grupo que não sendo fácil é bastante acessível a um Benfica competitivo e sério.
E, claro, Parabéns ao melhor jogador do Mundo por ter sido considerado o melhor jogador a actuar na Europa. Iniesta, vemo-nos no dia 2 de Outubro. Será um honesto e verdadeiro prazer.
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Eu ia buscar este.
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Futebol Português
Anos após ano, o Olhanense recusa-se a receber o Benfica no Estádio do Algarve, supostamente porque é "longe" de Olhão (15 Km) e portanto afastaria os seus sócios de ir ao jogo. Além disso, a equipa não jogaria em casa e isso daria vantagem ao Benfica. Como há muita procura de bilhetes, é normal ver bilhetes a 25 e 35 euros, pois precisam de fazer uma boa receita.
São argumentos válidos e visto que o Olhanense deve defender os seus direitos e não fazer o jeito ao Benfica compreende-se essa tomada de decisão.
No dia 1 de Setembro de 2012 o Olhanense-Porto vai ser naturalmente disputado no Estádio José Arcanjo.
Ou não ? Afinal de contas, parece que vai ser disputado no Estádio Algarve. Afinal de contas, parece que o Olhanense vai efectuar um serviço de transfer do José Arcanjo para o Estádio Algarve. Afinal parece que o bilhete para não sócios vai ser a 15 euros para homens e 10 euros para senhoras e jovens até aos 16 anos.
Este é o futebol português no seu melhor.
As pessoas acham que têm soluções para tornar a competição mais justa, eu inclusivamente estava a pensar fazer um post neste sentido abordando alguns aspectos que normalmente não são considerados. O grande problema do futebol português está nas pessoas e enquanto não houver uma limpeza a sério, dificilmente a competição deixará de estar enviesada.
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quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Céu e futebol
As noites, fins-de-tarde para ser mais exacto, são macias e brandas aqui na Ajuda. As luzinhas em amarelo-torrado começam a abrir, uma a uma, em cima de postes colados ao chão. Umas quatro rodeiam um campo de futebol, devidamente enredado para a bola não cair, em desvario de remate pouco certeiro, na marquise de uma velha que coça o cu às flores. Vejo rabiscos de um rosa-luz por cima das casas e estende-se, longilíneo, do Palácio até aos quatro holofotes para sempre desligados do Estádio do Restelo.
Uma cúpula aponta uma cruz para um avião que passa demasiado veloz, demasiado devagar, em direcção à Trafaria onde irá permanecer exactamente um segundo e meio, virando depois lá ao fundo, quase em Sesimbra, para um regresso solar e aéreo à base que é a manta que é Lisboa de fim-de-tarde, quase noite. Nas janelas das casas e prédios baixos vão-se acendendo fogões e tachos com comida, sons de novelas e notícias com confirmações de defuntos e possivelmente muitos mais feridos. É branda e mansa esta avenida que percorre os olhos e tritura docemente os cantos das coisas - leva um aroma a gaivotas que se esqueceram de voltar a casa.
Há sempre alguém que assobia no princípio da noite, como se estivesse chamando os lobos e os bêbados para os baixios desta maré. E outro assobio que responde, anunciando a presença. Levantam-se vozes entre as janelas e o jardim, gente que constrói histórias sobre a saudade do dia que acaba e da noite que vem já a seguir, é só levar o lixo ali ao fundo e passear o cão. Tudo isto sob a presença de deuses que, sem nome, se imaginam no levantar de uma nuvem ou naquele ramo que, sem razão aparente, se mexe e flutua no ar. Vidas disto, a toda a hora. Homens e mulheres lançados para um jogo gigante no qual se passeiam sem máscara protectora, só calções de praia e chinelos, fome e muita saudade do futuro.
Oiço uma bola aos saltos e 20 dedos pequenos a correr na rua. "Tu és o Cardozo, eu sou o Aimar, corre que eu vou chutar para ali!", e, talvez devido ao imberbe crescimento dos pés do jogador, a bola acaba em cima de um caixote do lixo que o Cardozo, sempre oportuno, se apressa a colher nos braços e a levar para golo. Não sei a que propósito deixaram as crianças entrar aqui, neste universo de coisas mansas, brandas e importâncias de marquise. Terá sido seguramente algum erro de casting, tão comum nos dias de hoje nos grandes parlamentos das decisões fundamentais. Correm e riem, imaginam, fantasiam, deliciam-se e todas tão distantes do assobio a chamar para a tasca ou da conversa de elevador que sobe e desce e que traz mais uma previsão meteorológica. Uma rua e um passeio servem para baliza, entre as rodas do carro está o golo, os vidros não devem existir porque não há o perigo de acabarem partidos e as vozes que se levantam neste fim-de-tarde, agora já quase-quase noite, devem perder o fulgor assim que os homens e mulheres se colocam estrategicamente a olhar os heróis americanos ou as empregadas de limpeza lusitanas - e outros enredos que nos escusamos a descrever, tão iguais uns e outras.
À medida que o céu se acostuma à cor das sombras das casas, fica nítida aqui a esta varanda uma igreja luminosa e altiva. Quantas tardes e noites observou através dos sinos, todas quase iguais a estas. Quantos bêbados amparou na ponta dos pés? De quantos aviões terá querido fugir em noites mais nervosas com o som dos carros e de uma zanga doméstica ali tão próxima? Mas a sua condição de igreja, fiel à mármore e ao chão eterno, por mais que faça voar os lamentos e esperanças dos que acolhe, não lhe permite ir passar as férias longe, uma semana que fosse, talvez ao Ceará onde dizem que há igrejas tão ou mais belas que esta aqui, nos baldios do Palácio.
Não sei a que propósito - se há algum - joga o Cardozo no Aimar uma bola de praia enquanto mais um assobio vem do outro lado da rua e os cães conversam entre prédios uns com os outros em simbologias de latidos rosnanços. A felicidade do Aimar quando atira para golo mesmo juntinho ao pneu traseiro do Opel Corsa vermelho que é de um senhor muito bem posto na vida que a esta hora deve estar sozinho a aquecer os feijões no microondas e depois, de 30 em 30 segundos a meter o dedinho num deles para ver se estão bons a serem devorados tristemente junto a uma planta de plástico que não precisa de ser regada. O Cardozo é mais bruto, remata em potência, a bola encosta-se ferozmente contra a jante e o grito ecoa pelo bairro: "ao poste, ao poste!" e não sei descrever os risos e alegrias histéricos que o Aimar levou para casa quando a mãe o chamou para o jantar e lhe puxou as orelhas por andar sem maneiras a atirar a bola contra o carro do Senhor Meireles.
