Depois de uma época em que apenas no espaço de uma semana passei - como muitos de vós, imagino - de um estado de grande euforia a uma profunda depressão, optei por afastar-me temporariamente das discussões futebolísticas para bem da minha sanidade mental. Faz-me confusão ver tanta gente confiante num brilharete do Benfica quando todos os sinais nos indicam o contrário, quando os pressupostos que nos levaram a fracassar nos últimos anos não só não se alteraram como provavelmente agravar-se-ão até ao início da próxima época futebolística. É bonito acreditarmos sempre, é de Benfiquista (assim, com B grande e tudo) apoiar incondicionalmente aquilo que se faz no clube sem nos atrevermos sequer a questionar quem o faz, como e com que propósito; é extremamente romântico cairmos em sucessivos K.O.’s brutais e depois levantarmo-nos confiantes de que “agora é que vai ser e quem não apoiar não é benfiquista” (nem sequer b pequenino). Tudo isto apesar das evidências, das negociatas, dos constantes tiros nos pés dados por quem representa as nossas cores, desde a Direcção aos jogadores, passando pelo staff técnico. É bonito mas não me convence minimamente. O que é que mudou desde o ano passado - e desde o ano anterior ao ano passado, e desde o outro ano antes - para este ano que nos permita estarmos especialmente confiantes? Responda quem souber.
Para mim isto é um filme tão batido e previsível que dói. Estar a poucos dias do início do campeonato e não acreditar no sucesso do meu clube era algo de impensável para mim. Não acreditar no Benfica? Eu, que depositei enormes esperanças em Marcelo, Hassan e King para vencermos campeonatos; que acreditei que o Nelo e o Tavares eram capazes de trucidar o poderoso AC Milan; que achava que o Clóvis ia tornar-se um grande jogador porque essa era uma inevitabilidade de quem envergava a camisola do Glorioso. Não acreditar no Benfica, eu? Aconteceu.
Talvez a camisola do Benfica tenha perdido a sua magia. Talvez seja eu que estou farto de ver o meu clube sofrer tanto nas mãos de gente que não tem respeitado os alicerces sobre os quais se edificou o Sport Lisboa e Benfica. Devo dizer que apesar da descrença existe a ténue esperança de que o Museu Cosme Damião (os meus parabéns à Direcção pela obra, agora vejam lá se arranjam material novo para pôr lá dentro) reabilite alguma da mística naqueles – e são muitos - que hoje já se conformam com quase-títulos e campeonatos de vendas, mas para isso é preciso irem lá ver aquilo que o nosso clube já foi. Vão. Vão e levem convosco os vossos filhos, os sobrinhos, os primos, o vizinho do andar de cima que ouvem gritar os golos do Benfica, o cão, o periquito, a tartaruga. Vão todos e vejam o Benfica com olhos de ver. Depois, talvez percebam de uma vez por todas que não foi João Vale e Azevedo que inventou o Sport Lisboa e Benfica e tenham vergonha daquilo que estão a fazer ao nosso clube.
5 comentários:
patriarca disse:
O Pior é que EU mesmo que queira e tudo faça para me tentar "ALHEAR" do que se passou e está a passar no Glorioso Benfica, Não consigo colocar de parte e muito menos esquecer. O Benfica está ENTRANHADO no meu Coração e como tal Sofro, já que coração Benfiquista há muito que sofre, mas aguenta.
Deixei de pensar.
Quando penso só concluo mais do mesmo ou para pior e escondo-me nestas palavras para não dizer o que realmente deve ser dito, por vergonha.
VC
Eu bem tento não ligar á pré época mas o Benfica é mais forte e tirando uns dias no Portugal profundo (na aldeia dos meus pais) não consigo, só resta ter paciência para os pizzi e farinas para aguentar o cortês :) e não desesperar pelo fim de Agosto , depois quem sabe...
Viva o Benfica!!!
Sinceramente não percebi o alcance e se quiseres explicar ???
Mas imagina que percebi e no lugar de JVA punha Damásio.
Que tal...
Pois também eu na~consigo desligar e já tenho idade para alguma moderação.
Conde de Vimioso, podes pôr Damásio que é igual ao litro. Falei no Vale porque é o argumento mais utilizado pelos defensores desta Direcção: "vejam lá se querem voltar aos tempos do Vale e Azevedo". Como se o Benfica tivesse nascido aí.
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