terça-feira, 11 de junho de 2013

Há 61 anos atrás, Salazar e o Porto perderam por 8-2

 A memória tem curiosidades que fazem da História não um conto ficcional mas a preservação da verdade. Por muito que os ignorantes continuem escamoteando uma maioria de títulos ganhos através de manobras ilegais e corruptas, reescrevendo o passado como melhor lhes convém, o tempo e os factos históricos encarregam-se de lhes ensinar o que é um facto e o que é uma mentira. 

 Ao contrário do Benfica, que foi sempre um clube visceralmente livre e democrático, Sporting e Porto não poderão puxar para si galões da mesma estirpe. Os exemplos são vários e escuso-me a enumerá-los - vão ler livros com palavras, muitas, e muitas letrinhas, se estiverem para isso. Se persistem na ignorância, já não será problema dos que conhecem a História para lá dos preconceitos e falsidades atirados à parede a ver se colam. 

 Há 60 anos, o Futebol Clube do Porto inaugurava o seu estádio. A data de 28 de Maio não é fruto de um acaso mas a consequência das ideologias dos dirigentes do clube, que acharam por bem colar de forma indelével à História do clube a data que comemorava a revolução que deu origem ao Estado Novo. E assim nasceu o Estádio das Antas. Com pompa, circunstância e a idiossincrasia que, anos mais tarde, teria o seu apogeu na era actual que todos conhecemos. No fundo, faz sentido: um clube que decide inaugurar o seu estádio num dia que comemora o início da instauração de um estado ditatorial tem tudo para chegar até aos nossos dias tal qual chegou: transversalmente corrompido e corrupto.

 Para visitante, claro, o Benfica. Uma espécie de ditadores versus liberais, com a esperança portista a residir numa humilhação aos gajos "vermelhos" que tinham eleições democráticas e tudo. O resultado não podia ter sido mais esclarecedor: 8-2 para os comunas, sem apelo nem agravo. E assim se inicia, a 28 de Maio de 1952, um ódio visceral e profundo aos que clamam pela liberdade. 60 anos depois, o ódio atingiu laivos de demência e boçalidade. Talvez um dia, quando estes corruptos que dirigem o clube morram e apareça gente nova, o Porto possa voltar a ser um clube honrado como até à década de 50. Talvez. Só depende dos adeptos a inversão de paradigma. No entanto, pela amostra geral, percebemos que muito dificilmente o clube algum dia conseguirá ser verdadeiramente grande. É que viver na sombra de outro nunca fez crescer ninguém. 

 8-2. E a gigante Taça foi para o Comité da Luz.

2 comentários:

pitons na boca disse...

Por depender dos adeptos é que essa inversão não se dará tão cedo. Qualquer um que se apresente a eleições nesse clube com ideias distintas das actuais, será liminarmente derrotado e arrisca-se a sofrer na pele, às mãos da guarda pretoriana que por lá vai fazendo a sua vidinha.

Infelizmente.

aalto disse...

confesso que a evocação do passado, não me traz (como trazia em outros tempos) um especial consolo...

é que dantes essa evocação servia-me para definir a linha entre mim e os portistas e sportinguistas...

mas agora todo este desfiar de imagens, aclara uma outra linha, a que me separa a mim de 83% dos benfiquistas, pelo que em vez de consolo...traz mais angústia!

MUITO MAIS!...