O que é preciso é gente alta e forte!
Foi Nelson (saída que elogiei, pensando que havia uma estratégia pela qual passasse a inclusão recorrente de Mora e a presença assídua de Saviola nos jogos; claramente não havia), foi Mora e agora Saviola. Ficam Michel e... Kardec.
Vendam o Cardozo também e completa-se o ramalhete.
Há 18 anos assisti a coisa igual. Mas nessa altura ainda havia adeptos dispostos a verem o que se estava a passar. À segunda ArturJorjada já ninguém vê nada.
Os Deuses também bebem.
A despedida do Monstro Sagrado
A 8 de Dezembro de 1970 o Monstro Sagrado concluía a sua brilhante carreira de 16 anos ao serviço do Benfica. Para a homenagem, um programa de festas de luxo:
- às 14 horas, a Taça Cidade de Lourenço Marques, entre o Benfica (misto) e o C. D. Montijo;
- às 16.30, a Taça Cidade de Lisboa (oferta da Câmara Municipal de Lisboa), entre o Benfica e a Selecção Europeia.
Pela Selecção Europeia - orientada pelo seleccionador espanhol Ladislau Kubala -, jogaram Yashin (Rússia), Denis Law, Johnston e Gemell (Escócia), Drajic (Jugoslávia), Seller (Alemanha), Amancio, Iribar e Rodillla (Espanha), Suarez (Itália), Bobby Moore e Bobby Charlton (Inglaterra), George Best (Irlanda), Van Himst (Bélgica) e Djorkaeff (França).
Obrigado por tudo, Mário.
Foto cedida por Diogo Gomes |
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Festa de despedida ao Monstro Sagrado,
Mário Coluna
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Guttman, "O Feiticeiro"
Completam-se
hoje 31 sobre a morte de um “Feiticeiro Húngaro” que conduziu o Benfica ao
Olimpo entre 1959 e 1962. O Senhor que até hoje conseguiu, por via de palavras, marcar
para a posteridade a descrição do que é a “Mística Benfiquista” :
"Chove? Está frio? Está calor? O que importa? Nem que o jogo seja no
fim do Mundo, entre as neves das serras ou no meio das chamas do inferno. Seja
pela terra, pelo mar ou pelo ar eles aí vão, os adeptos do Benfica atrás da sua
equipa... Grande, incomparável e extraordinária massa associativa!”
Bela Guttman de Seu nome. O “Feiticeiro” como ficou conhecido, graças aos
seus métodos inovadores – tácticos e psicológicos - que aplicou na altura, aliados
a uma arrogância ímpar. Extremo defensor
do futebol de ataque bem como de jogadores jovens, foi graças à “ratice” de
Guttman que o Benfica eleva na Sua
história um Rei próprio de Seu nome Eusébio da Silva Ferreira. Mais importante
que qualquer Presidente da República! O meu Pai costuma dizer: “a 1ª Dama deste
País é e será a Flora”..
E eu, ao que constato, tem toda a razão!
Foi e é pelos relatos do meu Pai que vou assimilando e saboreando esta
Gloriosa etapa da vida do Nosso Benfica. Diz-me ele que a base já lá estava
quando Guttman tomou conta dos destinos da Equipa de futebol, havia sido formada
pelo não menos grandioso Otto Glória, o que “O Feiticeiro” fez foi elevar o Benfica, com a Sua mentalidade muito
própria e com os seus métodos revolucionários, ao patamar seguinte… O Olimpo.
Mas do Olimpo fez o Benfica descer ao inferno quando, após se sagrar bicampeão
europeu e não vêr as suas pretensões de aumento salarial correspondidas pelo
Benfica – que não tinha dinheiro para tal – bate a porta e profere uma frase
que até hoje vinga e ficou conhecida como “a maldição de Guttman”:
"Nem daqui a cem anos uma equipa portuguesa será bicampeã europeia e o
Benfica sem mim jamais ganhará uma Taça dos Campeões."
Eu não acredito em bruxas nem sou supersticiosa mas já lá vão 50 anos.. Já vi o
Benfica em 5 finais europeias… Ainda que tente não me lembrar desta “maldição”,
é inevitável.. E nem sob as lágrimas do pedido do Rei sobre a campa do “Mestre”
(como lhe chamava), em 1990, antes da Final contra o Milan que o Benfica viria
a disputar na cidade onde o “Feiticeiro” se encontra sepultado, o feitiço se
quebrou..
Dou várias vezes por mim a imaginar o que diria Guttman ao ouvir frases
como: “Dentro de 3 anos o Benfica será o maior do mundo” (2003) ou “Vamos arrasar pela Europa fora” (2005)… Onde quer que ele
esteja.
Deixem-me sonhar e acreditar que não poderia haver
melhor sítio para o “feitiço” ser quebrado do que na Luz, em Casa. Na Nossa
Casa. Nossa e Dele, onde pegou nas Estrelas e pintou o Céu.
Terminando por onde comecei..
Se Guttman fosse vivo, adaptaria com toda a certeza a definição que deu da
Mística Benfiquista aos tempos modernos. Viajando por algumas experiências
pessoais de há uns anitos a esta data, alterações climatéricas comparadas com
cadeiras pelo ar, apedrejamentos, cargas policiais, e Praças Públicas que se
assemelham a zonas de guerra, são como, e perdoem-me a expressão.. “limpar o
rabinho a meninos”!
Sacrifício não é…
- estar debaixo de um autêntico diluvio durante quase 3 horas em pleno mês de
Dezembro e vêr o Benfica ser eliminado na última grande penalidade que lhe dava
acesso aos oitavos de final da Taça de Portugal;
- sair de casa para ir vêr o Benfica com alerta vermelho comunicado pelo
Instituto de Meteorologia – se é vermelho nenhuma desgraça pode acontecer, só
se o Benfica perder. O que não foi o caso, o único furacão que passou naquele
campo, sim CAMPO, chamou-se Di Maria;
- estar a destilar debaixo de 35 graus durante 90 ou 120 minutos;
sacrifício não é fazer 320 kms com 39 de febre para estar presente num
Benfica-Barcelona e vir com “50” para fazer outros 320..
