terça-feira, 29 de maio de 2012

O Geração Benfica merecia muito mais amor

Notável o trabalho que tem sido desenvolvido pelos escribas do Geração Benfica ao longo dos tempos. Notável e profícuo, com diários temas de reflexão sobre o universo benfiquista. Há poucos espaços que problematizem tanto e tão bem o que é o clube, que rumo tem e pode ter, o que é o nosso passado, o que é, afinal, o benfiquismo. Parabéns a todos. E obrigado.

O último excelente trabalho - e revelador de que escrevem sem agenda, apenas e só por amor ao Benfica - foi a entrevista a Rui Gomes da Silva. Questões pertinentes, com inteligência e conhecimento. Pena é que o entrevistado tenha optado por ser o que é: um político. Às perguntas incómodas, respondeu com discurso demagógico, tergiversou, atirou ao poste. Fica a sensação de que a entrevista lhe serviu na perfeição para um tempo de antena em local que tanto aprecia - a blogosfera - para politizar ainda mais o que deve ser um cargo de competência, afeição, amor e dedicação sem barreiras.

Ainda que nos avise de que responde como sócio e não como vice-presidente, todo o discurso é naturalmente de dirigente político (e se calhar clubístico); não há ali nada que nos faça pensar que RGS responde como mero e simples adepto. Como sócio do clube e defensor de que quem dirige o Benfica deve pautar a sua conduta pela honestidade, verdade, frontalidade, nenhuma demagogia ou populismo fácil, fiquei desiludido. Mas também, verdade seja dita, dele não esperava muito mais do que o que lhe li. Como diz Leonor Pinhão, em entrevista que nos concedeu há uns dias atrás: «trata-se de uma simples questão de talento e de inteligência». É exactamente isso que falta a Rui Gomes da Silva. Como político, como dirigente e, acima de tudo, como benfiquista.

Recorro à primeira pergunta e consequente resposta de RGS na entrevista ao Geração Benfica para definir - e de que forma - o que é ter um dirigente que apenas sabe politizar e tergiversar o que devia ser uma resposta honesta, directa e esclarecedora. Em vez de enfrentar a pergunta, recorre aos mesmos e batidos truques de quem sobe na vida em atalhos à inteligência. Dele e dos que nele acreditam:

«Está por explicar o motivo de o SLBenfica ter apoiado, primeiro para a Liga e depois para a FPF, um ex-dirigente do FCPorto e intimamente ligado ao processo Apito Dourado, tendo sido ouvido a sua intervenção nas escutas. Quer comentar e justificar de uma vez por todas este apoio? Não nos contentamos com a frase do Presidente dizendo "confiem em mim"...

RGS: "Não se tratou de uma posição de alguém, de forma especifica.
Na Direcção e na SAD as questões são colocadas de forma franca, aberta, transparente, democrática.
E, independentemente da posição de onde cada um parte - Cosme Damião ensinou-nos a viver em liberdade, mesmo quando não eram livres os caminhos que Portugal, então, trilhava - o que vincula o Benfica são os consensos, o resultado a que se chega.
Por isso, que ninguém se exclua de qualquer responsabilidade.
Havia um projecto, onde mais do que ideias avulsas, existia uma ideia para o futebol português!
Mas esse apoio, de principio, não cerceia a liberdade de critica, a que, alias, eu próprio dei voz, num dos programas recentes da SIC, onde questionei o actual Presidente da FPF sobre a sua capacidade para ter mão no estado em que vão andando os diferentes órgãos da Federação.
O SLB não trocou apoio por lugares.
Batemo-nos por princípios, valores, causas, "bandeiras".
Não queremos lugares, como outros.
Mas não perdoamos a quem, tendo prometido independência, verdade, equidistância, imparcialidade, ... apoie ou assista, faça ou permita, actue ou colabore, mesmo que por omissão, em escândalos que prejudicam o Benfica, beneficiam o nosso adversário do costume, enfim ...., não dão passos no sentido de afastar o futebol português de uma das páginas mais negras - senão a mais negra - de toda a sua história: o caso "Apito Dourado".
Pela verdade desportiva, doa a quem doer!»



