domingo, 13 de outubro de 2013

Um Retrato Real

Existe um clube que é o maior do seu país. Ou pelo menos era. Um clube que em meados do século passado já tinha ganho tudo o que de mais importante havia para ganhar a nível nacional e a nível internacional.

Os anos 60, 70 e 80 foram marcados pelo sucesso desportivo, com títulos europeus e reconhecimento nacional e além fronteiras.

Nos anos 90 perdeu-se a hegemonia. Dois campeonatos nacionais apenas, a ascensão do grande rival da segunda maior cidade do país, um campeonato ganho por quem nunca tinha ganho nada e até o velho rival da capital teve oportunidade de voltar a ganhar alguma coisa.

Desvirtuou-se a mística. Um clube ganhador passou a ser um clube de acomodados e no qual o "sucesso desportivo" passou apenas a ser um chavão dito por pseudo-mestres da gestão desportiva que não sabem o que é necessário para ganhar.

Os sócios escolheram um presidente megalómano. Um homem da área dos negócios que soube cativar os adeptos com promessas e obras para inglês ver.

Nestes anos, foram treinadores atrás de treinadores. Alguns quase nem aqueceram o lugar. Os poucos que venciam algo de importante não ficavam para a época a seguir. Os que não venciam recebiam guia de marcha, mesmo que fossem amigos do presidente.

Nesses anos, o ódio em relação ao maior clube cresceu em todo o país. Inexplicavelmente. Ou então não. É que, apesar de nada ganhar, o clube e os seus dirigentes continuaram numa atitude de sobranceria incompreensíveis, qual "Rei vai nu" achando que passeia as mais belas vestes.

E por falar em sobranceria, o que dizer dos adeptos? Adeptos arrogantes, desconhecedores do jogo, que acham ano após ano que têm a melhor equipa sem perceberem que uma equipa é muito mais do que o conjunto de onze jogadores.

Gastou-se dinheiro a rodos. Muito dinheiro mal gasto em muita gente sem qualidade. Muito dinheiro mal gasto sem critério. Muito dinheiro mal gasto sem se aproveitar a "prata da casa", inclusivamente alguns bons jogadores que saíram da formação, obtendo-se resultados fracos para o investimento feito.

Um clube onde todos falam, onde todos têm algo para dizer. Desde o presidente até à senhora das limpezas, passando por um ou outro notável que não sabe quando falar e quanto estar calado.

Um clube que é controlado pelas vontades de um dos jornais da capital, onde os directores e editores são unha com carne com o mais altos quadros do clube.

Um clube onde a oposição é uma anedota feita no Facebook, nos blogs e nos fóruns.

Um clube onde os adeptos acham que manifestação de descontentamento é assobiar os jogadores, culpar os treinadores e manter os presidentes.







Este é o retrato do Real Madrid. Mas alguém pensou que poderia ser outro clube?

7 comentários:

Anónimo disse...

Porra caralho! Grande texto, grande JNF. Hahahahaha


Nairo

VC disse...

Retrato feito.
A diferença são o passivo face ao volume de negócios e os activos (essencialmente, contratos de jogadores), porque o passivo é muito semelhante.

Anónimo disse...

Curioso o trajecto do Real nos ultimos 20 anos, e as afinidades com o nosso Benfica!

Os megalomanos no Benfica falam em milagres financeiros e mandatos financeiros, e em mandatos desportivos. Recordam que o Benfica conzento da década de 90 já nem mora aqui, vamos fazer contas, e ajudar os mais incautos distraídos por tanta falácia?

Benfica da década de 90, com João Santos, Jorge Brito, Damásio e Vale e em constante instabilidade directiva 10 temporadas desportivas, esse Benfica ganhou:
2 Campeonatos (1991 e 1994)!
2 T Portugal (1993 e 1996)!


Benfica século XXI, com Vilarinho e Vieira (este como Director Desportivo de Vilarinho), goza o Presidente com maior longevidade no cargo no Benfica de estabilidade directiva, suportada por largas maiorias e 4 mandatos, o que ganhou o Benfica nas ultimas 13 temporadas:
2 Campeonatos (2005 e 2010)!
1 T Portugal (2004)!
Acumula este Benfica de mandatos desportivos e financeiros, o maior Passivo dos Clubes Portugueses, fez um 6º lugar o pior da história, 2 temporadas consecutivas sem UEFA (2002 E 2003), inédito também na história do Clube. Será a década de 90 o pior período desportivo do Sport Lisboa e Benfica? Os registos dizem que não, mas os "Vieiristas" apontam o dedo à decada de 90, porque se usa e abusa da falácia?

Fica a pergunta, qual o milagre de Vieira? Qual o legado desportivo e financeiro que deixará Vieira?

Pelos factos acima deixados, pelos 12 anos de Presidencia de Vieira, este caminha a passos largos para ser o pior Presidente da história do Sport Lisboa e Benfica, mas os ainais revelam que continuará a ganhar eleições com largas maiorias!

O futuro de nós dirá...

Manuel Romarigo

jose garcia disse...

Infelizmente, é a nossa triste realidade também

luis disse...

Realmente!!

Benfica Todos os Tempos.

luis disse...

Andava a navegar, pelo caminho olhei, pro fundo do ontem...está sem cor...foi observar melhor:

- E o Estádio Novinho, quem tem????

B T Tempos.

Anónimo disse...

Grande texto !