Sacrifício é....
- é estar numa final da Taça da Liga, sob protesto e amargurada mas não deixar
de lá estar e gritar golo e deixar correr uma lágrima.. Afinal, é um troféu.
Apesar de tudo, é um troféu. Uma contradição de sentimentos que acaba por ser
suplantada, por breves instantes, na altura em que se ergue a Taça e os
papelinhos vermelhos e brancos vão cortando o céu;
- é sair com uma derrota debaixo de uma chuveirada de cadeiras e pedras no
Minho sob a banda sonora de insultos durante 90 minutos mais os descontos;
- é saber que graças à polícia de intervenção a camisola que trago
orgulhosamente vestida passa incólume a mãos indignas e baixinho, para comigo e
para que os meus ouvidos não ouçam o barulho de fundo, canto
fervorosamente “ser Benfiquista, é ter na alma a chama imensa..” ;
- é estar numa jornada em que perdemos o título, em que mais ninguém está, com
aqueles que saem de cabeça baixa do relvado…
Podia continuar mas sei que, tal como eu, a maioria dos que me vão lêr, saberão
que há sacrifícios que Bela Guttman não sabia, nem imaginava, que viriam a
fazer parte do Almanaque da Nossa Mística. E estes que acabei de citar são os
que menos custam.. comparados com outros muito mais profundos que afectam a
essência do ser-se Benfiquista. Se ele os imaginasse duvido que tivesse
proferido a “frase maldita”. Saberia que seríamos fustigados o suficiente para
ter coragem de a proferir.
Por isso reforço: se Bela Guttman vivesse nos tempos de hoje, a sua descrição
de “Mística” não seria tão melodicamente poética como foi há mais de 40 anos.
Mas ainda bem que não vive nos tempos de hoje. O Benfica também é poesia mas a
dos tempos de hoje não é tão melodiosa como o era no Seu tempo.
Não há poetas como os de antigamente.
É favor não mexer
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Autógrafos dos campeões
Pelo outcome de Gaitán
Os dias passam e, mesmo contra todas as probabilidades, eu acredito que o Benfica pode não vender ninguém. A lógica financeira diz outra coisa, o histórico conta-nos uma ficção diferente, sente-se no ar o cheiro a gabinetes repletos de burocratas a aconselhar o Presidente: "venda, Luís, venda, que necessitamos de um income razoável para resolver o nosso financial problem". Não sei de onde vem esta esperança contra a necessidade de "valorizações de jogadores" e "vendas fabulosas de milhões de euros", mas eu ainda acredito que no Benfica, além dos burocratas, há gente razoável.
E o razoável neste momento - se pretendemos ganhar alguma coisa - é não vender ninguém ou, se o senhor Ferguson mantiver aquele apaixonado interesse no rapaz, vendermos apenas e só Nico Gaitán. Mas sinto que o escocês perdeu subitamente a paixão assolapada que alguns diziam que ele tinha e talvez o argentino tenha tanto mercado agora como teve Martin Pringle a carreira toda - o que, ainda assim, lhe valeu uma extraordinária passagem pelo Benfica, em mais um gesto solidário que este clube teve para com os desfavorecidos.
Burocratas, pensem do seguinte modo: mais vale um income menor agora para depois se masturbarem no final da época com vários outstanding deals, se formos campeões. Quando digo "se formos" refiro-me a nós, adeptos; o vosso clube desconheço qual seja. Nem isso vem ao caso. Vamos, no entanto, assumir que há que vender algum dos nossos fabulosos assets. Esqueçam Javi Garcia, esqueçam Witsel, esqueçam Cardozo - concentrem os vossos estudos e teorias, catedráticos ensaios sobre economia globalizante e tecnologia financeira de ponta no rapaz de que vos falei: Nicolás Gaitán. É este que vocês querem vender. Porquê?
Para já, o nome: Ni-co-lás Gai-tán. Todo um complexo musical que nos aparece aos sentidos, imaginam-se logo vários treinadores sedentos de ter na sua equipa profissional um jogador com esta musicalidade carismática - tem mercado este nome. Depois, e mantenham-se comigo, o lado circense do jogar do rapaz: tem tudo para originar 10.000 vídeos de youtube - as jogadas e as maravilhosas trivelas e correrias estão aí para todos verem; juntem-lhes uns Queen como pano de fundo e a coisa não podia ser mais épica. Por fim, a estética de Nico Gaitán. Já observaram bem a cara sofrida de menino argentino que teve de subir a pulso pelos ínvios caminhos da vida? Aquele ar reguila, de craque da sua rua, maçãs do rosto salientes, fruto de muita fominha e pé descalço. Isto nos grandes mercados financeiros é ouro hoje em dia. Basta alguém aparecer a perguntar quem dá mais que em menos de 10 minutos surgirão uns milhões valentes prontos a servir ao "equilíbrio fundamental das contas". E assim resolvem o vosso e o nosso problema.
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Nicolas Gaitán
Gonzalez apanhado com excelente companhia
Então não é que este malandro mal chegou ao 4º anel foi logo visto a
embezanar-se num tasco obscuro, entre duas nuvens, com o Cosme Damião e o
Félix Bermudes? Perdeu-se de bagaço e contou-lhes toda a gloriosa
história que o clube construiu desde que eles morreram. Diz quem viu que
houve choro de felicidade. Dorme bem, Gonzalez.
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José Gonzalez de Oliveira
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Religião Nacional
Um leitor amigo fez o favor de aconselhar um blogue de que ele gosta e eu fui lá espreitar. Acho que já lá tinha passado uma ou outra vez mas nunca o tinha filado decentemente. Hoje li com calma o último post e acho que não há grande dúvida: é um blogue que vale a pena e, sobretudo, diferente - o que nestes tempos de guerrilhas pró-Vieira vs. abutres não é muito fácil. Religião Nacional. Like.
Aproveito para explicar - visto que há gente que ainda não compreendeu e confunde um modo de agir e pensar com alguma secundária intenção - que os links que estão ali à direita, na gavetinha dos "Eusébios", são de blogues que gostamos de ler. Não colocamos blogues que, mesmo sendo do Benfica, nada nos dizem. Isto não é desrespeito por ninguém, vejam se entendem de uma vez, que já começa a chatear a conversa do "ah pois foi, eu fui lá pedir troca de links e eles disseram que não queriam, são maus benfiquistas". A propósito disto, não ficará mal relembrar um post do amigo Diego Armés - este sim, gostamos de ler. Não podia ser dito de outra forma. Aqui.
