terça-feira, 15 de outubro de 2013

Palha para romântico comer



No dia de domingo e no dia de ontem fomos presenteados com reportagens, mais ou menos exaustivas, elaboradas pelo diário desportivo “Record”. Uma sobre o “BenficaLab” e uma outra sobre as 5 “pérolas” que o Benfica tem na sua equipa secundária.

Numa altura em que as competições de clubes se encontram em stand by, por via do calendário das selecções, convém aos jornais ter matéria para encher páginas e vender edições e, numa altura de contestação interna e externa aos resultados da equipa, convém ao clube, à sua direcção fazer um pouco de propaganda com assuntos que entusiasmam, tentam mostrar eficácia na gestão actual mas que, comparando matérias semelhantes e comportamentos subsequentes, ameaçam não passar de meras capas de jornal. Basicamente temos aqui uma relação de simbiose, em que a direcção propagandeia a sua aparente eficiência e o jornal, Record ou A Bola dependendo dos momentos e conveniências, vende edições e ilusões.

A questão não reside na utilidade do tal BenficaLab, embora possamos sempre perguntar o porquê de existirem tantas lesões no plantel ou questionar, ainda mais veementemente, as afirmações de Jorge Jesus no final do jogo com o PSG sobre Ibrahimovic, muito menos se coloca em causa a valia dos jogadores apresentados como as estrelas do futuro do clube. Se no primeiro caso demonstra organização, ou pelo menos uma tentativa disso, no segundo nem era preciso o Record para nos apercebermos da qualidade dos nossos meninos, aliás, basta observar 2/3 jogos da equipa B e facilmente nos saltará à vista a qualidade dos referidos jogadores, essencialmente de Cavaleiro, Bernardo Silva e Cancelo.

O problema deste tipo de modus operandi é o facto de se ir tornando repetitivo e, por isso, fácil de desmontar através da analogia que se pode fazer com o passado ou mesmo observando com atenção o que foi feito na construção do plantel actual.

Muitos se lembrarão das infinitas linhas de jornal que se escreveram quando se ia renovando contractos com jogadores como Miguel Vítor, Nelson Oliveira, Miguel Rosa entre tantos outros. Por aqui, facilmente perceberemos a esterilidade destas situações. Qual destes jogadores foi aposta do Benfica? Nenhum! Miguel Vítor foi posto de parte perante Jardel e mesmo perante Roderick (com quem o Benfica RENOVOU contrato em JANEIRO deste ano, mesmo depois de já se perceber que não havia ali qualidade para o Benfica, tendo-o dispensado no final da época passada); a Miguel Rosa de nada lhe valeu os inúmeros golos marcados pelo Belenenses durante os 2 anos de empréstimo que teve, nem sequer as boas exibições e nova enxurrada de golos pela equipa B, sendo dispensado pelo clube que tanto aposta nos jovens… estrangeiros; a Nelson Oliveira, internacional A por Portugal, de nada valeu ser formado no clube e, está mais que visto, perdeu a corrida com Rodrigo, ainda que este não tenha mostrado nada a mais que o jovem luso no plantel do clube, restando-lhe apenas andar de empréstimo em empréstimo, definhando em clubes de menor nomeada até ao dia em que será dispensado pelo clube. 

Podemos argumentar com uma hipotética falta de qualidade demonstrada pelos exemplos citados nas parcas oportunidades que lhes foram dadas (no caso de Miguel Rosa, não foram muitas nem poucas, apenas não existiram), mas pergunto: Que seria de jogadores como Di Maria ou David Luiz se lhes tivessem sido dadas as mesmas oportunidades? Ou estes, como outros, mal entraram na equipa demonstraram a qualidade que têm hoje? Ou, por exemplo, Di Maria não andou 2 anos a demonstrar tanto talento quanto inconsistência? E Rodrigo que ainda vive à sombra do que foi capaz de demonstrar nos primeiros meses de Benfica? Qual a diferença de Di Maria e Rodrigo para os que foram formados no clube? Simples, os milhões que custaram e que era preciso justificar a todo custo, daí o tempo que, muito bem, lhes foi dado para irem evoluindo.