É que nem verdade nem desportiva. Apenas areia para os olhos dos adeptos e muita persistência em manter o tacho. São estes que governam o nosso amor.

9 comentários:

Diego Armés disse...

Se calhar, deviam ter repetido a pergunta, tê-la posto noutros termos. Fico com a sensação de que Rui Gomes da Silva não a compreendeu.

Anónimo disse...

“Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”

Eça de Queiroz, (1867)

Constantino disse...

Exactamente com a sensação que fiquei quando li a entrevista. Excelente trabalho do NGB, mas aquilo não dá para mais. Quando acabei de ler a entrevista, li aqui a da Leonor Pinhão e aquele "questão de talento e inteligência" ficou-me na retina... ou pelo menos, no que resta dela.

Já agora, até porque ainda não o disse aqui, também excelente trabalho com as entrevistas à Leonor Pinhão e àquele tipo meio grunho... aquele tal de Vittalino Vendetta.

Abraço (também para o Xô Vittalino)

Mentacapto da Silva disse...

Ricardo, desculpa a pergunta mas a questão do apoio a Fernando Gomes (uma espécie de trip coletiva) é relevante? Apenas para o nosso ego colectivo porque em termos práticos...vale zero!!
Quando daqui a uma ou duas semanas o Vieira arrasar com o Fernando Gomes achas que temos garantido o próximo campeonato?!
Ricardo, já tiveste um presidente do Benfica a liderar a liga e...?
Já era tempo de perceberem que FG ou VP são meras figuras decorativas. O clube corrupto vai directamente à fonte, não precisa de intermediários!
Se alinham levam fruta e café com leite, se não...servem-lhes o jantar!! É ISTO QUE SE PASSA!!
Fartinho do apoio a FG, fartinho dos incompetentes que nos representam, fartinho de quem ousa recriminar o GRANDE Carlos Lisboa, fartinho de falsas questões de merda...

Anónimo disse...

Merecia?

Stranger disse...

O RuiGS é inapto para defender o Benfica na TV-ontem tive sinceramente pena dele, a tentar defender o Lisboa, com o mentecapto do Aguiar a dar-lhe trunfos atrás de trunfos e ele a vê-las passar...depois deixa que o outro o abafe e a sua voz que foi a que Deus lhe deu, deixa o moderador interromper o seu raciocinio depois de ouvir reverentemente o Aguiar.Enfim!No entanto não duvido nem um segundo do Amor que este tipo tem pelo Benfica, ele é socio so a 53 anos.Só que para este papel não serve, e quanto á entrevista no blogue acho que se limita a tentar defender o Vieira em publico, mesmo em prejuizo da sua opiniao, e ate acho que isso abona a seu favor.A lealdade é uma das maiores virtudes de um comandado.

Ricardo disse...

Diego, qual pintinho qual quê? Tu és o REI da ironia.

Lindo, anónimo.

Constantemente correcto Constantino, é isso. E o Vitto dirá mais umas coisas daqui a uns dias.

Mentecapto, companheiro, não é só ego colectivo, meu caro, é uma estratégia e uma posição de força. Que pode e deve ser PRÁTICA. Discordo de ti, mas isso já não é novidade. Mas tenho gostado da forma como tens exposto os teus argumentos. Estás mais civilizado, mais educado, menos bruto, pá. Tenho a aprender muita coisa contigo.

Anónimo, merecia.

Stranger, sem dúvida. Por isso é que ele lá está. Bonecos invertebrados é o que se quer.

Viriato de Viseu disse...

Retirei da longa entrevista (porra castigámos bem o homem) um precioso sumo e que foi logo no começo, quando afirma : ««dizer em público, muitas vezes, antecipadamente, o que nunca deixamos de dizer em privado!"»»

Oxalá...ontem já era tarde !!!

luis disse...

@Mentacapto da Silva que belas reflexões para vários "momentos" do jogo, por vezes farto-me de pensar que o "sistema" vai cair de podre. Mas não é que o raio da fruta aparece sempre fresca e em todas as épocas.

Pro Ricardo acrescento um "pires de tremoços", o tal marisco do Eusébio da Silva Ferreira...olha a foto quando tiveres tempo:)