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Religião Nacional
Oremos ao Senhor
Uma análise a um jogo em que uma das equipas fica a jogar em superioridade numérica desde os 7 minutos é quase sempre uma análise falaciosa, porque lhe faltará o elemento fundamental: o equilíbrio numérico. Não é fácil retirar conclusões óbvias dos aspectos positivos - porque facilitados; mas é possível retirar ideias sobre o que essa equipa não fez e devia ter feito. Nesse sentido, o jogo de ontem permitiu-nos, além da ilusão dos golos e de algumas jogadas de grande qualidade individual e, a espaços, colectiva, compreender que o Benfica é neste momento um conjunto de belíssimos jogadores. Mas não é uma equipa.
Desde logo, a forma como o Benfica reagiu à superioridade numérica e consequente, minutos depois, primeiro golo de vantagem. A ganhar por 1-0 e depois 2-0, a equipa não moderou a forma de jogar, controlando e trocando a bola de forma inteligente. Persistiu, como quase sempre desde que Jesus chegou ao clube, numa sôfrega e mal organizada busca pelo golo, permitindo - e este é que é o perigo real que iremos ter durante toda a época - várias jogadas em contra-ataque por parte dos setubalenses. Basta que haja uma perda de bola, e elas existem em número muito superior ao conveniente (ainda por cima em superioridade numérica), para que vejamos uma correria desenfreada dos jogadores adversários, 3, 4 ou 5 contra o mesmo número de jogadores da nossa equipa. Depois definem-se as jogadas pela qualidade de decisão da outra equipa - com o Vitória não corremos perigo; com outra mais organizada, correremos.
Ao estar a ganhar por 1-0 e depois por 2-0, e tendo um jogador a mais, pede-se aos jogadores que saibam trocar a bola de forma inteligente e que avancem no terreno em apoios, mantendo sempre uma solução para a perda de bola. O que ocorre é o contrário: sobem os laterais, os centrais abrem nas linhas, os alas entram em espaços interiores, os avançados percorrem o espaço à frente da grande-área adversária, e fica Javi com a bola no espaço «6» (sozinho num raio de muitos metros) e Witsel - e somente Witsel - à procura de um passe vertical. Basta um passe errado, que não é raro em Garcia, para que de repente nos vejamos em situação de igualdade ou desvantagem numérica já no nosso meio-campo, sem que os restantes jogadores possam recuperar a tempo. Depois a decisão do perigo dependerá da qualidade do oponente. Ontem, e com menos um jogador, foi muito fraca. Mas contra outras equipas, como será? Melhor: como foi ao longo destes anos? Lembrem-se do golo do Porto na Luz, do 2-2. Ou lembrem-se de outros, vários, golos que sofremos. Os exemplos são vários e estão aí à disposição no youtube.
O resultado é muito bom e pode trazer o que muitas vezes falta: confiança. Mas não pode servir para grandes elogios e crenças num "rolo compressor" quando os erros são exactamente os mesmos do passado - que ninguém, pelos vistos, pretende resolver nesta época. Esta equipa está talhada para golear muitas vezes - basta que o adversário seja de fraca qualidade. Mas também está talhada para perder muitos pontos - basta que o técnico adversário não se chame José Mota ou outro nome da mesma incapacidade técnica. O Benfica goleará algumas vezes, esta época, principalmente em casa. Criará jogadas de sonho e rasgos individuais espectaculares que deixarão os adeptos orgulhosos e cheios de fé numa ida ao Marquês. Mas se Jesus não mudar a forma como a equipa encara o ataque posicional e saída de bola, se não mudar o lateral-esquerdo (já lá vamos), se não começar a encarar os jogos num sistema mais equilibrado, podem ter a certeza: não seremos campeões. Mesmo que do outro lado esteja um incompetente Vítor Pereira - esse mesmo, um burro que, além de outros factores, foi campeão à custa destes mesmos erros que se perpetuam.
É curioso passar os olhos pela blogosfera benfiquista e ver as reacções sobre a exibição de Melgarejo. Os defensores Jesuítas (e de outros eirismos), tecendo loas ao que o paraguaio fez ontem e procurando atacar quem diz que esta solução é errada, não compreendem que estão precisamente a fazer o contrário: o que há a elogiar na exibição de Melgarejo no jogo de ontem é exactamente o que faz da opção de Jesus uma anormalidade. No fundo, sem notarem, estão a criticar Jesus.
Melgarejo é um puto com muita qualidade e tem características pouco usuais, porque junta à velocidade uma boa técnica, rasgo, capacidade de entender a movimentação dos colegas e as possibilidades de criar desequilíbrio na altura certas. Melgarejo tem faro pelo movimento de ruptura e entende perfeitamente quando deve criar profundidade ou entrar pelo espaço interior em combinações com os colegas. Melgarejo é, de forma simples, um excelente extremo que Jesus está a queimar a lateral-esquerdo. Melgarejo é o que Ola John ainda não é nem se sabe se algum dia será. No entanto, gastámos 9 milhões num jogador quando tínhamos no plantel outro que é melhor do que ele. Vierices e Jesusices que nunca mais acabam.
Melgarejo não sabe defender. Nem técnica nem tacticamente. Isto porque defender não é um acto isolado, não se distinguem gestos para justificar o injustificável. Claro que o auto-golo e o mau passe que originaram os dois golos do Braga são gestos técnicos, o problema é que a técnica não se coloca num boião e a táctica noutro - elas fundem-se e é, juntamente com outros factores, dessa mistura que sai um jogador. Se o jogador não tem as noções básicas do que fazer num cruzamento alto vindo do outro lado ou se não tem a capacidade de entender o que deve ser a decisão em zonas mais recuadas do terreno, esse jogador estará sempre em dificuldades. Pode ter técnica - que tem -, pode conhecer os princípios básicos de como defender - que não conhece -, mas o todo é que conta. E o todo, no caso de Melgarejo, é um todo que não permite que o rapaz seja colocado naquela posição.