Gostaria de ilustrar esta discrepância de tratamento e aposta com mais 2 casos do actual plantel, falo de Markovic e Ola John. No caso do holandês, que diferença há entre ele e Ivan Cavaleiro, por exemplo? No caso do primeiro, estreou-se pelo clube com 20 anos, no caso do segundo leva 19 anos e, apesar de já estar na 2ª época em bom nível na equipa B, ainda não teve qualquer oportunidade na primeira equipa (talvez surja com o Cinfães). Analisando Markovic, que brota talento por todos os poros do corpo, mas que ainda está longe de apresentar uma consistência exigível para o nível do Benfica, tem 19 anos, pergunto: Que há de diferente entre o Sérvio e Bernardo Silva, também de 19 anos? 

Mais uma vez, por estes e tantos outros exemplos, se vê que a tal aposta na “prata da casa” (digo eu que é mais “ouro da casa”) é uma falácia, porque se não for o argumento da qualidade apresenta-se o argumento da idade, ignorando que é vasta e longa a lista de jogadores que se estrearam e brilharam na primeira equipa do Benfica jogadores de tenra idade, tendo-lhes sido dado o tempo e as oportunidades necessárias para a sua evolução, assim haja vontade (€).

3 comentários:

Diogo disse...

E' tudo uma questao de potenciacao. Quando um puto da formacao (Rosa, Cancelo, Cavaleiro, Bernardo) demonstra tanto talento que nem e' preciso potenciar, o iluminado da amadora fica sem nada para fazer.

Por isso, e' mais importante dar minutos ao Rodrigo, que de baliza escancarada marca tantos golos como o Pringle, do que dizer "Nelson, nos apostamos seriamente em ti". Nao me admiraria se, tal como Rosa e, ja' se adivinha, Nelson, os miudos da B com potencial fossem encostados para jogar o irmao do primo do Matic e o filho da mulher a dias do Lima. Porque esses dao comissao e os putos da casa nao.

E sem comissao, que faz o iluminado? Treina o Benfica? Isso e' mais bolos...


eusebiomais10.blogspot.com

VC disse...

Excelente Post cheio de actualidade/Modernidade e oportunidade. Estou totalmente de acordo. Parabéns.

luis disse...

Para este assunto vou tentar afastar-me dos nomes. Jogadores assim ou assado,fritos ou cozidos com idades sempre difíceis independentemente dos tempos. Imbecilmente cosia uma camisola do Glorioso a uma dúzia deles seja qual for os tempos.
Era a nossa grande arma, a Mística, o orgulho , a confiança que serão melhores Homens no futuro. A qualidade consegue-se descortinar bem cedo, cabe a Instituição formar.
Politicamente é um facto que existem estruturas modernas, luxuosas, que albergam novos conhecimentos, novas tecnologias. Ora tudo isto tem um custo. As garantias para se pagar aquelas coisas, passam exactamente pelos nomes de jogadores tenrinhos cheios de ilusões.
Se olharem bem para os fundos, o poço do Seixal não tem fundo à vista.Olhem bem para o que se foi passando, o tal caminho já deixou pegadas.
Só pelos exemplos, devíamos mencionar alguns nomes de jogadores portugueses, mas se olharem bem, a politica tem sido bem internacional, com o dinheiro dos contribuintes.
Há jogadores ou ex jogadores crescidos no Seixal nos quatro cantos do mundo.
E neste momento, temos dois que eram da nossa formação e acabamos por os comprar ao belém.

A resposta do caminho deixou para a Instituição,
- os fundos bancários.
- as co-propriedades.

nota: a idade limite são os 26 anos, mas tenrinhos podem valorizar mais nas percentagens adquiridas.

Tem que ser, só um ou dois nomes.O Nelson Oliveira é uma história boa para exemplificar para os fundos.
O Rodrigo não sendo formado também pode fazer uns golos nesta temática comercial.

Benfica T Tempos