domingo, 15 de junho de 2014

Triplete

1) Há dez dias escrevi aqui que, tendo em conta a quantidade substancial de titulares que iremos perder, era absolutamente fundamental manter Enzo Pérez. Hoje sabemos que o argentino está praticamente de saída, juntando-se a Garay, Siqueira, André Gomes e Rodrigo. Markovic, Cardozo e Gaitán são outros jogadores que podem sair a qualquer momento e, para animar a festa, fala-se na saída de Oblak. Que fique bem esclarecido que uma sangria - veremos de que alcance - numa equipa campeã só acontece não por causa do mercado ou da economia galopante mas por incompetência. 

Nenhum argumento defensor da óbvia necessidade de venda pode justificar a transferência de mais de metade dos titulares a não ser o perigoso caminho para o qual aqui alertamos desde o início: o desgoverno completo nas contas do Benfica. A cada ano que passa a situação torna-se mais calamitosa.

2) A aposta na formação, ao contrário do que os pedroguerristas querem fazer passar, não é encher o plantel principal com putos vindos das camadas jovens nem se rebate com o absurdo argumento de que «o que interessa é que os jogadores tenham qualidade, sejam portugueses ou estrangeiros». Absurdo não por não ser verdadeiro, mas porque traduz um conceito errado: o de que na formação não há qualidade mas sobretudo porque vai de encontro ao que Vieira vem dizendo ao longo dos últimos 7 ou 8 anos. Não se pode ter o Presidente a anunciar um «Made in Benfica» e uma «formação de excelência» enquanto, ano após ano, se desvaloriza o valor dos nossos miúdos, defendendo a parca qualidade dos mesmos e comprando ao desbarato jogadores estrangeiros que muitos deles não chegam a fazer um jogo pela equipa principal. 

Das duas uma: ou se assume que o Centro do Seixal serve para convencer os seguidistas de que «há obra feita», tornando os putos meros bonecos que criamos, usamos e deitamos fora ou começamos a integrar paulatinamente no plantel principal 3 ou 4 talentos da formação todos os anos. E não, a aposta na formação não é «perder competitividade» nem «meter 15 miúdos». É escolher os melhores e apostar verdadeiramente neles. É simples, mas neste Benfica o simples nunca é simples. Numa altura em que o clube se debate com dívidas monstruosas e necessidades de empréstimos atrás de empréstimos, se calhar não era mal pensado acarinhar o talento que brota do Seixal. Como exemplo maior, Bernardo Silva. Se este miúdo não serve para entrar no plantel para 2014/2015 fechem o Seixal e dediquem-se à pesca da amêijoa.

3) Os 8 jogos iniciais do Mundial tiveram quase todos uma qualidade acima do que é normal na fase de grupos desta competição. Podemos estar a caminho de um dos melhores Mundiais da História. O golo de Van Persie já foi inscrito na mármore eterna.


3 comentários:

ChakraIndigo disse...

Eu penso que nos próximos anos dificilmente existirá um "Benfica made in", a não ser que as nossas finanças a isso obriguem.
Há jogadores que podem e devem ser trabalhados na equipa principal, mas não deve ser um cavalo de batalha a promoção dos nossos jogadores jovens, mas sim de jogadores com qualidade para evoluir.
Se o modelo que se segue neste momento é comprar barato, trabalhar o "produto" e vender com rentabilidade ao mesmo tempo que se obtêm resultados desportivos (vamos ver se funciona sempre) não esperemos nada mais do que continuadamente a perda de jogadores e o enfraquecimento progressivo da equipa-aliás, temos o exemplo do FCPorto, que globalmente é de sucesso, e que muito alicerçado na desorganização dos seus maiores rivais e do sistema de trafico de influencias que criou, tornou-se o paradigma deste modelo de gestão, mas que pode ter períodos mais ou menos grandes de esvaziamento; estou em crer que o FCPorto pode estar a iniciar um período longo de seca desportiva, caso saibamos continuar a usar a nossa força para os levar ao seu nível, o de segunda força desportiva em Portugal.No entanto, o feitiço pode virar-se contra nós, assim como neste momento se virou contra o Porto, que tem uma equipa muito mais fraca que a nossa, grandes dificuldades económicas, a pior formação dos cinco principais clubes,e que se não for á Liga dos Campeoes vai dar um estouro estrondoso.
Quer-se inteligência, estratégia e travar ferozmente toda e qualquer guerra que houver para travar com o FCPorto, porque o SPorting ainda tem um caminho longo a percorrer.
Viva O Benfica!

ChakraIndigo disse...

PS1_Não acredito que todas essas vendas propagandeadas sejam realizadas, isso seria um hara-kiri com consequências imprevisíveis-seria confiar que o trabalho do JJ iria superar todas essas perdas, que a fraca competitividade do FCPorto se iria manter,e que conseguiríamos ultrapassar as dificuldades que o Polvo nos trará, tão inexoravelmente como a marcha do tempo.

PS2_Eu acredito que um Centro de Formação com sucesso também se pode medir pelas mais valias financeiras, com vendas de jogadores em final do período de formação a outros clubes, que no caso de clubes em Portugal pode ser muito importante, com empréstimos estratégicos, com opção de compra de jogadores formados noutros clubes(O Braga e o Guimarães estão a fazer um bom trabalho nessa área).
O plantel da nossa equipa profissional não conseguirá nunca satisfazer as legitimas ambições pessoais dos jovens que querem ser valorizados, e as vezes tem de se deixar sair jogadores bons, por não terem lugar nas equipas A ou B. Isto também é um sinal de que o trabalho estará a ser bem feito, se houver muitos Cancelos, Lindelofs(atenção a este jogador) ou Bernardos, que não consigam ter lugar na equipa A, por lá estarem um Aimar, um Enzo, um Siqueira ou um Luisão.
Viva o Benfica!

Pedro disse...

" numa equipa campeã só acontece não por causa do mercado ou da economia galopante mas por incompetência. "

Não é bem assim.

Os jogadores são bons, deram nas vistas logo são cobiçados. Para nosso azar os seus vencimentos são facilmente duplicados por carradas de clubes por essa Europa fora. A única coisa q podes argumentar é serem vendidos abaixo da cláusula pq de resto... Quando Enzo Perez prefere sair do SLB para um Valência tudo está dito em relação a ordenados em causa.