Erra Jesus também noutro pensamento: é que tacticamente Melgarejo está longe de estar apto a ser lateral-esquerdo. Ontem, como é óbvio, quase não errou porque não teve um adversário que lhe desse problemas. Mas a movimentação é errada, tanto na forma como se enquadra no equilíbrio defensivo aquando de um lance do lado contrário (procura muito a antecipação e menos a qualidade posicional) como na deficiente interpretação do espaço a ocupar quando a bola é metida no seu espaço - mais uma vez, ou procura a antecipação ou fica demasiado recuado (por medo de falhar?), deixando o opositor com tempo e espaço para pensar e decidir.
Optar por colocar um jogador sem rotinas (é o próprio Jesus que o diz, quando justifica o injustificável com as apenas "8 semanas") numa posição que necessita de estar estabilizada, com a competição a decorrer, já não é só um erro absurdo que podia ser um acidente - com Jesus, que pelo histórico conhecemos o seu modo de actuar, é uma imbecil teimosia que mais uma vez custará pontos ao Benfica e de forma recorrente.
Olharmos para a qualidade destes jogadores, imaginarmos o que podia ser este plantel se não tivesse erros básicos na sua composição (parece que temos de ter sempre uma posição que serve de brinde aos adversários; talvez queiramos deixar os jogos mais interessantes e espectaculares), sonharmos com um técnico que, em vez de teimar no injustificável, soubesse potenciar ao máximo a qualidade que tem ao dispor, dói muito. Acima de tudo porque bastaria um treinador medíocre e uma Direcção minimamente competente para fazer destes jogadores campeões consecutivos anos a fio. Assim, estaremos sempre dependentes de sortes e azares dos nossos, decisões acertadas ou erradas dos adversários, lances mal ou bem assinalados pelos árbitros. E muito entregues à fé.
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Julinho inspira Rodrigo
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Julinho,
Rodrigo
domingo, 26 de agosto de 2012
Um futebol previsível
Antes de abordar o jogo de hoje - que revelou antigas qualidades e antigos defeitos; pouco ou nada mudou -, leiamos o Senhor José Mota:
«O meu comentário fica
marcado por algumas acções da equipa arbitragem que prejudicou de forma
grave a minha equipa durante todo o jogo. Nós não tivemos possibilidade
de disputar o jogo. Queríamos fazer uma partida séria e contrariar o
favoritismo do adversário, mas existiram outras situações que não estão
relacionados com o treinador e o resultado ficou para a história»
«Na expulsão não diria
que é justa ou não. Existe lances bem mais graves sem cartão vermelho.
Desse modo, Luisão deveria ter vindo para rua pela entrada a Miguel
Pedro. Depois, o primeiro golo é em fora-de-jogo. O problema é que
amanhã já nem vai recordar o que aconteceu aqui».
Como é óbvio, José Mota não tem razão nenhuma. Como é óbvio, José Mota não passou 5 segundos a falar do jogo da sua equipa. Como é também óbvio, José Mota fez o que fazem quase todos os treinadores deste campeonato, sempre que defrontam o Benfica: criticam o árbitro, criando a ideia de que fomos beneficiados. Como é óbvio, isto faz parte do modus operandi do futebol português há 30 anos. Como é óbvio, José Mota é mais um que responde directamente ao senhor peidoso. Como é óbvio, José Mota é mais um treinador que odeia o Benfica.
Como é óbvio, este futebol mete-me nojo.
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Vitória Setúbal - Benfica
Eu também quero jogar ao FM!
Se
o Mister pode treinar o Benfica como se estivesse brincando no FM da
sua casa, parece-me que todos os adeptos também têm o mesmo direito -
com a saudável diferença de não prejudicar o clube.
Ora, então o meu sistema de jogo é este: um 4-1-4-1 recheadinho de apoios e jogo curto, equipa compacta mas dinâmica e capaz de arrasar as defesas adversárias com combinações inteligentes. Muito jogo entre-linhas, muita mudança posicional, subida do lateral Maxi (Luisinho mais seguro atrás), Pérez em zonas interiores e dois extremos - um, Nolito, que procura mais o jogo central, e outro, Salvio, mais vertical para a profundidade. Witsel no meio das operações, claro. E Cardozo para o golo.
E vocês, que onze e que forma de jogar para Setúbal?
Adenda: Abriu ali ao lado uma sondagem acerca da actuação que deve haver (ou não) sobre os comentários. Digam-nos o que preferem.
Ora, então o meu sistema de jogo é este: um 4-1-4-1 recheadinho de apoios e jogo curto, equipa compacta mas dinâmica e capaz de arrasar as defesas adversárias com combinações inteligentes. Muito jogo entre-linhas, muita mudança posicional, subida do lateral Maxi (Luisinho mais seguro atrás), Pérez em zonas interiores e dois extremos - um, Nolito, que procura mais o jogo central, e outro, Salvio, mais vertical para a profundidade. Witsel no meio das operações, claro. E Cardozo para o golo.
E vocês, que onze e que forma de jogar para Setúbal?
Adenda: Abriu ali ao lado uma sondagem acerca da actuação que deve haver (ou não) sobre os comentários. Digam-nos o que preferem.
Aliança Colorida
Adaptação pessoal da modernice “amizade
colorida”, vulgarmente descrita como um relacionamento que nem é carne nem é
peixe, não sendo compromisso nem amizade, reconhece a cada uma das partes um
estatuto para além do meramente aventureiro, assumindo-se quer a possibilidade de
subir ao próximo nível, quer a possibilidade de resvalar.
Oficiosa mas não oficial, segredo mas só na parte do colorido.
Quando esta semana li na imprensa sobre o jantar de Luís Filipe Vieira (LFV) e José Eduardo Moniz (JEM), o qual foi descrito como "secreto", foi o primeiro conceito que me veio à cabeça mas como “aliança” colorida: além de não existir qualquer amizade entre ambos, também não existem opositores - como deveriam existir - para que o conceito de “aliança” puro e simples se possa aplicar, daí a adaptação com uma mistura de ambos.
Este "secreto" jantar não terá sido, nem sob o pretexto para um argumento cinematográgico de Oliver Stone ou Quentin Tarantino, para LFV levar a que JEM pagasse os 31 anos de quotas em atraso com vista a equilibrar as contas do Clube, nem para que JEM quisesse umas lições de como vir a ser "um bom" exemplo no que que respeita à Sua conduta dadas pelo Seu interlocutor.
O secretismo das reais intenções e respectivas conclusões deste encontro ainda está por desvendar, não havendo dúvidas que nas próximas semanas uma real bufadela - como a do jantar - se encarregue de o fazer pela mesma via.
Até lá, a capacidade argumentativa de cada um vai realizando o "filme" que lhe aprouver.
E eu não sou excepção.
No dia 22 de Maio do corrente, JEM no descontraído ambiente do programa "5 para a meia noite", deu a saber em tom não menos descontraído, ao público em geral e aos Benfiquistas em particular o seguinte, e passo a citar:
"se eu puder contribuir para ajudar esta Direcção ou outra que para lá vá a fazer o Benfica regressar àquilo que foi, podem contar comigo."
LFV veio a revelar-se um espectador atento do "5 para a meia noite". Como anda em maré de jantares, aproveitou o "andamento" e tratou de encontrar, em tempo útil, entre visitas a Casas do Benfica, viagens a Dusseldorf e eventualmente algumas inaugurações imobiliárias, uma brecha na Sua tão preenchida agenda para, “secretamente”, marcar o jantar que o Record tão eficazmente posteriormente anunciou, e aferir da tão gentil disponibilidade manifestada pelo seu ex potencial opositor das últimas eleições , no principal e ainda canal público de TV.
Moniz, como malfadadamente sabemos, à luz dos actuais estatutos, não pode ser oposição directa, caso contrário não teria certamente recebido tão agraciado convite.
Mas Moniz pode ser oposição de forma indirecta: ou através do seu enquadramento numa lista de um hipotético candidato ou do seu apoio a uma potencial lista. E as oposições indirectas dignas desse nome, está visto, recebem convites para jantar.
Seria um sinal extremo de agrado meu se este convite passasse por tentar anular qualquer uma destas possibilidades.. Significava que o Presidente em funções saberia (e quiçá recearia) de antemão de uma candidatura que muitos anseiam que surja, tendo agido providencialmente sob alguém cuja importância sabe e reconhece que tem no mundo Benfiquista (é que eu continuo crente....).
Preocupar-se em que não haja pontas soltas é um claro sinal de reforço de posição, numa perspectiva meramente eleitoral.
Na questão curricular, o único problema que JEM terá ou teria para pôr a folha a brilhar, será escolher o cheque para regularizar o atraso de 31 anos de pagamento das suas quotas.. No Benfica acrescente-se. Comparado com os currículos que a maioria dos Benfiquistas já assimilaram desde 2003, nem é tema.
Uma potencial integração de JEM na Estrutura da SAD e/ou Clube implicaria um compromisso substancialmente maior do que um "mero" apoio eleitoral. Neste, acredito que se "resumisse" a questões preferenciais no negócio ao nível dos direitos televisivos, enquanto o primeiro, de "casamento", e no qual estou convencida que se enquadra a movimentação noticiada, envolveria não apenas esta questão mas outras bem mais profundas e muito mais complexas:
Oficiosa mas não oficial, segredo mas só na parte do colorido.
Quando esta semana li na imprensa sobre o jantar de Luís Filipe Vieira (LFV) e José Eduardo Moniz (JEM), o qual foi descrito como "secreto", foi o primeiro conceito que me veio à cabeça mas como “aliança” colorida: além de não existir qualquer amizade entre ambos, também não existem opositores - como deveriam existir - para que o conceito de “aliança” puro e simples se possa aplicar, daí a adaptação com uma mistura de ambos.
Este "secreto" jantar não terá sido, nem sob o pretexto para um argumento cinematográgico de Oliver Stone ou Quentin Tarantino, para LFV levar a que JEM pagasse os 31 anos de quotas em atraso com vista a equilibrar as contas do Clube, nem para que JEM quisesse umas lições de como vir a ser "um bom" exemplo no que que respeita à Sua conduta dadas pelo Seu interlocutor.
O secretismo das reais intenções e respectivas conclusões deste encontro ainda está por desvendar, não havendo dúvidas que nas próximas semanas uma real bufadela - como a do jantar - se encarregue de o fazer pela mesma via.
Até lá, a capacidade argumentativa de cada um vai realizando o "filme" que lhe aprouver.
E eu não sou excepção.
No dia 22 de Maio do corrente, JEM no descontraído ambiente do programa "5 para a meia noite", deu a saber em tom não menos descontraído, ao público em geral e aos Benfiquistas em particular o seguinte, e passo a citar:
"se eu puder contribuir para ajudar esta Direcção ou outra que para lá vá a fazer o Benfica regressar àquilo que foi, podem contar comigo."
LFV veio a revelar-se um espectador atento do "5 para a meia noite". Como anda em maré de jantares, aproveitou o "andamento" e tratou de encontrar, em tempo útil, entre visitas a Casas do Benfica, viagens a Dusseldorf e eventualmente algumas inaugurações imobiliárias, uma brecha na Sua tão preenchida agenda para, “secretamente”, marcar o jantar que o Record tão eficazmente posteriormente anunciou, e aferir da tão gentil disponibilidade manifestada pelo seu ex potencial opositor das últimas eleições , no principal e ainda canal público de TV.
Moniz, como malfadadamente sabemos, à luz dos actuais estatutos, não pode ser oposição directa, caso contrário não teria certamente recebido tão agraciado convite.
Mas Moniz pode ser oposição de forma indirecta: ou através do seu enquadramento numa lista de um hipotético candidato ou do seu apoio a uma potencial lista. E as oposições indirectas dignas desse nome, está visto, recebem convites para jantar.
Seria um sinal extremo de agrado meu se este convite passasse por tentar anular qualquer uma destas possibilidades.. Significava que o Presidente em funções saberia (e quiçá recearia) de antemão de uma candidatura que muitos anseiam que surja, tendo agido providencialmente sob alguém cuja importância sabe e reconhece que tem no mundo Benfiquista (é que eu continuo crente....).
Preocupar-se em que não haja pontas soltas é um claro sinal de reforço de posição, numa perspectiva meramente eleitoral.
Na questão curricular, o único problema que JEM terá ou teria para pôr a folha a brilhar, será escolher o cheque para regularizar o atraso de 31 anos de pagamento das suas quotas.. No Benfica acrescente-se. Comparado com os currículos que a maioria dos Benfiquistas já assimilaram desde 2003, nem é tema.
Uma potencial integração de JEM na Estrutura da SAD e/ou Clube implicaria um compromisso substancialmente maior do que um "mero" apoio eleitoral. Neste, acredito que se "resumisse" a questões preferenciais no negócio ao nível dos direitos televisivos, enquanto o primeiro, de "casamento", e no qual estou convencida que se enquadra a movimentação noticiada, envolveria não apenas esta questão mas outras bem mais profundas e muito mais complexas:
- âmbito de competências nas áreas desportiva e/ou
financeira;
- definição de poderes de decisão e
graus de autonomia para tal;
- coexistência com o batalhão de directores que dirigem os mais variados departamentos no Clube;
- estratégias futuras: desportivas, financeiras e pessoais (não é descabido que Moniz aspire chegar à Presidência por um atalho).
- coexistência com o batalhão de directores que dirigem os mais variados departamentos no Clube;
- estratégias futuras: desportivas, financeiras e pessoais (não é descabido que Moniz aspire chegar à Presidência por um atalho).
JEM não se comprometerá sem saber a real situação financeira do Clube. Não se comprometerá sem ver mais do que possíveis exigências aceites.
LFV não aceitará comprometer-se às exigências de Moniz se forem condicionantes ou limitativas de alguma forma à Sua actuação.
Atendendo a ambas as personalidades, o risco deste
"casamento" acabar em divórcio é significativo. Nenhum vive à sombra
de ninguém. Nem admitirá fazê-lo.
Considerando a muito, mesmo muito custo, que as próximas eleições não vão trazer ventos de mudança, pelo menos uma lufada de Benfiquismo e de competência na multicolor Estrutura directiva do Benfica, sob a figura de JEM não me desagradaria. De todo. O menos mau dos cenários considerando que não temos mais protagonistas.
Era sinónimo de que alguém, com pulso e uma forte postura, tinha aceite percorrer um caminho que, com todas as dificuldades, poderia ser percorrido com sucesso.
Vieira não joga para perder no que à sua esfera diz respeito. Mas a questão dos direitos televisivos tem que ser resolvida e a influência que Moniz poderá exercer neste tema poderá ser um trunfo demasiado importante para não o ter na mão. Estará com toda a certeza a tentar que este aceite o tal compromisso, de forma a facilitar o envolvimento da Ongoing. A dificuldade será, sem dúvida, negociar as potenciais exigências que Moniz não deixará de colocar em cima da mesa onde está o mais importante, sempre e mais uma vez: o futuro e os destinos do Benfica.
Considerando a muito, mesmo muito custo, que as próximas eleições não vão trazer ventos de mudança, pelo menos uma lufada de Benfiquismo e de competência na multicolor Estrutura directiva do Benfica, sob a figura de JEM não me desagradaria. De todo. O menos mau dos cenários considerando que não temos mais protagonistas.
Era sinónimo de que alguém, com pulso e uma forte postura, tinha aceite percorrer um caminho que, com todas as dificuldades, poderia ser percorrido com sucesso.
Vieira não joga para perder no que à sua esfera diz respeito. Mas a questão dos direitos televisivos tem que ser resolvida e a influência que Moniz poderá exercer neste tema poderá ser um trunfo demasiado importante para não o ter na mão. Estará com toda a certeza a tentar que este aceite o tal compromisso, de forma a facilitar o envolvimento da Ongoing. A dificuldade será, sem dúvida, negociar as potenciais exigências que Moniz não deixará de colocar em cima da mesa onde está o mais importante, sempre e mais uma vez: o futuro e os destinos do Benfica.
A bandalheira total
sábado, 25 de agosto de 2012
Modelo de Gestão da Benfica SAD
"(...)A Benfica SAD tem a sua actividade principal ligada à participação nas competições desportivas nacionais e internacionais de futebol profissional. A Benfica SAD depende assim da existência dessas competições desportivas, da manutenção dos seus direitos de participação e da performance desportiva alcançada pela sua equipa de futebol, nomeadamente da possibilidade de apuramento para as competições europeias.(...)"
"(...)Parte significativa dos proveitos de exploração da Benfica SAD são resultantes de contratos de cedência dos direitos de transmissão televisiva dos jogos de futebol e de contratos publicitários. Essas receitas estão dependentes da projecção mediática e desportiva da equipa principal de futebol bem como da capacidade negocial da Benfica SAD face às entidades a quem sejam cedidos os direitos de exploração daquelas actividades. Adicionalmente, a Benfica SAD está dependente da capacidade das contrapartes dos referidos contratos cumprirem com os pagamentos acordados e de, no limite, ser possível encontrar no mercado outras entidades que possam substituir aquelas. Os proveitos de exploração estão também dependentes das receitas resultantes da participação da sua equipa de futebol nas competições europeias, designadamente na UEFA Champions League.(...)"
"(...)Os custos relativos ao conjunto de jogadores de futebol da Benfica SAD assumem um peso determinante nas contas de exploração da empresa. A rentabilidade e o equilíbrio económico-financeiro da sociedade estão, por isso, significativamente dependentes da capacidade da Administração da Benfica SAD assegurar uma evolução moderada dos custos médios por jogador e a racionalização do número de jogadores.(...)"
"(...)Os proveitos resultantes de transferências de jogadores da Benfica SAD assumem um peso significativo nas contas de exploração da empresa. Esses valores estão dependentes da evolução do mercado de transferências de jogadores, da ocorrência de lesões nos jogadores, da capacidade da Benfica SAD formar e desenvolver jogadores que consiga transferir e da manutenção de um enquadramento legal que permita a continuidade deste tipo de receitas nos níveis esperados.(...)"
in PROSPECTO DE ADMISSÃO À NEGOCIAÇÃO AO EURONEXT LISBON DA EURONEXT LISBON SOCIEDADE GESTORA DE MERCADOS REGULAMENTADOS, S.A., DE 7.999.999 ACÇÕES ORDINÁRIAS, ESCRITURAIS E NOMINATIVAS, COM O VALOR NOMINAL DE 5 EUROS CADA, REPRESENTATIVAS DE 34,78% DO CAPITAL SOCIAL DA SPORT LISBOA E BENFICA – FUTEBOL, SAD de 6 de Junho de 2012
Este é o modelo de gestão da Benfica SAD, ou pelo menos o entendimento da Administração da Benfica SAD. A participação na UEFA Champions League, as receitas de transmissões televisivas e contratos publicitários são as principais fontes de receita. Por outro lado, o custo do plantel é o factor mais determinante nas despesas do Benfica. Dado que os resultados das transferências de jogadores são significativos para o equilíbrio das contas, pressupõe-se que a actividade operacional é deficitária.
Pessoalmente não concordo com esta visão. Por um lado ignora-se o papel dos sócios e adeptos e as receitas de sócios e adeptos (bilhética, bilhetes de época, quotização e merchandising) representam cerca de 35 a 40% das actuais receitas. Este valor implica que os destinatários do clube, os sócios e adeptos devem ser sempre a principal preocupação do clube, não vistos como clientes mas como alguém que deve aprofundar a sua relação com o clube e daí gerar-se valor acrescentado.
Com cerca de 222.000 sócios, o Benfica tem cerca de 41,9% de sócios efectivos, 31,8% de sócios correspondentes, 6,3% de sócios juvenis, 8,7% de sócios infantis e 9,6% de sócios infantis isentos, ou seja a maioria dos sócios não paga a totalidade do valor das quotas.
Caso exista uma política para o aprofundamento da relação emocional entre o Benfica e os seus sócios, penso que será possível a relação efectivo-correspondente passar de 40-30 para 55-15. Os 25% de sócios mais jovens representam tanto uma oportunidade como uma ameaça, pois tanto é possível aumentar a base de sócios efectivos como a relação se transformar de sócio em adepto.
Uma das grandes questões do Benfica é como rendibilizar essa massa adepta tão grande mas que normalmente está tão afastada do clube. Estamos em profunda crise económica e o lazer é um dos primeiros bens a ser cortado dos orçamentos familiares. No entanto em termos estratégicos de longo prazo o Benfica deve delinear estratégias para atrair os adeptos, não só tornando-os sócios, como também atraindo-os ao estádio, às lojas e às escolas de formação.
Pensando global, o Benfica deve agir localmente e deve incluir na sua estratégia de promoção as Casas do Benfica. Mas acima de tudo, a procura dos adeptos nunca deverá manchar a relação já existente com os sócios e em especial os que têm títulos anuais para acesso ao estádio. Se por um lado em Portugal é difícil existir um aumento significativo no número de adeptos, o mesmo não se passa fora de Portugal, desde que sejam seguidas políticas consistentes de abertura e expansão de novos mercados, como o fazem as equipas inglesas ou espanholas.
Estes novos mercados, nomeadamente das economias emergentes, poderão trazer um aumento do número de sócios, e para isso o Benfica tem uma grande arma de marketing que é o facto de ser o clube com mais sócios no mundo (o Bayern de Munique que é o segundo apenas tem 181.000). Mas não só poderão aumentar as receitas da quotização com a abertura de novos mercados, como também e especialmente as receitas de merchandising. O merchandising representa apenas 3 a 4% das receitas do Benfica. Só o efectivo alargamento da base de adeptos poderá permitir o aumento deste valor.
Esta abertura de novos mercados poderá potenciar o aumento significativo das receitas de transmissão, bem como o aumento do valor da marca Benfica. A marca Benfica é uma super-marca em Portugal e junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Porém, é uma marca pouco mais que irrelevante quando comparada com o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United, o Bayern de Munique ou mesmo alguns clubes não de topo das ligas inglesa, espanhola e alemã.
Qual o caminho para ganhar notoriedade? Aproveitemos que em 2014 a final da Champions será disputada no Estádio da Luz e juntemo-nos todos para fazer os possíveis e os impossíveis para que o Benfica não deixe de ser um anfitrião ganhador. O desígnio para os próximos anos deverá ser ganhar a Uefa Champions League em 2014, quaisquer que sejam os adversários que defrontemos.
A presença assídua do Benfica na Uefa Champions League, a competição mais importante de clubes, irá fazer crescer a notoriedade da marca, mas só um triunfo poderá verdadeiramente permitir um crescimento à escala mundial. Para que o Benfica seja uma presença assídua na Uefa Champions League é essencial que volte a ter a hegemonia do futebol português e ganhe consistentemente o campeonato nacional.
Claro que isto é fácil de dizer, mas não é fácil de fazer. Por um lado porque a competição em Portugal não é justa. Está demasiado enviesada com influências e jogos estranhos de bastidores que condicionam o desempenho das equipas dentro das quatro linhas. Mas acima de tudo porque não tem havido competência própria e os erros têm-se repetido, quer na formação, quer na gestão dos plantéis.
Uma notícia do Record diz qualquer coisa como que a Direcção do Benfica, penso eu que seja a Administração da Benfica SAD, tem que vender um jogador valioso até ao final da semana. Não sei como ficou o fecho do exercício, mas dá para prever tendo por base os resultados do 3.º trimestre, o histórico e contabilizando os valores do Market-pool da Uefa Champions League que o exercício tenha ficado ligeiramente positivo.
Na semana que passou, penso que a Bola noticiava que o Benfica tinha conseguido 10 milhões de euros com empréstimos e transferências de passes de jogadores não relevantes, tendo inclusivamente o Benfica entretanto chegado a acordo para emprestar o Hugo Vieira ao Sporting Gijón e o Nuno Coelho ao Aris de Salónica. Também são conhecidos os valores que foram associados às transferências de Ola John 8 milhões de euros (mais 1 milhão por objectivos desportivos) e 10 milhões de euros pelo Salvio (mais 1 milhão por objectivos desportivos, sem contar o anteriormente pago por 20% do passe). Se a estes valores juntarmos as amortizações semestrais dos passes de jogadores (qualquer coisa como 15 milhões de euros), corremos o risco de a 31 de Dezembro de 2012 ter a Benfica SAD em insolvência técnica, caso não exista uma venda a rondar os 20 a 25 milhões de euros.
O objectivo não é ser alarmante, é ser realista e perceber que face ao modelo de negócio que temos, a venda do passe do Cardozo pode não chegar, pelo que sem sair o Gaitán, a probabilidade de sair o Witsel é enorme. E perdendo o Witsel, ou eventualmente o Javi ou o Rodrigo, o nosso plantel ficará seriamente debilitado e teremos tido mais uma pré-época que não se adequa às necessidades que teremos durante a época.
Muito gostaria eu que a realidade me desmentisse, mas eu já estou preparado para ver uma das nossas pérolas a sair no fecho do mercado.
É por isto que eu acho que o modelo de gestão do Benfica deve ser reequacionado, mas neste ou noutro modelo deve efectivamente cumprir-se aquilo que é uma política de limitação de riscos - controlar os custos do plantel e racionalizar o número de jogadores.
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